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Rev. Bras. Anestesiol. vol.67 número2

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Academic year: 2018

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Monitoramento

de

pacientes

neurocirúrgicos

no

pós-operatório

---

utilidade

dos

escores

de

avaliac

¸ão

neurológica

e

do

índice

bispectral

Silvia

Herrero

a,∗

,

Enrique

Carrero

b

,

Ricard

Valero

b

,

Jose

Rios

c,d

e

Neus

Fábregas

b

aUniversidaddeBarcelona,HospitalClínic,SaladeRecuperaciónPós-AnestésicosVillarroel,Barcelona,Espanha bUniversidaddeBarcelona,HospitalClínic,ServiciodeAnestesiologíaVillarroel,Barcelona,Espanha

cUniversitatAutònomadeBarcelona,LaboratóriodeBioestatísticaeEpidemiologia,Barcelona,Espanha dHospitalClínic,IDIBAPS,BioestadísticayPlataformadeGestióndeDatos,Barcelona,Espanha

Recebidoem25dejulhode2015;aceitoem22desetembrode2015 DisponívelnaInternetem29dedezembrode2016

PALAVRAS-CHAVE

MonitorBIS;

Craniotomiaeletiva; Exameneurológico; Procedimentos neurocirúrgicos; Cuidadosno pós-operatório; Complicac¸õesno pós-operatório

Resumo

Justificativaeobjetivos: AvaliamosoefeitoaditivodaescaladeRamsay,EscalaNeurológica Canadense(CNS),EscaladaEnfermagemdeTriagemdeDelírio(Nu-DESC)eÍndiceBispectral (BIS)paraobservarse,juntamentecomaavaliac¸ãodaspupilasedaEscaladeComadeGlasgow (GCS),melhoravaadetecc¸ãoprecocedecomplicac¸õesneurológicasnopós-operatório.

Métodos: Projetamos um estudo observacional, prospectivo, de dois grupos de pacientes submetidosàneurocirurgiaeletiva:craniotomia(GrupoC)enãocraniotomia(GrupoNC). Anali-samosaconcordânciaearazãodechance(OR)dealterac¸õesnasescalasneurológicasenoBIS nasaladerecuperac¸ãopós-anestesia(SRPA)paracomplicac¸õesneurológicasnopós-operatório. Comparamosaavaliac¸ãoisoladadaspupilasedaGCS(pupilas-GCS)comtodasasescalasde avaliac¸ãoneurológicaeoBIS(escalas-BIS).

Resultados: No Grupo C(n=70),16 pacientes (22,9%)apresentaram complicac¸ões neuroló-gicas naSRPA. Asescalas-BIS registrarammais alterac¸ões doque aspupilas-GCS (31,4%vs. 20%;p<0,001),forammaissensíveis(94%vs.50%)epermitiramumaestimativamaisprecisa das complicac¸ões neurológicas naSRPA(p=0,002; OR=7,15,IC 95%=2,1---24.7 vs.p=0,002; OR=9,5,IC95%=2,3-39,4).NogrupoNC(n=46)nãohouvecomplicac¸õesneurológicasnaSRPA. Asescalas-BISmostraramalterac¸õesem18casos(39,1%)versusumcaso(2,2%)comas pupilas--GCS (p<0,001). Alterac¸ão na CNS naadmissão à SRPA aumentouo risco de complicac¸ões neurológicasnaenfermaria(p=0,048;OR=7,28,IC95%=1,021-52,006).

Conclusões: Aplicadosem conjunto,avaliac¸ãodaspupilas,GCS,escala deRamsay,CNS, Nu--DESCeBISmelhoraramadetecc¸ãoprecocedecomplicac¸õesneurológicasnopós-operatório naSRPAapóscraniotomiaseletivas.

©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigo OpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

E-mails:sherrern@clinic.ub.es,silviahn1505@gmail.com(S.Herrero). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.12.001

(2)

KEYWORDS

Bispectralindex monitor;

Craniotomyelective; Neurologic

examination; Neurosurgical procedures; Postoperativecare; Postoperative complications

Postoperativesurveillanceinneurosurgicalpatients---usefulnessofneurological assessmentscoresandbispectralindex

Abstract

Backgroundandobjectives: WeexaminedtheadditiveeffectoftheRamsayscale, Canadian Neurological Scale(CNS),Nursing Delirium Screening Scale(Nu-DESC), andBispectralIndex (BIS) toseewhether alongwiththe assessmentofpupilsandGlasgowComaScale(GCS)it improvedearlydetectionofpostoperativeneurologicalcomplications.

Methods:Wedesignedaprospectiveobservationalstudyoftwoelectiveneurosurgerygroupsof patients:craniotomies(CG)andnon-craniotomies(NCG).Weanalyzetheconcordanceandthe oddsratio(OR)ofalteredneurologicalscalesandBISinthePost-AnesthesiaCareUnit(PACU) forpostoperativeneurologicalcomplications.Wecomparedtheisolatedassessmentofpupils andGCS(pupils-GCS)withalltheneurologicassessmentscalesandBIS(scales-BIS).

Results:In theCG (n=70),16patients (22.9%)hadneurologicalcomplicationsinPACU.The scales-BISregisteredmorealterationsthanthepupils-GCS(31.4%vs.20%;p<0.001),weremore sensitive(94%vs.50%)andallowed amore preciseestimatefor neurologicalcomplications inPACU(p=0.002;OR=7.15,95% CI=2.1---24.7vs.p=0.002; OR=9.5,95% CI=2.3---39.4).In theNCG (n=46),therewereno neurologicalcomplicationsinPACU.The scales-BIS showed alterationsin18 cases (39.1%)versus 1(2.2%) withthe pupils-GCS(p<0.001).Altered CNS on PACUadmission increasedthe risk ofneurological complicationsin theward (p=0.048; OR=7.28,95%CI=1.021---52.006).

Conclusions:Appliedtogether,theassessmentofpupils,GCS,Ramsayscale,CNS,Nu-DESCand BISimprovedearlydetectionofpostoperativeneurologicalcomplicationsinPACUafterelective craniotomies.

©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

Ospacientesneurocirúrgicostêmaltoriscodecomplicac¸ões

neurológicas no pós-operatório imediato, o que aumenta

tantoamorbidadequantoamortalidade,1erequerem

cui-dadosespeciais nopós-operatório. O escore de avaliac¸ão

neurológica do paciente em terapia intensiva é uma

avaliac¸ãosimples,desenvolvidaevalidadaespecificamente

para avaliar o estado neurológico no pós-operatório de

pacientes cardíacos.2,3 Não é uma avaliac¸ão neurológica

completa porque não seria suficiente para os

pacien-tes submetidos a uma cirurgia cerebral. De acordo com

nossa pesquisa, não há um escore neurológico validado

para a populac¸ão neurológica em Sala de Recuperac¸ão

Pós-Anestesia (SRPA). Em nossa instituic¸ão, normalmente

fazemosaavaliac¸ãodotamanhoedareatividadedaspupilas

eusamosaEscaladeComadeGlasgow(GCS)4paraavaliar

amobilidadedosquatromembros.

Existemváriasescalasdeavaliac¸ãoclínicaeneurológica

validadas,como a Escala de AVCdoInstituto Nacionalde

Saúde (NIHSS),5 o Miniexame do Estado Mental (MMS)6 e

o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos

Men-tais (DSM).7 A principal desvantagem dessas escalas de

avaliac¸ãoéquesãolongasecomplexas,portanto,nãosão

facilmenteaplicáveisnoperíodopós-operatórioimediato.8

Outrasescalasdeavaliac¸ãoneurológica,comoaescalade

Ramsay,9 Escala Neurológica Canadense (CNS)10 e Escala

deTriagemdeDelírioemEnfermaria(Nu-DESC)11(AnexoA),

sãomaisadequadas paraa avaliac¸ão depacientes

neuro-cirúrgicospós-operadoseextubadosemSRPA.Asprincipais

limitac¸ões das avaliac¸ões periódicas com as escalas de

avaliac¸ão clínica incluem: subjetividade e alta

variabili-dadeinterobservador,11 registrosdescontínuos,dificuldade

doobservadornadiferenciac¸ãoentreosníveisdesedac¸ão

profunda12 e sobrecarga de trabalho dos enfermeiros

resultantedaaplicac¸ãosistemáticadasescalas.

