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A sustentabilidade socioambiental de um empreendimento de habitação de interesse social através da aplicação do Selo Casa Azul Caixa

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Vanessa De Conto. A SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DE UM EMPREENDIMENTO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO SELO CASA AZUL CAIXA. Santa Maria, RS 2017.

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(3) Vanessa de Conto. A SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DE UM EMPREENDIMENTO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO SELO CASA AZUL CAIXA. Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Engenharia de Produção, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção.. Orientadora: Profª Drª Janis Elisa Ruppenthal. Santa Maria, RS 2017.

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(5) Vanessa De Conto. A SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DE UM EMPREENDIMENTO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO SELO CASA AZUL CAIXA. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção.. Aprovado em 02 de março de 2017:. _______________________________ Janis Elisa Ruppenthal, Dra. (UFSM) (Presidente/Orientadora). _______________________________ Gihad Mohamad, Dr. (UFSM). _______________________________ Lasier Gorziza de Souza, Dr. (UNISINOS). Santa Maria, RS 2017.

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(7) DEDICATÓRIA. Aos sonhadores, pela ousadia de não desistir..

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(9) AGRADECIMENTOS. À minha família e ao meu namorado, pelo apoio e compreensão nos momentos de ausência. Aos amigos que conquistei ao longo dessa jornada, sem vocês o caminho seria mais duro e os cafés mais frios. À querida amiga e orientadora, Janis, pela oportunidade concedida e por me ajudar a evoluir constantemente como ser humano e profissional. À todas as pessoas que passaram pela minha vida, ensinando o valor da luta e a importância dos sonhos. E, sobretudo, a Nivea, por incentivar a busca pelos ideais que trago como essência em minha alma e mostrar-me a força, mesmo em dias de fraqueza..

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(11) RESUMO. A SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DE UM EMPREENDIMENTO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO SELO CASA AZUL CAIXA AUTORA: Vanessa De Conto ORIENTADORA: Janis Elisa Ruppenthal. O histórico da questão habitacional no Brasil demonstra que a ausência de alternativas habitacionais conduz uma parcela da população de baixa renda a um processo de habitabilidade de risco, propensas à vulnerabilidade socioambiental. Dessa forma, essa pesquisa contribui para a contextualização sobre a degradação ambiental e sua relação com a construção civil. Destacam-se as Habitações de Interesse Social (HIS), a importância de ambientes mais sustentáveis e de ações socioambientais como método de integração, desenvolvimento social e capacitação de seus moradores. Nesse contexto, esse estudo aplicou a metodologia proposta pela certificação do Selo Casa Azul no loteamento Leonel Brizola, localizado na cidade de Santa Maria e destinado a famílias da faixa um do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). O objetivo desse estudo é analisar, a partir da metodologia proposta, o desenvolvimento socioambiental de seus moradores e verificar se esse empreendimento é passível de alcançar a gradação prata da certificação estudada. Para tanto, foram definidas etapas para o alcance dos objetivos propostos, no qual, inclui: (a) visitas do empreendimento e na construtora responsável; (b) a sinergia entre as normas municipais e os critérios do Selo Casa Azul; (c) contextualização espacial, e; (d) demais fases descritas ao longo desse trabalho. Os resultados demonstram a importância das legislações municipais para o alcance de assentamentos mais sustentáveis e equitativos. Também foi possível a percepção que uns dos maiores impasses para o alcance da gradação proposta, é a falta de documentação informativa e comprobatória por parte da construtora. Desse modo, conclui-se que os incentivos governamentais de acesso a moradia contribuem assiduamente para a redução dos dados quantitativos do problema habitacional brasileiro, no entanto, a parte qualitativa ainda não apresenta o mesmo esmero.. Palavras-chave: Sustentabilidade. Habitação de Interesse Social. Selo Casa Azul. Construção Civil. Geração de Resíduos. Gestão Ambiental. Impacto Ambiental..

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(13) ABSTRACT. THE SOCIO-ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY OF A HOUSING DEVELOPMENT OF SOCIAL INTEREST THROUGH THE APPLICATION OF THE SELO CASA AZUL AUTHOR: Vanessa De Conto ADVISOR: PROFª. DRª. Janis Elisa Ruppenthal. The housing issue history in Brazil shows that the lack of housing alternatives leads a portion of the low-income population to a process of risk habitability, prone to socio-environmental vulnerability. Thus, this research contributes to the contextualization of environmental degradation and its relation with civil construction. It deserves to be highlighted the Houses of Social Interest (HIS), the importance of more sustainable environments, and socioenvironmental actions as an integration, social development and empowerment method of its residents. In this context, this study applied the methodology proposed by Selo Casa Azul certification in the Leonel Brizola habitation, located in the municipality of Santa Maria and destined to families classified as track one of the Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). The objective of this study is to analyze, from the proposed methodology, the socioenvironmental development of the cited housing residents and to verify if this enterprise is capable of reaching the silver degree of the studied certification. For this purpose, the following steps were defined to achieve the proposed objectives: (a) visiting the enterprise and the responsible construction company; (b) verifying the synergy between the municipal regulations and the Selo Casa Azul criteria; (c) making a spatial contextualization, and; (d) concluding other phases described throughout this work. The results demonstrate the municipal legislation importance for achieving more sustainable and equitable settlements. It was also possible to perceive that one of the major impasses to reach the proposed gradation is the lack of informative and verifiable documentation by the construction company. Thus, it is concluded that government incentives for access to habitation contribute assiduously to the quantitative data reduction of the Brazilian housing problem, however, the qualitative one is not yet as careful. . Keywords: Sustainability. Selo Casa Azul Caixa. Construction. Residues Generating. Environmental Management. Environmental Impact..

