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Composição corporal e densidade mineral óssea de jovens futebolistas : propostas de equações preditivas

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

THIAGO SANTI MARIA

COMPOSIÇÃO CORPORAL E DENSIDADE MINERAL ÓSSEA

DE JOVENS FUTEBOLISTAS: PROPOSTAS DE EQUAÇÕES

PREDITIVAS

Campinas 2018

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THIAGO SANTI MARIA

COMPOSIÇÃO CORPORAL E DENSIDADE MINERAL ÓSSEA

DE JOVENS FUTEBOLISTAS: PROPOSTAS DE EQUAÇÕES

PREDITIVAS

Tese apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Doutor em Educação Física, na Área de Biodinâmica do Movimento e Esporte.

ORIENTADOR: PROF. DR. MIGUEL DE ARRUDA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO THIAGO SANTI MARIA, E ORIENTADO PELO PROFESSOR DR. MIGUEL DE ARRUDA.

_____________________ Assinatura do Orientador

Campinas 2018

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COMISSÃO EXAMINADORA

________________________________________________

Prof. Dr. Miguel de Arruda

(Universidade Estadual de Campinas - Brasil) Orientador

________________________________________________

Prof. Dr. José Francisco Daniel

(Pontifícia Universidade Católica de Campinas - Brasil)

________________________________________________

Prof. Dr. Marco Antonio Cossio Bolaños (Universidad Católica del Maule - Chile)

________________________________________________

Prof. Dr. Daniel Leite Portella

(Universidade Municipal de São Caetano do Sul - Brasil)

________________________________________________

Prof. Dr. Orival Andries Júnior

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra à minha esposa Thalissa, ao meu filho Bruno, à minha filha Liz, aos meus pais Luiz Carlos e Penha, à minha irmã Marcela e aos meus familiares, pelo amor e dedicação de todos comigo.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus eternos mestres e amigos: Miguel de Arruda, Jefferson Eduardo Hespanhol, Omar Feitosa, José Mário Campeiz, Marco Antonio Cossio Bolaños e Altamiro Bottino pelos ensinamentos e amizade.

Aos amigos, colegas e atletas da Sociedade Esportiva Palmeiras pelo respeito e dedicação. À presidência e diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras pela confiança e oportunidade. Aos professores da FEF pelo carinho e compreensão.

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RESUMO

SANTI MARIA, Thiago. Composição corporal e densidade mineral óssea de jovens

futebolistas: propostas de equações preditivas. 2018. Doutorado em Biodinâmica do Movimento

e Esporte - Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2018. O objetivo deste estudo foi determinar equações específicas de percentual de gordura (%G), massa livre de gordura (MLG) e densidade mineral óssea (DMO) para jovens futebolistas por meio de variáveis antropométricas. Através da amostragem de conveniência, 167 jogadores de futebol foram selecionados de uma equipe do Campeonato Brasileiro de Futebol. As medições foram feitas para massa corporal, altura, altura sentada, sete dobras cutâneas, circunferência do braço direito, diâmetro do úmero e o comprimento do pé. O %G, a MLG e a DMO foram estimadas por absortometria de raio-X de dupla energia (DXA). Calculou-se os anos para o Pico de Velocidade de Crescimento (PVC) e a idade cronológica. Organizou-se os grupos de estudo: Goleiros e Jogadores de campo. Os resultados indicaram que os goleiros e os jogadores de campo mostraram diferenças antropométricas e de composição corporal. Seis equações de regressão foram geradas para estimar o %G. Os valores de R2 variaram entre 0,71 e 0,94 e o SEE de 1,89 a 2,28%. A idade biológica (PVC), a massa corporal e a circunferência do braço relaxado se relacionam positivamente com a MLG (R2= 41-66%), tanto em goleiros, como em jogadores de campo. Da mesma forma, os anos para o PVC, a massa corporal, diâmetro do úmero e o comprimento do pé explicam a DMO em ambos grupos de estudo (R2= 45-82%). Gerou-se seis equações para predizer a MLG (R2=62-69%) e seis para a DMO (R2= 69-90%). Esses achados indicam que os goleiros e jogadores de campo de futebol apresentaram específicas características antropométricas e de composição corporal. Além disso, as equações geradas podem ser usadas para estimar o %G, MLG e DMO, para os goleiros e jogadores de campo de futebol. A idade cronológica tem uso limitado para predizer a MLG e a DMO, mas não para predizer o %G. As outras variáveis antropométricas como a massa corporal, a circunferência do braço, diâmetro do úmero e o comprimento do pé permitiram gerar equações de regressão para estimar a MLG e a DMO de goleiros e jogadores de campo. Os resultados sugerem o uso e aplicação das equações de regressão como uma alternativa não invasiva para uso cotidiano nos clubes de futebol.

Palavras-chave: Futebol, Percentual de Gordura, Densidade Mineral Óssea, Massa Livre de

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ABSTRACT

SANTI MARIA, Thiago. Body composition and bone mineral density of young soccer players:

proposals for predictive equations. 2018. Ph.D. in Biodynamics of Movement and Sport - Faculty

of Physical Education. State University of Campinas, Campinas, 2018.

The purpose of this study was to determine specific equations of the percentage of body fat (%BF), fat free mass (FFM) and bone mineral density (BMD) for young soccer players through anthropometric variables. Through convenience sampling, 167 soccer players were selected from the Brazilian Soccer League. Measurements were taken for weight, height, sitting height, seven skinfolds, circumference of the right arm, humerus diameter and the foot length. The %BF, FFM and BMD were estimated by dual-energy X-ray absorptiometry (DXA). The age at peak height velocity (PHV) and chronological age were calculated. The study groups were organized: Goalkeepers and Field Players. Results indicated that the Goalkeepers and Field Players showed anthropometric and body composition differences. Six regression equations were generated to estimate the %BF. The R2 values varied between 0,71 and 0,94 and the SEE from 1,89 to 2,28%.

The biological age (PHV), the weight and the circumference of the relaxed arm are positively related to FFM (R2 = 41-66%), both in goalkeepers and in field players. Similarly, PHV, weight, humerus diameter and foot length explain BMD in both study groups (R2 = 45-82%). Six equations were generated to predict FFM (R2 = 62-69%) and six for BMD (R2 = 69-90%). These findings indicate that the goalkeepers and field players showed specific anthropometric and body composition characteristics. Furthermore, the equations generated may be used to estimate %BF, FFM and BMD for both goalkeepers and field players. Chronological age has limited use to predict FFM and BMD, but not to predict %BF. Other anthropometric variables such as weight, arm circumference, humerus diameter and foot length allowed the generation of regression equations to estimate FFM and BMD of goalkeepers and field players. The results suggest the use and application of regression equations as a non-invasive alternative for everyday use in soccer clubs.

Key Words: Soccer, Body Fat Percentage, Bone Mineral Density, Fat Free Mass, Dual-energy

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estágios de maturação sexual masculina dos genitais, segundo Tanner (1962; 1978)... 30 Figura 2 – Estágios de maturação sexual masculina dos pêlos púbicos, segundo Tanner (1962; 1978)... 31

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LISTA DE QUADRO

Quadro 1 – Classificação do Pico de Velocidade de Crescimento PVC, segundo Mirwald et al. (2002)... 29

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação das características sexuais secundaria, segundo Tanner (1978)... 30 Tabela 2 – Número de sujeitos selecionados para o estudo... 33

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

%G - Percentual de gordura

AMOMMII - Área mineral óssea de membros inferiores APVC - Antes do Pico de velocidade do crescimento ATC - Altura tronco-cefálica

CMJ - Countermoviment Jump

CMOMMII - Conteúdo mineral ósseo de membros inferiores CP - Comprimento de pernas

DMO - Densidade mineral óssea

DMOMMII - Densidade mineral óssea de membros inferiores DP - Desvio padrão

DPVC - Depois do Pico de velocidade do crescimento DXA - Absortometria de raio-X de dupla energia EPE - Erro padrão da estimativa

EST - Estatura

FC - Frequência cardíaca

FIV - Fator de inflação de variância FM - Força máxima

GPS - Sistema de posicionamento global I - Idade

MG - Massa de gordura MLG - Massa livre de gordura

MLGMMII - Massa livre de gordura de membros inferiores PAER - Potência aeróbia

PSE - Percepção subjetiva de esforço PVC - Pico de velocidade do crescimento SJ - Squat Jump