Oíndicebispectral(BISTMCovidien,Boulder,EUA)é

sis-temademonitorac¸ãodafunc¸ãocerebralderivadodaanálise

daeletroencefalografia,escalonadoparacorrelacionarcom

aprofundidade dahipnose.Atualmente, oBISsetornouo

monitoramentopadrãoduranteaanestesiageral.OBIS

tam-bémtemmostradoserútilparapreverestadosdesedac¸ão

excessiva.13 Enquanto alguns estudos mostram uma fraca

correlac¸ãoentreoBISeasescalasdeavaliac¸ãoclínicada

sedac¸ão,12,14---16 outrosestudosmostramque correlac¸ão

entreoBISeasescalasclínicasseosregistrosdoBIS

asso-ciados à elevada atividade eletromiográfica (EMG) forem

excluídos.14,17

Porfazerregistroseosapresentarcontinuamente,oBIS

temapotencialvantagemdeatuarcomoumsinaldealerta

em caso de qualquer uma das complicac¸ões neurológicas

queestãoassociadasàreduc¸ãodoníveldeconsciência.Por

outrolado,asescalasdeavaliac¸ãoneurológicatambémsão

úteisparadetectaralterac¸õesneurológicasnãoassociadas

àreduc¸ãodoníveldeconsciência(comprometimentomotor

ouda fala,por exemplo). Atéo momento,não

encontra-mosqualquerestudopublicadoquetenhacomparadooBIS

comoutrasescalasdeavaliac¸ãoneurológicaem pacientes

neurocirúrgicosnopós-operatório.

Em nossohospital,aSRPAé aprincipalunidadepara o

cuidado no pós-operatório de pacientesapós craniotomia

(3)

reservadaparacasosmaiscomplicados, deacordocomos

critérios de neuroanestesia e neurocirurgia. A SRPA está

equipada parao monitoramentonoturno deumpaciente,

caso necessário, e a proporc¸ão paciente-enfermeiro pode

variarde2:1a4:1,dependedoestadoclínicodopaciente.

Oobjetivodopresenteestudofoiavaliarautilidadedas

escalasdeavaliac¸ãoneurológicae doBISparaa detecc¸ão

precoce de complicac¸ões neurológicas no pós-operatório

de pacientes neurocirúrgicos. Nossa hipótese foi que o

efeitoaditivodasescalasdeRamsay,CNS,Nu-DESCedoBIS

paraaavaliac¸ãohabitualdoreflexopupilaredaGCS

melho-rariaadetecc¸ãoprecocedecomplicac¸õesneurológicasno

pós-operatório.

Métodos

Estudo prospectivo de observac¸ão por seis meses (de

outubrode2011aabrilde2012).Oestudofoiaprovadopelo

ComitêdeÉticaePesquisadaInstituic¸ão(n◦2011/6854,de

22-9-2011,Presidente:GomisR).Pedimospermissãoe

obti-vemosdospacientesostermosdeconsentimentoassinados.

Populac¸ãodoestudo

Todosospacientessubmetidosàneurocirurgiaeletivaecom

recuperac¸ão na SRPA durante o período de estudo foram

alocados em dois grupos: grupo craniotomia (Grupo C) e

grupo não craniotomia (Grupo NC). Os pacientes que se

recusaramaparticipardoestudo,quenãofalavamounão

entendiamnossoidioma,quepermaneceramentubadosno

pós-operatórioeaquelesqueforamtransferidosparaaUTIC

nopós-operatórioforamexcluídos.NoGrupoC,ospacientes

submetidosàderivac¸ãoventrículo-peritonealou

cranioplas-tia também foram excluídos e, no grupo NC, excluímos

aqueles submetidosa implantesubcutâneode gerador de

pulsos,testedeinfusãodelíquidocefalorraquidiano(LCR)

sobsedac¸ãoeaquelesanteriormentesubmetidosà

cranio-tomia.

Desenhoecoletadedados

Os seguintes dados demográficos foram coletados:idade,

sexo, estado físico de acordo com a classificac¸ão da

Sociedade Americanade Anestesiologistas (ASA),

diagnós-tico, tipo de cirurgia e técnica anestésica. Os dados

coletados no intraoperatório incluíram perda de sangue

superiora1.000mL,instabilidadehemodinâmicaqueexigiu

a administrac¸ão de drogas vasoativas (doses repetidas ou

infusão),presenc¸ade hipoxemiarelativa parauma

deter-minada FiO2 administrada (proporc¸ão PaO2/FiO2 < 250),

anisocorianaemergênciaemorte.

Osprincipaisparâmetrosregistradosforam:

(a) Escalas de avaliac¸ão neurológica: tamanho e

reativi-dadedaspupilas,GCS,escaladeRamsay,CNSeNu-DESC

(AnexoA).

(b) Registros do BIS: valor, índice de qualidade do sinal

(IQS), EMGe taxa de supressão (SR) do BIS.O sensor

deBISfoicolocadodoladocontralateralàcraniotomia.

NacraniotomiadefossaposteriorenoGrupoNC,oBIS

foicolocadonohemisfériodominanteparapadronizar

amensurac¸ão.Em cada paciente, omesmo sensordo

BISfoiusadoparatodososregistrosdo BIS.Emcasos

de má qualidade do sinal, o sensor foi reposicionado

nomesmoladoatéaobtenc¸ãodeumsinaladequado.

Todasasmensurac¸õesdoBISforamregistradasantesde

qualqueravaliac¸ãoneurológica.

(c) Complicac¸ões neurológicas no pós-operatório: foram

definidascomoqualqueralterac¸ãoneurológica

clinica-mentesignificativaregistradanoprontuáriomédicodo

paciente durante seu tempo na SRPA ouna

enferma-riadeneurocirurgiae qualquerachadoemtomografia

computadorizadae/ouressonânciamagnética(CT-RM)

também foi considerado como uma complicac¸ão, de

acordocomoscritériosdoneurocirurgião.

(d) Acompanhamento:apósaalta,qualquervisitaao

depar-tamento de emergência ou readmissão foi registrada

duranteoprimeiromêsdepós-operatório.

Ostemposregistrados foram:T0---fasebasal,chegada

dopacienteàsaladepré-anestesiaantesdaadministrac¸ão

de medicamento pré-anestésico; Ta --- admissão do

paci-entena SRPAapós acirurgia,quando estabilizado;T1,T2

--- registros em cada turno de enfermagem; Td --- alta da

SRPAparaa enfermariadeneurocirurgia (fig. 1).Também

registramos qualquer episódio com BIS<70 mantidos por

umminuto (min) após aadmissão na SRPA,

independente-mentedotempodoestudo.

Definimoscomoalterac¸õesnasescalasdeavaliac¸ão

neu-rológica os seguintes critérios: anisocoria e/ou perda de

reatividadepupilar;GCS<15,excetoGCS=14comresposta

ocular=3; escala de Ramsay 1 ou ≥ 4; CNS<10, exceto

CNS=8,5 com nível de consciência=1,5; Nu-DESC>0. Os

pacientes com GCS=14 (resposta ocular=3) e CNS=8,5

(nível de consciência=1,5) foram excluídos porque esses

Sala de

operação SRPA

T0

BIS BIS

Complicações neurocirúrgicas Complicações neurocirúrgicas

Complicações diagnosticadas via TC-RM Escalas Escalas Escalas Escalas Escalas

Ta T1 T2 Td

Enfermaria de neurocirurgia

1 mês

(4)

valorespodiamserdevidosaefeitosresiduaisdaanestesia

oudosanalgésicoseopioides.Definimoscomoalterac¸ãoum

valordoBISabaixode70porumminuto.Essevalornãofoi

consideradocomoalterac¸ãoseovalordaescalaneurológica

oudoBISjáestivesseanormalnafasebasal.

Definimos como alterac¸ão pupilar-GCS ou alterac¸ão

escalas-BISsepelomenosumadasavaliac¸ões(pupilas,GCS

oupupilas,GCS,escaladeRamsay,CNS,Nu-DESC,BIS)

apre-sentassealterac¸ãodeacordocomodefinido.

Quandoumaanomaliaeraobservadaem umadas

esca-lasdeavaliac¸ãoneurológica,oanestesiologistaresponsável

peloatendimento ao paciente devia providenciaro

trata-mentodeacordocomosprotocolosestabelecidosparacada

caso.

ComparamososvaloresdoBISentreospacientescome

semcomplicac¸õesneurológicasnopós-operatórioefizemos

umaanáliseparadetectaraexistênciadeumlimiardoBIS

capazdeprever apresenc¸ade complicac¸õesneurológicas

nopós-operatório.

