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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUCSP

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

SÃO PAULO

PUC/SP

SYNESIO CÔNSOLO FILHO

A Nova Política: um estudo do

Twitter

nas campanhas eleitorais da

Cidade de São Paulo - 2012

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

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A Nova Política: um estudo do

Twitter

nas campanhas eleitorais da

Cidade de São Paulo - 2012

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Ciências Sociais; Área de Concentração Comunicação Política e Linha de Pesquisa Arte, Mídia e Política, sob orientação da Profa. Dra. Vera Lucia Michalany Chaia.

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SYNESIO CÔNSOLO FILHO

A Nova Política: um estudo do

Twitter

nas campanhas eleitorais da

Cidade de São Paulo (2012)

Aprovado em, ______ de _______________________ de ___________

Banca examinadora

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

São Paulo

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Agradecimentos

Sou imensamente grato a Profa. Dra. Vera Lucia Michalany Chaia pela grandiosa e magnífica orientação que obtive neste curso, pois me mostrou a luz do conhecimento humanista, que é expressão de sua característica, como também pela paciência que teve comigo em minha orientação.

Meus agradecimentos ao Prof. Dr. Cláudio Novaes Pinto Coelho e a Profa. Dra. Rosemary Segurado, os quais fizeram parte da Banca de Exame de Qualificação com riquíssimos conhecimentos e opiniões construtivas que ajudaram no direcionamento em minha pesquisa.

Meus agradecimentos também à Profa. Dra. Nancy Nuyen Ali Ramadan e ao Prof. Dr. Miguel Wady Chaia no qual fico muito honrado em tê-los presentes para a defesa e com contribuições valiosas para esta tese.

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Esta tese versa sobre o poder da comunicação política nas redes sociais virtuais, desde o seu início até nossos dias. Baseia-se em pesquisa do Twitter de três candidatos a prefeito nas eleições municipais de 2012, em São Paulo. O foco do trabalho consiste em tentar compreender os vínculos entre comunicação e política nas redes virtuais que interligam nossa sociedade. A hipótese central da pesquisa é de que, nas redes sociais virtuais, a comunicação assume um caráter espetacular, marcado pelo entretenimento e pela dispersão de ideias, no que diz respeito à questão de produção de conteúdo com muito entretenimento e pouca objetividade concreta de campanha, com utilização da sedução do imaginário do público eleitor. Analisam-se as relações entre as redes sociais virtuais e a sociedade contemporânea, para alguns nomeada como sendo a sociedade da informação. Aborda-se a linguagem escrita e sua evolução ao longo da história, como se deu a sua popularização e de que forma isso pode contribuir para campanhas eleitorais. Também traz aspectos históricos do desenvolvimento das novas tecnologias da informação na sociedade desde os computadores pessoais até a convergência das mídias, e o surgimento do Twitter. Prevê-se apresentar um panorama da caminhada política nas eleições municipais na cidade de São Paulo em termos de imagem no

Twitter inserida nas novas linguagens decorrentes desses novos aparatos tecnológicos. As análises foram baseadas também nas mensagens dos candidatos sob a metodologia científica utilizada para a pesquisa de campo chamado Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) da campanha política às eleições municipais na cidade de São Paulo em 2012.

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This thesis is about the power of political communication in virtual social networks, from its beginning until today. It is based on Twitter search of three candidates for mayor in the municipal elections of 2012 in São Paulo. The focus of the work is to try to understand the links between communication and politics in virtual networks that connect our society. The central hypothesis of the research is that, in virtual social networks, communication takes on a spectacular character, marked by entertainment and the dispersion of ideas, with regard to the question of content production with very little entertainment and concrete objectivity campaign, with use of the seductive imagery of the voting public. We analyze the relationships between social networks and virtual contemporary society, for some named as the information society. Writing addresses the language and its evolution throughout history, how your popularity was and how it can contribute to election campaigns. Also brings historical aspects of the development of new information technologies in society from personal computers to the convergence of media, and the rise of Twitter. It is expected to present an overview of the political journey in municipal elections in the city of São Paulo in terms of image on Twitter inserted in new languages arising from these new technological devices. The analyzes were also based on the messages of candidates in the scientific methodology used for the research field called Discourse Subject Collective (DSC) of the political campaign for municipal elections in the city of São Paulo in 2012.

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Resumen

Esta tesis es sobre el poder de la comunicación política en las redes sociales virtuales, desde sus inicios hasta la actualidad. Se basa en la búsqueda de Twitter de los tres candidatos a la alcaldía en las elecciones municipales de 2012 en São Paulo. El enfoque del trabajo es tratar de comprender los vínculos entre la comunicación y la política en las redes virtuales que conectan a nuestra sociedad. La hipótesis central de la investigación es que, en las redes sociales virtuales, la comunicación adquiere un carácter espectacular, marcada por el entretenimiento y la dispersión de las ideas, en lo que respecta a la cuestión de la producción de contenidos con muy poco entretenimiento y la campaña de la objetividad concreta, con el uso de las imágenes de seducción de los votantes. Se analizan las relaciones entre las redes sociales y la sociedad contemporánea virtual, para algunos nombrada como la sociedad de la información. Escribir direcciones del lenguaje y su evolución a lo largo de la historia, ¿cómo fue tu popularidad y cómo puede contribuir a las campañas electorales? También trae aspectos históricos del desarrollo de las nuevas tecnologías de la información en la sociedad de las computadoras personales a la convergencia de los medios de comunicación, y el auge de

Twitter. Se espera presentar una visión general de la trayectoria política en las elecciones municipales en la ciudad de São Paulo, en términos de imagen en Twitter

insertados en los nuevos lenguajes que surgen de estos nuevos dispositivos tecnológicos. Los análisis se basaron también en los mensajes de los candidatos en la metodología científica utilizada para el campo de investigación llamado Discurso del Sujeto Colectivo (DSC) de la campaña política para las elecciones municipales en la ciudad de São Paulo en 2012.

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Résumé

Cette thèse porte sur le pouvoir de la communication politique dans les réseaux sociaux virtuels, depuis ses débuts jusqu'à aujourd'hui. Il est basé sur la recherche de Twitter

trois candidats à la mairie aux élections municipales de 2012, à São Paulo. L'objectif du travail est d'essayer de comprendre les liens entre la communication et la politique dans les réseaux virtuels qui relient notre société. L'hypothèse centrale de la recherche est que, dans les réseaux sociaux virtuels, la communication revêt un caractère spectaculaire, marquée par le divertissement et la dispersion des idées, en ce qui concerne la question de la production de contenu avec très peu de divertissement et de la campagne de l'objectivité de béton, avec l'utilisation de l'imagerie de séduction de l'électorat. Nous analysons les relations entre les réseaux sociaux et la société contemporaine virtuel, pour certains nommée société de l'information. Rédaction adresses de la langue et son évolution à travers l'histoire, comment était votre popularité et comment elle peut contribuer à des campagnes électorales. Apporte également des aspects historiques du développement des nouvelles technologies de l' information dans la société à partir d'ordinateurs personnels à la convergence des médias, et la montée de

Twitter. Il est prévu de présenter un aperçu de la politique voyage aux élections municipales dans la ville de São Paulo en termes d'image sur Twitter insérées dans de nouvelles langues découlant de ces nouveaux dispositifs technologiques. Les analyses ont également été basées sur les messages des candidats à la méthodologie scientifique utilisée pour le champ de recherche appelé Discours Réserve Collective (DSC) de la campagne politique pour les élections municipales dans la ville de São Paulo en 2012.