TDF - Taxa de desenvolvimento de força V10m - Velocidade de 10m

V40m - Velocidade de 40m

VO2máx - Consumo máximo de oxigênio X - Média aritmética

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO... 14 1.1. OBJETIVO DO ESTUDO... 16 1.1.1. OBJETIVO GERAL... 16 1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 16 2. REVISÃO DE LITERATURA... 17

2.1. PERFIL FÍSICO, FISIOLÓGICO E METABÓLICO DO JOVEM FUTEBOLISTA NO JOGO... 17

2.2. INFLUÊNCIA DA MATURAÇÃO BIOLÓGICA E DAS DIMENSÕES CORPORAIS NO JOGO E NO DESEMPENHO FÍSICO... 21

2.3. MATURAÇÃO BIOLÓGICA E A RELAÇÃO ENTRE DENSIDADE MINERAL ÓSSEA E OS ESPORTES... 25

2.4. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA MATURAÇÃO BIOLÓGICA... 27

2.4.1. MATURAÇÃO SOMÁTICA - PICO DE VELOCIDADE DE CRESCIMENTO... 28

2.4.2. MATURAÇÃO SEXUAL... 29

2.5. CONSIDERAÇÕES... 31

3. MATERIAIS E MÉTODOS... 33

3.1. NATUREZA DO ESTUDO... 33

3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DO ESTUDO... 33

3.3. QUESTÕES ÉTICAS DO ESTUDO... 33

3.4. LOCAL DA COLETA DAS MEDIDAS... 34

3.5. TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS... 34

3.6. O TRATAMENTO ESTATÍSTICO DO ESTUDO... 36

4. RESULTADOS... 38

ARTIGO 1: Percentage of Body Fat of Young Soccer Players: Comparison of Proposed Regression Frequencies between Goalkeepers and Soccer Camp Players... 38

ARTIGO 2: Fat-free mass and bone mineral density of young soccer players: proposal of equations based on anthropometric variables... 47

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 57 6. SUGESTÕES... 58 7. LIMITAÇÕES... 59 8. APLICAÇÕES PRÁTICAS... 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 61 ANEXOS... 67

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para menores de 18 anos... 67

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para maiores de 18 anos... 68

Termo Liberatório da Comissão Técnica e da Diretoria do Departamento de Futebol do Clube... 69

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1. INTRODUÇÃO

A composição física do corpo (ou seja, a gordura corporal e massa livre de gordura) é relevante na avaliação e preparação de jogadores de futebol (Carling e Orhant, 2010) e a monitorização da saúde óssea no processo de crescimento físico também é importante, pois esta prática permite identificar os jovens com baixa acumulação de minerais, risco de padecer osteoporose no futuro devido a uma baixa densidade mineral óssea (DMO) (Zemel et al, 2011) e até mesmo identificar atletas com maior risco de sofrerem lesões por fraturas num esporte onde o contato físico é inerente. Sem dúvida que por essas razões vários métodos são utilizados para estimar a composição corporal e a estrutura óssea de atletas e não-atletas. Essencialmente, as análises da composição corporal e a saúde óssea são muitas vezes realizadas por meio da Absortometria de raio-X de dupla energia (DXA). Este método é considerado ideal para o uso pediátrico, devido a sua ampla disponibilidade em clínicas e hospitais, rapidez no escaneamento e a baixa exposição à radiação (Zemel et al, 2011), porém, esta metodologia é considerada de elevado custo e inacessível para a maioria das equipes de futebol, especialmente de jovens atletas (Shim et al, 2014), onde os clubes desportivos não contam com laboratórios e equipamentos sofisticados. Outros métodos de referência relevantes para a avaliação da composição corporal são utilizados, por exemplo, pesagem hidrostática e pletismografia por deslocamento de ar (Parker et al., 2003), no entanto, estes métodos também não são adequados para estudos de campo (España-Romero et al., 2009), especialmente porque eles exigem treinamento substancial para a realização, certificação profissional, custos de investimento significativos (Oliver et al., 2012), instalações adequadas e cuidados especiais para o equipamento funcionar.

Uma alternativa é a antropometria, que é a ciência que define medidas físicas de tamanho, forma, e capacidades funcionais de uma pessoa. Este método é considerado aplicável a situações diárias de campo. Além disso, as vantagens de baixo custo e facilidade de administração incentivam o seu uso por equipes multidisciplinares que trabalham em clubes de futebol. Estes métodos permitem prescreverem a massa corporal desejada, bem como otimização de desempenho e monitoramento dos efeitos do treinamento entre os atletas (Silva et al., 2006). Nesse sentido, os meios convencionais para avaliar a espessura das dobras cutâneas medidas em várias regiões anatómicas são utilizados como variáveis que predizem a porcentagem de gordura corporal. Estes valores são muitas vezes necessários para equações de regressão a partir do qual é possível prever percentual de gordura corporal de um sujeito com base na idade e sexo.

Na verdade, as equações de Faulkner (1968), Durnin e Wormersley (1974), Boileau, Lohman, Slaughter (1985) e, Slaugther et al. (1988) têm sido utilizadas em uma série de estudos para estimar a composição corporal de jovens jogadores de futebol independentes da posição de

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jogo (Le Gall et al., 2010; Lago-Peñas et al., 2011; Portella, Arruda, Cossio-Bolaños, 2011; Perroni et al., 2014). No entanto, estas equações não são específicas para jogadores de futebol e, do ponto de vista científico, até o momento não foi encontrado nenhum estudo nacional ou internacional que propôs equações específicas para o percentual de gordura corporal em goleiros e as outras posições de jogadores de futebol. Apesar disso, a literatura afirma que jogadores de futebol, em geral, não são homogêneos em termos de tamanho e composição corporal (Oliver et al., 2012). Portanto, a utilização de uma única equação para todos os jogadores de futebol não reflete a porcentagem real de gordura corporal. Inclusive, até onde se sabe, não há estudos nacionais e internacionais que proponham equações de regressão baseadas em variáveis antropométricas que permitam estimar o %G, a MLG e a DMO de jovens futebolistas. E durante o período da adolescência se apresenta a melhor oportunidade para ganhar DMO, assim como também para modificar o tamanho do esqueleto e sua arquitetura em resposta as cargas mecânicas (Marcus, 2001). Atualmente há uma forte evidência empírica que demonstra que a participação desportiva afeta o desenvolvimento normal do músculo e do osso (Daly, 2007, Krustrup et al, 2009, Helge et al, 2010).

Sendo assim, faz-se necessário o desenvolvimento de equações antropmétricas específicas para a população de jovens futebolistas brasileiros as quais predizem com fidedignidade o %G, a MLG e a DMO, diferenciando os goleiros dos jogadores de linha, para entender como e quando as alterações funcionais e estruturais ocorrem. Além disso, a avaliação destes parâmetros pode ajudar a otimizar o rendimento competitivo e supervisionar o êxito dos regimes de treinamento dos jovens futebolistas.

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1.1. OBJETIVO DO ESTUDO

1.1.1. Objetivo Geral

Determinar equações específicas de composição corporal e densidade mineral óssea para jovens futebolistas.

1.1.2. Objetivos Específicos

• Comparar o percentual de gordura entre os jovens jogadores de diferentes posições;

• Propor equações específicas de percentual de gordura através do método antropométrico para comparar goleiros e outras posições de jovens jogadores de futebol;

• Determinar os preditores da massa livre de gordura (MLG) e da densidade mineral óssea (DMO) de jovens futebolistas;

• Propor equações de regressão para estimar a MLG e a DMO através de variáveis antropométricas para comparar goleiros e outras posições de jovens jogadores de futebol.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

A Ciência do Esporte cresceu e se desenvolveu muito nos últimos anos e hoje existe um grande volume de pesquisas que investigam as características físicas e o desempenho dos jogadores profissionais de futebol. Essas pesquisas incluem medições de altura, massa corporal, composição de gordura corporal, tempos de sprint de 10, 20 e 30 m, capacidade sprint repetido, agilidade, saltos verticais, consumo máximo de oxigênio, limiar de lactato usando esteira em laboratório, teste de capacidade de recuperação intermitente, entre outros (Dunbar, Power, 1997; Stolen et al., 2005; Carling, Orhant, 2010; Le Gall et al., 2010). Além da composição corporal e dos testes físicos, os estudos também investigaram o desempenho físico do jogador durante os jogos. Alguns dos estudos foram mais longe e separaram os jogadores pela sua posição no campo, em seguida, examinaram as diferenças nas características físicas e de desempenho entre as posições.

