REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
MISCELÂNEA
Correlac
¸ão
entre
monitorac
¸ão
do
índice
bispectral
(BIS)
e
concentrac
¸ão
expirada
de
sevoflurano
em
paciente
com
holoprosencefalia
lobar
Dario
Galante
a,∗,
Donatella
Fortarezza
a,
Maria
Caggiano
a,
Giovanni
de
Francisci
b,
Dino
Pedrotti
ce
Marco
Caruselli
daDepartamentodeAnestesiaeTratamentoIntensivo,HospitaisReunidos,Foggia,Itália bDepartamentodeAnestesiaeTratamentoIntensivo,HospitalAgostinoGemelli,
UniversidadeCatólicadoSagradoCorac¸ão,Roma,Itália
cDepartamentodeAnestesiaeTratamentoIntensivo,HospitalS.Chiara,Trento,Itália
dDepartamentodeAnestesiaeTratamentoIntensivo,HospitalInfantilLaTimone,Marselha,Franc¸a
Recebidoem27demarçode2014;aceitoem3dejulhode2014
DisponívelnaInternetem6demarzode2015
PALAVRAS-CHAVE
Holoprosencefalia; Índicebispectral; Sevoflurano; Convulsões
Resumo
Objetivo: Oíndice bispectral(BIS) éum parâmetroderivado poreletroencefalografia (EEG) queforneceumamedidadiretadosefeitosdesedativoseanestésicosnocérebroeorientac¸ão sobreaadequac¸ãodaanestesia.Aliteraturacarecedeestudossobreamonitorac¸ãodoBISem pacientespediátricoscomdoenc¸acerebralcongênitasubmetidosàanestesiageral.
Característicasclínicas:Crianc¸ade13anos,com32kg,comholoprosencefalialobar,foi subme-tidaacirurgiaemqueamonitorac¸ãodaprofundidadedaanestesiacomousodoBISmostrouuma respostaanormal.AanálisedetalhadadastendênciasdosvaloresdoBISnosdiferentestempos deobservac¸ãomostrouquedassúbitasevaloresrepetitivosdoBIS,provavelmenterelacionados àatividadeelétricaepileptiformerepetitivacausadaporsevoflurano.
Conclusão:OBISéumaferramentademonitorac¸ãomuitoútilparaavaliarograude profundi-dadedaanestesiaeasvariac¸õeseletroencefalográficasdosanestésicos.Atenc¸ãoespecialdeve serdedicadaaospacientescomdoenc¸ascongênitasdosistemanervosocentralnosquaisoBIS podeapresentarrespostasanormaisquenãorefletemaavaliac¸ãoprecisadaprofundidadeda anestesia.
©2014SociedadeBrasileira deAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:dario.galante@tin.it(D.Galante). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.07.009
KEYWORDS
Holoprosencephaly; Bispectralindex; Sevoflurane; Seizures
Correlationofbispectralindex(BIS)monitoringandend-tidalsevoflurane concentrationinapatientwithlobarholoprosencephaly
Abstract
Objective:Thebispectralindex(BIS)isaparameterderivedbyelectroencephalography(EEG) whichprovidesadirectmeasurementoftheeffectsofsedativesandanestheticsonthebrain andoffersguidanceontheadequacyofanesthesia.TheliteraturelacksstudiesonBISmonitoring inpediatricpatientswithcongenitalbraindiseaseundergoinggeneralanesthesia.
Clinicalfeatures:A13-year-oldchildweighing32kg,sufferingfromlobarholoprosencephaly, underwentsurgeryinwhichthebispectralindex(BIS)monitoringthedepthofanesthesiashowed anabnormalresponse.DetailedanalysisofthetrendsofBISvaluesinthedifferent observa-tiontimesdemonstratedsuddenfallsandrepetitivevaluesofBISlikelyrelatedtorepetitive epileptiformelectricalactivitycausedbysevoflurane.