Analisamosaconcordânciaentreasalterac¸õesdas

esca-lasedoBIS,bemcomoaconcordânciaentreasalterac¸ões

das escalas e do BIS, a ocorrência de complicac¸ões

neu-rológicas na SRPA e na enfermaria e as anormalidades

diagnosticadasnaTC-RM.Alémdisso,analisamosa

capaci-dadedeasalterac¸õesdetectadasnasavaliac¸õesdoreflexo

pupilar-GCS e das escalas-BIS identificarem complicac¸ões

neurológicasnaSRPA.Por fim,estimamoso riscodehaver

complicac¸õesneurológicasnopós-operatório.

Análiseestatística

Paraaanálisedosdadosdemográficos,aidadefoiexpressa

em média±desvio padrão (DP) e usamos o teste t para

gruposindependentes.Asvariáveiscategóricas,comosexo

eclassificac¸ão ASA,foram expressasem valores absolutos

(percentualválido)eanalisadascomotestedoqui-quadrado

ouexatodeFisher eotesteUdeMann-Whitney foiusado

para as variáveis ordinais, como a classificac¸ão ASA. Os

valoresdeBIS, IQSe EMG foramexpressosem mediana e

intervalointerquartil(IQR).ParaaanálisedeBIS,IQSeEMG

entrecadatempomensuradodesdeafasebasal,otestede

sinaisdeWilcoxonfoiusado.Paraaanálisedasdiferenc¸as

entreosgrupos em cada tempo mensurado,o testeUde

Mann-Whitney foi aplicado. A análise das diferenc¸as nos

valores do BIS entre pacientes com e sem complicac¸ões

neurológicasno pós-operatóriofoi feitacomo testeUde

Mann-Whitney.Acurvadascaracterísticasdeoperac¸ão do

receptor(ROC)foiusadaparadeterminarse,globalmente,

o BIS apresentava um valor preditivo para a ocorrência

decomplicac¸õesneurológicasnopós-operatórioe

calcula-mosa razão deverossimilhanc¸a positiva (RV+),18 definida

como razãode sensibilidade/(1-especificidade), para

pos-síveiscandidatos aumvalordecortedoBIS.Umaanálise

deregressão logística bináriafoi feitapara obter

estima-tivasdorisco deocorrência decomplicac¸õesneurológicas

nopós-operatório,calcularam-seoddsratio(OR)e

interva-losdeconfianc¸ade95% (95%IC)dasescalasedoBIScom

alterac¸õesneurológicas.

O teste de Q de Cochran foi usado para a análise

intragrupodasdiferenc¸asentreos temposmensuradosde

alterac¸õesnasescalasdeavaliac¸ãoneurológicaenoBIS.O

testedeMcNemarfoiaplicadoparaacomparac¸ãoentreos

valoresdostemposmensuradoseosvaloresdafasebasal.O

testeexatodeFisherfoiusadoparacompararasproporc¸ões

dasalterac¸õesnasescalasenoBISentreosgruposCeNC.

Ascomparac¸õesentreasalterac¸õesnoreflexopupilar-GCS

enasescalas-BISforamfeitascomotestedeMcNemar.

Aanálisedeconcordânciaentreasalterac¸õesnas

esca-las de avaliac¸ão neurológica ou no BIS e a ocorrência de

complicac¸õesneurológicasnopós-operatóriofoifeitacom

oíndiceKappa(),deacordocomoscritériosdeLandis&

Koch.19Consideramosqueaconcordânciafoipoucaquando

os valoresde Kappa foraminferiores a 0; leve com

valo-resentre0e0,20;leveentre0,21e0,40;moderadaentre

0,41e0,60;substancialentre0,61e0,80equaseperfeita

entre0,81e1.Calculamosasensibilidade,aespecificidade

eosvalorespreditivospositivosenegativosdasalterac¸ões

no reflexo pupilar-GCS e nas escalas-BIS para identificar

as complicac¸ões neurológicas na SRPA. Consideramos

sig-nificativos os valores dep≤0,05 e usamosa correc¸ão de

Bonferroniquandoindicado.Asanálisesforamfeitascomo

softwareestatísticoSPSS(versão18.0,SPSSInc.,Chicago,

IL,EUA).

Resultados

Dos151pacientesqueatenderamaoscritériosdeinclusão

duranteo períododoestudo,116foramanalisados:70no

GrupoCe46noGrupoNC;19noGrupoCe16noGrupoNC

foramexcluídos(fig.2).

Demografiaecaracterísticasclínicasdosindivíduos

Os pacientes do Grupo C eram de risco maior no

pré--operatórioeosdoGrupoNCerammaisvelhos.Emambos

os grupos, a técnica de administrac¸ão da anestesia foi

por via intravenosa: 67 (95,7%) no Grupo C e 45 (97,8%)

no Grupo NC. Em três casos (4,3%) a técnica anestésica

foisedac¸ão consciente(Grupo C)e emumcaso (2,2%)foi

anestesia inalatória (Grupo NC). Houve complicac¸ões no

intraoperatório em 16 casos (22,9%) doGrupo C e quatro

casos(8,7%)doGrupoNC(tabela1).

Em média, os pacientes do Grupo C permaneceram

16,5±5,6horas (h) na SRPA, 57 deles (81,4%) passaram

a primeira noitede pós-operatóriona SRPA (19,1±1,6h),

enquanto 13 (18,6%) foram transferidos para a

enferma-ria no mesmo dia da cirurgia (5,6±1,1h). No Grupo NC,

o tempo médio de permanência na SRPA foi de 5±5,4h.

Quatro pacientes (8,7%), três submetidos à ressecc¸ão de

tumor cancerígenoespinhaleumàmicrodiscectomia

cer-vical,passaramaprimeiranoitedepós-operatórionaSRPA

(20,1±2,8h)e42(91,3%)foramtransferidosdaSRPAparaa

enfermariaapósserecuperardaanestesia(3,6±2,6h).No

GrupoNC,apenasquatropacientesquepassaramanoitena

SRPAtiveramosdadosregistradosemT1eT2.

RegistrosdoBIS

Os valores do BIS diminuíram significativamente após a

admissão na SRPA em comparac¸ão com os valores basais

(5)

Craniotomias (n = 136)

Não atenderam aos critérios de inclusão (n = 47)

Não atenderam aos critérios de inclusão (n = 12)

Recusaram a participar (n = 0) Recusaram a participar (n = 0)

Não falavam ou não compreendiam a língua (n = 0)

Não falavam ou não compreendiam a língua (n = 1)

Não extubados na sala de operação (n = 0)

Não extubados na sala de operação (n = 0)

Derivação ventrículo-peritoneal (n = 27) Implante gerador de pulsos (n = 8)

Teste de infusão de LCR (n = 1)

Craniotomia anterior (n = 1)

Transferidos para a UTIC (n = 17) Transferidos para a UTIC (n = 1)

Cranioplastia (n = 3)

Ausência de registros basais (n = 4) Ausência de registros basais (n = 8)

Ausência de monitor do BIS (n = 4) Ausência de monitor do BIS (n = 5)

Alteração da programação cirúrgica (n = 1)

Pessoal não habitual (n = 7)

Pessoal não habitual (n = 3)

Cirurgia prolongada inesperada (n = 3)

Avaliados (n = 70) Avaliados (n = 46)

Excluídos (n = 19) Excluídos (n = 16)

Atenderam aos critérios de inclusão (n = 89)

Atenderam aos critérios de inclusão (n = 62)

Não craniotomias (n = 174) Avaliados para elegibilidade

(n = 210)

Figura 2 Fluxograma do estudo (UTIC, unidade de terapia intensiva cirúrgica; LCR, líquido cefalorraquidiano; BIS, índice bispectral).

acimade70,excetona alta doGrupoNC(IQS=57,5).Em

ambososgrupos,oIQSnaaltadiminuiusignificativamente

emrelac¸ãoaosvaloresbasais(p<0,001).AEMGfoiinferiora

50emtodosostemposmensuradosemambososgrupos.No

GrupoNC,ovalordaEMGaumentousignificativamenteapós

aadmissãonaSRPA,emcomparac¸ãocomosvaloresbasais

(p=0,001) (fig. 3). A SR foi0em todos os pacientes. Em

16pacientesdoGrupoCeemapenasumpacientedoGrupo

NChouveregistrodeepisódios,com osvaloresdoBIS<70

mantidosporumminutoduranteaadmissãonaSRPA.