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(15) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 – Pilares do triple bottom line ............................................................................... 33 Figura 2 – Acontecimentos que contribuíram para o aumento da consciência ambiental .. 36 Figura 3 – Níveis de CO2 nos últimos anos ........................................................................ 37 Figura 4 – Ciclo da poluição do ambiente construído ......................................................... 42 Figura 5 – Equilíbrio do ambiente urbano .......................................................................... 43 Figura 6 – Agentes envolvidos em um projeto ................................................................... 44 Figura 7 – A importância da gestão ambiental .................................................................... 46 Figura 8 – Registros e Certificações LEED no Brasil ......................................................... 54 Figura 9 – Perfil mínimo de desempenho para a certificação AQUA-HQ ......................... 56 Figura 10 – Etapas da Pesquisa ........................................................................................... 69 Figura 11 – Localização do Loteamento Leonel Brizola .................................................... 76 Figura 12 – Localização do residencial Leonel Brizola em relação ao centro de Santa Maria ............................................................................................................................................. 77 Figura 13 – Situação do Loteamento Leonel Brizola .......................................................... 77 Figura 14 – Infraestrutura do Loteamento Leonel Brizola .................................................. 79 Figura 15 – Planta baixa mobiliada da residência ............................................................... 80 Figura 16 – Sistema de aquecimento solar de uma residência ............................................ 81 Figura 17 – Planta de arborização do loteamento Leonel Brizola ...................................... 82 Figura 18 – Mapa de localização do Residencial Leonel Brizola e entorno imediato ........ 83 Figura 19 – Vista do Residencial Leonel Brizola da Escola de Ensino Fundamental ........ 85 Figura 20 – Ruas internas do Loteamento Leonel Brizola de concreto intertravado e placa indicativa de parada de ônibus próxima a escola ................................................................ 85 Figura 21 – Linha Jardim Berleze direção bairro-centro no período de domingo e feriados ............................................................................................................................................. 86 Figura 22 – Mapa de localização do empreendimento e de fatores de risco em seu entorno imediato ............................................................................................................................... 87 Figura 23 – Análise dos indicadores da categoria Qualidade urbana ................................. 88 Figura 24 – Mudas de árvores plantadas em frente a cada residência do Residencial Leonel Brizola ................................................................................................................................. 90 Figura 25 – Espaço destinado a ampliação ......................................................................... 91 Figura 26 – Espaço em projeto destinado para a colocação de lixeira pelo proprietário .... 92 Figura 27 – Centro comunitário, playground e campo de futebol ...................................... 93 Figura 28 – Zoneamento bioclimático brasileiro ................................................................ 94 Figura 29 – Orientação do Loteamento Leonel Brizola ...................................................... 96 Figura 30 – Análise dos indicadores da categoria Projeto e Conforto ................................ 97 Figura 31 – Tipologias encontradas do Loteamento Leonel Brizola .................................. 99 Figura 32 – Falta de iluminação externa do centro comunitário Leonel Brizola .............. 100 Figura 33 – Análise dos indicadores da categoria Eficiência Energética ......................... 101 Figura 34 – Análise dos indicadores da categoria Conservação de Recursos Materiais ... 103 Figura 35 – Bacia sanitário com acionamento convencional de seis litros ....................... 104 Figura 36 - Pavimentação das vias do Loteamento Leonel Brizola .................................. 105.

(16) Figura 37 – Local destinado ao projeto de uma praça arborizada ..................................... 106 Figura 38 – Análise dos indicadores da categoria Gestão de Água................................... 106 Figura 39 – Reunião com os moradores do Loteamento Leonel Brizola .......................... 109 Figura 40 – Análise dos indicadores da categoria Práticas Sociais ................................... 110 Figura 41 – Desempenho das categorias quanto à conformidade dos indicadores ........... 112 Figura 42 – Análise dos itens não conformes do Selo Casa Azul ..................................... 113.

(17) LISTA DE QUADROS. Quadro 1 – Análise da pesquisa bibliométrica .................................................................... 29 Quadro 2 – Objetivos da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável ..................... 39 Quadro 3 – Impactos relacionados a Construção Civil ....................................................... 41 Quadro 4 – Requisitos para o alcance dos níveis do PBQP-h ............................................. 48 Quadro 5 – Selos de Certificações Ambientais para edificações sustentáveis .................... 52 Quadro 6 – Níveis de gradação do Selo Casa Azul Caixa .................................................. 58 Quadro 7 – Limites de avaliação e localidades para o Selo Casa Azul Caixa nível bronze 59 Quadro 8 – Enquadramento metodológico.......................................................................... 66 Quadro 9 – Visitas realizadas para a coleta de informações ............................................... 70 Quadro 10 – Estratégia metodológica por objetivo ............................................................. 71 Quadro 11 – Critérios utilizados na pesquisa ...................................................................... 73 Quadro 12 – Estrutura do checklist para análise do Loteamento Leonel Brizola ............... 73 Quadro 13 – Análise da infraestrutura do entorno .............................................................. 84.

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(19) LISTA DE TABELAS. Tabela 1 – Empreendimentos com o Selo Casa Azul Caixa ............................................... 60.

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(21) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. α ºC AQUA ABRELPE BNH BR BREEM CEF CA CEPAL CI COHAB CASBEE CONAMA CSPD COP UNFCCC CAPES CS CO2 EA ESAP EUA EB_OM FGTS GEE GERIC GTR h HIS HQE IPEA KM LEED LUOS m m² MBPHS MOC. Alfa Graus Celsius Alta Qualidade Ambiental Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais Banco Nacional da Habitação Rodovia Federal Building Research Establishmnet Environmental Assessment Method Caixa Econômica Federal Certificação Ambiental Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe Commercial Interior Companhias Habitacionais Estaduais e Municipais Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency Conselho Nacional do Meio Ambiente Construção Sustentável em Países em Desenvolvimento Convenção Quadro das Nações Unidas Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Core & Shell Dióxido de Carbono Educação ambiental Educação Sanitária Ambiental e Patrimonial Estados Unidos da América Existing Building Operation & Maintenance Fundo de Garantia por Tempo de Serviço Gases de Efeito Estufa Gerência de Risco de Crédito Geração de Trabalho e Renda Horas Habitação de Interesse Social Haule Qualité Environnementale dês Bâtiments Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Quilômetros Ledership in Energy and Environmental Design Lei de Uso e Ocupação do Solo Metros Metros Quadrados Manual de Boas Práticas para Habitação Sustentável Mobilização Comunitária.

(22) NASA NBR NIST ND NC NU ODS ODM ONU PSF PVC UNESCO PBQP-h PCD PGRCC PMCMV PNUD PAC PROCEL EDIFICA QAE RCC RCD RJ SP SBPE SENAC SIAC SGA SGE SFH SMDS ton/hab/ano UFSM UH WCED. National Aeronautics and Space Administration Norma Brasileira National Institute of Standards and Technology Neighborhood Design New Constructions Nações Unidas Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Objetivos do Milênio Organização das Nações Unidas Programa Saúde da Família Policloreto de Vinila Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat Pessoa com Deficiência Projeto de Gerenciamento de Resíduos na Construção Civil Programa Minha Casa Minha Vida Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Programa de Aceleração do Crescimento Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações Qualidade Ambiental do Edifício Resíduos da Construção Civil Resíduos de Construção e Demolição Rio de Janeiro São Paulo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obrasda Construção Civil Sistema de Gestão Ambiental Sistema de Gestão do Empreendimento Sistema Financeiro de Habitação Secretaria de Município e Desenvolvimento Social Toneladas por Habitantes ao Ano Universidade Federal de Santa Maria Unidade Habitacional World Comissionon Environmentand Development.