Em contraste com o grande volume de literatura sobre jogadores adultos, tem havido muito poucas investigações de jovens jogadores de futebol, especialmente quando os jogadores são subdivididos em diferentes grupos etários ou níveis maturacionais. O conhecimento sobre o perfil físico dos jovens jogadores de elite é importante e benéfico na identificação de talentos, ou seja, em termos de previsão de quais jogadores podem passar para um nível de jogo superior e também em termos de desenvolvimento do conhecimento científico relativo à forma de como se dá o progresso dos jovens atletas e o desenvolvimento ao longo do tempo. Portanto, há uma necessidade de mais pesquisas examinando o desenvolvimento de características físicas, maturacionais e desempenho em jogo dos jovens futebolistas.

Sendo assim, esta revisão de literatura tem por finalidade caracterizar o desempenho físico dos jovens futebolistas durante o jogo, nos testes físicos e na composição corporal, verificando se a maturação biológica e o crescimento exercem influências sobre esses resultados e na estrutura óssea dos jovens, além de descrever os protocolos mais utilizados de avaliação da maturação biológica para jovens jogadores de futebol.

2.1. PERFIL FÍSICO, FISIOLÓGICO E METABÓLICO DO JOVEM FUTEBOLISTA NO JOGO

A maioria dos estudos de análise de jogo em jovens jogadores de futebol fez uso de um sistema de posicionamento global (GPS) para examinar as distâncias do jogo e velocidades alcançadas (Buchheit et al., 2010ab; Castagna et al., 2009; 2010; Harley et al., 2010). Esses estudos também informaram sobre a distância percorrida em zonas de velocidades ou quanto tempo foi gasto em zonas de velocidades. Como as zonas de velocidades foram definidas varia entre os estudos, mas muitas vezes as zonas foram criadas com base em velocidades absolutas (as mesmas zonas de velocidades para todos os jogadores, independentemente da idade), zonas de velocidades por categorias (criação de um conjunto de zonas de velocidades para cada faixa etária, por exemplo,

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Sub-15, Sub-17 e Sub-20) ou zonas de velocidades individuais onde as zonas foram calculadas com base na velocidade de corrida de cada jogador (Buchheit et al., 2010ab; Harley et al., 2010; Goto, Morris, Nevill, 2015ab). No entanto, apenas o estudo de Goto, Morris, Nevill (2015b) descreveu e analisou os resultados usando esses três métodos no mesmo estudo, e o valor relativo desses métodos no que diz respeito à identificação e desenvolvimento de talentos.

Goto (2012) analisou 183 jovens jogadores de futebol de elite na Inglaterra (idade cronológica: 8,9 a 18,7 anos; agrupamento por idade: Sub-9 ao Sub-16) e verificou que a distância percorrida durante o jogo entre os jovens de 9 a 16 anos variou de 4.056 9) para 7.697m (Sub-16) (p < 0,05), e variou de 4.675 a 6.727 m/hora-1 em uma partida (p < 0,05). As equipes Sub-11 ao Sub-16 cobriram uma distância maior em corrida de alta velocidade (intervalo: 487-553 m/hora-1) em comparação com o Sub-9 (178 m/hora-1) e Sub-10 (219 m /hora-1) (p < 0,05 para todas as equipes). Do mesmo modo, a porcentagem de tempo gasto nas corridas de alta velocidade pela Sub-9 (1,1%) e equipe Sub-10 (1,3%) foi menor do que o observado da Sub-11 ao Sub-16 (2,6-3,0%) (p < 0,05 para todas as categorias).

Quando Goto, Morris, Nevill (2015a)estudaram os jogadores das categorias Sub-9 e Sub-10, isoladamente, verificaram que a distância total percorrida na categoria Sub-9 era um pouco superior que na categoria sub-10 (4.356 vs 4.056 m), mas sem diferença significante. Porém, descobriu-se que as diferenças significantes estavam nas zonas de velocidades correspondentes à caminhada (966

vs 865 m) e nas corridas de baixa velocidade (1.189 vs 927 m), apresentando superioridade a

categoria Sub-9. E apesar de não haver diferenças estatisticamente significantes entre as distâncias percorridas nas zonas de velocidade chamada de trote (1.560 vs 1.594 m), corrida em moderada velocidade (462 vs 485 m) e corrida em alta velocidade (166 vs 186 m), a categoria Sub-10 foi um pouco superior.

Castagna, D’Ottavio, Abt (2003), mostraram através da análise de Vídeo que os jovens jogadores italianos classificados como “não elite”, com média de idade de 11 anos, num jogo com campo de dimensões 100x65m e com a partida tendo duração de 60min (2 tempos de 30min) e o jogo tendo a participação de 11 vs 11 jogadores, esses jovens percorreram uma distância média de 6.175 m, sendo que no primeiro tempo eles percorreram 3.155m e no segundo tempo percorreram 2.990 m.

Com o uso de GPS com frequência de aquisição de 5Hz, Harley et al. (2010), analisaram o desempenho físico de jogo de jovens das categorias Sub-12 a Sub-16. Para as categorias Sub-12 e Sub-13 o campo tinha uma dimensão de 77x60m e a duração do jogo foi de 75min e a partida foi disputada com 2 equipes de 11 jogadores. Nesta análise os pesquisadores descobriram que os jovens da categoria Sub-12 percorrem uma distância média de 5.967 m enquanto os da categoria Sub-13 cobriram 5.813 m. Para as categorias Sub-14, Sub-15 e Sub-16, os jogos se desenvolveram também

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com duas equipes de 11 jogadores, porém, num campo com dimensões de 99x65m tendo as partidas uma duração de 80min. A distância média percorrida por cada categoria foi de 5.715 m, 6.016 m e 7.672 m, respectivamente para as categorias Sub-14-15-16.

Ainda fazendo uso de GPS, porém, com uma frequência de aquisição de dados de 1Hz, Buchheit et al. (2010a), fizeram um estudo longitudinal de 42 partidas com jovens jogadores da elite do Qatar nas categorias Sub-13, Sub-14, Sub-15, Sub-16 e Sub-17, onde em todas as categorias a dimensão do gramado foi de 100x70m, com formação de 2 equipes de 11 jogadores, porém, o tempo das partidas das categorias Sub-13 e Sub-14 foram de 70min e nas demais categorias o tempo de jogo foi de 80min. Os cientistas encontraram um crescente no valor da distância percorrida entre as categorias (6.549 m, 7.383 m, 8.129 m, 8.312 m e 8.707 m, respectivamente para as categorias desde a Sub-13 até a Sub-17).

Sobre a intensidade do jogo Capranica et al. (2001) com jovens jogadores de 11 anos observaram que em 4% do tempo de jogo eles ficam parados, 38% andando, 55% em corrida de moderada intensidade e 3% em muito alta intensidade. Rebelo et al. (2012), com jovens portugueses de 15 anos, verificaram que durante a partida esses jogadores ficaram 14,4% do tempo parados, 53,3% andando, 19,8% trotando, 6,5% correndo em moderada velocidade, 2,3% correndo em alta intensidade, 0,8% realizando sprints e 3% fazendo corridas para trás. Já Nakazawa et al. (2005), com jovens japoneses de 16 anos, pontuaram que esses atletas passam 37,8% do jogo andando, 16,1% trotando, 32,3% correndo em média intensidade, 6,8% realizando sprints, 3,1% correndo para trás e 3,9% andando para trás. Goto, Morris, Nevill (2015b) em estudo com jovens ingleses observaram que na equipe Sub-11 os atletas andam por 2.011 m, trotam 2.166 m, correm em baixa intensidade 1.334m, correm em moderada intensidade 349 m e correm em alta velocidade 29m, já na equipe Sub-12 os valores são 2.119 m, 2.277 m, 1.257 m, 363 m e 52 m (respectivamente para as ações de andar, trotar, correr em baixa, média e alta intensidade), na equipe Sub-13 eles caminham 2.004 m, trotam por 2.319 m, e realizam as corridas de baixa, média e alta velocidade, respectivamente, por 1.427 m, 420 m e 72 m. Neste mesmo estudo, nas categorias mais velhas (Sub-14, Sub-15 e Sub-16), os valores aumentam e nas ações de moderada e alta intensidade, essas categorias apresentam valores estatisticamente superiores as categorias mais novas, sendo que no Sub-14 a distância percorrida nas ações de moderada velocidade foi de 515 m, na Sub-15 foi de 629 m e no Sub-16 cobriram 578 m, e, nas ações de alta intensidade os valores foram de 118 m, 148 m e 64 m, respectivamente para a Sub-14, Sub-15 e Sub-16. E Harley et al. (2010), com jogadores de 12-16 anos, quando analisaram apenas as ações de alta intensidade, verificaram que 30,4% do tempo de jogo é despendido para as corridas de alta intensidade, 11,9% para as ações de muito alta intensidade e 3,6% para os sprints.