NoGrupoC,observamosdiferenc¸asnosvaloresdoBISem

T0entreospacientesquenãodesenvolveramcomplicac¸ões

na TC-MR (mediana=94, IQR=8) e os que desenvolveram

(mediana=84, IQR=10,5) (p=0,016) e nos valores do

BIS em T2 entre os pacientes que não desenvolveram

complicac¸ões na enfermaria (mediana=93, IQR=12) e os

que desenvolveram (mediana=82, IQR=16) (p=0,019). A

curvaROCmostrouqueosvaloresdoBISmensuradosemT2

podiamprever a ocorrênciadecomplicac¸ões neurológicas

na enfermaria (p=0,019; área sob a curva=0,743, 95%

IC=0,566-0,920), com BIS de 90 que resultou em uma

RV+ para complicac¸ão de 3,8 a partir de um valor de

sensibilidadede69%eespecificidadede81,8%.

Alterac¸õesnasescalasdeavaliac¸ãoneurológica enoBIS

NoGrupo C,a avaliac¸ão doreflexo pupilar-GCSdescobriu

alterac¸ão em 14casos(20%) e aavaliac¸ão dasescalas-BIS

em 36 casos (51,4%) (p<0,001). No Grupo NC,

(6)

Tabela1 Característicasdemográficaseclínicasdospacientes

Variável Total

(n=116)

GC (n=70)

GNC (n=46)

p

Idade,anos,média±DP 54±16,5 51,1±16,5 58,5±15,7 0,018

Sexo,feminino,n(%) 69(59,5) 43(61,4) 26(56,5) 0,6

ASA,n(%) <0,001

ASAI 10(8,6) 0(0,0) 10(21,7) <0,001

ASAII 68(58,6) 39(56,7) 29(63) 0,435

ASAIII 38(32,8) 31(44,3) 7(15,2) 0,001

Intervenc¸ão,n(%)

Supratentorial 24(34,3)

Transesfenoidal 20(28,6)

Fossaposterior 12(17,1)

Cirurgiafuncional 11(15,7)

Outroscraniotomias 3(4,3)

Microdiscectomialombar 16(34,8)

Laminectomialombar 12(26)

Tumorespinhal 5(10,9)

Microdiscectomiacervical 4(8,7)

Cirurgiadoplexobraquial 4(8,7)

Laminectomiacervical 3(6,5)

Outros 2(4,4)

N◦decomplicac¸õesintraoperatórias(%) 20(17,2) 16(22,9) 4(8,7) 0,074

Instabilidadehemodinâmica 11(9,5) 9(12,9) 2(4,3) 0,196

Sangramento 7(6) 5(7,1) 2(4,3) 0,704

Anisocoria 2(1,7) 2(2,9) 0(0) 0,522

Hipóxia 1(0,9) 1(1,4) 0(0) 1,000

Mortalidade 0(0) 0(0) 0(0)

---ASA,SociedadeAmericanadeAnestesiologistas; GC,grupocraniotomia; DP,desviopadrão;GNC, gruponãocraniotomia. Omesmo pacientepoderiadesenvolverváriascomplicac¸ões.

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0 T0 Ta

BIS GC IQS GC

EMG GC BIS GNC

IQS GNC EMG GNC

T1 T2 Td

∗ ∗ ∗

Figura3 Alterac¸õesnosregistrosdoíndicebispectraldurante operíodopós-operatório(Dadosexpressosemmedianae inter-valointerquartil, barras);T0:basal; Ta:admissão nasalade recuperac¸ão pós-anestesia(SRPA); T1 eT2: mensurac¸ões em cada turno de enfermagem (somente no Grupo C); Td: alta para a enfermaria de neurocirurgia; BIS: índice bispectral; IQS: índice de qualidade do sinal; EMG: eletromiograma; GC: grupo craniotomia (símbolos fechados); GNC: grupo não craniotomia (símbolosabertos). *Diferenc¸as significativas em comparac¸ãocomovalordeT0emcadagrupo).

edasescalas-BISem18casos(39,1%)(p<0,001)(tabela2).

NoGrupoC,encontramosconcordânciamoderadaentreos

valores alterados doBIS e da GCS (=0,438; p=0,001) e

leveconcordânciaentreosvaloresalteradosdoBISeda

Nu--DESC(=0,345;p=0,008)edoBISedaescaladeRamsay

(=0,260;p=0,029).

Complicac¸õesneurológicasnopós-operatório

Na SRPA, 16 pacientes (13,8% do total) apresentaram

complicac¸ões neurológicas, todos do Grupo C (22,9% no

total) (tabela 3). Afasia foi a complicac¸ão mais comum

(5,7%).Emapenastrêscasos,umaTCurgentefoiindicada

naSRPA.Noprimeirocaso,aindicac¸ãofoianisocoria.ATC

mostrouumpneumoencéfalocomefeitodemassa.NaSRPA,

a anisocoria (3/5) persistiu e alterou aescala de Ramsay

(1em Td)eosvaloresdoBIS(entre 53e64).Nosegundo

caso,aindicac¸ãodeTCfoiparaafasiaexpressivaereduc¸ão

na GCS, mostrou um grande pneumoencéfalo. Houve

alterac¸õesnoreflexo pupilar, escaladeRamsay, CNS,

Nu--DESCeBIS.UmaTCurgentefoisolicitadanoterceirocaso

após o agravamento da afasia, que também mostrou um

pneumoencéfalo.Oexameneurológicomostroualterac¸ões

nos valores de GCS, Ramsay, CNS, Nu-DESC e BIS entre

33 e 55. Três dos cinco pacientes com sangramento no

período intraoperatório acima de 1.000mL apresentaram

(7)

Tabela2 Alterac¸õesnasescalasdeavaliac¸ãoneurológicaenoBISnaSRPA

Grupo TempototalnaSRPA,n(%),n(%) T0,n(%) Ta,n(%) T1,n(%) T2,n(%) Td,n(%) pa

Reflexopupilar

GC(n=70) 6(8,6) 1(1,4) 4(5,7) 5(8,6) 4(9,8) 5(7,2) 0,236

GNC(n=46) 0(0) 0(0) 0(0) 0(0)

pb 0,080 0,423 0,154 0,155

GCS

GC(n=70) 10(14,3) 1(1,4) 8(11,6) 3(5,2) 4(9,8) 5(7,2) 0,038

GNC(n=46) 1(2,2) 0(0) 1(2,2) 0(0) 1,000

pb 0,048 0,418 0,083 0,082

Ramsay

GC(n=70) 13(18,6) 2(2,9) 6(8,6) 6(10,3) 5(12,2) 5(7,2) 0,669

GNC(n=46) 5(10,9) 1(2,2) 5(10,9) 0(0) 0,063

pb 0,305 0,821 0,751 0,082

CNS

GC(n=70) 18(25,7) 6(8,6) 14(20,3) 9(15,8) 7(17,1) 9(13) 0,159 GNC(n=46) 13(28,3) 16(34,8) 10(21,7) 7(15,2) 0,508

pb 0,831 <0,001 1,000 0,787

Nu-DESC

GC(n=70) 10(14,3) 6(8,6) 7(10) 7(12,1) 6(16,2) 5(7,2) 0,186

GNC(n=46) 1(2,2) 2(4,3) 1(2,2) 0(0) 1,000

pb 0,048 0,382 0,144 0,082

BIS

GC(n=70) 16(23,2) 0(0) 2(3) 2(3,7) 3(7,5) 0(0) 0,162

GNC(n=46) 1(2,2) 0(0) 0(0) 0(0)

pb 0,002 1,000 0,513 1,000

Reflexopupilar-GCS

GC(n=70) 14(20) 1(1,4) 11(15,9) 8(13,8) 7(17,1) 9(18) 0,002

GNC(n=46) 1(2,2) 0(0) 1(2,2) 0(0) 0,368

pb 0,008 1,000 0,026 0,011

Escalas-BIS

GC(n=70) 36(51,4) 11(15,7) 23(34,3) 23(42,6) 16(43,2) 18(27,7) 0,001 GNC(n=46) 18(39,1) 17(37) 14(30,4) 7(15,6) 0,025

pb 0,254 0,014 0,689 0,168

BIS,índicebispectral;CNS,EscalaNeurológicaCanadense;Escalas-BIS,alterac¸ãoemqualquerumadasescalasdeavaliac¸ãoneurológica e/ounoBIS;GC,grupo craniotomia;GCS,Escalade ComaGlasgow; GNC,gruponãocraniotomia; Nu-DESC,Escala deAvaliac¸ãode DelírionaEnfermagem;Reflexopupilar-GCS,alterac¸ãonaspupilase/ounaGCS;SRPA,saladerecuperac¸ãopós-anestesia;T0,basal; Ta,admissãonaSRPA;T1eT2,mensurac¸õesemcadaturnodeenfermagem;Td,altadaSRPA.

a pcomparac¸ãointragrupo(tempo). b pcomparac¸ãointergrupo.

anisocoria).Emtodosostrêscasos,asescalasneurológicas

foramalteradas.