(23) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................25 1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA........................................................................ 27 1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 27 1.2.1 Objetivo geral......................................................................................................... 27 1.2.2 Objetivo específico ................................................................................................. 27 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 28 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 30 2. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................32 2.1 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................. 32 2.1.1 O impacto das atividades produtivas ................................................................... 34 2.1.2 A consciência ambiental ........................................................................................ 35 2.1.3 A agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável ........................................... 38 2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A CONSTRUÇÃO CIVIL ............. 40 2.2.1 Sustentabilidade no ambiente urbano ................................................................. 43 2.3 PROGRAMA DE GESTÃO E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS ...................... 45 2.3.1 Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do habitat (PBQP-h) ..... 47 2.3.1.1 Consumo de água ................................................................................................... 48 2.3.1.2 Consumo de energia elétrica .................................................................................. 49 2.3.1.3 Resíduos de Construção e Demolição .................................................................... 50 2.3.2 Certificações para habitação sustentável ............................................................ 51 2.3.2.1 Certificação ambiental LEED ................................................................................ 53 2.3.2.2 Alta Qualidade Ambiental (AQUA-HQE) .............................................................. 55 2.3.2.3 Selo PROCEL edifica ............................................................................................. 56 2.3.2.4 Selo casa azul caixa................................................................................................ 57 2.4 SUSTENTABILIDADE EM HIS ........................................................................... 60 2.4.1 Habitação de Interesse Social ............................................................................... 62 2.4.2 A HIS em Santa Maria .......................................................................................... 64 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................66 3.1 ESTRATÉGIA E ABORDAGEM DE PESQUISA ................................................ 66 3.2 DESCRIÇÃO DO UNIVERSO DA PESQUISA.................................................... 67 3.3 VERIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO AOS CRITÉRIOS DO SELO CASA AZUL......... ......................................................................................................................... 71 3.4 METODOLOGIA EMPREGADA NO CHECKLIST ............................................. 72 3.5 ORGANIZAÇÃO, ANÁLISE E REPRESENTAÇÃO DOS DADOS ................... 74 4 APLICAÇÃO DO SELO CASA AZUL EM HIS ................................................75 4.1 CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO LOTEAMENTO ......................... 75 4.2 CATEGORIA 1 – QUALIDADE URBANA.......................................................... 82 4.3 CATEGORIA 2 – PROJETO E CONFORTO ........................................................ 89 4.4 CATEGORIA 3 – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ................................................... 98 4.5 CATEGORIA 4 – CONSERVAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS ................ 101 4.6 CATEGORIA 5 – GESTÃO DE ÁGUA .............................................................. 103.

(24) 4.7 CATEGORIA 6 – PRÁTICAS SOCIAIS ............................................................. 107 4.8 SÍNTESE GERAL E CLASSIFICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO SEGUNDO A METODOLOGIA SELO CASA AZUL ........................................................................... 110 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 115 5.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO................................................................................ 116 5.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ................................................... 117 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 119 APÊNDECE A – CATEGORIAS E CRITÉRIOS PARA A OBTENÇÃO DO SELO CASA AZUL ........................................................................................................ 129 APÊNDICE B – CATEGORIA 1: QUALIDADE URBANA .......................... 131 APÊNDICE C – CATEGORIA 2: PROJETO E CONFORTO ...................... 132 APÊNDICE D – CATEGORIA 3: EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ................. 133 APÊNDICE E – CATEGORIA 4: CONSERVAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS ...................................................................................................................... 134 APÊNDICE F – CATEGORIA 5: GESTÃO DE ÁGUA ................................. 135 APÊNDICE G – CATEGORIA 6: PRÁTICAS SOCIAIS .............................. 136.

(25) 25. 1 INTRODUÇÃO As mudanças ambientais desencadeadas pela intervenção humana na natureza levam à necessidade de posicionamentos mais sustentáveis, os quais são fundamentais para suportar as necessidades das gerações presentes e futuras. Nesse contexto, o desenvolvimento sustentável tem sido pautado em princípios e diretrizes, dos quais os aspectos ambientais, econômicos, políticos e socioculturais apresentam-se como seus principais pilares. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU, 2016), a indústria da construção civil tem grande participação no desenvolvimento desse cenário, através da criação de infraestrutura, redução do déficit habitacional, geração de emprego e renda. Porém, esse setor também é responsável por impactos ambientais relacionados ao consumo de recursos naturais, de energia e geração de resíduos. De acordo com Vieira e Pereira (2015), aproximadamente 50% do total de recursos naturais consumidos pelo setor produtivo são associados a construção civil. Veras (2013), argumenta que o envolvimento de todos os agentes da cadeia produtiva em um projeto – empreendedores, arquitetos, engenheiros, projetistas, e usuários, é fundamental para que seja embasado desde sua concepção em princípios sustentáveis. Para Goldemberg e Lucon (2011), habitações sustentáveis podem ser definidas como aquelas que promovem melhorias na qualidade de vida de seus usuários e contribuem para o desenvolvimento econômico, social e cultural da região onde está inserida. A percepção de que essas edificações podem ser utilizadas para agregar valor e diferenciação no mercado são o primeiro passo para uma maior inclusão social através da adesão de certificações ambientais (CAIXA, 2010). Os objetivos da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável (ONUBR, 2016), enfatizam que a proteção do planeta contra a degradação está atrelada a um conjunto de atitudes. Entre esses comportamentos destaca-se: (a) a mudança nos padrões de consumo e produção sustentáveis; (b) gestão sustentável dos recursos naturais, e; (c) medidas urgentes sobre as mudanças climáticas. Além desses objetivos, a ONU também apresentou a meta de transformar as cidades e os assentamentos humanos em locais inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Desse modo, foram indicados métodos de gerenciamento e organização como elementos fundamentais para garantir o acesso de todos a habitações adequadas e acessíveis economicamente. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) enfocam na urbanização inclusiva e sustentável e no apoio aos países menos desenvolvidos para construções resilientes que priorizem a utilização de matérias primas e mão de obra locais..

(26) 26. Dessa forma, a sustentabilidade na construção civil caracteriza-se como um desafio que vem ganhando força através do desenvolvimento de novas técnicas, normas e certificações, contribuindo para um maior desempenho do ambiente construído (OLIVEIRA, 2014). No entanto, Silva (2014), argumenta que para a plenitude da sustentabilidade habitacional, a edificação precisa ir além da eficiência projetual e comtemplar aspectos sociais, capacitando seus usuários quanto as práticas a serem adotadas. As condutas ambientais em países desenvolvidos são amparadas por sistemas de certificações e classificação de edifícios que servem de parâmetros para a criação de selos e práticas sustentáveis em todo o mundo (FORTUNATO, 2014). Para Oliveira (2014), nos países em desenvolvimento, como o Brasil, os sistemas de certificações e avalição ambiental devem levar em consideração não apenas os aspectos ambientais, mas os aspectos econômicos e sociais. Nesse contexto, o país conta com a aplicação de certificações ambientais internacionais adaptadas para a realidade brasileira, como a Norma Brasileira de Desempenho NBR 15575, o programa de etiquetagem Procel Edifica e o Selo Casa Azul Caixa. Entre as certificações ambientais presentes no país, o Selo Casa Azul se destaca por ser o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade voltado realidade da habitação brasileira (CAIXA, 2010). Desse modo, o Selo propõe soluções adequadas ao local, otimizando o uso de recursos naturais e benefícios sociais. Sua metodologia também preza pela redução dos custos de manutenção das edificações e promoção da conscientização de empreendedores e moradores quanto as vantagens de construções sustentáveis. Sua concessão deve partir do interesse do proponente, pois, assim como as demais Certificações Ambientais (CA), sua adesão é voluntária. (OLIVEIRA, 2014). Este trabalho utilizou como base os requisitos propostos no referencial de certificação do Selo Casa Azul para edificações de Habitações de Interesse Social (HIS). O foco dessa investigação foi a aplicação dos critérios dessa certificação no Loteamento Leonel Brizola, localizado na cidade de Santa Maria, visando a sustentabilidade e integração socioambiental de seus moradores. A pesquisa realizada ainda considerou que o desenvolvimento de habitações sustentáveis relaciona-se com uma série de medidas interligadas na cadeia produtiva da construção civil. Essas medidas englobam desde a preservação de recursos naturais, urbanismo sustentável, certificação de produtos e edifícios, desenvolvimento socioambiental, entre outras. Diante disso, quanto maior for a integração dessa rede de valores, maior são as chances das edificações tornarem-se sustentáveis, influenciando positivamente nas questões sociais, ambientais, culturais e econômicas..