Conclusion:TheBISisaveryusefulmonitoringtoolforassessingthedegreeofdepthof anesthe-siaandtoanalyzetheelectroencephalographicvariationsofanesthetics.Particularattention shouldbegiventopatientswithcongenitaldisordersofthecentralnervoussysteminwhich theBISmaygiveabnormalresponsesthatdonotreflectanaccurateassessmentofthedepth ofanesthesia.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevier EditoraLtda.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Holoprosencefalia
Holoprosencefalia(HPE)éumamalformac¸ãocerebral com-plexa,caracterizadaporumaseparac¸ãoincompletadaparte frontaldocérebroentreosdias18e28devidaintrauterina, queafetatantoapartefrontaldocérebroquantoafacee causadefeitosneurológicosefaciaisdegravidadevariável.1
Asuaprevalênciaéde1/250duranteodesenvolvimento
embrionárioiniciale de1/10.000 a1/20.000 em crianc¸as
nascidasatermo.
A gravidade das alterac¸ões tem três formas clássicas,
classificadas de acordo com suas características
anatômi-cas:HPElobar,semilobarealobar.Umsubtipomaisbrando,
conhecidocomoa varianteinter-hemisféricamédia(VIM),
também foi identificado. O fenótipo HPE também inclui
aprosencefalia/atelencefalia (o sinal mais grave),
esqui-zencefalia e HPE septopreótica. As formas menos graves
sãodefinidascomomicroformas,caracterizadaspor
defei-tosna linhamédia, na ausênciade malformac¸ão cerebral
típica deHPE. A doenc¸a, entretanto,é caracterizada por
umespectrocontínuo deseparac¸ão anormaldos
hemisfé-rios cerebrais, em vez de uma subdivisão distinta dessas
formas, que apresentam uma variabilidade clínica
signi-ficativa intra e interfamiliar. Em muitos casos, há uma
correlac¸ãoentreagravidadedasalterac¸õesfaciaise
cere-brais(comexcec¸ãodoscasosdemutac¸ãodogeneZIC2).Em
ordemdecrescentedegravidade,asprincipais
característi-casfaciaissãociclopia,probóscide,agenesiadopré-maxilar,
lábioleporino,coloboma,displasiadaretina,estenosede
coanas, estenose do seio piriforme, hipotelorismo,
inci-sivocentralsuperiorúnicoeatéumrostonormal.Asformas
graves(especialmentena presenc¸a deumaalterac¸ão
cro-mossômica)sãofrequentementefataiseamortalidadeestá
associada à gravidade da malformac¸ão cerebral e
defei-tos associados. Nas crianc¸as que sobrevivem, um amplo
espectrodesinaisrelacionadosfoidescrito:atrasono
desen-volvimento,hidrocefalia,déficitmotor,problemaalimentar,
disfunc¸ãomotora,epilepsiaedisfunc¸ãohipotalâmica.
Dis-túrbiosendócrinosoriundosdeanormalidadeshipofisárias,
comodiabetesinsípidocentral,sãocomuns.
Aholoprosencefalialobaréaformaclássicamaisbranda
deholoprosencefalia.Caracteriza-sepelaseparac¸ãoentre
oshemisférioscerebrais(esquerdoedireito)eosventrículos
lateraiseajunc¸ãoaolongodoneocórtexfrontal,
particu-larmenterostraleventralmente.Aproximadamente19%dos
pacientescomHPElobartêmaformalobar.