Na enfermaria, 23 pacientes (19,8%) sofreram

complicac¸ões neurológicas, 18 (25,7%) do Grupo C e

cinco (10,9%) do Grupo NC (tabela 3). Paralisia do nervo

craniano foi a complicac¸ão mais comum no Grupo C

(7,1%) e dor ciática no Grupo NC (4,3%). No Grupo C,

um paciente desenvolveu bradipsiquia. A TC mostrou um

pneumoencéfalo.Duranteapermanênciana SRPA,o

paci-ente apresentoualterac¸ão na GCS,CNSe Nu-DESC.Outro

paciente desenvolveu crises de ausência com TC normal.

Definimoscrisesdeausêncianessepacientecomolapsosde

consciência comdurac¸ãodeapenasalgunsminutose com

reduc¸ão do nível de consciência, falta de contato visual,

diminuic¸ão da reatividade, taxa de respirac¸ão baixa com

inspirac¸ões profundas e movimentos estereotipados dos

membros.Infelizmente,umEEGnãopôdeserfeitodurante

oseventos,masosregistrossimultâneosdoBISmostraram

umareduc¸ãodovalorBISaté38(EMG28,IQS96,SR0).Os

sintomasprodrômicosincluíramnáuseasehiperventilac¸ão.

UmEEGfeito24hdepois,quandoopaciente estava

assin-tomático, mostrou desacelerac¸ão contínua da atividade

delta-teta na região fronto-temporal esquerda sem

qual-queralterac¸ãoclínicaassociada.Essaalterac¸ãoneurológica

foi registrada no prontuário do paciente como ‘‘crise de

ausência com padrão respiratório alterado’’. Na SRPA,

alémdasalterac¸õesnoBIS,opacientetambémapresentou

alterac¸ão nas escalas GCS,Ramsay e Nu-DESC. Óbito por

choquesépticofoiregistradoemumpacientecomlinfoma

(8)

Tabela3 Complicac¸õesneurológicasnopós-operatório

GC(n=70)

Númerodepacientes(%)comcomplicac¸õesneurológicasnaSRPA

Total 16(22,9)

Afasia 4(5,7) Agitac¸ão 1(1,4)

Anisocoria 3(4,3) Retardopsicomotor 1(1,4)

Cefaleia 2(2,9) Disartria 1(1,4)

Hipoestesia 2(2,9) Crisesnãoconvulsivas 1(1,4)

Paralisiadenervoscranianos 2(2,9) Hemiplegia 1(1,4)

Nívelbaixodeconsciência 1(1,4) Paresia 1(1,4)

Alucinac¸ão 1(1,4) Neuralgiatrigeminal 1(1,4)

Ansiedade 1(1,4)

Númerodepacientes(%)comcomplicac¸õesneurológicasnaenfermaria

Total 18(25,7)

Paralisiadenervoscranianos 5(7,1) Bradipsiquia 1(1,4)

Cefaleia 4(5,7) Distonia 1(1,4)

Afasia 4(5,7) Alexia 1(1,4)

FístuladeLCR 4(5,7) Síndromedohemisfériodireito, 1(1,4)

Convulsão 2(2,9) Descompensac¸ãopsiquiátrica 1(1,4)

Númerodepacientes(%)comcomplicac¸õesneurológicasnaTC-RM

Total 9(12,9)

Efeitodemassadepneumoencéfalo 7(10) Infecc¸ão 1(1,4)

Efeitodemassadepneumoencéfalo 1(1,4)

GNC(n=46)

Númerodepacientes(%)comcomplicac¸õesneurológicasnaSRPA

Total 0(0)

Númerodepacientes(%)comcomplicac¸õesneurológicasnaenfermaria

Total 5(10,9)

Lombociatalgia 2(4,3) Marchainstável 1(2,2)

Paraplegia 1(2,2) Desorientac¸ão 1(2,2)

Númerodepacientes(%)comcomplicac¸õesneurológicasnaTC-RM

Total 2(4,3)

Compressãodamedulaespinhal 2(4,3)

GC,grupocraniotomia;GNC,gruponãocraniotomia;LCR,líquidocefalorraquidiano;SRPA,saladerecuperac¸ãopós-anestesia;TC-RM, tomografiacomputadorizada-ressonânciamagnética.Omesmopacientepoderiadesenvolvermaisdeumacomplicac¸ão.Ascomplicac¸ões naSRPA,naenfermariaedetectadasporTC-RMnãoforamaditivas.

naenfermaria: quatrodevido acefaleiaintensa(trêscom pneumoencéfalo)eumadevidoaconvulsões (pneumoencé-falo).Emquatrodessescincocasos,asescalasdeavaliac¸ão das alterac¸ões neurológicas foram aplicadas na SRPA. No GrupoNC,umpacientedesenvolveuparaplegia.ATC reve-loucompressãodamedulaespinhaldevidoaumhematoma macic¸o. O paciente foi submetido a nova cirurgia, mas permaneceucomparaparesiaresidualeprecisoudecateter urinário permanente. Durante sua permanência na SRPA, asescalasdeavaliac¸ãoneurológicaeoBISnãomostraram alterac¸ão. Um paciente com doenc¸a de Neuro-Behc¸etfoi agendadopara descompressão do nervo ciático e excisão detumorglúteo(linfoma).Apósoiníciodequimioterapia, o paciente foi transferido para a UTI, evoluiu para óbito devidoàfalênciamúltipladosórgãosduassemanasapósa cirurgia.

Quanto às complicac¸ões diagnosticadas por meio de examedeneuroimagem,o neurocirurgiãodescobriu anor-malidades em 11 casos (9,5%): nove casos (12,9%) no GrupoC e doiscasos(4,3%) noGrupo NC(tabela3). Sete

pacientes do Grupo C apresentaram pneumoencéfalo de

tensão(incluindo TC urgente na SRPA ouna enfermaria).

NoGrupoNC,aTCmostrouumacompressãodamedulaem

dois pacientes, ambos precisaram de operac¸ão adicional:

umparatumorresidualeooutroparahematoma(paciente

comparaplegiadetectadanaenfermaria).

Durante o primeiro mês após a cirurgia, 20 pacientes

(17,2%) foramparao setordeemergênciaoureadmitidos

nohospital:17(24,3%)doGrupoCetrês(6,5%)doGrupoNC

(p=0,014).NoGrupoC,acausamaiscomumdereadmissão

foi fístula liquóricaem cincocasos (7,1%); oitopacientes

(11,4%) foram submetidos a uma segunda operac¸ão ou à

repetic¸ãodaprimeira:cinco(7,1%)porvazamentodeLCR,

dois (2,9%) por infecc¸ão da ferida cirúrgica e um (1,4%)

por epistaxe. No Grupo NC, um paciente recebeu

trata-mento para dor neuropática, outro para lombociatalgiae

o terceiro para íleo paralítico. Nenhum desses pacientes

precisoudecirurgiaadicional.