(27) 27. 1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA. Diante do aumento da degradação ambiental e a busca por assentamentos humanos mais resilientes e equitativos, elaborou-se a seguinte problemática de pesquisa: é possível avaliar a vulnerabilidade socioambiental do Loteamento Leonel Brizola a partir da metodologia do Selo Casa Azul?. 1.2 OBJETIVOS. Para a realização dessa atividade de pesquisa, foram estabelecidos os objetivos, gerais e específicos. A seguir apresenta-se os propósitos que norteiam o desenvolvimento deste estudo.. 1.2.1 Objetivo geral. O objetivo geral deste estudo consiste na análise da vulnerabilidade socioambiental em uma Habitação de Interesse Social (HIS), o Loteamento Leonel Brizola, por meio da aplicação dos critérios do Selo Casa Azul.. 1.2.2 Objetivo específico. A partir da definição do objetivo geral, delimitaram-se os específicos, de forma a auxiliar os procedimentos de pesquisa. Desse modo, este trabalho almeja: a) verificar quais são os critérios atendidos no Loteamento Leonel Brizola , visando o possível recebimento da gradação prata do Selo Casa Azul; b) levantar os recursos necessários para o atendimento dos requisitos obrigatórios para do Selo Casa Azul; c) identificar quais são os requisitos socioambientais para possível adequação do loteamento e o recebimento da gradação prata; d) comparar as normas municipais da cidade de Santa Maria e os requisitos do Selo Casa Azul; e) avaliar as estratégias, a partir dos critérios do Selo Casa Azul, para a integração socioambiental e a redução da vulnerabilidade dos moradores do Loteamento Leonel Brizola..

(28) 28. 1.3 JUSTIFICATIVA. No Brasil, 80% dos 206 milhões de habitantes vivem em áreas urbanas. Essa parcela da população representa 85% do déficit habitacional do país, dos quais, 10% vivem em situação precária de habitabilidade (IPEA, 2013). A base dessa pirâmide é composta por famílias que não possuem condições financeiras para adquirir uma residência pelas regras convencionais de financiamento. Nesse contexto, programas governamentais de incentivo a moradia, como o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), facilitam o financiamento de imóveis, transformando a carência por habitação em demanda de mercado a ser atendida pelas construtoras. Desde sua criação, em 2009, o programa possui mais de 4 milhões de contratos firmados, dos quais, 2,4 milhões já foram entregues (BRASIL, 2015b). De acordo com a Caixa Econômica Federal (CEF) as HIS foram responsáveis pela criação de um nicho de mercado pouco explorado, pois não possuíam compradores em potencial até aquele momento. E, com o seu desenvolvimento surgiu a necessidade de políticas habitacionais que fossem além do conceito de moradia. Essas Unidades Habitacionais (UH), devem reunir condicionantes para uma vida digna, com acesso aos direitos básicos de cidadania – segurança, moradia, livre-arbítrio, direito a vida e desenvolvimento (BRASIL, 2015c). A percepção de que a grande movimentação e aquecimento do setor da construção civil, impactaria no aumento da degradação ambiental, fez com que a CEF lançasse o Selo Casa Azul. As diretrizes e critérios dessa iniciativa objetivam o reconhecimento de empreendimentos, principalmente os voltados a HIS, que contribuam para a prosperidade humana, incentivando o uso racional de recursos naturais (CAIXA, 2010). Segundo Silva (2014), o Selo representa uma adaptação às iniciativas internacionais de sustentabilidade, que são voltadas a edificações comerciais, industriais, escolas, residências entre outras. Porém, os critérios dessas certificações apresentam pouco, ou nenhum, espaço às HIS. Dessa forma, o Selo destaca-se por ser o único a incorporar critérios sociais, além dos ambientais, que incluem: (a) qualidade e infraestrutura urbana; (b) conforto térmico e acústico, e; (c) conservação de recursos naturais. Essa diferenciação faz com que o Selo seja classificado como socioambiental, devido ao seu enfoque nas práticas sociais como forma de integração, incentivo a um posicionamento mais sustentável e redução da vulnerabilidade. Veras (2013) argumenta que para uma edificação ser sustentável ela precisa ir além da otimização de seu desempenho e contemplar aspectos sociais para que seus habitantes estejam aptos a interagir nesse ambiente. Os critérios das práticas sociais englobam ações de capacitação, orientação e desenvolvimento pessoal, tanto dos profissionais que atuam no canteiro de obras, quanto dos seus futuros moradores..

(29) 29. Nesse viés, o Selo Casa Azul é o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade em projetos no Brasil. Sob a perspectiva acadêmica, foi realizada uma revisão da literatura contemplando algumas das principais bases de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Foram utilizadas as bases Scopus, ScienceDirect, Emerald, IEEE e Engineering Village. A metodologia utilizada foi do tipo “booleana”, utilizando os operadores “and”, “or” e “and not”, correlacionando as seguintes palavras chave: ”construct* sustain*”, “environment* impact*”. A pesquisa contemplou publicações compreendidas entre os anos de 2005 a 2015 que possuíssem os termos requeridos em seu abstract. No contexto da pesquisa realizada, foram escolhidas as publicações mais relevantes, conforme o Quadro 1. Outros trabalhos que abordam HIS, Selo Casa Azul e demais palavras chave, foram selecionados para aporte teórico e técnico desse trabalho. Dessa forma, destacase os trabalhos realizados por: Carvalho (2009), Castro Filho (2013), Froener (2013), Veras (2013), Fortunato (2014), Oliveira (2014), Silva (2014). Quadro 1 – Análise da pesquisa bibliométrica TÍTULO Technology adoption in the BIM implementation for lean architectural practice. The negative effects of construction boom on urban planning and environment in Turkey: Unraveling the role of the public sector. Life Cycle Impact Assessment of masonry system as inner walls: A case study in Brazil. Analysis of the implementation of effective waste management practices in construction projects and sites Assessing the accumation of constuction waste generation during residential building construction works Urban metabolism: Measuring the city’s constribution to sustainable development. Construction and demolition waste management – a holistic evaluation of environmental performance Feasibility of CSH in Assisting the New Housing Sector in Delivering Zero Carbon Homes by 2016 Assessment tools for the environmental evaluation of concrete, plaster and brick elements production Cradle-to-gate sustainable target value design: integrating cycle assessment and cosntruction management for buildings. Assessing the accumation of constuction waste generation during residential building construction works Enhancing environmental sustainability over building life cycles through green BIM: A review Na international review of environmental initiatives in the construction sector Sustainability Assessment in Convertional and Industrialized Systems Built in Brazil Fonte: Elaborado pela autora.. AUTORES. ANO. ARAYICI, Y. et al.. 2011. BALABAN, O.. 2012. CONEIXA, K.; HADDAD, A.; BOER, D. 2014. GANGOLELLS, M. et al.. 2014. VILLORIA SÁEZ, P. et al.. 2014. CONKE, L. S; FERREIRA, T. L. 2015. DAHLBO et al.. 2015. GANAH, A.; HENDERSON, C.; HOJN, G GIAMA, E.; PAPADOPOULOS, A. M RUSSELL-SMITH, S. V.; LEPECH, M. D. 2015 2015 2015. VILLORIA SÁEZ, P. et al.. 2014. WONG, J. K.; ZHOU, J. 2015. ZUTSHI, A.; CREED, A. 2015. JUNIOR, D. J. D. B.; GOMES, J. O.; LACERDA, J. F. S. B. DE. 2015.