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Atan, Foskett, Ali (2016), verificaram que os futebolistas neozelandeses da categoria Sub-13 percorrem em média 4.516 m, com uma distância relativa de 94,5 m/min e atingem uma velocidade máxima de 23,5 km/h, já os jogadores da categoria sub-14 cobrem uma distância média de 5.385 m, tendo uma distância relativa de 96,1 m/min e um sprint de 25,4 km/h, enquanto os jogadores da categoria sub-15 conseguem percorrem uma distância média total de 6.600 m, tendo em média uma distância relativa de 97,3 m/mim, com a média da velocidade média girando em torno de 26,5 km/h. Neste recente estudo não houve diferenças na distância média por sprint, onde todas as faixas etárias, realizaram ~16 m por sprint.

Com jovens turcos (17,6 ± 0,58 anos, 1,78 ± 0,5m, 68,6 ± 5,62kg e 51,76 ± 4,18 ml/min

-1/kg-1) de 4 equipes da elite nacional, Aslan et al. (2012) após analisarem a carga física, fisiológica e

a demanda metabólica dos atletas em jogo, concluíram com base nas respostas de Lactato, Frequência Cardíaca (FC) e Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) que o estresse fisiológico é maior durante o 1º tempo dos jogos em comparação com o 2º tempo, mesmo que na segunda metade dos jogos teve queda de volume e intensidade nas distâncias percorridas em comparação com o 1º tempo, e os valores da PSE tenha aumentado gradualmente ao longo das partidas, além disso, embora, os padrões de movimento dos jogadores diferem muito entre as posições, as distâncias percorridas nas diferentes velocidades de lactato foram semelhantes, com exceção de velocidade de lactato de 2mmol, verificando assim, que a carga externa imposta aos jogadores diferem de acordo com a posição no campo, mas que todos os jogadores experimentaram um estresse fisiológico semelhante durante os jogos, corroborando com as respostas de FC e PSE. Sendo que os valores demonstraram que a FC foi superior a 160 bpm para cerca de 70% do tempo total de partida. Na verdade, os jogadores chegaram a aproximadamente 85% da sua FC máxima durante o jogo. Além disso, cerca de um quarto da distância total percorrida foi coberta em velocidades que excediam o limiar de lactato fixo de 4mmol. Este estudo também revelou que a distância total percorrida foi influenciada pelas velocidades de lactato.

A análise de jogo de jogadores de futebol juvenil de elite e não-elite foi realizado em diferentes países, incluindo o Brasil (Silva, Kirkendall, Barros Neto, 2007), Dinamarca (Stroyer, Hansen, Klausen, 2004), Itália (Castagna, D’Ottavio, Abt, 2003), Qatar (Buchheit et al., 2010a), San Marino (Castagna et al., 2009), Portugal (Godinho, Figueiredo, Vaz, 2013), Nova Zelândia (Atan, Foskett, Ali, 2016) e Reino Unido (Harley et al., 2010; Goto, Morris, Nevill, 2015ab). Estes estudos estabeleceram que os jovens percorrem entre 4.000 e 10.000 m em um jogo de 60-90 min com aproximadamente de 3% a 30% desta distância a ser feita em velocidades elevadas (4,2-5,0 m/s-1) (Buchheit et al., 2010a; Harley et al., 2010; Goto, Morris, Nevill, 2015ab; Buchheit, Mendez-Villanueva, 2014). Porém, por se tratar de jovens atletas em período de desenvolvimento, diversos

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fatores podem contribuir para as diferenças de valores encontrados, além do tempo de jogo, regra, dimensões do campo, categoria e função tática.

2.2. INFLUÊNCIA DA MATURAÇÃO BIOLÓGICA E DAS DIMENSÕES CORPORAIS NO JOGO E NO DESEMPENHO FÍSICO

A maturidade biológica é um fator bem conhecido que influencia o tamanho do corpo e a

performance física (resistência, velocidade e força) em adolescentes. Em geral, partidas com

jogadores que são avançados em termos de maturidade biológica apresentam melhores desempenhos do que seus pares mais tardios (Malina et al., 2004; Sherar et al., 2007). Também no futebol de jovens de elite, os jogadores que nasceram no início do ano são favorecidos mais do que seus pares que nasceram mais tarde no mesmo ano em termos de seleção (Malina et al., 2004; Carling et al., 2009). No entanto, os jogadores que maturam tarde podem ter dificuldades quando atingem a idade adulta jovem e a idade em que a maturação ocorre (precoce versus tardia), apesar dos estudos não levarem em consideração a diferença na porcentagem de jogadores em cada categoria, que passou a se tornar atleta profissional.

Portanto, parece ser importante avaliar jogadores em grande parte com base em características físicas durante o período em que eles têm uma grande variação no nível de maturidade. Também é importante descobrir quando o desenvolvimento das características físicas cessa e onde as preocupações sobre mudanças na maturação não existirá após este ponto. Tem sido relatado que as características físicas e desempenho físico, incluindo massa corporal, composição de gordura corporal estimada, flexibilidade, velocidade, capacidade de sprint repetido, e, estimativa do consumo máximo de oxigênio dos jogadores mais experientes do Campeonato Inglês e atletas de 16 anos de idade do mesmo clube são semelhantes (Dunbar, Power, 1997). Assim, o desenvolvimento de características físicas e desempenho físico parecem terminar perto da idade de 16 anos. No entanto, este estudo examinou apenas jogadores aos 16 anos e faixas etárias superiores e não foram feitas medições em jogadores mais jovens e, portanto, o estudo tem um valor limitado.

No estudo de Buchheit e Mendez-Villanueva (2014), foram comparados pela primeira vez dentro de um único grupo etário de jogadores de futebol Sub-15 altamente treinados, o potencial impacto da idade, da maturação e das dimensões corporais no desempenho de jogo. Os resultados mostram que na amostra desses jogadores, (1) atletas em idade avançada e/ou de maturação, e/ou que apresentam maior tamanho corporal sistematicamente apresentam maior desempenho nos testes de campo e melhor performance de corrida no jogo do que o seu par mais jovem, menos maduro e/ou menor; (2) em comparação com a idade e dimensões do corpo, maturação (provavelmente através do seu efeito combinado benéfico sobre a idade cronológica, dimensões do corpo e capacidades físicas) teve o maior impacto no desempenho de execução das ações do jogo; (3) nessa idade, maturação e tamanho corporal as diferenças relacionadas tendem a ser de maior magnitude

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para as medidas de teste de campo do que para o desempenho de corridas no jogo; e, finalmente, (4) as relações entre desempenho executado no jogo e a idade, a maturação e o tamanho do corpo foram dependente da posição.

Embora as diferenças de idade e/ou relacionada com maturação em performances físicas têm sido bem descritos no futebol juvenil (Philippaerts et al., 2006; Malina et al., 2007; Figueiredo et al., 2009), porém, o efeito da idade e maturação em desempenho de jogo não havia sido estudo ainda em um único grupo etário. Em investigações anteriores, em que diferentes grupos etários foram comparados (Buchheit et al., 2010b) ou analisados em conjunto (Gastin, Bennett, Cook, 2013), o mais velho e/ou os jogadores mais maturados correram maiores distâncias em altas velocidades. No entanto, essas conclusões não têm relevância para a compreensão do efeito real de idade, maturação ou das dimensões corporais no desempenho de distâncias percorridas no jogo dentro de uma faixa etária semelhante. No estudo de Buchheit e Mendez-Villanueva (2014), os jogadores mais velhos, mais maturados, mais altos e/ou mais pesados foram consistentemente mostrados para superar fisicamente os seus companheiros mais jovens, menos maturados, menores e/ou mais leves, ambos durante os testes de campo e desempenho de jogo. Enquanto mais dados sobre as habilidades técnicas e táticas são necessárias para tirar conclusões definitivas, as vantagens físicas dos jogadores mais desenvolvidos poderiam se traduzir em maiores oportunidades de gols durante os jogos, e, possivelmente, maior padrão de jogo. Este fato é corroborado pelo fato de que, pelo menos em adultos de elite, os melhores jogadores tendem a cobrir uma maior distância com a bola em velocidades mais elevadas (Rampinini et al., 2009).