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Diese These ist über die Macht der politischen Kommunikation in virtuellen sozialen Netzwerken, von Anfang an bis heute. Es ist auf Twitter Suche von drei Kandidaten für das Bürgermeisteramt bei den Kommunalwahlen 2012 in São Paulo. Der Schwerpunkt der Arbeit ist es, zu versuchen, die Verbindungen zwischen Kommunikation und Politik in virtuellen Netzwerken zu verbinden, die unsere Gesellschaft zu verstehen. Die zentrale Hypothese der Untersuchung ist, dass in virtuellen sozialen Netzwerken findet die Kommunikation auf einer spektakulären Charakter, von Unterhaltung und der Dispersion von Ideen, in Bezug auf die Frage der Content-Produktion mit sehr wenig Unterhaltungs-und Beton Objektivität Kampagne markiert, mit der Nutzung der verführerischen Bilder der Wähler. Wir analysieren die Zusammenhänge zwischen sozialen Netzwerken und virtuellen heutigen Gesellschaft, für manche als der Informationsgesellschaft benannt. Schreiben Adressen der Sprache und ihrer Entwicklung im Laufe der Geschichte, wie war Ihre Popularität und wie es um Wahlkampf zu leisten. Bringt auch historische Aspekte der Entwicklung der neuen Informationstechnologien in der Gesellschaft von PCs auf die Konvergenz der Medien, und der Aufstieg von Twitter. Es wird erwartet, um sich einen Überblick über die politische Reise in Gemeindewahlen in der Stadt São Paulo in Form von Bild auf

Twitter in neuen Sprachen, die sich aus dieser neuen technischen Geräte eingesetzt zu präsentieren. Die Analysen wurden auch von den Botschaften der Kandidaten in der wissenschaftlichen Methodik für das Forschungsfeld genannt Diskurs Betreff Collective (DSC) der politischen Kampagne für die Kommunalwahlen in der Stadt São Paulo im Jahr 2012 verwendet wird.

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Sumário

Resumo ...06

Introdução ...13

Capítulo I A Comunicação nas Redes Sociais em um contexto Histórico Social ...26

1. A linguagem escrita e linguagem visual ...27

2. As transformações tecnológicas do século XX: linguagens, sons e imagens ...34

3. A mídia digital ...44

4. Mídias móveis: novas concepções – tempo, espaço, distância, praticidade e “conhecimento” ...48

5. Da apropriação a saturação ...52

Capítulo II Redes Sociais e Participação Política ...56

1. A necessidade de se administrar a visibilidade ...61

2. A cultura digital na participação política do Brasil: ...71

3. A espetacularização para ganho da alta visibilidade ...78

Capítulo III A Comunicação Política nas Redes Sociais: um estudo das Imagens do Twitter nas Campanhas Eleitorais da Cidade de São Paulo ...84

1. As redes sociais e a Web 3.0 ...85

2. Mobile como potencializador estratégico de ganhar voto ...95

3. Panorama geral das imagens comunicacionais políticas no Twitter dos candidatos a prefeitura da cidade de São Paulo ...98

4. Apuração dos votos nos turnos à prefeitura do município de São Paulo ...107

5. Inferências ...110

Capítulo IV A Nova Política: Análise de Discurso do Sujeito Coletivo no Twitter nas Campanhas Eleitorais da Cidade de São Paulo - 2012 ...115

1 Processo de coleta ...116

2. Metodologia desta fase da pesquisa ...118

3. Relatório final ...121

4. Considerações sobre a pesquisa ...156

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Documentos Eletrônicos ...175 Anexo I

Tweets de Fernando Haddad - Período: 07 Ago. 2012 á 07 Dez. 2012. ...177 Anexo II

Tweets de Celso Russomanno - Período: 07 Ago. 2012 á 07 Dez. 2012. ...181 Anexo III

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Introdução

A ciência no início da Modernidade usava o conhecimento para conseguir credibilidade perante a população. Era o conhecimento de experiências, o empírico. Conhecimento este que era a única base para qualquer nova teoria. Os cientistas usavam as experiências para provar que tinham razão em relação, por exemplo, à igreja. Esta era a única fonte de saber e de informação que existia na época, sendo que o homem se baseava nisso para construir sua sabedoria.

A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, e com o desenvolvimento do capitalismo, o mundo ganhou novos impulsos, com o surgimento de novas tecnologias, novos setores industriais e novas fontes de energia, o que gerou a evolução em todos os setores da sociedade. Esses impulsos foram responsáveis por profundas mudanças na estrutura socioeconômica mundial. Nasceram desejos e necessidades até então não conhecidos pelo homem, fazendo surgir, assim, uma nova sociedade.

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com a memória, sobretudo com a auditiva. A comunicação aparece de forma, por assim dizer, diferenciada da conhecida nos meios de massa, a comunicação one-to-one, o mesmo que marketing one to onde, ou seja, dando o parecer que promoverá acesso a conteúdos de escolha exclusivamente do usuário. Os hiperlinks trazem consigo a característica de permitir que o usuário faça e refaça seu caminho, sem que haja linearidade.

Dentre muitos setores que se desenvolveram nessa nova sociedade, os meios de comunicação, passam a ocupar um papel importantíssimo nas estruturas sociais. Eles, praticamente, são os principais responsáveis pela comunicação e pela informação que se recebe.

Com o desenvolvimento tecnológico mais recente, surgem as famosas mídias digitais e uma série de dispositivos on-line, como, por exemplo, as notícias via Internet, as redes sociais interativas virtuais, surgindo assim, Chats, Messengers, Orkuts, MySpace, Facebooks, Flickr, LinkEdin, Plaxo, Instagran, Naymz Blogs, Miniblogs e, mais recentemente, Microblogging Twitter, ou melhor, grupos ou espaços específicos, na Internet, que permitem partilhar dados e informações, sendo estas de caráter geral ou específico, das mais diversas formas (textos, arquivos, imagens fotos, videos etc.), que nos convidam quase em tempo integral a fazer parte dessa nova sociedade da informação.

Hoje, vivemos a chamada “Era da Informação”. A partir dos inúmeros meios de comunicação, a informação é recebida de todas as formas possíveis. O sujeito passa, então, a possuir muitas informações, o que não que dizer que passou a adquirir conhecimento.

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que a informação tem um valor tão alto, que estar bem informado tornou-se um fator de inclusão do indivíduo na sociedade contemporânea. Para Orozco Gómes:

“A informação se converteu em um bem de consumo, aparentemente cada vez mais necessário para os indivíduos e os grupos em seu esforço por uma existência plena de sucesso em uma sociedade moderna, repleta de interações sociais informatizadas” (OROZCO GÓMES, 2000, p. 58).

Evidentemente, essas interações sociais informatizadas se tornaram mais presentes a partir do desenvolvimento das mídias digitais e são reafirmadas a partir do aparecimento, por exemplo, do jornalismo eletrônico via Internet e, atualmente, e das notícias em dispositivos móveis, consequência da revolução digital contemporânea.

Guy Debord, em “A Sociedade do Espetáculo” - colaborando para uma visão crítica da sociedade, inspirada nas reflexões dos anos de 1960 -, chamava a atenção, já naquela época, para uma sociedade capitalista do espetáculo, mediada por imagens. A relação capitalista pelo consumo cada vez maior de objetos transforma tais objetos em fantasias de uma elevação pessoal para atingir a felicidade.

A sociedade capitalista passou a metamorfosear esses objetos em produtos de imagens com atrativos espetaculares, em que o poder da democratização em parceira com o capitalismo cria e cultua a estética do belo, e, com isso, o poder da aparência.

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da sociedade nos tornando individualistas gera a necessidade permanente de vivermos sob a projeção de personalidades e celebridades, procurando sempre a satisfação das necessidades individuais criadas pela sociedade do capitalismo de consumo.

Como ilustra o pensador Christopher Lasch, os arranjos sociais que sustentam um sistema de produção em massa e consumo de massa tendem a incentivar a dependência, a passividade e o estado de espírito do espectador, tanto na política quanto no trabalho e no lazer.