(30) 30. A sustentabilidade em projetos de HIS deve ser alcançada através da sinergia de todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva da construção civil. Para Fortunato (2014), essa integração deve contemplar soluções projetuais mais sustentáveis, contemplando materiais de construção que possibilitem aliar conforto ambiental à habitabilidade, inovações que proporcionem menos impacto ao meio ambiente e menores gastos no período de pós-ocupação da edificação. No Brasil, até o segundo semestre de 2016, a CEF reconheceu apenas 20 empreendimentos pelo Selo Casa Azul (CAIXA, 2016). As visitas realizadas nas agências da CEF, no loteamento estudado e na construtora responsável, referida nesse trabalho como Construtora X, para a coleta de informações mais precisas sobre o tema, evidenciaram o pouco preparo e conhecimento sobre as vantagens dessa certificação. Desse modo, justifica-se a importância desse estudo como método de análise da vulnerabilidade dos moradores do Loteamento Leonel Brizola, com renda de zero a três salários mínimos, faixa um do PMCMV. A pesquisa também objetiva a verificação das estratégias para a integração socioambiental dessa população, como parte integrante da categoria Práticas Sociais para a obtenção da gradação prata do Selo Casa Azul.. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO. Os capítulos de revisão de literatura contribuem para o aprofundamento do tema abordado na introdução desse estudo e trazem elementos que fundamentam as justificativas apresentadas. Nesse sentido, investigou-se o estado da arte dos temas pesquisados, contribuindo para a delimitação dos principais conceitos utilizados no decorrer da pesquisa. O Capítulo um refere-se a problemática de pesquisa, a introdução do trabalho - que contextualiza e caracteriza o problema, justifica sua relevância e apresenta o objetivo geral e os específicos. Na sequência da estruturação, o Capítulo dois contempla o estado da arte, que será utilizado como base conceitual para o desenvolvimento da dissertação e a construção da metodologia proposta. O referencial teórico contempla temas históricos, críticos e conceituais sobre desenvolvimento sustentável, os impactos das atividades construtivas, o papel da construção civil nesse cenário e a importância da adesão de certificações ambientais em projetos de HIS. O Capítulo três concentra-se na metodologia, compreendendo a classificação da pesquisa, os instrumentos utilizados e a descrição dos procedimentos. Dessa forma, esse.

(31) 31. capítulo apresenta as estratégias para a aplicação do Selo Casa Azul no Loteamento Leonel Brizola, a integração socioambiental de seus moradores e a análise de sua vulnerabilidade a partir da sequência de etapas e procedimentos descritos. No Capítulo quatro, constam os resultados dos procedimentos de estudo, obtidos através das constatações da atividade de pesquisa e as visitas ao empreendimento estudado e a construtora responsável. Através das técnicas estabelecidas nessa etapa, foram realizadas as análises quanto a aplicação da metodologia do Selo Casa Azul no Loteamento Leonel Brizola. Para a finalização do estudo, no Capítulo cinco, sistematizou-se as conclusões e as considerações finais, visando o atendimento aos objetivos propostos..

(32) 32. 2. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL No desenvolvimento dessa pesquisa, torna-se imprescindível uma contextualização sobre impactos ambientais e sua relação com a construção civil. Nesse viés, justifica-se a importância da adesão de CA como alternativas para mitigar os efeitos dessas atividades além de contribuir para o desenvolvimento social e ambiental, ou socioambiental, da população de baixa renda. A pesquisa realizada serve como aporte teórico para o conhecimento técnico necessário à realização desse estudo. Segundo Miguel (2010), a teoria é responsável pelas conexões entre o fenômeno, a história sobre a razão dos atos, eventos, estruturas e pensamentos. Desse modo, a teoria enfatiza a natureza das relações causais, identificando o que vem primeiro, bem como o tempo de ocorrência dos eventos.. 2.1 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. A maioria das atividades humanas gera impactos ambientais. Segundo Arayici et al. (2011), sustentável é toda ação responsável por conservar, manter ou equilibrar. Desenvolver, implica em crescimento, geração, produção e progresso. Portanto, desenvolvimento sustentável remete a ideia de manter-se produzindo de forma equilibrada (TABORIANSKI; PRADO, 2012). Ao longo da conscientização humana sobre a necessidade de conservação dos recursos naturais, surgiram diferentes concepções e abordagens que, segundo Ekincioglu et al. (2013), devem ser analisadas por diferentes óticas. Para Wong e Zhou (2015), o desenvolvimento sustentável surgiu como uma filosofia, propondo em suas entrelinhas uma evolução social na direção de um mundo mais equitativo, no qual, o meio ambiente passou a ser essencial para a sobrevivência das gerações futuras. Em uma das primeiras definições sobre o tema, a World Comissionon Environmentand Development (WCED), em 1987, interpretou desenvolvimento sustentável como sendo aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atender à própria necessidade (WCED, 1987). Para Mota (2011), o objetivo do desenvolvimento sustentável deve ser o cultivo de ações que amparem o sistema sócio ecológico global, afim de suportar a sua existência, promovendo melhorias das condições de vida para a humanidade. Incluindo, um alinhamento nos esforços humanos com os da natureza, contribuindo para o processo de criação, evolução e regeneração. Em um posicionamento contemporâneo, mas em consonância com os demais, é o de Zutshi e Creed (2015), no qual, definem desenvolvimento sustentável como um consenso global.

(33) 33. no que tange a satisfação simultânea do triple bottom line, ou seja, a interseção das esferas ambientais, sociais e econômicas, conforme a Figura 1. Além da valorização dos aspectos não materiais, como a democracia, igualdade de direitos, valorização dos direitos humanos e a biodiversidade.. Figura 1 – Pilares do triple bottom line. Fonte: Adaptado de UN (2012).. Camargo, Capobianco e Oliveira (2015), definem desenvolvimento sustentável como um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, investimentos, orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de entender as necessidades e aspirações humanas. Segundo Zhong e Wu (2015), o desenvolvimento sustentável consiste em um dos maiores desafios da contemporaneidade, principalmente para as áreas de arquitetura e construção civil. Esse desafio evidencia-se no século XXI, através das tentativas de conciliação dos imperativos ambientais e sociais. Para Taborianski e Prado (2012), a conquista desse equilíbrio é fundamental para assegurar a biodiversidade e a sobrevivência de comunidades, seja ela localizada em países ricos, pobres ou em desenvolvimento..