Índicebispectral
A monitorac¸ão do índice bispectral (BIS) permite uma
avaliac¸ão precoce, em tempo real, dos efeitos de
anes-tésicosadministradosaopaciente monitorado.2Oimpacto
clínicodamonitorac¸ãodoBISfoi relatadoem vários
estu-dosrandomizadosecontrolados,querevelaramcomoessa
ferramentatambémofereceumaseguranc¸amaiorao
paci-ente. Emespecial,esseequipamentopodereduzirorisco
de uma potencial sensibilizac¸ão e/ou consciência
intrao-peratória medida em umnível contínuo, nãoinvasivo, de
sedac¸ãodopacientepormeiodesensoresadesivos
especi-ais.OBISéumparâmetroderivadodaeletroencefalografia
(EEG) que fornece uma mensurac¸ão direta dos efeitos de
sedativos e anestésicos no cérebro e oferece orientac¸ões
sobreaadequac¸ãodaanestesia.3,4Pesquisamostraque,sob
anestesiageral,cercadedoisemmilpacientes
experimen-tamumaconsciênciaintraoperatória.Atualmente,oBISéa
únicatecnologiaparamonitoraroestadodeconsciênciaque
podereduziremcercade80%aincidênciadoriscono
numéricoentre0-100,doisnúmerosqueindicamaausência
deatividadecerebralevigília.Oanestesiologista,grac¸asa
esseíndice,podeadministraraquantidadeidealde
medica-mentosparacadapaciente,demodoamanterovalordoBIS
dentrodeumafaixaquegaranteumarespostanãoverbala
estímulosebaixaprobabilidadedememóriaexplícita.
Estu-dosprospectivosrelataramqueumBISmantidoentre40-60
garanteumestadohipnóticoadequadoduranteaanestesia.
A confiabilidade e a precisão da monitorac¸ão do BIS
em pacientes pediátricos ainda estão sendo estudadas,
especialmenteemcrianc¸asmuitojovens,recém-nascidose
lactentes. Além disso, não há estudos sobreo uso do BIS
empacientespediátricosquesofremdedoenc¸ascongénitas
rarasdosistemanervosocentral.Umagrandevariabilidade
nosvaloresdoBISem relac¸ãoàsdosagensdosanestésicos
usadosfoiobservadaemmuitascrianc¸as.
Relatodecaso
Umpacientede13anos,32kg,comholoprosencefalialobar,
deuentradaemnossainstituic¸ãoparaprocedimento
cirúr-gico de orquidopexia. O paciente estava em tratamento
medicamentosocomvalproatodesódio,clorazepam,
levo-tiroxinasódica,somatropinaedesmopressina.Ainduc¸ãofoi
feita por via inalatória, sem medicac¸ão prévia, com uma
mistura dear, oxigênioe sevofluranoa umaconcentrac¸ão
de 6% e FiO2 de 0,4; e imediatamente após procedeu-se
comcanulac¸ãodeveiaperiférica,seguidaporadministrac¸ão
de fentanil (2g.kg-1) e cisatracúrio (0,15mg.kg-1). Em
seguida, uma máscara laríngea Proseal (tamanho 2,5) foi
inserida.Opacientefoientãoconectadoàventilac¸ão
mecâ-nica com uma mistura de ar, oxigênio e concentrac¸ão
de sevoflurano a 3% no fim da expirac¸ão com FiO2 de
0,4 e reduzido posteriormente para 2%, como resultado
da avaliac¸ão com o BIS, o que permitiu uma perfeita
adaptac¸ão à ventilac¸ão artificial. Todos os sistemas
habi-tuais de monitorac¸ão hemodinâmica e respiratória foram
aplicados:pressãoarterial,ECG,ETCO2eSpO2.Apartirda
induc¸ão,ossensoresfrontaisadesivosforamaplicadosparaa
detecc¸ãodoBIS(BISVistaMonitoringSystemTM,Aspect
Medi-calSystem,EUA)eregistraram-seastendênciasdedurac¸ão
dacirurgiaatéodespertardopaciente.OsvaloresdeBIS
foramregistrados nos seguintes tempos: Ti (induc¸ão), Tsis
(incisãocirúrgicadapele),T5(cincominutosapósaincisão
dapele),Tsevo2 (apósa reduc¸ãodaconcentrac¸ãoexpirada
desevofluranoa2%)eTrecuperac¸ão (descontinuac¸ãode
sevo-fluranoeaodespertar).
Duranteafasedeinduc¸ãocomsevofluranoa6% (Ti),o
BIS registrou umvalor mediano de 27,5±3,5 DP (fig. 1).