“A mobilização da demanda por consumo, ao lado do recrutamento de uma força de trabalho, requeria uma série de transformações culturais de longo alcance. Era necessário desencorajar as pessoas de prover as suas próprias necessidades e ressocializar estas mesmas pessoas enquanto consumidores” (LASCH, 1986, p. 20).

O consumidor vive cingido de ilusões espetaculares que fazem do “eu”, ou seja, do sujeito, um mero objeto de consumo, cercado por um mundo de coisas, fantasias e aparências, gratificando ou contrariando suas necessidades e desejos.

“Tal insubstancialidade do mundo externo nasce da própria natureza da produção das mercadorias e não de alguma falha de caráter dos indivíduos, algum excesso de cobiça ou de “materialismo”. As mercadorias são produzidas para o consumo imediato. O seu valor não se assenta em sua utilidade ou permanência, mas em sua negociabilidade. Elas se desgastam mesmo quando não são utilizadas, uma vez que foram projetadas para ser ultrapassadas por “novos e aperfeiçoados” produtos, modas, mutáveis e inovações tecnológicas” (LASCH, 1986, p. 22).

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presença da padronização de bens culturais, a homogeneização dos gostos em decorrência da monopolização crescente de setores cada vez mais expressivos da economia, como a comunicação na sua forma publicitária. Os valores culturais passam a ser gerados pela ratificação da articulação da sociedade capitalista, através dos mecanismos de oferta e procura e da ação da publicidade. Para Francisco Rüdiger: “A colonização pela publicidade, pouco a pouco, o tornou veículo da cultura de consumo: ele assume então um caráter sistêmico”. (RÜDIGER, 2004, p. 23). A linguagem publicitária passou a interferir e modelar as relações sociais, políticas e econômicas, perpassando uma linguagem de sedução criada para a venda de mercadorias e bens culturais. Como relata, em seus estudos, Vera Chaia:

“Os estudos comparativos na área de Comunicação Política ganham importância na medida em que ocorrem transformações nas democracias representativas ocidentais, principalmente ao se considerar a centralidade dos meios de comunicação que afetam o sentido desse processo. Nessa situação, os especialistas em marketing político, pesquisas e estratégias de comunicação tornam-se imprescindíveis em qualquer campanha política. Portanto, o reconhecimento do impacto dos meios de comunicação e a incorporação de novas estratégias na política devem ser compreendidos como uma contingência comum às democracias ocidentais” (CHAIA, 2008, p. 01).

Nos meios de comunicação eletrônicos, a mudança se dá com a integração empresarial ao sistema da indústria cultural e à conversão do público-eleitor em público-consumidor de informação sobre atualidades e de promessas, por indicar a pertinência do conceito de indústria cultural, especialmente para a pesquisa das condições contemporâneas de comunicação, no que diz respeito à produção, à circulação e ao consumo de informações políticas, inclusive para as redes sociais informatizadas, como, por exemplo, o microblogging Twitter.

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A tecnologia vem se desenvolvendo rapidamente. Cada vez que acessamos um

site, deparamo-nos com uma inovação tecnológica. A expansão dos meios de comunicação e da tecnologia reflete-se, também, na comunicação política, sob novas estratégias que estão sendo criadas e cada vez mais utilizadas. A tecnologia sofre mutações radicais e passa a ser constituída e normatizada pela ética da liberdade capitalista pós-moderna. Conforme relata Leandro Marshall:

“A ética do capital penetra e se imiscui na imprensa com o poder de um deux ex machina da pós-modernidade. A antes imaculada linguagem do interesse público acaba tornando-se preferencialmente uma esfera de manipulações e licenciosidades. A imprensa passa, consequentemente, a falar a linguagem do capital. Com tudo isso, a sociedade informacional parece assim virar um território essencialmente adorniano, baudrillardiano e nietzschiano. A erupção dos vazios e dos sentidos e a fratura da realidade dão lugar ao panteísmo dos signos e das mercadorias, pluralizados por esse processo pós-histórico e estático da relativização” (MARSHAL, 2003, p.17).

A Internet pulveriza palavras em favorecimento de imagens nesta nova era, desenvolvendo um novo estágio no processo de comunicação, colonizando a cultura de forma geral, principalmente nas nações democráticas “em desenvolvimento” do terceiro mundo.

A práxis do mercado atinge a essência da comunicação, das notícias, dos noticiários, da informação. O determinismo político e econômico, o livre mercado, a lógica do marketing e da publicidade, imperam nas sociedades de forma em geral e não deixam de lado as técnicas da comunicação. Segundo David L. Swanson:

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fascinante por su fuerza amenazadora por sus posibles consecuencias. ¿Entremezclar la política con los medios de comunicación de masas y los sofisticados métodos de persuasión y manipulación de imágenes proporciona a los altos cargos, partidos políticos y candidatos la posibilidad de manipular al público con el uso de técnicas „científicas‟ contra las que los votantes tienen pocas defensas?”1 (SWANSON:

1995, p. 04).

Cada vez mais, as pessoas estão entrando em redes sociais digitais, fato de realce às estratégias mercadológicas nas esferas políticas. Essa é uma das questões que fazem com o que esteja havendo uma mutação das campanhas políticas realizadas em palanques e ou nos meios de comunicação de massa para umrelacionamento que se diz “interativo”.

Swanson continua: “Cuando el gobierno se hace más visible para los ciudadanos, éstos pueden llegar a esperar más de él”2 (SWANSON, 1995, p. 21). Como

relata Vera Chaia:

“[...] além de reconhecerem a importância da introdução das novas tecnologias no processo político, também estão sendo utilizadas novas maneiras de conquistar o eleitorado. Certas estratégias e inovações manejadas nesse período eleitoral devem ser incorporadas pelos marqueteiros, devido ao potencial das novas tecnologias, configurando-se como mais uma arma política de persuasão” (CHAIA, 2008, p. 06).

Por todos esses motivos apontados, prevê-se apresentar uma busca contemplando um novo olhar sobre a comunicação política de candidatos às eleições.

1À medida que os governos em um número de países cada vez maior têm incorporado, nas campanhas

políticas, novas técnicas de comunicação, técnicas de pesquisas e outras inovações, tem surgido uma

preocupação relacionada com a “nova política” que, para muitos observadores, parece ao mesmo tempo

fascinante, por sua força ameaçadora e possíveis consequências. Entrelaçar a política com os meios de comunicação de massa e os sofisticados métodos de persuasão e manipulação de imagens proporciona, aos altos cargos, partidos políticos e candidatos, a possibilidade de manipular o público com o uso de

técnicas “científicas” contra as quais os eleitores têm poucas defesas.

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Acreditamos que seja de fundamental importância estudar essa nova modalidade de comunicação digital, que surge para amparar a revolução digital.

Nosso objeto de pesquisa reside da relação no uso da rede social microblogging Twitter que os candidatos às eleições municipais na cidade de São Paulo em 2012 construíram.

Pesquisaremos material bibliográfico específico compreendido em compêndios acadêmicos, como livros, artigos, periódicos, e em redes sociais digitais, dentre as quais, o microblogging Twitter, nas falas e nas imagens dos candidatos políticos via

internet.

Temos como objetivo geral, neste trabalho, estudar a nova modalidade de comunicação política nos Twitters,sendo que os objetivos específicos são:

a) Reconhecer e analisar o modo pelo qual são transmitidas as mensagens dos candidatos às eleições municipais na cidade de São Paulo em 2012, divulgadas em suas páginas eletrônicas da rede social microblogging Twitter.

b) Desenvolver um estudo sobre as mensagens de campanha dos candidatos, no

Twitter.

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H.1: A hipótese central da nossa pesquisa é que nas redes sociais virtuais, a comunicação assume um caráter espetacular, marcado pelo entretenimento e dispersão de ideias com pouca objetividade em relação à campanha política, seduzindo o imaginário do eleitor.