(34) 34. Na visão de Ruparathna e Hewage (2015), o segredo está na aplicação dos conceitos do triple bottom line. Nesse viés, o equilíbrio desses três pilares deve resultar na diminuição do impacto ambiental, responsabilidade sócio empresarial e melhorias das condições climáticas. Goldemberg e Lucon (2011), argumentam que os elos entre solo, ar, água e seres vivos são estreitos e o impacto em um desses pilares produz uma reação em cadeia, afetando em menor ou maior escala os demais, além de afetar diretamente o meio ambiente e a economia.. 2.1.1 O impacto das atividades produtivas. O desgaste ambiental e suas mudanças podem ser relacionados com o início da ocupação e evolução humana no planeta, há mais de 5000 anos. Para Fencker et al. (2015), a história do homem pode ser contada através do desenvolvimento de sua consciência. Nesse sentido, o homo sapiens tomou conhecimento de si mesmo; o homo socialis uniu-se a outros de sua espécie para o alcance de seus objetivos individuais através da força coletiva. Posteriormente, o homo aeconomicus usou o raciocínio para obter satisfação com um número limitado de recursos. Por último, o homo ambientalis, se preocupa de forma individual ou coletiva com o meio ambiente em que vive, buscando a sobrevivência de sua espécie. Nesse parecer histórico, os seres humanos uniram-se, criando famílias, comunidades, empresas, sociedades, regras de convivência e instituições, sempre objetivando melhorias em sua qualidade de vida (LIBRELOTTO, 2012). Essa busca por melhorias, aliada ao desenvolvimento econômico, fez com que a humanidade passasse a intervir com maior intensidade na natureza, em uma escala que continua ascendente (GANGOLELLS et al., 2014). Nesse viés, a Revolução Industrial, a partir do século XIX, foi um dos maiores marcos das transformações naturais causadas pelo homem. A substituição do trabalho artesanal pelas máquinas e da energia humana pela motriz, desencadeou uma série de eventos e problemas em curto prazo, muitos deles ainda sem plena solução. A necessidade do trabalho manual cedeu lugar ao prestígio da ação humana, implicando em grande impacto na estrutura social das cidades (BENEVOLO, 2009; VARVAZOVSKA; PRASILOVA, 2015). Apesar dos conflitos gerados, a Revolução Industrial foi vista também com um olhar otimista. O cenário que se formava era uma oportunidade de baratear produtos de diversos segmentos e assim contribuir para o aumento da qualidade de vida populacional (AZZI; DUC; HA, 2015). Porém, a possibilidade de aumento na densidade urbana e as jornadas de trabalho abusivas, obrigavam os operários a instalar-se perto das fábricas (ZHONG; WU, 2015). Desse.

(35) 35. modo, a movimentação de grandes volumes de produção e a falta de planejamento urbanosocial, originaram aglomerações urbanas com instalações habitacionais precárias. Os chamados cortiços e favelas não possuíam condições mínimas de salubridade, luz elétrica, tratamento de água ou esgoto. Além do risco quanto a integridade física da população, o surgimento de doenças como a cólera, serviram de alerta quanto aos impactos da indústria no meio ambiente e na sociedade (BENEVOLO, 2009). Com o passar do tempo, a crescente intervenção humana na natureza desencadeou um progressivo desgaste ambiental. Esse cenário, resultou em uma aceleração do desmatamento, poluição de recursos hídricos, queima de combustíveis fósseis, geração de gases do efeito estufa (GEE), aumento da pobreza, entre outros impactos (TABORIANSKI; PRADO, 2012). As mudanças urbanísticas ocorridas a partir do século XX acarretaram transformações em todas as dimensões da sociedade. A intensificação do processo de urbanização reverteu a relação campo-cidade, aumentando as áreas urbanas em relação as rurais (CONKE; FERRERIRA, 2015). Essa inversão na densidade populacional, juntamente com o progresso trazido pela indústria, fez com que a aceleração e a capacidade humana de sobrepor-se à natureza moldassem o atual desenvolvimento econômico mundial (BALABAN, 2012).. 2.1.2 A consciência ambiental. Antes do processo de industrialização, as questões ambientais não eram consideradas relevantes para debates e estudos mais aprofundados (ANTÓN; DÍAZ, 2014). Apesar das rápidas modificações urbanas, o consumo de matéria prima e poluição ainda eram baixos no século XIX (GANGOLELLS et al., 2014). Porém, ao passar dos anos, o crescimento das atividades industriais contribuiu para o surgimento de debates, teorias e estudos sobre os riscos ambientais e sua relação com a indústria (ZHONG; WU, 2015). Dessa forma, a sociedade iniciou um processo de conscientização, com a finalidade de compreender e reduzir os efeitos nocivos da industrialização e da expansão urbana desordenada (BORK; BARBA JUNIOR; GOMES, 2015). Segundo Fencker et al. (2015), a preocupação com o meio ambiente surge a partir do momento que o homem percebe que a exploração dos recursos naturais passa a ser maior do que a capacidade natural de regeneração. Uma das primeiras iniciativas para a avaliação das alterações climáticas e seu impacto na vida terrestre, foi datada na década de 1950 (GANAH; HENDERSON; JOHN, 2015). O estudo aconteceu na ilha do Havaí, servindo como base para uma pesquisa que objetivava medir as concentrações de Dióxido de Carbono (CO2) na.

(36) 36. atmosfera (VARVAZOVSKA; PRASILOVA, 2015). Além disso, as décadas posteriores foram marcadas pelo aumento da preocupação humana com o meio ambiente, podendo ser divididas em três fases: (a) preocupação com a poluição – décadas de 1970 e 1980; (b) preocupação com a biodiversidade – década de 1990, e; (c) preocupação com as mudanças climáticas e aquecimento global – atual (VERBINNEN et al., 2015). Líderes mundiais, cientistas, ambientalistas e ativistas passaram a se reunir em eventos e convenções para debater e aprovar políticas de proteção ambiental, visando o equilíbrio entre o homem e a natureza, conforme Figura 2. Desastres ambientais, como o da usina nuclear de Chernobyl, também contribuíram para a importância de acordos quanto às práticas sustentáveis. O CO2, é um gás que aprisiona calor, e é liberado por diferentes atividades e que passou a ser o foco de debates quanto a praticas mais sustentáveis (RUSSELL-SMITH; LEPECH, 2015). No decorrer dos séculos, com o aumento da atividade humana industrial, os níveis de CO2 na atmosfera aumentaram (SUKSIRIPATTANAPONG et al., 2015).. Figura 2 – Acontecimentos que contribuíram para o aumento da consciência ambiental. Fonte: Elaborado pela autora.. A queima de combustíveis fósseis, desmatamento e a fabricação de cimento, são alguns dos fatores responsáveis por esse cenário (EKINCIOGLU et al., 2013; JIN; CHEN; SOBOYEJO, 2015). Em 2015, a National Aeronautics and Space Administration (NASA), registrou um aumento na temperatura de 2,4°C acima da média do século XX. Países como os Estados Unidos ficaram com uma média anual de 54,4°C, perdendo apenas para a média de 2012, com 55,3°. Dessa forma, 2015 foi o 19º ano consecutivo, que a temperatura média anual.