Estes dados podem, portanto, (pelo menos parcialmente) explicar vieses de seleção, onde os jogadores mais velhos e/ou mais maturados são constantemente selecionados em clubes e seleções de futebol nas categorias de base (Gissis et al., 2006; Gil et al., 2007; Gravina et al., 2008; Figueiredo et al., 2009; Buchheit et al., 2013). Também importante, as diferenças do desempenho no jogo foram maiores quando se considera os jogadores agrupados por maturação do que pela idade, altura e massa corporal. Estes resultados estão de acordo com um estudo recente, onde a maturação explicou uma maior proporção de diferenças relacionadas com a idade em capacidades de velocidade do que as dimensões do corpo (Mendez-Villanueva et al., 2011). Embora reconhecendo as limitações da idade em estimativa do Pico de Velocidade do Crescimento (PVC) (Mirwald et al., 2002), estes dados sugerem que a maturação, por si só, como uma representante de medida global de desenvolvimento biológico de um jogador (por exemplo, integrando juntos idade cronológica e idade relativa, dimensões do corpo e capacidades físicas), provavelmente tem um impacto maior sobre (jogo) performance física do que as dimensões do corpo ou idade cronológica sozinhos.

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No estudo de Strøyer, Hansen, Klausen (2004), dividindo em 3 grupos de jovens jogadores da Dinamarca (jogadores de não-elite no início da puberdade (12,2 ± 0,7 anos), jogadores de elite no início da puberdade (12,6 ± 0,6 anos) e jogadores de elite no final da puberdade (14,0 ± 0,2 anos) verificaram que os jogadores de elite tiveram uma carga de trabalho absoluto superior durante um jogo em comparação com os jogadores não-elite. A maior carga de trabalho absoluta também foi relacionada a um estado de maturidade superior. Em relação à posição de jogo, os defensores apresentaram em um nível mais baixo de consumo de oxigênio relacionado à massa corporal durante o jogo em comparação com meio-campistas e atacantes. Neste estudo, não foi observada diferença no VO2máx entre os jogadores não-elite e os de elite no início da puberdade (58,7 vs 58,6

ml/kg/min), enquanto os jogadores de elite no final da puberdade foram significativamente mais condicionados (63,7 ml/kg/min). Durante uma partida, uma FC mais elevada foi registrada em jogadores de elite no início da puberdade do que seus pares da não-elite, enquanto os dois grupos de elite mostraram as mesmas respostas de FC (FC 1º Tempo / 2º Tempo Não-Elite: 162 / 157 bpm; Elite Início Puberdade: 177 / 174 bpm; Elite Final da Puberdade: 178 / 173 bpm).

Goto (2012) ao analisar a maturação biológica e o desempenho nas corridas de alta intensidade do jogo, concluiu que a maturação biológica influenciou significativamente nessas ações quando o estágio de desenvolvimento genital e idade cronológica estimada pelo PVC foram empregados para avaliar a maturidade biológica. Quando o estágio de desenvolvimento genital foi empregado, a distância percorrida em alta velocidade durante uma partida foi positivamente influenciada pela maturação nas equipes Sub-12 e Sub-13. Quando a estimativa da idade cronológica pelo PVC foi utilizada para avaliar a maturação biológica, os maturadores precoces percorreram uma distância total significativamente maior no jogo em comparação com os maturadores tardios nas categorias Sub-9 / Sub-10. Além disso, os jogadores maturadores precoces da Sub-13 / Sub-14 percorreram, significativamente maior, distância em alta velocidade por hora em um jogo comparado com os jogadores de maturação tardia, mesmo percorrendo uma distância total semelhante durante um determinado tempo de jogo. Ademais, o percentual de tempo gasto em corridas de alta velocidade foi significativamente maior para os maturadores precoces do que para os tardios nas categorias Sub-13 / Sub-14. Sendo que, as implicações práticas destes resultados para os treinadores e os envolvidos na identificação e desenvolvimento de talentos, é que aos meninos mais jovens deve ser dado um tempo de jogo semelhante durante as partidas e que os jogadores precisam ser agrupados de acordo com o seu estado de maturação para minimizar as diferenças no desempenho das corridas de alta intensidade no jogo causadas por uma variação na maturidade biológica e para evitar ou minimizar os erros de seleção.

Quando o desempenho em testes físicos foi analisado em relação à maturação biológica em jovens futebolistas, dois estudos recentes no Brasil ganham destaques e devem ser citados pela

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qualidade e por utilizarem jovens de elite das categorias de base nacional. Silva (2013) avaliou 105 jogadores de 11 a 17 anos e os dividiram em 3 grupos de classificação: antes do pico de velocidade de crescimento (APVC), durante o pico (PVC) e depois do pico (DPVC). Após isso avaliou os jovens nas seguintes variáveis: massa magra, % gordura e soma das dobras cutâneas, para a composição corporal e saltos verticais (SJ e CMJ), velocidade de 10 metros (V10m) e teste do Yo-Yo Intermitente Recovery nível 1 (Yo-Yoyo IR1), para os testes físicos. Os resultados mostraram diferenças significantes entre APVC, PVC e DPVC (p < 0,05) nas variáveis SJ, CMJ e no consumo de oxigênio máximo ajustado (VO2max).

Já Portella (2015) teve uma amostra de 206 jogadores com média de idade de 14,69 ± 2,31 anos e utilizou as seguintes variáveis antropométricas: estatura total (EST), altura tronco-cefálica (ATC), comprimento de pernas (CP) e massa corporal (MC). Para os testes físicos de força foram coletadas as variáveis Taxa de Desenvolvimento de Força (TDF) e Força Máxima (FM). Quanto à velocidade de deslocamento cíclica as variáveis coletadas foram velocidade em 10m (V10m) e velocidade em 40m (V40m). Em relação ao aspecto aeróbio foi mensurada a Potência Aeróbia (PAER). Para a mensuração da composição corporal foi utilizado o método de Absortometria de raio-X de dupla energia (DXA), mensurando Área Mineral Óssea de MMII (AMOMMII), Conteúdo Mineral Ósseo de MMII (CMOMMII), Massa Livre de Gordura (MLG), Massa Livre de Gordura de MMII (MLGMMII), Percentual de Gordura (%G) e Densidade Mineral Óssea de MMII (DMOMMII). Assim como o estudo de Siva34, neste estudo também fez uso do indicador somático (PVC) para analisar a maturação biológica. Após a avaliação maturacional, dividiu-se a amostra em três grupos: APVC (valores < -1,00 anos), PVC (valores entre -1,00 e 1,00 anos) e DPVC (valores > 1,00 anos). Em seus resultados todas as variáveis de composição corporal, exceto %G e MGT, e de desempenho físico, exceção feita à PAER, apresentaram diferenças significantes (p < 0,05) entre os grupos de maturação biológica (APVC, PVC e DPVC). Predominantemente o componente muscular e ósseo estabeleceu associação para a maior parte das variáveis de desempenho físico, apesar de serem dinâmicas de associações distintas entre os grupos. Quanto à dinâmica do desempenho físico as variáveis V10m e V40m apresentaram acomodação nos incrementos no período de PVC. A variável PAER apresentou a mesma acomodação, porém, no período DPVC. Já as variáveis de FM e TDF apresentaram os maiores incrementos no período PVC e principalmente no DPVC.