Concordânciaentreasalterac¸õesnasescalas deavaliac¸ãoneurológicaounoBISeas complicac¸õesneurológicasnopós-operatório

No Grupo C, encontramos concordância moderada entre

(9)

Tabela 4 Análisede concordância entreas alterac¸ões nasescalasde avaliac¸ão neurológicas ouno BISe aocorrência de complicac¸õesneurológicasnopós-operatórionogrupocraniotomia

Complicac¸ões naSRPA

Complicac¸ões naenfermaria

Complicac¸ões diagnosticadasviaTC-RM

p P p

Reflexopupilar 0,169 0,098 0,044 0,655 0,000 0,250

GCS 0,440 <0,001 0,213 0,058 0,399 0,006

Ramsay 0,263 0,027 0,136 0,244 0,143 0,326

CNS 0,379 0,001 0,177 0,138 0,530 <0,001

Nu-DESC 0,347 0,003 0,213 0,058 0,175 0,229

BIS 0,349 0,004 0,220 0,066 0,108 0,460

Reflexopupilar-GCS 0,407 0,001 0,274 0,020 0,240 0,097

Escalas-BIS 0,381 <0,001 0,155 0,133 0,161 0,132

Grupocraniotomia(n=70).BIS,índice bispectral;CNS,EscalaNeurológicaCanadense;Escalas-BIS,alterac¸ãoemqualquer umadas escalasdeavaliac¸ãoneurológicae/ounoBIS;GCS,EscaladeComadeGlasgow;Nu-DESC,EscaladeAvaliac¸ãodeDelírionaEnfermagem; Reflexopupilar-GCS,alterac¸ãonaspupilase/ounaGCS;SRPA,saladerecuperac¸ãopós-anestesia;TC-RM,tomografia computadorizada--ressonânciamagnética.

neurológicasnaSRPAeleveconcordânciaentreasalterac¸ões naescaladeRamsay,CNS,Nu-DESCouBISeaocorrênciade complicac¸õesneurológicasnaSRPA.Asalterac¸õesnoescore daCNSmostraramconcordânciamoderadacomas anormali-dadesobservadasnaTC-MR;asalterac¸õesnaGCSmostraram leveconcordância.Deformasemelhante,asalterac¸õesno reflexopupilar-GCSenasescalas-BISmostraram concordân-ciamoderadae leve,respectivamente, comcomplicac¸ões neurológicas na SRPA (tabela 4). No Grupo NC, não foi

possívelavaliaraconcordâncianamaioriadoscasosporque

pelomenosumadasvariáveispermaneceuconstante.

Valorespreditivos

Asensibilidadeeovalorpreditivonegativodaavaliac¸ãocom

ousodeescalas-BISparadetectarcomplicac¸ões

neurológi-casnoGrupoCnaSRPAfoimaiordoquecomaavaliac¸ãodo

reflexopupilar-GCS(94%vs.50%e97%vs.86%,

respectiva-mente)ecomumaespecificidademaisbaixa(61%vs.89%)

evalorpreditivopositivo(42%vs.57%).

Oddsratiodasalterac¸õesnasescalasdeavaliac¸ão

neurológicaenoBISparacomplicac¸ões neurológicasnopós-operatório

No Grupo C, pupilas alteradas, GCS, CNS, reflexo

pupilar-GCS e escalas-BIS foram preditivos de risco para

complicac¸õesneurológicasnopós-operatório.Naadmissão

naSRPA,aavaliac¸ãodasescalas-BISpermitiuumaestimativa

maisprecisaparaaocorrênciadecomplicac¸ões

neurológi-cas na SRPA (tabela 5). No Grupo NC,a probabilidade de

desenvolvercomplicac¸õesneurológicasnaenfermariaentre

os pacientes com alterac¸ão na CNS na admissão na SRPA

foi7,28vezesmaiorqueadaquelessemalterac¸ãona CNS

(p=0,048;95%IC=1,021-52,006).

Discussão

A avaliac¸ão das escalas-BIS nos levou a detectar uma

porcentagem alta de alterac¸ões neurológicas que não

foramdetectadas com o método tradicional de avaliac¸ão

do reflexo pupilar-GCS. No Grupo C, esse fato confirma

que, após craniotomia, os pacientes apresentam um

aumento do risco de complicac¸ões neurológicas no

pós--operatório imediato. Detectar esses distúrbios permite

o diagnóstico ou intervenc¸ões terapêuticas precoces que

podem diminuir as complicac¸ões neurológicas no

pós--operatório e melhorar o prognóstico.8 Em nosso estudo,

todosospacientesque precisaramdeumaTC urgentena

SRPAapresentaramalterac¸õesnasescalasdeavaliac¸ão

neu-rológica.Acreditamos que nossos resultados dãorobustez

aousodeumaavaliac¸ãoneurológicamaiscompletaemvez

deumasimplesanálisedoreflexopupilaredaGCS.

Benefícioselimitac¸õesdoBIS

O BIS pode ser útil como uma ferramenta adicional para

prevera ocorrênciadecomplicac¸õesneurológicas no

pós--operatório, mas provavelmente não mais do que outros

métodosbemconhecidos.Oestudodemonstraqueas

fer-ramentashabituaisdeavaliac¸ãodaGCSnoperioperatórioe

oexameneurológicocuidadosoprovaramsuaeficáciapara

identificar complicac¸ões clinicamente significativas,

inde-pendentementedosregistrosdoBIS.OBISéuminstrumento

demonitorac¸ão contínua que servepara nos alertar para

umaavaliac¸ãoneurológica maisabrangente.O exame

clí-nico e o BIS não precisam ser ferramentas mutuamente

exclusivas,mascomplementares.Amonitorac¸ãodoBISfoi

viável no pós-operatório de pacientes extubados. Valores

elevadosdoIQS, embora oEMG nãopossa ficarabaixode

40,confirmamofatodequeessesregistosforamconfiáveis.

Oefeitoanestésicoresidualpoderiaexplicaradiminuic¸ão

novalor do BIS quando o paciente foi admitido na SRPA,

pois o BIS comec¸ou a se recuperar pouco depois. Nossa

avaliac¸ão neurológica com as escalas incluiu a avaliac¸ão

direta ou indireta do nível de consciência, embora cada

escalatenha avaliado um valor específico diferente. Isso

poderiaexplicaraconcordânciaentrevaloresalteradosdo

BIS e das escalas de avaliac¸ão neurológica. No entanto,

(10)

Tabela5 Oddsratiosignificativosdasalterac¸õesnasescalasneurológicasenoBISparaaocorrênciadecomplicac¸ões neuro-lógicasnopós-operatórionogrupocraniotomia

Tempo Diagnósticodecomplicac¸ãoneurológica Oddsratio IC95% p

Reflexopupilar

Ta SRPA 12,23 1,18-127,36 0,036

GCS

Ta SRPA 7,58 1,57-36,53 0,012

Td Enfermaria 15,69 1,61-152,55 0,018

Td TC-RM 18,00 1,60-202,95 0,019

Ta,T1,T2eTd TC-RM 9,33 1,59-54,58 0,013

CNS

Ta SRPA 5,11 1,44-18,16 0,012

Td Enfermaria 8,91 1,92-41,24 0,005

Ta TC-RM 10,31 1,93-59,05 0,006

Td TC-RM 9,07 1,55-53,07 0,014

Ta,T1,T2eTd TC-RM 18,67 3,09-112,61 0,001

Reflexopupilar---GCS

Ta SRPA 9,53 2,31-39,39 0,002

Td Enfermaria 8,91 1,92-41,24 0,005

Ta,T1,T2eTd Enfermaria 4,09 1,19-14,11 0,026

Escalas-BIS

Ta SRPA 7,15 2,07-24,69 0,002

Ta Enfermaria 3,40 1,06-10,88 0,039

Ta TC-RM 5,78 1,19-28,04 0,030

Grupocraniotomia(n=70);BIS,índicebispectral;CNS,EscalaNeurológicaCanadense;Escalas-BIS,alterac¸ãoemqualquerumadasescalas deavaliac¸ãoneurológicae/ounoBISD;IC,intervalodeconfianc¸a;GCS,EscaladeComadeGlasgow;Reflexopupilar-GCS,alterac¸ãonas pupilase/ounaGCS;SRPA,saladerecuperac¸ãopós-anestesia;T0,basal;Ta,admissãonaSRPA;T1eT2,mensurac¸õesemcadaturno deenfermagem;TC-RM,tomografiacomputadorizada-ressonânciamagnética;Td,altadaSRPA.

BIS e as alterac¸ões na escala de Ramsay. Outros estudos encontraramresultadossemelhantesquandoosregistrosdo EMGficaram acimade 30.20 Poroutro lado,também

des-cobrimosque valoresalterados doBISestavamassociados

àocorrênciadecomplicac¸õesneurológicasnaSRPA.