H.2: A comunicação política nas redes sociais via Twitters valoriza a informação com ênfase no lado mercadológico. Sendo assim, o caráter publicitário de campanha está cada vez mais presente nas janelas desses microbloggings dos condidatos políticos da Web, “antropofagizando” os conteúdos das mensagens.

H.3: Os candidatos políticos no Twitter ainda não utilizam dessa ferramenta com máximo desempenho quanto às suas visibilidades aos eleitores nem antes, nem durante nem após as eleições.

A atualidade da teoria crítica está também cada vez mais presente no conceito de indústria cultural, nos meios de comunicação política de massa eletrônicos que constituem, concretizam e caracterizam a mercantilização da cultura midiática contemporânea.

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com todo rigor científico, razão que julgamos ser de suma importância para o desenvolvimento de nosso estudo e apresentar destaque significativo repleto de conteúdos, informações e análises.

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Trabalhou-se e manteve-se o conjunto de discursos coletivos por tema, de forma a permitir a leitura analítica de suas possíveis especificidades para cada candidato. Ressaltamos os aspectos relevantes para a um pesquisador em relação aos grupos so-ciais humanos, para qual a escolha do tema foi de fundamental importância à vida da cidade e, dentro disso, até que ponto as falas de cada candidato trazem de utilidade para a sociedade sob vários aspectos, como programas de gestão, custos, meio ambientes pertinentes a esse tema.

Com todos esses dados, fez-se a análise, baseada no quadro teórico de referência, com o objetivo de interpretar os mesmos sobre o que já foi estudado e o que está por vir a ser estudado.

Nosso referencial teórico baseou-se nas reflexões sobre os efeitos da mídia, propõem um enfoque de pesquisa integrada sobre os meios de comunicação eletrônicos e os processos políticos. Esse enfoque, cujo desenvolvimento é relativamente recente, tem como base os microbloggings que permitem aos usuários enviar e ler atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como

"tweets").

Mauro P. Porto, em seu artigo intitulado: “Enquadramentos da Mídia e Política” descreve que: “[...] a mídia pode não ter muito sucesso em dizer às pessoas o que pensar, mas seria muito eficiente em determinar sobre o que as pessoas devem pensar” (PORTO apud RUBIM, 2004, p.76).

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Ignacio Ramonet – diretor do periódico francês Le Monde Diplomatique em espanhol argumenta que: “Com o surgimento da multimídia e da Internet, o mundo sofre uma transformação no campo da comunicação comparada à revolução ocasionada pela invenção da imprensa por Gutenberg em 1440” (RAMONET, 2007, p.146).

Hoje, com a velocidade da informação como sustentáculo maior do livre mercado, da competição, da mercantilização, da estética, do marketing, globalizando as culturas nas metrópoles, tem-se um ambiente de ilusão na promessa de uma felicidade seduzindo a grande massa. Nota-se, portanto, a evidência da atualidade das reflexões, cada vez mais presentes, acerca da indústria cultural de Adorno e Horkeimer, no capítulo do livro “Dialética do Esclarecimento”.

O modelo de pesquisa desenhado para testar empiricamente os efeitos da comunicação na preferência política e eleitoral sobre público tem proporcionado um importante papel na sociedade de consumo, pois, como evidencia Fernando Antônio Azevedo, em seu estudo intitulado Agendamento e Política:“[...] ao longo da trajetória histórica das democracias representativas, ilumina e realça o papel desempenhado hoje, pela mídia de massa, no processo das opiniões, atitudes e crenças dos cidadãos” (AZEVEDO, 2004: p.44).

Continua o autor: “Este é o motivo pelo qual as campanhas eleitorais modernas são basicamente organizadas nas sociedades midiatizadas como campanhas de mídia, na qual a formação da imagem é um dos principais objetivos” (AZEVEDO apud SWANSON; MANCINI, 2004, p. 56-57).

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Tratamos, também, das teorias dos pesquisadores que atuam no campo comunicacional contemporâneo: John B. Thompson, Ronald A. Kuntz, Michael Fischer, Eli Parise, Andrew Keen, Joel Comm, Giovanni Sartori, Fernando Román, Fernando González-mesones, Ignacio Marinas, Vera Chaia, David L. Swanson, Lincoln Secco, Venício A. de Lima, Mauro P. Porto, Fernando Antônio Azevedo, Rousiley Celi Moreira Maia, Wilson Gomes, Suely Fragoso, Raquel Recuero, Fernando Lefevre, entre outros, procurando, assim, mostrar os conceitos da atualidade do nosso campo de estudo com as teorias supracitadas.

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Capítulo I

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Capítulo I

A Comunicação nas Redes Sociais em um contexto Histórico Social

Este capítulo tem por objetivo abordar a linguagem escrita e sua evolução ao longo da história, como se deu a sua popularização e de que forma isso pôde contribuir para as campanhas eleitorais. Também traz aspectos históricos sobre o desenvolvimento das novas tecnologias da informação na sociedade, desde o cinema até as mídias digitais potencializadoras na estratégia de ganhar votos.

1.

A linguagem escrita e linguagem visual

Houve um tempo em que a comunicação e a troca de informações aconteciam somente na modalidade oral e, mesmo sem existir uma linguagem oral estruturada, a comunicação acontecia. As experiências que cada indivíduo adquiria em sua vida eram transmitidas aos seus pares, de geração a geração. Segundo Freud (apud Gontijo 2004), a fala foi criada pelo homem ao mesmo tempo em que a sociedade apareceu, a ideia é que não existe sociedade sem linguagem e sem uma cultura. “O conceito de mundo existe desde o momento em que alguém começou a contar o que via ao seu redor para alguém que entendia o que lhe era contado” (GONTIJO, 2004, p.14).

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Levy pode estar certo se formos analisar essa época em relação à atuação dos sujeitos surdos na sociedade. Essas constatações nos mostram que eles eram totalmente excluídos, pois, uma vez que não conseguiam ouvir e que, por isso, não conseguiam falar também, não eram capazes de memorizar uma informação, não possuíam inteligência e estavam fadados à exclusão da sociedade.

A pintura rupestre e, posteriormente, a escrita surgiram como outra forma de comunicação quando somente a fala não seria suficiente para se transmitirem determinadas informações.

Por mais que as artes rupestres possam determinar registros de uma época pré-histórica, especialistas não possuem dados suficientes que comprovem os significados e acontecimentos do momento, por isso, a História começa a ser contada a partir da invenção da escrita. Segundo Levy (1993), a escrita desempenha o papel da irreversibilidade, uma vez que o fato está registrado. Interessante notar que Levy parte da frieza em suas observações, como a própria razão que ele assim proclama.

O aumento dos grupos de pessoas, a descoberta de técnicas de plantação que permitissem os povos se fixarem, a aglomeração de alimentos que passavam a ser armazenados, entre outras razões fizeram com que dados relacionados ao tempo, às estações do ano, à quantidade de alimentos precisassem ser registrados.

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A leitura e a escrita não foram acessíveis à população como um todo, mas geraram diferentes e renomados trabalhos como o de copista ou o de bibliotecário. Os copistas eram responsáveis por fazer cópias manuscritas de documentos ou livros, este árduo trabalho não garantia a cópia fielmente reproduzida, por isso eles eram tidos também como autores, sendo que, desta forma, acabavam por proporcionar um ruído na comunicação.

As cópias manuscritas e a locomoção de mensageiros tornavam a divulgação de uma notícia muito lenta, as dificuldades relacionadas a questões geográficas, à falta de tecnologia, de meios de comunicação e de desenvolvimento em meios de transportes favoreciam a centralização do conhecimento nas classes sociais mais altas.