Contudo, podemos notar que, as diferenças observadas relacionadas com idade, maturação e medidas corporais entre os grupos tendem a ser de maior magnitude para as medidas de testes de campo do que para performance no jogo. E isso amplia resultados anteriores que sugerem que a magnitude das diferenças relacionadas com a idade no desempenho de corrida no jogo não foi tão grande como os relatados pelo tamanho do corpo e capacidades físicas (Buchheit et al., 2010b), e os

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aumentos nas dimensões do corpo e as capacidades físicas dentro de uma temporada não foram consistentemente seguidos por aumentos de atividades físicas de jogo (Buchheit et al., 2012). No entanto, a maturação, como uma medida integrada de desenvolvimento biológico de um jogador (representante da idade cronológica e relativa, das dimensões do corpo e capacidades físicas) é susceptível de ter o maior impacto sobre as atividades de corrida no jogo (principalmente nas ações decisivas que são as corridas de alta intensidade). Estes resultados confirmam a importância de se considerar o status de maturação ao avaliar os jovens jogadores com base em seu desempenho de jogo em campo.

2.3. MATURAÇÃO BIOLÓGICA E A RELAÇÃO ENTRE DENSIDADE MINERAL ÓSSEA E OS ESPORTES

O desenvolvimento do tecido humano, incluindo o tecido ósseo, é determinado por eventos biológicos durante a infância e adolescência (Kim et al., 2013; Diniz et al., 2017). A densidade mineral óssea (DMO) representa a quantidade de material inorgânico (cálcio e fósforo) armazenado nos ossos, que varia ao longo da vida. Pode ser medido para o corpo inteiro ou em segmentos. Os valores baixos da DMO estão relacionados ao desenvolvimento da osteoporose, principalmente na vida adulta, mas também nas populações pediátricas (Diniz et al., 2017).

A saúde óssea na idade adulta é determinada pelo desenvolvimento ósseo do início ao longo da vida, que pode ser afetada por uma grande variedade de variáveis, como genética, nutrição, ação hormonal, maturação biológica e atividade física. A atividade física exerce influência significativa sobre a acumulação de DMO durante o crescimento (Vicente-Rodriguez, 2006), e o esporte pode ser considerado como uma atividade física com intensidade vigorosa, podendo gerar uma alta carga mecânica nos ossos, afetando positivamente a massa óssea devido à taxa de rotatividade óssea, que é modulada pela ação dos sistemas de osteoblasto (formação) e osteoclastos (reabsorção), que por sua vez promovem ganhos significativos na DMO; e a ação muscular, que promove alta carga e estresse nos ossos, afetando e modificando assim a força e a geometria dos ossos (Rauch et al., 2004; Rahnama et al., 2005; Vicente-Rodriguez, 2006; Helge et al., 2010; Agostinete et al., 2017).

Desta forma, a atividade física pode ter uma maior influência em alguns segmentos específicos de DMO no corpo, onde os membros inferiores compreendem um componente de articulações com suporte de peso e pode ser indicativo de um local específico onde a carga óssea ocorre e tende para ter um maior impacto. Por outro lado, os membros superiores são usados mais especificamente em atividades como esportes de combate e ginástica. Assim, o desenvolvimento da DMO pode sofrer diferentes efeitos em diferentes segmentos corporais de acordo com o esporte específico praticado pelos jovens.

Para Agostinete et al. (2017) as diferenças em variáveis ósseas atribuídas à prática esportiva ocorrem independentemente da maturação, enquanto elevada quantidade de treinamento em

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situações de hipogravidade parece estar relacionada com menor massa óssea em nadadores. O estudo foi constituído por 93 adolescentes (12 a 16,5 anos), divididos em três grupos: grupo sem envolvimento esportivo (n = 42), futebol/basquete (n = 26) e natação (n = 25). A densidade e conteúdo mineral ósseo foram mensurados utilizando DXA e a maturação somática foi estimada através do uso do PVC. Adolescentes com idade tardia no PVC apresentaram maiores valores de densidade mineral óssea em membros superiores (P = 0,018). Após ajustes por variáveis de confusão, como a maturação somática, os nadadores apresentaram menores valores de densidade mineral óssea em membros inferiores, coluna e corpo inteiro. Apenas a densidade mineral óssea de membros superiores foi similar entre os grupos. Existiu relação negativa entre conteúdo mineral ósseo de corpo inteiro e tempo de treino semanal (β: -1563.967; 95% intervalo de confiança, IC: 2916.484 a -211.450).

Rodrigues Junior et al. (2017), ao analisarem o efeito da prática de basquetebol na densidade mineral óssea de adolescentes do sexo masculino, utilizando o consumo de vitamina D, idade cronológica, maturação somática, massa livre de gordura e estatura como fatores de confusão, verificaram que independentemente desses fatores, houve relação positiva entre maior tempo de prática do basquetebol e ganhos de DMO nos braços e corpo total (r = 0,487 [IC95% = 0,131 a 0,732]; r = 0,162 [IC95% = - 0,232 a 0,511]). Concluindo que a prática do basquetebol parece impactar significativamente os ganhos de DMO em adolescentes.

Silva et al. (2011) avaliaram 46 adolescentes de 10 a 18 anos praticantes de diferentes esportes: 12 nadadores, 10 jogadores de tênis, 10 jogadores de futebol e 14 indivíduos sedentários. Os atletas praticaram atividades físicas específicas de cada modalidade por mais de 10 h por semana durante 6 meses. A DMO da coluna lombar (L1-L4), da região do fêmur proximal esquerdo e todo o corpo foi avaliada pelo DXA. Os resultados mostraram valores médios mais altos na região proximal do fêmur dos jogadores de tênis e de futebol (1,02 ± 0,18; 0,96 ± 0,16, respectivamente) do que os nadadores e grupo controle (0,91 ± 0,14 e 0,87 ± 0,06, respectivamente) (P<0,05). Em relação ao impacto das atividades esportivas com base na determinação da idade óssea, observaram diferenças significativas na DMO em todos os locais avaliados no final da puberdade (16-18 anos) em comparação com 10-12 anos, com aumentos de 78% na coluna lombar, 47% no fêmur proximal e 38% em todo o corpo. Em conclusão, os resultados deste estudo indicam que os atletas adolescentes envolvidos em esportes que suportam a massa corporal, como tênis e futebol, demonstram um efeito osteogênico local na região proximal do fêmur em comparação com nadadores e adolescentes sedentários.

O efeito dos eventos de puberdade na adiposidade, massa magra e massa óssea são reflexos das mudanças metabólicas endócrinas exclusivas deste período de maturação (Lomba Albrecht; Styne, 2009; Veldhuis, Roemmich, Richmond, 2005; Vicente-Rodriguez et al., 2004). Aumento dos

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esteróides gonadais, do hormônio do crescimento e do fator de crescimento semelhante a insulina tipo 1 durante a adolescência contribuem significativamente para o pico da consolidação da massa óssea, o que pode garantir uma variação de 11% na DMO. Corroborando esses indicadores, a análise de regressão múltipla por etapas indicou que o próprio fator de crescimento semelhante a insulina tipo 1 explicou explicitamente 35,4% da variação da DMO do fêmur proximal em um grupo de atletas de ginástica rítmica adolescente (n = 23) com idade entre 13 e 15 anos (Soyka, Fairfield, Klibanski, 2000).

Um estudo com um grupo de atletas adolescentes do sexo feminino envolvidas em natação, tênis, halterofilismo e futebol foi conduzida por Bellew e Gehrig (2006) e seus resultados mostraram que as jogadoras de futebol e tenistas apresentaram maiores valores de DMO para o calcâneo do que as halterofilistas (P = 0,016) e as nadadoras (P = 0,001). Outro estudo similar que investigou a DMO do calcâneo em atletas adultos entre 20 e 30 anos envolveu jogadores de futebol, corredores e um grupo de controle (Fredericson et al., 2007) e os resultados desse estudo mostraram maiores valores de DMO do calcâneo nos jogadores de futebol do que os corredores, que foram ambos mais altos do que no grupo controle. No entanto, em outras regiões do corpo, como a coluna lombar, as costelas, os membros inferiores e o corpo total, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos, indicando especificidade local das alterações esqueléticas em função da carga imposta ao osso.

Por tanto, podemos afirmar em relação à atividade física/esporte, sua prática estimula a liberação de hormônios relacionados a taxas mais altas de formação óssea. Além disso, a carga física na estrutura óssea que é gerada pelo exercício estimula seu turnover. Diversos esportes causam alta carga de treinamento durante a prática e, portanto, agem positivamente sobre a acumulação óssea durante o crescimento, como futebol, basquetebol e tênis. Esses estudos apoiam a teoria de que as forças que se mobilizam e movem a massa corporal exercem um efeito muito positivo no processo de mineralização óssea durante a adolescência e a literatura deixa claro que a resposta osteogênica ao exercício é otimizada quando o exercício intenso é realizado durante a infância e a adolescência, onde os mecanismos de carga impostos ao tecido ósseo geram respostas de maior magnitude para o crescimento e remodelação do esqueleto em comparação com os efeitos observados na massa óssea durante a idade adulta.