(37) 37. ultrapassou a média do século XX (NASA, 2016). A NASA, continuou a mensurar regularmente os níveis de CO2 atmosférico, apresentando índices ascendentes. A Figura 3 apresenta os níveis de CO2 atmosférico dos últimos anos, com o ciclo sazonal médio removido (NASA, 2016).. Figura 3 – Níveis de CO2 nos últimos anos. Fonte: NASA (2016).. Apesar de todas as convenções e tentativas na redução de GEE, os números divulgados pela NASA sugerem que o contínuo crescimento pode ser atrelado a falta de comprometimento dos países, resultando no aumento dos impactos ambientais nas últimas décadas. Desse modo, os objetivos assumidos pelos países signatários de proteção do sistema climático de acordo com as necessidades específicas dos países em desenvolvimento, vulneráveis e desenvolvidos, foram revistos em 2015. A realização da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), reuniu os 196 países em busca de um pacto que substituísse o Protocolo de Quioto. A principal pauta da Convenção Quadro das Nações Unidas (COP 21), foi a busca por um acordo internacional sobre o clima, aplicável a todos os países, com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2°C (HOURCADE; SHUKLA, 2015). Antes da COP 21, os países que compõem o Grupo dos Mais Ricos do Mundo – G7, reuniram-se em Hamburgo, Alemanha – 2015, e firmaram um acordo histórico. Na ocasião, EUA, Japão, Canadá, Alemanha, França, Reino Unido e Itália comprometeram-se em substituir o uso de combustíveis fósseis, ou seja, gás natural, petróleo e carvão até 2100. A.

(38) 38. descarbonização será um importante passo para limitar o aquecimento global, sendo que os combustíveis fósseis ainda são os mais usados do planeta (ALEMANHA, 2016). O documento resultante da COP-21 reconheceu que as alterações climáticas representam uma ameaça urgente e potencialmente irreversível para a vida humana e para o planeta. Dessa forma, enfatizou-se a cooperação de todos os países numa resposta internacional eficaz e apropriada, com vista a diminuir a emissão de CO2 e suas consequências. Admitiu-se também, que as metas estabelecidas só serão atingidas com reduções profundas nas emissões globais. Além do combate às alterações climáticas, pautas importantes sobre direitos humanos, saúde, igualdade de gênero, empoderamento feminino, inclusão social, entre outros assuntos, foram tratados como meios que contribuem para o bem-estar humano e preservação do planeta (ALVES, 2015).. 2.1.3 A agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Além dos compromissos assumidos na COP 21, os países tiveram a oportunidade de adotar a nova agenda de desenvolvimento sustentável e chegar a um acordo global sobre as mudanças climáticas (ALVES, 2015). Dessa forma, as ações tomadas em 2015 resultaram nos novos ODS, baseados nos oitos objetivos do milênio (ODM) (ONUBR, 2016). Nesse contexto, a agenda de desenvolvimento sustentável pós-2015, agora chamada Agenda 2030, corresponde a um conjunto de programas, ações e diretrizes para orientação dos trabalhos das Nações Unidas (UNS) e de seus países membros rumo ao desenvolvimento sustentável do planeta. Concluídas em agosto de 2015, as negociações da Agenda 2030 resultaram em um documento que propõem 17 objetivos para o alcance do desenvolvimento sustentável e 169 metas correspondentes, conforme apresentado no Quadro 2. Esse cenário foi resultado do consenso obtido pelos delegados dos Estados-membros da ONU. Nesse sentido, os ODS são os pilares da Agenda 30 e sua implementação e objetivos devem ser alcançados no período de 2016 a 2030 (REDE BRASILEIRA DO PACTO GLOBAL, 2015)..

(39) 39. Quadro 2 – Objetivos da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. OBJETIVO Erradicação 1 da pobreza Erradicação 2 da fome Saúde de 3 qualidade Educação 4 de qualidade Igualdade 5 de gênero Água limpa 6 e saneamento. Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos. Energias 7 renováveis Empregos dignos e 8 crescimento econômico. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho descente para todos Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles. Inovação 9 e infraestrutura 0 Redução das desigualdades Cidades e comunidades 1 sustentáveis 2 Consumo responsável Combate as mudanças 3 climáticas 4 Vida debaixo da água 5 Vida sobre a terra 6. METAS 2016-2030 Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável Garantir uma vida saudável e o bem-estar para todos, em todas as idades Garantir educação inclusiva para todos, promover oportunidades de aprendizagem equitativa e de qualidade ao longo da vida Alcançar a igualdade de gênero por meio do fortalecimento das mulheres e meninas. Paz e justiça. 7 Parcerias pelas metas. Tornar as cidades sustentáveis e os assentamentos humanos inclusivos Assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir as florestas de forma sustentável, combater a desertificação, e deter e reverter a degradação do solo e a perda de biodiversidade Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos, e construir edificações eficazes, responsáveis e inclusivas em Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. Fonte: Adaptado de ONUBR (2016).. Entre as metas estabelecidas pela Agenda 2030, esse estudo estabelece ligação direta com os objetivos nove, 11 e 16. Pois, compromete-se com o desenvolvimento social através de ações inovadoras e inclusivas, apoiadas nos critérios do Selo Casa Azul. A Conferência Rio+20, realizada em 2012 no Brasil, foi fundamental para que os Estados-membros da ONU contribuíssem coletivamente na elaboração desse conjunto de objetivos e metas, ampliando a experiência de êxito dos ODM (ONU, 2016). Desse modo, uma das novidades da Agenda 30 é a extensão desses objetivos a todos os Estados-membros das UN. Essa mudança de paradigma reconhece que todos os países, desenvolvidos ou em desenvolvimento, possuem desafios para alcançar o desenvolvimento sustentável baseados no triple bottom line (VARVAZOVSKA; PRASILOVA, 2015)..

(40) 40. Nesse sentido, a nova agenda global propõe pela primeira vez a erradicação da extrema pobreza para 2030, considerando que o emprego digno e de qualidade é a chave mestra para alcançar um desenvolvimento mais inclusivo. Dessa forma, incentivos a criação de empregos que assegurem os direitos trabalhistas devem caminhar juntos com a industrialização e a inovação tecnológica, contribuindo para a melhoria da produtividade, eficiência na utilização dos recursos naturais e inclusão social (ONUBR, 2016).. 2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A CONSTRUÇÃO CIVIL. A construção civil passou a ser abordada pela maioria das políticas ambientais, seja pela sua abrangência e diversificação, ou seja, como forma de solucionar questões de habitação ou pela sua influência em outros setores da economia. Essas características geram um grande desafio na busca por soluções construtivas menos poluentes e que contribuam para questões como erradicação da pobreza e preservação ambiental (CONDEIXA; HADDAD; BOER, 2014). Segundo definições criadas na Agenda 21 para a construção sustentável em países em desenvolvimento (CSPD), a construção civil precisa ser um método de apoio a globalização. Suas atividades devem representar um elo entre a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes naturais e construídos, buscando a dignificação humana e a equidade econômica. Nesse cenário, o desenvolvimento de técnicas menos agressivas transcende o contexto de desenvolvimento ambiental, impactando economicamente e socialmente na vida humana (FENCKER et al., 2015; BRASIL, 2016b). A construção civil tem sido um importante indicador quanto aos impactos ambientais e a sustentabilidade do planeta. Segundo Wong e Zhou (2015), esse ramo tem sido responsável pela geração de grande parte dos resíduos industriais, poluição do ar, consumo de recursos naturais não renováveis, consumo de água e energia elétrica, poluição de efluentes, entre outros danos a natureza, (Quadro 2) (GANGOLELLS, 2009). Esse cenário reforça a importância das iniciativas apresentadas nesse trabalho..