Curio-samente,encontramosdiferenc¸assignificativasnosvalores

basaisdoBIS(T0)entreospacientesquedesenvolverame

osquenãodesenvolveramcomplicac¸õesneurológicas

medi-anteavaliac¸ão daTC-RM.Esse resultado podesugerirque

osvalores basais do BIS podemser um fator derisco em

potencialdecomplicac¸õesneurológicasnopós-operatório,

associadasaanomaliasdetectadasna TC-RMdepacientes

agendados paracraniotomia. Porém, esseé um resultado

isoladoemumapequenaamostradepacientesenãonos

per-mitefazerumaconclusãoválida.Emumestudorecentecom

pacientescomreversãotardiaapóscraniotomia,oíndicede

monitorac¸ãodoestadocerebral---ummonitorqueanalisao

trac¸adodoeletroencefalogramasemelhanteaoBIS---provou

terumaaltaprobabilidadedeprevisãodeinconsciência

pro-longada(>24h)quandoosvaloresmedidosnasprimeiras6h

depós-operatórioforaminferioresa54-63.21Não

consegui-mosavaliarseoBISfoiumpreditivomelhordecomplicac¸ões

neurológicasassociadasà reduc¸ãodonível deconsciência

porqueonúmerodesseseventosfoimuitobaixo.Alémdisso,

nossoscritériosparadefiniraalterac¸ãonoBIS(BIS<70por

1min)podemsermuitorigorosos,deacordocomos

resulta-dosdacurvaROC.Sãonecessáriosmaisestudosparadefinir

seoBISprevêmelhoraalterac¸ãodaconsciênciaem

paci-entesapóscraniotomiaequaléovalordecortedoBISque

podeofereceramelhorprobabilidadedeprevisão.Contudo,

aintroduc¸ãodeumaescaladoBISestásujeitaalimitac¸ões

noquedizrespeitoàatividadedoEMGouefeitodefiltragem

doarnoespac¸osubaracnoideo.OBIStemoriscode

aumen-tarosinaldealarmeinjustificadamentedevidoaoseubaixo

grau de especificidade, podeinfluenciar osenfermeiros a

nãoobservaremfatossimples,comooníveldeconsciência

eosdéficitsfocaisquesãoavaliadosemumexameclínico.

Associac¸ãoentrealterac¸ãonasescalasdeavaliac¸ão neurológicaounoBISedesenvolvimento

decomplicac¸õesneurológicasnopós-operatório ---Estimativasderisco

Alterac¸ões nas escalas de avaliac¸ão neurológica foram

associadas ao desenvolvimento de complicac¸ões

neuro-lógicas no pós-operatório. Um estudo anterior mostrou

que o nível de consciência em pacientes com hemorragia

subaracnoide no pós-operatório foi um bom preditivo

de desfecho neurológico.22 Outros estudos

descobri-ram preditivos adicionais de complicac¸ões neurológicas

nopós-operatório,inclusiveadurac¸ãodacirurgia,aposic¸ão

cirúrgica,osangramentonointraoperatórioouosurgimento

denovodéficitneurológicoapósacirurgia.23,24Descobrimos

tambémque a maioria dospacientes decraniotomia com

sangramento significativo no intraoperatório apresentou

complicac¸õesneurológicasnopós-operatório naSRPA.Não

(11)

avaliac¸ãoneurológicaem pacientesapóscraniotomiapara

melhorprever aocorrênciadecomplicac¸õesneurológicas.

Descobrimos que,de formaindependente,asescalas GCS

e CNS forneceram as estimativas mais precisas de risco.

AGCSé bemconhecida parapreverdesfechoneurológico

em traumatismo cranianoe hemorragia subaracnoide.25 A

CNS,porsuavez,permiteidentificarasanormalidadesmais

sutis dafunc¸ão motora,o que provavelmente explica por

queessaescaladetectouomaiornúmerodealterac¸õesem

ambososgrupos.Nossosresultadostambémmostramquea

análisetradicionaldoreflexopupilareaGCSsãoúteispara

estimaraocorrênciadecomplicac¸õesneurológicasno

pós--operatório,masprovavelmentenãosãosuficientes.Iacono

et al.26 introduziram o Basic Neurological Check

(Checa-gem Neurológica Básica) para uso em qualquer paciente

com um diagnóstico neurológico confirmado ou suspeito,

excetoacidente vascular cerebral. Essa ferramenta inclui

a avaliac¸ão da orientac¸ão, da capacidade de obedecer a

comandos, daforc¸a motora e da paralisia facial. Embora

nenhumprocessoformaltenhasidoconduzidoparaavaliar

a sua eficácia, enfermeiros expressaram mais confianc¸a

emsuascapacidadesdeidentificarsintomasclínicos,fazer

precocemente o diagnóstico e providenciaro tratamento.

Oexameneurológicocompleto, comavaliac¸ãodasescalas

de Ramsay, CNS, Nu-DESC e BIS, ajuda a melhorar essa

estimativa.Aaltasensibilidadedeavaliac¸ãodasescalas-BIS

sugere que seuma triagem preliminar da populac¸ão com

risco de desenvolver complicac¸ões neurológicas no

pós--operatóriofor feita, aacuidade deprevisãodaavaliac¸ão

provavelmenteaumentaria.

Ficamos surpresos com o número de pacientes que

apresentaram alterac¸ão na Nu-DESC, mesmo na fase

basal. É provável que a anestesia geral e a

neurocirur-gia, em si, sejam as principais causas da ocorrência de

desorientac¸ão,comportamentoinapropriado,comunicac¸ão

inadequada, ilusões/alucinac¸õesouretardopsicomotorno

pós-operatório. O mecanismo principalparece estar

asso-ciado à alterac¸ão da neurotransmissão sináptica induzida

pelaanestesiaouadanoscerebraisdevidoaotrauma

cirúr-gico, isquemia, edema etc. Provavelmente,o uso deuma

escala específica para avaliar essas alterac¸ões pode

aju-dar a detectá-las. Por outro lado, consideramos qualquer

alterac¸ãona escalacomo umsinaldealerta,embora não

tenha excedido o diagnóstico de corte para delírio, de

acordocomaescalaoriginal.11

Umachadointeressantefoiacapacidade deavaliac¸ões

neurológicanaadmissãoealta daSRPAparaprevero

sur-gimento de complicac¸ões neurológicas nopós-operatório.

Combaseemnossosresultados,tantoapresenc¸ade

anor-malidade nas escalas-BIS na admissão na SRPA quanto a

presenc¸adealterac¸ãonoreflexopupilar-GCSouaalterac¸ão

na CNS na alta da SRPA seriam bons indicadores para

recomendar a observac¸ão e o monitoramento mais

pro-longados dos pacientes; 81% de nossos pacientes foram

monitoradosduranteanoiteapóscraniotomiaeletiva,mas

apenas 34% apresentaram alterac¸ões nas escalas-BIS na

admissãonaSRPAe31%apresentaramalterac¸õesnoreflexo

pupilar-GCS ou na CNS no momento da alta. O nível de

assistência após uma craniotomia eletiva é uma questão

preocupante. Identificar preditivos de complicac¸ões

neu-rológicas no pós-operatório pode ser útil para selecionar

os pacientes que precisam de um nível mais elevado de

observac¸ãoe monitoramento.Váriaspublicac¸ões

apresen-tampreditivosquepodemseridentificadosnosperíodos

pré-eintraoperatório.Hanaketal.27 descobriramquediabetes

eidademaisavanc¸adasãopreditivosdeadmissãonaUTIno

pós-operatório.Emumapopulac¸ãodepacientes

neurocirúr-gicos,aaplicac¸ãodoescorecirúrgicodeApgarcombasena

perdaestimadadesangueidentificouqueumapressão

arte-rialmédiamuitobaixanointraoperatórioeumafrequência

cardíacatambémmuitobaixaprevirammortalidadeem30

diasdepós-operatório, taxa decomplicac¸ão e internac¸ão

prolongadana UTI e hospitalar. Osautores relataram que

esseescorepodeserútilparaplanejarotratamentono

pós--operatóriodeformaeficiente.28 Wandereretal.29

desen-volverame validaramummodelodeprevisãono

intraope-ratóriodeadmissãonãoplanejadaem unidadedeterapia

intensivanopós-operatórioquepodemelhoraroprocessode

alocac¸ãodosleitosdeUTInopós-operatório.Nessesentido,

nossoestudoadicionaautilidadeempotencialdaaplicac¸ão

deescalasdeavaliac¸ãoneurológicaedoBISnaSRPA.

Limitac¸õesdoestudo

Estávamos cientes de que nosso estudo tinha algumas

limitac¸ões. Primeiro,tanto os pacientes quanto a equipe

deenfermagemna SRPA tinhamconhecimento doestudo.

Segundo, os pacientes mais gravemente enfermos

(paci-entesintubadosouencaminhadosàUTIC)foramexcluídos

porque o presente estudo teve como foco os pacientes

extubadosemsaladecirurgiaequepermaneceramnaSRPA

no pós-operatório. Terceiro, foi impossível obter valores

doBIScomatividadeEMG<30.Opacienteneurocirúrgico

extubadona SRPA,aocontráriodopaciente intubado,não

requer sedac¸ão farmacológica, o que torna mais difícil

diminuir a atividade EMG. Contudo, a qualidade do sinal

obtidofoiapropriada.Quarto,nossoscritériosparadefinir

ascomplicac¸ões neurológicas tiveramcomo base os

pron-tuáriosmédicoseaavaliac¸ãodoneurocirurgiãodaTC-RM.