2.4. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA MATURAÇÃO BIOLÓGICA

A maturação biológica é caracterizada por um processo evolutivo do indivíduo, devendo ser entendida como o conjunto de mudanças biológicas que ocorrem de forma sequencial e ordenada, que levam o indivíduo a atingir o estado adulto. Este processo pode variar no seu ritmo e grau entre os indivíduos, independentemente de sua raça, sexo ou meio em que vivem. Desta forma, algumas crianças podem apresentar velocidade de maturação mais acelerada que outras (precoce) ou mais

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lenta (tardia), porém com a mesma ordem sequencial (Matsudo, Matsudo, 1991; Guedes, Guedes, 1997).

A avaliação da maturação biológica é importante quando há o objetivo de verificar a velocidade da maturação biológica que pode ser precoce ou tardia (Malina, 1988; Ross, Rose, Ward, 1995), além de ajudar na predição da estatura adulta (Blanco, Landaeta, 1988) e verificar os estágios em que se encontram. Neste sentido, torna-se de fundamental importância a utilização de técnicas de avaliação maturacional, porque vai permitir identificar os garotos com maturação precoce, normal e lenta, em que, segundo Ross, Rose e Ward (1995) os garotos com maturação precoce realizam, também, treinamentos precoces e a partir do momento que eles atinjam o mesmo nível de maturação, perdem a vantagem de indivíduo precoce, ficando limitado seu rendimento, tendo como consequências, implicâncias emocionais e de condutas. Não obstante, os garotos com maturação lenta deixam a prática dos esportes porque normalmente não são levados em consideração nos programas de treinamento. Portanto, o objeto do estudo da maturação tem a ver com uma adequada utilização da técnica e classificação maturacional dos indivíduos, e tais recursos podem ser aproveitados pelos profissionais que trabalham nas categorias de base para desenvolver treinamentos sistemáticos no momento exato. Esse momento deve ser determinado através da avaliação da velocidade de crescimento (estirão do crescimento puberal) e a avaliação da maturação sexual secundaria (Estagio III) das pranchas de Tanner.

Portanto, a avaliação da maturação biológica torna-se importante e necessária para a classificação em estágios maturacionais dentro do contexto esportivo com crianças e adolescentes (Malina, Bouchard, Bar-Or, 2004; Bergmann et al., 2007). Uma vez que agora existem duas maneiras simples de avaliar a maturação, sendo uma delas a partir das pranchas de Tanner (auto avaliação), e a outra, através de variáveis antropométricas, permitindo a detecção do momento em que o indivíduo atinge o Pico de Velocidade de Crescimento (PVC). Em seguida descrevem-se os procedimentos de ambas as metodologias.

2.4.1. MATURAÇÃO SOMÁTICA - PICO DE VELOCIDADE DE CRESCIMENTO

A idade do pico de velocidade de crescimento (PVC) é o indicador mais comumente utilizado em estudos longitudinais, considerando a maturidade somática do adolescente (Malina, Bouchard, Bar-Or, 2009). Neste sentido, Mirwald et al. (2002) desenvolveram uma técnica prática e não invasiva, que consiste em avaliar os sincronismos diferenciais conhecidos do crescimento da estatura, da altura tronco-cefálica e dos membros inferiores. Pois requer uma avaliação única, de poucas variáveis antropométricas, capaz de predizer a distância em anos em que um indivíduo se encontra da sua idade do PVC (Machado, Bonfim, Costa, 2009). A classificação foi definida em oito níveis (-4 a 3 anos). Os valores são apresentados de forma expressa no Quadro 1.

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Quadro 1 – Classificação do Pico de Velocidade de Crescimento PVC, segundo Mirwald et al.

(2002).

Nível Intervalo (anos)

-4 Yi <- 3,49 -3 -3,50 ≤ Yi <-2,50 -2 -2,50 ≤ Yi <1,50 -1 -1,50 ≤ Yi <-0,50 0 -0,50 ≤ Yi <0,50 1 0,50 ≤ Yi <1,50 2 1,50 ≤ Yi <2,50 3 Yi ≥ 2,50

Por outro lado, para calcular o PVC é necessário avaliar as variáveis antropométricas da massa corporal (MC), idade (I), a estatura (EST), altura tronco-cefálica (ATC) e o comprimento da perna (EST-ATC). Esses valores devem ser substituídos na equação seguinte:

Para rapazes

PVC = – 9,236 + 0,0002708 (CPxATC) – 0,001663 (IxCP)+0,007216 (IxATC)+ 0,02292 (MC/EST)

Legenda: CP = Comprimento de Perna; ATC = Altura Tronco-Cefálica; I = Idade; MC = Massa Corporal; EST = Estatura.

Exemplo: Um garoto com 13 anos de idade, massa corporal 68,8 (kg), estatura 171,3 (cm), altura

tronco-cefálica 83,1 (cm). Resultado: apresenta -1,353 anos para o PVC.

Segundo Portella (2015) o Indicador Somático se apresenta como uma boa ferramenta para utilização em atletas. Durante a maturação biológica as variáveis de composição corporal e desempenho físico apresentam diferenças entre os grupos (pré PVC, durante o PVC e pós PVC). As associações entre os componentes de composição corporal e desempenho físico ao longo do processo maturacional ocorrem de forma distinta para cada período de maturação biológica. Cada variável de desempenho físico apresenta dinâmicas diferentes com performances ótimas em momentos diferentes da maturação biológica.

2.4.2. MATURAÇÃO SEXUAL

A maturação sexual pode ser avaliada através de estágios de desenvolvimento que, de acordo com Tanner (1962) são: a) cinco estágios para desenvolvimento dos genitais nos meninos; b) cinco estágios de desenvolvimento das mamas nas meninas; c) cinco estágios de pilosidade pubiana para ambos os sexos. Originalmente foram propostos seis estágios para pilosidade pubiana e tamanho de genitais; o que anteriormente era classificado como estágio seis, hoje é considerado como estágio cinco.

Malina (1988), baseado nos estágios de desenvolvimento propostos por Tanner para a avaliação do desenvolvimento das mamas para as meninas e de genitais para os meninos, classificou os estágios da seguinte forma: I - indica um estado de pré-adolescência; II - indica o

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início do período pubertário; III e IV - indicam a continuidade do desenvolvimento, ou uma fase intermediária; V - indica a fase final do desenvolvimento, muito parecida com o estado adulto.

A auto avaliação foi sugerida por vários pesquisadores, como Matsudo e Matusdo (1991), Martín et al. (2001) e Morris e Udry (1980), em que o próprio adolescente visualiza as fotos (pranchas de Tanner) ou desenhos e indica o estágio maturacional com o qual mais se identifica. No entanto, antes da realização da auto avaliação, os procedimentos corretos devem ser explicados.

Tabela 1 – Classificação das características sexuais secundaria, segundo Tanner (1978).

Características Legenda Fases/etapas

Genitais G G1, G2, G3, G4 e G5.

Pêlos pubianos P P1, P2, P3, P4 e P5.

Mamas M M1, M2, M3, M4 e M5.

Os profissionais que trabalham com jovens em processo de crescimento e desenvolvimento, podem utilizar fotos ou desenhos para a auto avaliação e utilizar os critérios de classificação de Malina (1988) com base nos estudos de Tanner (1962; 1978) para avaliar o desenvolvimento das genitais e dos pêlos púbicos para os meninos:

Características dos genitais do sexo masculino

G1 - Pênis, testículos e escroto de tamanho e proporções infantis.

G2 - Aumento inicial do volume testicular (>4ml). Pele escrotal muda de textura e torna-se

avermelhada. Aumento do pênis mínimo ou ausente.

G3 - Crescimento peniano, principalmente em comprimento. Maior crescimento dos testículos e

escroto.

G4 - Continua o crescimento peniano, agora principalmente, em diâmetro, e com maior

desenvolvimento da glande. Maior crescimento dos testículos e do escroto, cuja pele se torna mais pigmentada.

G5 - Desenvolvimento completo da genitália, que assume tamanho e forma adulta.