“[...] a comunicação se dava principalmente de forma oral. Mensageiros especiais memorizavam as mensagens cuidadosamente e a carregavam entre os líderes, tal comunicação era lenta. A notícia da tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, levou um mês para chegar a Veneza e dois meses para chegar a Roma” (STRAUBHAAR; LAROSE, 2004, p.29).

Esse cenário começou a se transformar a partir da invenção da prensa, por Gutenberg, em 1440. As informações passaram a ser disseminadas de forma mecanizada por meio de livros, folhetins e jornais, e o armazenamento de materiais para consulta de geração a geração resultou na pulverização de conteúdos e conhecimento para diversas partes do mundo.

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Se não fosse o desenvolvimento da imprensa, o mundo não teria conhecido o movimento Renascentista, nem as obras nem as ideias que geraram esse movimento. De acordo com BRIGS e BURKE, o historiador vitoriano Lorde Acton, em sua palestra, afirma que:

“[...] os impressos deram a certeza de que as obras do Renascimento permaneceriam para sempre, de que aquilo que fora escrito seria acessível a todos, que a não divulgação de conhecimentos e ideias característica da Idade Média jamais ocorreria de novo, nem mesmo uma ideia seria perdida” (ACTON apud BRIGS; BURKE, 2006, p.27).

Nessa época, as cidades grandes foram importantes centros de trocas de dados e de alguma produção de conhecimento, sendo que, quanto maior a quantidade de universidades, bibliotecas e a possibilidade de se tornar um centro impressor, maior seria seu destaque.

Com o aumento da quantidade de produção de livros, muitas bibliotecas foram abertas, ampliadas e reorganizadas. O grande número de livros e documentos escritos fez com que os ensinamentos fossem repensados, possibilitando a criação de novas classificações, novos cursos universitários, bibliotecas e enciclopédias. De acordo com (Burke: 2003), no século XVI, falava-se em tantos livros, que acreditavam ser incabível ler os títulos de todos durante uma vida. Era tanta informação, que era impossível não se perder.

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Apesar da alta taxa de analfabetismo, a circulação de dados por intermédio dos meios impressos foram se tornando um importante meio de comunicação entre a população, pois estar informado significava estar incluído nos meios sociais. Gontijo afirma que:

“Para o povo em geral, surgia um meio de comunicação que se tornava viável graças a seu conteúdo e sua forma, bem mais populares, e ao seu preço muito mais acessível: eram as notícias impressas. Menos sérias, menos completas e mais apelativas, buscavam, mais do que a verdade, a verossimilhança, mais a emoção do que a razão” (GONTIJO, 2004, p.205).

Os livros e jornais passaram a ser destinados a uma população mais pobre da Europa somente a partir do final do século XIX e início do século XX. Burke complementa:

“As brochuras eram folhetos comercializados por “vendedores ambulantes” ou mascates em vários lugares no início da Europa moderna; em algumas regiões, circulavam no século XIX e mesmo no século XX. [...] graças ao trabalho dos mascates, as brochuras eram amplamente distribuídas tanto no interior quanto nas cidades. Os assuntos mais comuns eram as vidas de santos e romances de cavalaria, levando alguns historiadores à conclusão de que a literatura era escapista, ou mesmo uma forma de anestesia, além de representar um modo de difundir entre as camadas mais baixas de artesãos e camponeses os modelos culturais criados por e para o clero e a nobreza” (BRIGGS; BURKE, 2006, p. 28-29).

A popularização dos livros não aconteceria simplesmente porque “alguns” queriam, mas por uma questão de cultura, de facilitação de acesso e de condições da população. BRIGGS e BURKE confirmam que:

(32)

Os impressos assumiram um importante papel de exploração da capacidade crítica da população, esta, ao receber informações por meio de diversas fontes e de diferentes pontos de vista, passava a ter uma visão crítica sobre determinados assuntos, deixando de acreditar somente em uma única vertente. Nesse período, iniciou-se um processo de pulverização da linguagem escrita, em que seria possível até mesmo os surdos se comunicariam.

A detenção da sabedoria privada às classes mais altas da sociedade proporcionava a disseminação de uma interpretação única dos livros religiosos. De acordo com (BRIGGS; BURKE: 2006), o maior medo da igreja católica era que o impresso permitisse a qualquer um ler, sozinho, textos religiosos e que, assim, cada um pudesse tirar suas próprias conclusões ao invés de acreditar no que as autoridades católicas diziam.

Outra importante mudança que a invenção da imprensa proporcionou estava relacionada com movimentos comportamentais da sociedade, até então totalmente oralizadas para uma sociedade letrada, a qual necessitava ser composta por homens com competências desenvolvidas para escrita e leitura.

Assim, a imprensa, de certo modo, além de ser responsável pelo processo de circulação de informações, transformava a obtenção de informações unicamente a partir da linguagem oral para a linguagem visual (escrita mais imagem), o homem passou a exercer atividades de leitura e escrita mais intensamente e, por isso, muitas pessoas começaram a se especializar em ofícios que exigiam saber ler e escrever, tais como bibliotecários, escribas, vendedores ambulantes, entre outros.

(33)

do oral, diante disso, é de se crer que esta mudança foi de grande valia - por exemplo, para as pessoas surdas - e assim ter proporcionado o acesso a alternativas educacionais.

É de se supor que, para as pessoas surdas, este fato contribuiu, e muito, para que novas alternativas educacionais se consolidassem, relacionando o aspecto visual da escrita com o aspecto visual-gestual da Língua de Sinais (BASSO: 2003).

Enquanto a fala era considerada a principal forma de troca de informação, pois a escrita estava restrita ao clero e à nobreza, o surdo não tinha alternativa a não ser aprender a falar mesmo sem ouvir, para ser inserido na sociedade.

(34)

2.

As transformações tecnológicas do século XX: linguagens, sons e

imagens

A Revolução Industrial no fim do século XVII e começo do século XVIII, na Europa, trouxe o conceito de produção mecanizada e em série. Lucrava mais quem produzia mais em menos tempo, por isso surgiu o lema de que “tempo é dinheiro”.

A produção desenfreada dos livros com conteúdos de entretenimento no mercado foi considerada como o início da massificação de conteúdo para a população. Essa época é caracterizada pela substituição da produção de um item por um artesão para um cliente específico, pela produção desenfreada de diversos produtos iguais para consumidores desconhecidos.

O desenvolvimento de novas tecnologias fez surgir mídias (analógicas) que se utilizavam da voz, da imagem, com o aparato de se falar muitas vezes ao mesmo tempo diminuindo distâncias e ressignificando a questão do “tempo”.

“Quando, na Revolução Industrial, aprendemos a vencer o tempo e a distância através das máquinas movidas por outras fontes de energia que não a propulsão manual ou a tração animal, aprendemos com os sistemas de transmissão de eletricidade. Postes e fios também foram suportes utilizados para que mensagens sonoras e escritas atravessassem longas distâncias vencendo o tempo e o espaço. Seguimos produzindo arte e adaptando linguagem às necessidades de expressão e de comunicação de mensagens comerciais, políticas e jornalísticas” (GONTIJO, 2004, p. 370).

(35)

Samuel Finley B. Morse, em 1840, desenvolveu o telégrafo como conhecemos hoje e um código para sua utilização.

”Em 1874, Elisha Gray construiu um receptor de voz, onde descobriu que uma enorme gama de tons sonoros poderia ser mandada de uma só vez usando o fio telegráfico, muito parecido com o usado hoje. Em 1875, Alexander Graham Bell e seu assistente, Thomas Watson, construíram um aparelho parecido, com uma membrana vibratória e uma mola, aquela sendo o transmissor e esta o receptor. A vantagem de Bell sobre Gray foi a velocidade no registro de patentes. Seis dias de vantagem fizeram com que Bell, mesmo sem ter provado que poderia transmitir o som satisfatoriamente, ganhasse a patente” (GONTIJO, 2004, p. 337).