Enquanto alguns autores usam critérios mais rigorosos

(comprometimento neurológico bem definido,

anormali-dades precisas nas imagens ou intervenc¸ões neurológicas

específicas),24 outros usam critérios mais amplos para

definirascomplicac¸õesneurológicas(novosdéficitsno

pós--operatório).23 Porfim,ospacientesdoGruposCeNCnão

eram comparáveis. As diferenc¸as demográficas e clínicas

sãoexplicadas pelanatureza diferentede suas patologias

cirúrgicas.Enquanto noGrupo C,aprincipal patologiafoi

neoplásicacomgrandeafetac¸ãodoestadogeral,os

pacien-tesdoGrupoNCeramportadoresdedoenc¸aosteoarticular,

típicadaidademaisavanc¸ada,oqueresultaemmais

com-prometimentomotor. A maiorincidência decomplicac¸ões

noGrupo C no períodointraoperatório provavelmente foi

devidaaoaumentodoriscocirúrgiconopré-operatório.

Em resumo, nosso estudo sugere que as escalas de

avaliac¸ão neurológica e do BIS, isoladamenteou em

con-junto, podem ser úteis para prever a ocorrência de

complicac¸ões neurológicasnopós-operatório. Ao conjugar

asavaliac¸ões,onúmerodeeventosdetectadosfoimaior,o

intervalodeconfianc¸afoimenoreasestimativasforammais

precisas. O BIS não substitui o exameclínico neurológico

paraidentificarascomplicac¸õesclinicamentesignificativas.

(12)

escalas que melhor estima a ocorrência de complicac¸ões

neurológicas. Para descobrir o melhor modelo preditivo e

osmelhorespontosdecortes,estudoscomgrandenúmero

depacienteseanálisederegressãologísticamaiscomplexa

sãonecessários.Também seriainteressanteinvestigarque

escalas de avaliac¸ão neurológica são melhores para cada

complicac¸ão neurológica diferente e se essas escalas de

avaliac¸ão neurológica e do BISsão aplicáveis para prever

o resultado em outros procedimentos com alto risco de

complicac¸ões neurológicas no pós-operatório, como

cirur-giascardíacasouortopédicas,ouempacientesneurocríticos

(hemorragia subaracnoide, traumatismo caranioencefálico

etc.).

Aplicados em conjunto, a avaliac¸ão do reflexo pupilar,

GCS, escala de Ramsay, CNS, Nu-DESC e BIS melhoraram

adetecc¸ãoprecocedecomplicac¸õesneurológicas naSRPA

apóscraniotomiaseletivas.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Agradecimentos

Ao Servic¸o de Neurocirurgia em nossas instalac¸ões, bem

comoaoDr.VictorObach(DepartamentodeNeurologia)eao

Dr.JordiRumia(Servic¸odeNeurocirurgia)pelaajudapara

determinarquaisescalasneurológicaserammaisadequadas

paraeste estudo. Agradecemostambém aosoutros

mem-bros doGrupo de AtendimentoPós-Neuroanestesiaa e aos

residentesdeanestesiapelaajudana coletadedados;ao

Dr. Josep María Nicolas pelo apoio e a todos em nossa

instituic¸ão que contribuíram e tornaram este projeto

possível.

Anexo

A.

Escalas

de

avaliac

¸ão

neurológica

aplicadas

no

estudo

Avaliac¸ãodoreflexopupilar

Avaliac¸ão Escore

Tamanhodapupila (esquerda/direita)

1mm 1

2mm 2

3mm 3

4mm 4

5mm 5

Reac¸ãodapupila (esquerda/direita)

Nãoreage 0

Reage 1

Anisocoria:pupilasdetamanhosdiferentes;pupilaquenãoreage: apupilanãosecontraiquandoexpostaaluzbrilhante.

aGrupo deAtendimento Pós-Neuroanestesia: Marta CarmeRN;

Enrique Car-rero MD, PhD; Isabel Cubero RN, MSN; Nicolás de RivaMD,NeusFàbregasMD,PhD;IsabelGraciaMD;SilviaHerrero RN,MSc;PaolaHurtadoMD;DoloresPavonRN;NuriaPeixRN;Montse SánchezRN,MSc;FranciscoJavier TerceroMD;RicardValero MD, PhD.

EscaladeComadeGlasgow(GCS)4

Categoria Resposta Escore

Aberturadosolhos Espontânea 4

Àvoz 3

Àdor 2

Nenhuma 1

Respostaverbal Orientada 5

Confusa 4

Inapropriada 3 Incompreensível 2

Nenhuma 1

Resposta motora

Obedeceacomandos 6 Localizaador 5 Retrac¸ãoàdor 4 Flexãoàdor 3 Extensãoàdor 2

Nenhuma 1

Escoremáximo 15

EscaladeRamsay9

Níveldeatividade Escore

Pacienteansiosoeagitadoouimpacienteou ambos

1

Pacientecooperativo,orientado,tranquilo 2 Pacienterespondesomenteacomandos 3 Pacienteexiberespostaativaaolevetoquena

glabelaouaoestímuloauditivoalto

4

Pacienteexiberespostadébilaolevetoquena glabelaouaoestímuloauditivoalto

5

Pacientenãoexiberesposta 6

EscalaNeurológicaCanadense(CNS)10

Estadomental Escore

Nívelde consciência

Alerta 3,0

Sonolento 1,5

Orientac¸ão Orientado 1,0

Desorientado/NA 0,0

Linguagem Normal 1,0

Déficitdeexpressão 0,5 Déficitdecompreensão 0,0

Total:

Sec¸ãoA1 Func¸ãomotora Fraqueza Escore

Semdéficitde compreensão

Rosto Nenhuma 0,5 Presente 0,0 Brac¸o,

proximal

(13)

Perna, proximal

Nenhuma 1,5

Leve 1,0

Significante 0,5

Total 0,0

Perna,distal Nenhuma 1,5

Leve 1,0

Significante 0,5

Total 0,0

Total:

Sec¸ãoA2 Func¸ãomotora Fraqueza Escore

Déficitde compreensão

Rosto Simétrico 0,5 Assimétrico 0,0 Brac¸os Iguais 1,5 Desiguais 0,0 Pernas Iguais 1,5 Desiguais 0,0 Total:

EscaladeTriagemdeDelírioemEnfermaria(Nu-DESC)11

Sintoma Escore(0---2)

I.Desorientac¸ão

Manifestac¸ãoverbaloucomportamentalde nãoestarorientadonotempoenoespac¸o ounapercepc¸ãodaspessoaspresentes

II.Comportamentoinadequado

Comportamentoinadequadoaolugare/ou àpessoa;porexemplo,puxarostubosou curativos,tentarsairdacamaquandoé contraindicadoecomportamentos similares.

III.Comunicac¸ãoinadequada

Comunicac¸ãoinadequadaaolugare/ouà pessoa;porexemplo,incoerência,falta decomunicac¸ão,discursoincoerenteou ininteligível.

IV.Ilusões/alucinac¸ões

Verououvircoisasinexistentesnolocal; distorc¸õesdeobjetosvisuais.

V.Retardopsicomotor

Reac¸ãoatrasada,poucaounenhuma ac¸ão/palavra;porexemplo,quando estimulado,opacientedemoraareagir e/ounãoconsegueserdespertado.

Total:

Ossintomassãoclassificadosde0a2combasenapresenc¸ae inten-sidadedecadasintoma.

Referências

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Imagem

Figura 1 Cronograma do estudo (SRPA, sala de recuperac ¸ão pós-anestesia; T0, basal; Ta, admissão na SRPA; T1 e T2, mensurac ¸ões em cada turno de enfermagem; Td, alta para a enfermaria de neurocirurgia; BIS, índice bispectral; Escalas, escalas de avaliac
Figura 2 Fluxograma do estudo (UTIC, unidade de terapia intensiva cirúrgica; LCR, líquido cefalorraquidiano; BIS, índice bispectral).
Tabela 1 Características demográficas e clínicas dos pacientes Variável Total (n = 116) GC(n = 70) GNC(n= 46) p
Tabela 2 Alterac ¸ões nas escalas de avaliac ¸ão neurológica e no BIS na SRPA
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Referências

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