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Características dos pêlos púbicos do sexo masculino

P1 - Ausência de pêlos pubianos. Pode haver uma leve penugem semelhante à observada na parede

abdominal.

P2 - Aparecimento de pêlos longos e finos, levemente pigmentados, lisos ou pouco encaracolados,

principalmente na base do pênis.

P3 - Maior quantidade de pêlos, agora mais grossos, escuros e encaracolados, espalhando-se

esparsamente pela sínfise púbica.

P4 - Pêlos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região púbica, mas ainda sem atingir a face

interna das coxas.

P5 - Pilosidade pubiana igual à do adulto, em quantidade e distribuição, invadindo a face interna

das coxas. Extensão dos pêlos para cima da região púbica.

Figura 2 – Estágios de maturação sexual masculina dos pêlos púbicos, segundo Tanner (1962; 1978).

2.5. CONSIDERAÇÕES

Nas categorias de base, e mais especialmente durante a fase inicial da adolescência (ou seja, 11-15 anos), os jogadores da mesma faixa etária, muitas vezes apresentam grandes diferenças de maturação. Jogadores mais velhos / mais maturados apresentam dimensões do corpo geralmente maiores e superam os seus companheiros mais jovens / menos maturados durante os testes de desempenho físico. Entre os jogadores mais e menos desenvolvidos dentro de uma única faixa etária, diferenças tão grandes quanto 35 cm de altura e ~ 20% no desempenho sprint (Malina et al., 2007) têm sido observados. Maiores dimensões corporais e melhores desempenhos físicos podem ter impacto sobre os resultados dos jogos, e há uma exclusão sistemática dos jogadores mais jovens e / ou menos maturados em academias de futebol, em equipes de elite e em seleções nacionais.

Os dados de análise de jogo podem ser usados no processo de identificação e desenvolvimento de talentos, mas até agora esta é uma área sub pesquisada com a maioria dos estudos de identificação de talentos focando antropometria, aspectos fisiológicos, psicológicos e habilidades técnicas. Nenhum desses estudos mostrou diferenças em atributos antropométricos e

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fisiológicos entre jogadores de 14 e 16 anos de idade na Inglaterra que passaram ou que não passaram a receber um contrato profissional (Franks et al., 1999). Em contrapartida, outro estudo descobriu que jogadores franceses da elite sub-14-16 que vieram a ganhar destaque no internacional e / ou um contrato profissional eram os jogadores mais altos e mais rápidos (sprint de 40 m) (Le Gall et al., 2010). Assim, os resultados relativos à existência ou não de jogadores que alcançam sucesso posterior têm características específicas identificáveis (exceto capacidade futebolística) ambíguas. Sugeriu-se que, como o futebol é um esporte complexo que envolve executar as habilidades necessárias em um ambiente em rápida mutação, em condições fatigantes, uma mudança para um protocolo jogo-específico ou jogo real é necessário para contribuir para a identificação de jogadores talentosos (Williams, 2000; Ali, 2011; Unnithan et al., 2012). Assim, há a necessidade de examinar se o desempenho de jogo é um discriminador do sucesso de jovens jogadores de futebol, e uma maneira de conseguir isso, é examinar as diferenças no desempenho de jogo entre os jogadores que são posteriormente aproveitados ou dispensados pelos clubes.

Do ponto de vista prático, as informações apresentadas sugerem que é necessário dar maior atenção à maturação ao selecionar jogadores, a fim de evitar a exclusão dos jogadores menos maturados, cujo potencial da parte física (e futebol) só poderá ser revelado mais tarde, após a puberdade. Outra aplicação prática das informações é que se deve usar desses dados para manipular a carga em suas sessões e jogos, ou seja, alocando os jogadores mais maturados para as posições ou funções mais exigentes e, inversamente, pode ajudar nas diferenças relacionadas com a maturação (de normalização) e, por sua vez, pode fornecer mais igualdade de oportunidades durante o treinamento, jogos e seleção de talentos.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. NATUREZA DO ESTUDO

Este estudo é uma pesquisa de natureza descritiva e comparativa, que apresenta um delineamento metodológico transversal. Descritiva, porque somente observou, registrou, descreveu e analisou os fatos ou fenômenos sem manipulá-los, realizando um estudo em determinado espaço-tempo. Comparativa, porque verificou as diferenças entre as posições de jogo dos jovens futebolistas (Gil, 2002) e transversal, porque as variáveis foram analisadas em apenas um momento, sendo este o início do período competitivo.

3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DO ESTUDO

Os sujeitos do estudo foram selecionados de forma não-probabilística (acidental), sendo jovens futebolistas do sexo masculino, na faixa etária de 10 a 20 anos, saudáveis clinicamente, que fazem treinamentos e pertencentes a um Clube Profissional de Futebol da 1º divisão do Campeonato Brasileiro, localizado na cidade de São Paulo-SP. Todos os futebolistas estavam iniciando suas competições organizadas pela Federação Paulista de Futebol (FPF), das suas respectivas categorias, na temporada de 2015. A tabela 2 mostra o número de sujeitos selecionados em função da sua categoria de idade.

Tabela 2 – Número de sujeitos selecionados para o estudo.

Categorias n Sub-11 17 Sub-13 21 Sub-14 27 Sub-15 28 Sub-17 38 Sub-20 36 Total 167

Todavia, é importante destacar que somente foram incluídos no estudo os sujeitos que apresentaram: a) o termo liberatório da comissão técnica e da diretoria do clube (ver anexo 3), b) o termo de consentimento para realização das avaliações assinado por seus responsáveis legais (ver anexos 1 e 2).

3.3. QUESTÕES ÉTICAS DO ESTUDO

Quanto às questões éticas, o projeto foi submetido para avaliação do comitê ético de pesquisa da universidade vinculado à pesquisa, o qual teve os requisitos mínimos de protocolo de pesquisa (visão ética), fundamentado na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde,

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contendo detalhes suficientes em todos os itens que correspondam ao tipo de pesquisa que foi desenvolvida (Comitê de Ética - Número do Parecer: 834.602).

Todos os responsáveis legais pelos futebolistas envolvidos com o projeto assinaram o termo de consentimento sobre a pesquisa. Este termo de consentimento continha informações sobre: os riscos e benefícios da pesquisa, a justificativa e os objetivos da pesquisa, descrição dos procedimentos a que o sujeito foi submetido, a garantia de receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento a qualquer dúvida acerca de assuntos relacionados com a pesquisa, o sigilo e o caráter confidencial das informações, zelando pela privacidade do sujeito e garantindo que sua identificação não seria exposta nas conclusões ou publicações.

3.4. LOCAL DA COLETA DAS MEDIDAS

As coletas de dados das medidas de composição corporal, de densidade mineral óssea e de maturação somática foram realizadas nas dependências do Centro de Treinamentos da equipe profissional da equipe participante.

A equipe de avaliação foi distribuída da seguinte forma:

- Densidade Mineral Óssea, Maturação Somática e Composição Corporal (Antropometria e DXA): participaram dois avaliadores, um para realizar a medida e o outro anotando os resultados.

3.5. TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS Idade Decimal

A idade decimal foi obtida a partir de uma planilha construída utilizando os procedimentos sugeridos por Blanco e Landaeta (1988). Utilizou-se a data da avaliação do sujeito (dia, mês e ano) e a data de nascimento (dia, mês e ano). Esses valores foram levados para uma tabela onde se identificou os valores para cada data, e procedeu os mencionados valores para finalmente obter a idade decimal.

Densidade Mineral Óssea

Para mensurar a Densidade Mineral Óssea (DMO, g/cm2) utilizou-se uso da Absortometria de Raio-X de Dupla Energia - DXA (GE Healthcare Lunar, Madison, WI, EUA) e o software Encore™ 2011, versão 13,6, mediante escaneamento do corpo inteiro. Os valores foram calculados do corpo inteiro. É importante destacar que o equipamento foi calibrado diariamente antes do início das avaliações. Para o procedimento, os voluntários se posicionaram em decúbito dorsal, utilizando o mínimo de roupa sobre a mesa do equipamento, sendo, em seguida, cuidadosamente posicionados de forma que ficassem totalmente centralizados em relação às laterais da mesa. Foi solicitado ainda que os avaliados removessem todos os objetos de metais e permanecessem imóveis durante toda a avaliação. A duração de cada avaliação foi de aproximadamente 7 minutos. Todas as avaliações

Referências

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