Mas o homem ainda conseguiu inovar a disseminação de ideias com a invenção do rádio. Sua primeira transmissão, datada de 1.890, foi um marco na história, pois, ao contrário do jornal, as ondas do rádio tinham alcance e velocidade muito superiores.

(36)

Aqui no Brasil, o Padre Landell de Moura continuou a perceber a possibilidade de, além do som, também transmitir imagem à distância. Criou o telephotorama, que, certamente, contribuiu muito para o surgimento da televisão a que assistimos até hoje. Isso tudo além da invenção do telefone sem fio. Utilizando a luz como onda portadora de som, o Padre Landell também transmitia a voz humana através de seu Transmissor de Ondas, assim como transmitia e recebia sinais telegráficos, utilizando do código Morse, através do espaço. Ou seja, dispensando a utilização de fios.

Landell foi considerado desequilibrado pela igreja católica e pelas “elites” científicas da época. Em 1890, o padre-cientista previa, em suas teses, a "telegrafia sem fio", a "radiotelefonia", a "radiodifusão", os "satélites de comunicações" e os "raios laser". Assim, todas suas invenções foram tardiamente patenteadas no Brasil, país que, após ignorar Alberto Santos Dumont, ignorou, também, mais esse grande cientista brasileiro. Os norte-americanos, decorridos dezessete anos de prazo que marca a lei das patentes, puseram em execução as teorias de Moura.

A primeira foto surgiu em 1826, quando o francês Joseph Nicéphore Niépce reproduziu uma imagem numa placa feita de estanho com um derivado de petróleo fotossensível. Com técnicas primárias, a imagem precisou ficar exposta à luz solar por oito horas para ter o resultado final, que foi chamado de “heliografia”.

(37)

Em 1839, o britânico William Henry Fox Talbot realizava pesquisas com papéis fotossensíveis e enviou seus trabalhos à Royal Institution e à Royal Society, garantindo que suas descobertas fossem creditadas a ele. Desenvolveu um processo, até então novo, chamado de calótipo, com papéis revestidos de cloreto de prata que, em contato com outro papel, produziria mais uma imagem. Este é um processo idêntico ao que se usa hoje, produzindo um negativo com o qual é possível fazer cópias posteriores das imagens.

A partir de 1888 é que, de fato, a fotografia se popularizou, com isso, surgiram empresas como a Kodak, a George Eastman, abrindo portas para que todos pudessem tirar suas fotos com máquinas portáteis e com rolos de filme. Primeiramente, surgiam os filmes em preto e branco; depois, os filmes coloridos, com melhorias também na qualidade, no foco e na rapidez da revelação.

A massificação e banalização da fotografia se deram, em princípio, com as máquinas portáteis e, hoje, com os aparelhos celulares.

(38)

Na verdade, tanto a animação como o cinema se beneficiaram dessa característica humana. Porém, foi na animação que o propósito da aplicação se manifestou, embora não fosse tão simples assim.

Em 1834, também, o inglês William George Horner criou a “roda do demônio”, que, mais tarde, foi denominada “zoétropo” ou “roda da vida”. Esse brinquedo tinha o mesmo princípio do “fenakistoscópio”, porém, consistia em um cilindro giratório em vez de um disco. No interior do cilindro, eram colocadas tiras com sequências de imagens pintadas, que, ao serem observadas através dos orifícios (ou fendas) do cilindro em movimento, passavam a animar-se. Esses orifícios (ou fendas) que ficam no cilindro do zoétropo, quando este está em movimento, simulam, de forma muito simples, a operação do complexo obturador que existe até hoje nos projetores de cinema. Émile Reynaud, animador francês autodidata, aprimorou o zoétropo de Horner, introduzindo um prisma com doze espelhos no interior do cilindro. Com isso, em 1877, ele criou o praxinoscópio. Segundo (GONTIJO: 2004), foi o equipamento mais avançado da época.

Foi então que Reynaud, aperfeiçoando ainda mais seu invento, criou, em 1888, o Teatro Ótico, sua obra-prima. Neste, a tira de imagens se transformou numa tira bem maior, de tecido transparente e com orifícios para engrená-la a uma roda, sendo manipulada por meio de duas manivelas, uma enrolando e outra desenrolando. O prisma de espelhos passou a comportar 36 espelhos. “As imagens iluminadas por uma lâmpada (esta que foi inventada em 1880 por Thomas Edison) se animavam no prisma e eram devolvidas a outro espelho que, por ser móvel, permitia a Reynaud deslocar as imagens sobre o cenário projetado” (OLIVEIRA, 2001, p.06).

(39)

A partir das aplicações que a animação estabeleceu naquela época, somadas ao aperfeiçoamento das técnicas de fotografia, fundamentou-se a cinematografia. Em 1877, o fotógrafo Eadweard Muybridge, com o objetivo de comprovar que um cavalo, ao galopar, retirava as quatro patas do solo, instalou vinte e quatro câmeras fotográficas em linha e fotografou o animal vinte e quatro vezes durante o galope (GONTIJO, 2004). Apesar de utilizar vinte e quatro câmeras, e não apenas uma, gerou a primeira sequência de cinematografia de que se tem registro e, até hoje, o cinema ainda utiliza vinte e quatro quadros por segundo.

Os irmãos franceses Augusto e Louis Lumière, conhecendo o invento de Edison, baseando-se, também, no princípio da câmera de Marey e na projeção por transparência de Reynauld, desenvolveram, em 1895, uma prática e portátil câmera que servia tanto para filmar como projetar filmes, denominada Cinematógrafo.

A primeira exibição de cinema em toda a história mundial ocorreu no ano de 1895 na cidade de Paris, França, no Grand Café. Os organizadores dessa grande proeza foram os irmãos Auguste e Louis Lumière. Filhos de um fotógrafo e industrial do ramo da fotografia, os irmãos Lumière inventaram o cinematógrafo, a primeira câmera filmadora do mundo, que registrava e reproduzia imagens em um anteparo (OLIVEIRA, 2001, p.07).

Na primeira sessão de cinema, os irmãos Lumière exibiram 10 filmes com 40 a 50 segundos cada um. Os filmes dessa primeira sessão foram: "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos já retratam bem seus conteúdos. A sessão inaugural do cinema acabou sendo um verdadeiro sucesso na França. Todos passaram a comentar e a querer ver a nova invenção.

(40)

de grande destaque mundial se confirmou ainda durante os terríveis anos da Primeira Guerra Mundial, quando a Europa estava arrasada pelos conflitos.

No final dos anos 1920, o cinema ganhou um complemento impensável até então, a reprodução sonora. Desde a primeira sessão no final do século XIX, todos os filmes eram mudos. A cor no cinema surgiu bem mais tarde, já em meados da década de 1950. Hoje, esses dois elementos são marcas indispensáveis da maioria dos filmes produzidos, mas é ainda possível encontrar diretores que preferem trabalhar como nos antigos tempos.

O cinema, apesar de mudo, fez muito sucesso. Suas estrelas já brilhavam internacionalmente. Personagens como Carlitos, o Gordo e o Magro e muitos outros, que até hoje são ícones da cinematografia, após atingirem todo o glamour de Hollywood, tiveram que se adaptar rapidamente a uma nova realidade: o cinema falado.

Foi um processo muito rápido, o cinema deixou de ser mudo e passou a ser uma multimídia, mesmo que, naquela época, ninguém ainda soubesse o que isso significava. Assim como nos anos 1950, todos pensavam que o rádio acabaria com a chegada da televisão, da mesma forma, naquela época, pensaram que a animação também acabaria com a difusão do cinema. A animação cresceu e se integrou ao cinema. Estúdios como Disney, Warner e outros atravessaram fronteiras e continentes com seus desenhos animados e cultura norte-americana, levando espetáculo e entretenimento para crianças e adultos. A indústria do cinema, em particular a norte-americana, utilizou-se dessa arte para ganhar muito dinheiro aliado à imposição de seu império capitalista à grande massa mundial, especialmente nos países subdesenvolvidos. O cinema como arte não adquiriu tanta força, com raríssimas exceções.