(41) 41. Quadro 3 – Impactos relacionados a Construção Civil EMISSÕES NA ATMOSFERA – POLUIÇÃO DO AR - geração de CO2 durante a fabricação de produtos ligados ao setor e ao transporte; - emissão de clorofluorcarbonos (CFC); EMISSÕES EM RECURSOS HÍDRICOS – POLUIÇÃO DA ÁGUA - despejo da água resultante da limpeza de maquinário na fase de execução da obra; - despejo de águas cinzas e negras em recursos hídricos; - extração irregular de areia; GERAÇÃO DE RESÍDUOS - durante o processo de terraplanagem; - resíduos sólidos urbanos por trabalhadores da construção civil local; - RCC; - resíduos especiais; - resíduos não específicos - entre outros; ALTERAÇÃO DO SOLO - despejo de líquidos ou derivados de tratamento de limpeza; - despejo de utilização e manutenção de maquinário envolvidos na obra; - águas resultantes do processo de fundação e muros de contenção; - lançamento de fluidos básicos e resultante da limpeza de calhas; - lançamento de concreto; - despejo de tintas e solventes; - entre outros; CONSUMO DE RECURSOS - água; - eletricidade; - combustível; - matérias-primas; IMPLICAÇÕES LOCAIS Geração de poeira através do transporte e das etapas da construção, incluindo: - terraplanagem e estoque; - atividades de corte; - acúmulo de entulho; - geração de ruídos; - alteração da paisagem; PROBLEMAS DE TRANSPORTE - aumento do tráfego externo devido as atividades construtivas locais; - interferência do tráfego devido ao aumento populacional da região onde o empreendimento foi construído (condomínios de grande porte); IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE - remoção da vegetação; - erosão do solo; - perda do solo edáfico; - interceptação dos leitos de rios; - impermeabilização e compactação do solo; INCIDENTES, ACIDENTES E SITUAÇÕES EM PONTENCIAL - incêndios relacionados ao armazenamento indevido de substâncias inflamáveis e combustíveis em geral; - ruptura de tubulações subterrâneas; - acidentes relacionados a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC). Fonte: Adaptado de Gangolells (2009).. No Brasil, o crescimento industrial da construção civil foi influenciado na última década por diversos fatores relacionados à dinâmica do setor. O aumento da oferta de crédito.

(42) 42. imobiliário, programas de investimento, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o PMCMV; e as obras para a copa do mundo de 2014, são alguns exemplos. Com o aquecimento do mercado, aumenta-se o consumo de matéria-prima, a geração de resíduos, consumo de energia elétrica e água, aumentando os impactos ambientais do setor (GREEN BUILDING COUNCIL, 2015). Para Bork, Barba Junior e Gomes (2015), investimentos adequados na fase de construção de uma edificação, contribuem para que no futuro os custos em manutenção e habitabilidade sejam menores. Soluções construtivas que priorizem a reutilização de água, exploração de luz natural e matéria-prima reciclada, contribuem para um menor impacto socioambiental dessa edificação. Esse planejamento evita o consumo de mais matéria-prima, diminui a geração de resíduos e as taxas de emissão de CO2 (VERAS, 2013). Condeixa, Haddad e Boer (2014), argumentam que para o mapeamento dos impactos de uma edificação deve ser considerado desde a extração de matérias-primas, vida útil dos diferentes materiais utilizados, resíduos gerados e os processos construtivos utilizados. Dessa forma, esse mapeamento possibilita a avaliação do impacto de uma edificação no meio ambiente, conforme Figura 4.. Figura 4 – Ciclo da poluição do ambiente construído. Fonte: Elaborado pela autora.. Tais aspectos ambientais, somados à qualidade de vida que o ambiente construído proporciona, sintetizam as relações entre as esferas do triple bottom line (WONG; ZHOU, 2015)..

(43) 43. 2.2.1 Sustentabilidade no ambiente urbano A segunda Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos – Habitat II, 1996, já chamava a atenção quanto ao desenvolvimento dos aspectos sociais, culturais e econômicos e sua ligação com a indústria da construção e o desenvolvimento de um país. Para Mota (2011), a construção de cidades mais sustentáveis deve ser um agente de transformação da sociedade, contribuindo para a erradicação da pobreza, criando ambientes saudáveis e seguros, conforme apresentado na Figura 5. Essas transformações também contribuem para a distribuição equitativa dos custos sociais e benefícios da construção, facilitando a criação de empregos, desenvolvimento de recursos humanos, conquistando benefícios e melhorias para comunidades em geral (WONG; ZHOU, 2015).. Figura 5 – Equilíbrio do ambiente urbano. Fonte: Elaborado pela autora.. Segundo Mota (2011), inicialmente a questão ambiental urbana era vista pela ótica do desenvolvimento industrial e pela migração das áreas rurais. Nesse sentido, impasses relacionados a falta de saneamento e saturação viária, eram destinados a engenharia sanitária e de transportes. Questões sobre adensamento, verticalização urbana, descaracterização de.

(44) 44. bairros e qualidade de vida, eram exclusividade em debates entre urbanistas. Por muito tempo essa segregação nas discussões sobre qualidade urbana acabou privando profissionais de outras áreas de contribuir para melhorias no espaço urbano. O envolvimento dos diferentes agentes ligados a construção de espaços socialmente adequados, faz com que problemas recorrentes sejam resolvidos a partir de diferentes óticas. Dessa forma, a troca de informações entre arquitetos, urbanistas, engenheiros, empreendedores e todos os agentes envolvidos nesse cenário, caracterizam-se como um dos pilares do sucesso para a construção de cidades sustentáveis, conforme Figura 6. Para Razzoto (2009), a sociedade precisa compreender o processo no qual uma comunidade deve passar para tornar-se sustentável. Desse modo, esse núcleo urbano deve procurar melhorias contínuas nos aspectos econômicos, ambientais e sociais da região em que está inserida, promovendo condições para uma vida saudável e produtiva aos seus moradores. Fortunato (2014), argumenta que as questões urbanas devem ser entrelaçadas à problemática ambiental.. Figura 6 – Agentes envolvidos em um projeto. Fonte: Elaborado pela autora.. A busca por sustentabilidade urbana caracteriza-se como um desafio de grandes proporções mundiais, sobretudo em países em desenvolvimento como o Brasil. O país ainda.

Referências

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