(41)

o áudio. A televisão foi desenvolvida simultaneamente por diversos inventores. Os primeiros passos foram dados no final do século XIX, quando se descobriu que a capacidade de conduzir energia elétrica de um elemento químico, o selênio, variava de acordo com a quantidade de luz que ele recebia. Em teoria, isso tornava possível transmitir, por correntes de eletricidade, imagens compostas de pontos de diferentes graus de luminosidade. Colocá-lo na prática coube a outros inventores que, nas décadas seguintes, fizeram diversos experimentos baseados nas ideias do pesquisador alemão Paul Julius Gottlieb Nipkow, acrescentando novidades tecnológicas. Um dos primeiros a demonstrar um aparelho de TV para a comunidade científica foi o engenheiro escocês John Logie Baird, em 1926. Paralelamente a Baird, porém, outras máquinas foram desenvolvidas na década de 1920, por nomes como os dos engenheiros Vladimir Zworykin (russo), Philo Farnsworth (americano) e Ernst Alexanderson (sueco). Somadas todas essas contribuições vindas de diferentes países, formou-se a televisão moderna, que, surpreendentemente, demorou a conquistar o público: dez anos após a demonstração de Baird, não havia mais do que dois mil televisores no mundo. O grande

boom aconteceria só após o final da Segunda Guerra Mundial. Em 1948, já havia mais de 350 mil aparelhos só nos Estados Unidos. Desde então, a TV não parou mais de proliferar e se desenvolver, passando pelo aparelho em cores e por modelos portáteis, até chegar aos equipamentos digitais de hoje, com alta definição e telas de plasma.

(42)

abstração. O telespectador, no papel passivo de receptor, vai atrofiando sua capacidade de compreender e de elaborar o que percebeu daquela realidade. Enganam-se aqueles que o receptor participa do que está sendo editado. Participa quando o emissor assim o deixar, por funções mercadológicas, como exemplo, aumento de audiência.

A explicação da imagem prescinde da subjetividade do raciocínio abstrato, “[...] um entorpecimento mental, um “molóide criado pelo vídeo”, um viciado criado na vida dos videogames” (SARTORI, 2001, p.24).

Giovanni Sartori complementa que:

“[...] Portanto, o que nós vemos e percebemos concretamente não produz „ideias‟, mas se insere nas ideias (ou conceitos) que o classificam e „significam‟3 E é justamente este o processo que vem

sendo atrofiado quando o Homo sapiens é suplantado pelo Homo vídens” (SARTORI, 2001, p.33).

A partir dos anos 1980, houve uma grande transformação na mídia de massa, segundo Manuel Castells, que intitulou-a de Nova Mídia. Nessa época, surgiram os videocassetes, possibilitando gravar qualquer programa ou filme e reproduzi-los em horários desejados; apareceram os walkmans, que proporcionam a gravação de músicas em fitas, com a possibilidade de criarem bibliotecas musicais particulares; bem como grande variedade de canais da TV a cabo. Tudo isso forneceu uma gama de opções de acesso ao conteúdo do entretenimento. Segundo (CASTELLS: 2007), transformou-se a relação entre homem-mídia; a partir de então, tornou-se possível escolher o que e quando se deseja ver ou ouvir determinada programação. Para o autor, a partir desse momento, o receptor passou a ser mais “dinâmico” com relação à mídia.

3

Com base nessa premissa foi elaborada sucessivamente a “psicologia da forma” (Gestalt) de onde aprendemos de modo experimental – que as nossas percepções nunca são representações ou decalques

(43)

Já, Pierre Bourdieu entende que na mídia, mais especificamente na televisão:

“O princípio de seleção é a busca do sensacional, do espetacular. A televisão convida à dramatização, no duplo sentido: põe em cena, em imagens, um acontecimento e exagera lhe a importância, a gravidade, e o caráter dramático e trágico. Em relação aos subúrbios, o que interessará são as rebeliões. Que palavra grandiloquente... (Faz-se o mesmo trabalho com as palavras. Com palavras comuns, não se „faz cair o queixo do burguês‟, nem do „povo‟. É preciso palavras extraordinárias. De fato, paradoxalmente, o mundo das imagens é dominado por palavras)” (BOURDIEU, 1997, p.25-26).

Já a Sociedade da Informação, a Sociedade do Conhecimento, a Terceira Onda, a Era Pós-Industrial, a Pós-Modernidade - ou qualquer outro termo, que possa designar a época posterior à Revolução Industrial - pode ser considerada revolucionária segundo o aspecto mercantil, principalmente pela égide da comunicação, da cultura, da educação, do entretenimento, da política, da economia e da ideologia. A sociedade como um todo, na qualidade do sujeito, ganha certos espaços nesse meio, pois a obtenção de informações passa ser definida a partir de vários aparatos tecnológicos e não exclusivamente por meio da linguagem oral.

(44)

3.

A mídia digital

Na Era da Tecnologia, o computador é o carro-chefe, pois, em seu início, em 1943, ele era uma máquina gigantesca, de cálculo, que ocupava uma sala inteira, passou por transformações, e, em 1971, surgiu o primeiro microcomputador. A revolução cibernética produzida pelo computador transformou radicalmente o diálogo dos diferentes povos com suas culturas e a relação das audiências com a informação.

Na segunda metade dos anos 1990, o advento e a disseminação do acesso à internet pela população possibilitou que os dados, e não propriamente a informação, fossem transmitidos em segundos ao redor do mundo4.

A comunicação aparece de forma diferenciada da conhecida nos meios de massa; a comunicação one-to-one, o mesmo que, em marketing “one-to-onde” perpassa a impressão que promove acesso a conteúdos de escolha exclusivamente do usuário. Os

hiperlinks trazem consigo a característica de permitir que o sujeito faça e refaça seu caminho, sem que haja linearidade. Em “O Labirinto da Hipermídia”, termo denominado e título de um compêndio escrito por Lucia Leão, a combinação de caminhos é infinita, embaralhada, difusa e caótica (LEÃO: 2005).

4 Sem polemizar, cabe aqui a explanação sobre a diferença entre dados e informação. Dados são códigos

(45)

A ideia de rede e o acesso a qualquer conteúdo em qualquer lugar desde que se tenha acesso transforma radicalmente o conceito de acesso à informação. De tudo isso, a Comunicação Mediada por Computador (CMC) cresce de forma exponencial socialmente.

Briggs e Burke complementam por afirmar que:

“Da década de 1960 em diante, todas as mensagens, públicas e privadas, verbais ou visuais, começaram a ser consideradas "dados", informação que podia ser transmitida, coletada e registrada, qualquer que fosse seu lugar de origem, de preferência por meio da tecnologia eletrônica” (BRIGGS; BURKE, 2006, p. 260).

Os dados digitais provenientes do desenvolvimento da computação são homogeneizados em parâmetros binários (0 e 1), que, ao serem decodificados, acabam transformados em tipos comuns de informação, tais como imagem, texto, áudio, vídeo, que podem, assim, ser combinadas, comprimidas e transferidas por canais digitais.

“A tecnologia digital tornou possível o uso de uma linguagem comum: um filme, uma chamada telefônica, uma carta, um artigo de revista, qualquer deles pode ser transformado em dígitos e distribuído por fios telefônicos, microondas, satélites ou ainda por um meio físico de gravação, como um CD, um DVD, um flash-drive. A digitalização tornou o conteúdo totalmente plástico, isto é, qualquer mensagem, som ou imagem pode ser editado e alterado, parcial ou totalmente, tanto na forma quanto no conteúdo” (JAMBEIRO, 2009, p. 25).

(46)

Nossa indagação, nesse cenário apresentado, seria se o sujeito encontrará ferramentas e possibilidades totalmente a favor do seu desenvolvimento cognitivo.

“As oportunidades de comunicação oferecidas pelas tecnologias digitais permitem novas possibilidades de interagir e de aprender com muitos outros, diferentes e singulares, que se somam, compartilham e co-existem na imensa diversidade que institui a sociedade em rede” (ARCOVERDE, 2006, p. [ ]).

A homogeneização das linguagens texto, imagem, áudio e vídeo através do digital faz com que parte da mesma matéria se misture e se confunda. E essa mistura entre todos esses tipos de linguagens é chamada de multimídia (SANTAELLA: 2010).

Anteriormente, cada mídia se concentrava em um dispositivo que tinha sua função específica: o rádio, para ouvir música; a TV, para assistir a conteúdos audiovisuais; o telefone, para fazer uma chamada de voz; o videocassete, para assistir a filmes. A partir do momento em que todas essas funções foram transformadas em dados digitais, um único aparato foi capaz de suportar todas essas utilidades. Conforme aponta Lucia Santaella:

(47)

O termo convergência das mídias tem a origem de seu significado com a união entre computadores e telecomunicações, pois, de acordo com Briggs e Burke:

“[...] o Financial Times de Londres produziu um estudo sobre „Computadores e comunicações‟, em outubro de 1992. O artigo começava proclamando „a lenta, mas inevitável, convergência [notar a palavra e o adjetivo que a acompanha] entre a computação e as telecomunicações‟, acrescentando que ela supriria a „força motriz‟ para „uma implosão de novas tecnologias e práticas de processamento de informação‟” (BRIGGS; BURKE, 2006, p. 284).

A convergência das mídias pode ser caracterizada como um fenômeno ainda em processo, mas que, além de unir diferentes funcionalidades em um único aparato a fim de dispor dados e não propriamente informações aos seus utilizadores, também altera as formas de sua utilização, tornando tudo um ato de transformação cultural. Conforme aponta H. Jenkins: “Se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias substituiriam as antigas, o emergente paradigma da convergência presume que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais complexas” (JENKINS, 2008, p. 30-31).

É interessante observar que, sempre que um novo meio ou uma nova técnica são criados, a tendência é encontrar motivos para exterminar o antigo meio ou técnica e glorificar as vantagens que o novo tem a oferecer, essa reação advinda das mudanças que o novo pode proporcionar como ocorreu, por exemplo, com PCs (Computadores Pessoais), posteriormente, com os laptops e as mídias móveis, que abriram conceitos de uma “revolução” no social em termos de tempo, espaço, distância, praticidade e “conhecimento”, transmutados em linguagens de espetáculo e sedução.

(48)

maravilhosas” e de status, inclusive para a grande massa, ganha a intenção de consumo exacerbado por meio do capital, que, se comparado a um computador convencional, televisor ou a um telefone comum, supera-os em dinamismo e entretenimento, a gerar, hoje, as tribos de polergarezinhos em massa.

4.

Mídias móveis: novas concepções - tempo, espaço, distância,

praticidade e “conhecimento”

André Lemos, em seu artigo “Cibercultura e mobilidade: a era da conexão”, caracteriza a informatização da sociedade em três fases, a primeira fase, nos anos 70 – 80, surgiu o Computador Pessoal (PC). Na segunda fase, décadas de 80 e 90, com a decolagem da Internet, foi possível a transformação do Computador Pessoal (PC) em Computador Coletivo (CC), conectado ao ciberespaço (rede), onde se transmite a ideia de que o computador que não está conectado a rede é um computador subaproveitado. O acesso facilitado à Internet aliado ao desenvolvimento das tecnologias móveis surgem na terceira fase, na qual se estabelece a computação ubíqua sem fio ligada em redes 3G WI-FI5, transformando-se num Computador Coletivo Móvel (CCm).

Os CCms levam ao homem a ampliação das formas de conexão ao nomadismo tecnológico contemporâneo com emissão generalizada de pequenas mensagens, mas, sobretudo, de grandes imagens que se espalham na forma de comunicação fácil e de entretenimento (blogs, fóruns, chats, microblogs, software livres, peer to peer) envolvendo e encantando o usuário em plena mobilidade.

Essa nova possibilidade proporcionou o acesso à comunicação em qualquer lugar e a qualquer hora. Nas cidades contemporâneas, os tradicionais espaços de lugar estão, pouco a pouco, transformando-se em ambiente generalizado de acesso e controle

(49)

da informação por redes telemáticas sem fio (HORAN: 2000), criaram-se, pois, zonas de conexão permanente, ubíquas, chamadas de “lugares digitais”.

As mídias móveis redefiniram os espaços urbanos criando novos espaços de misturas inextricáveis entre o digital e os ambientes físicos, onde circulam dados que a própria Santaella chama de espaços „intersticiais‟: “São acima de tudo, espaços móveis, isto é, espaços sociais conectados e definidos pelo uso de interfaces portáteis como os nós da rede” (SANTAELLA, 2010, p.94).

Já Lemos define esses espaços por territórios informacionais:

“[...] compreendemos áreas de controle do fluxo informacional digital em uma zona de intersecção entre o ciberespaço e o espaço urbano. O acesso e o controle informacional realizam-se a partir de dispositivos móveis e redes sem fio. O território informacional não é o ciberespaço, mas o espaço movente, híbrido, formado pela relação entre o espaço eletrônico e o espaço físico” (LEMOS, 2007, p. 128).

Como observado, ambos os autores definem da mesma forma esse novo espaço criado pelas tecnologias móveis, apenas o nomeiam de forma diferente. Esse espaço híbrido é criado a partir do acesso por meio de redes de Internet sem fio a partir de dispositivos que permitam a movimentação física do sujeito, confunde-se com o espaço físico propriamente dito e cria, assim, os espaços que encantam o sujeito.

(50)

Mobilidade é o movimento do corpo entre espaços, entre localidades, entre espaços privados e públicos. Diante disso, outro termo surge entre definições distintas, o termo “espaços móveis ou digitais”, que são os espaços sociais conectados, definidos pelo uso de dispositivos portáteis como os nós da rede, transformando o estático em móvel, o qual acaba definindo nossa nova percepção de espaços digitais. Portanto, a relação entre a mobilidade física e a mobilidade através de fluxos de dados interfere nas atitudes tomadas pelo indivíduo que se desloca.

A introdução das tecnologias móveis leva-nos a um reexame do que significam proximidade, distância, tempo e espaço. Percebe-se certo vislumbre, uma ferramenta por meio da qual se possa vender algo novo, a mudança na cultura de consumo que se propõe almeja novas tendências no comportamento. Exemplo: quando se falava ao telefone convencional fixo, que ficava no comércio ou em casa, a conversa tinha um caráter íntimo, privado. Nota-se, hoje, que, ao se falar ao celular em todo ou qualquer lugar, a conversa deixa de se tornar privada, enfatizando um fetichismo e um voyeurismo humano. Outra característica está relacionada à execução da tarefa. Não é mais necessário parar tudo o que se faz para falar ao telefone, como antigamente. Com a mobilidade que o celular proporciona, é possível dirigir, andar, estar dentro de um ônibus, de um shopping ou fazer outras coisas enquanto se fala, enviam-se curtas mensagens e imagens ao telefone.

Esses dispositivos móveis nos colocam constantemente disponíveis e controlados no tempo, no espaço, eliminando distâncias. Isso significa que estamos sempre detectáveis, ou seja, estamos sempre dispostos a sermos o alvo, no que tange, por exemplo, a um controle, ou uma inferência mercadológica, por parte de grandes órgãos privados e públicos até então desconhecidos.

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