No momento da incisão cirúrgica da pele, com uma
concentrac¸ãoexpiradadesevofluranoa3%(Tsis),amediana
foide41,5±4,3DP(fig.1)ecincominutosapósaincisãona pele(T5)amedianafoide26,0±4,2DP(fig.2).Por
conside-rarmososvaloresacimadoBISmuitobaixosemcomparac¸ão
comosvalorespadrãode40-60paraumplanode
aneste-sia adequada, decidimos reduzira concentrac¸ão expirada
desevofluranopara2%(Tsevo2).Duranteessetempo,
regis-tramos osvalores doBIS de26,5±5,3 DP(fig. 3).No fim
dacirurgia, aproximadamente75minutosapós a induc¸ão,
interrompemosaadministrac¸ãodesevoflurano(Trecuperac¸ão)
atéodespertardopaciente.AmedianadosvaloresdoBIS
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Tempo Tsis Ti
Valores BIS
Figura 1 Valores do BIS nos momentos da induc¸ão (Ti,
27,5±3,5DP)eincisãocirúrgicadapele(Tsis,41,5±4,3DP).
foi29,5±8,1DP,comummáximode47eummínimode17
(fig. 4).OsvalorestotaisdoBISrelacionadosàdurac¸ãoda
cirurgiamostraramumaprofundidadeexcessivada
aneste-siacommedianade27±6,3DP(fig.5).
O despertar ocorreu sem complicac¸ões, agitac¸ão ou
convulsões.Durante todaa cirurgia, os parâmetros
respi-ratóriosehemodinâmicosestavamdentrodanormalidade:
frequênciacardíaca: 81,3±3,3 DP;pressão arterial
sistó-lica:101,3±2,0DP;pressão arterialdiastólica:52,0±2,3
DP;pressão arterialmédia:68,5±1,8DP(fig.6).Durante
oTsevo2,umaeletroencefalografia(EEG)foifeitaemostrou
umaatividadeepileptiformecomespículas(fig.7).
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Tempo T5
Valores BIS
Figura2 ValoresdoBIScincominutosapósaincisãodapele
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Tempo Tsevo2
Valores BIS
Figura3 ValoresdoBISnofimdaexpirac¸ãocomsevoflurano a2%(Tsevo2,26,5±5,3DP).
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Tempo Trecuperação
Valores BIS
Figura4 ValoresdoBISdurantearecuperac¸ãodopaciente (Trecuperac¸ão,29,5±8,1DP).
Discussão
Aliteraturaéescassa em estudossobreamonitorac¸ão do
BISem pacientespediátricos comdoenc¸acerebral
congê-nita,submetidosàanestesiageralparaacirurgia.Portanto,
émuitodifícilinterpretarosmecanismospelos quaisessa
monitorac¸ãopodeestarsujeitaamudanc¸asealterac¸õessob
anestesia.5OBISexpressaaprofundidadedaanestesiacom
umvalornuméricoquevariade0(anestesiaprofunda)a100
(pacienteacordado),enquantoosvaloresentre40e60são
consideradosideaisparaumaanestesiacirúrgicaadequada.
Emprincípio, osvaloresdoBISregistrados nafaixaetária
pediátricasãoinversamente proporcionais àconcentrac¸ão
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Valores BIS
Tempo
Duração total do procedimento
Figura 5 Valoresdo BISdurantetodoo tempo de
procedi-mentocirúrgico(27±6,3DP).
120
100
80
60
40
20
0
mmHg/HR
FC PAS PAD PAM Tempo
Figura 6 Parâmetros hemodinâmicos registrados durante
todootempodeprocedimentocirúrgico(FC:frequência
car-díaca; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial
diastólica;PAM:pressãoarterialmédia).FC:81,3±3,3DP;PAS:
101,3±2,0DP;PAD:52,0±2,3DP;PAM:68,5±1,8DP.
expirada de sevofluranoe correlacionam-se muitomelhor
comasalterac¸õesdapressãoarterialefrequênciacardíaca.
Além disso, a concentrac¸ão expirada de sevoflurano,que
corresponde a um BIS de 50 (95%), é maior em crianc¸as
menores de dois anos em comparac¸ão com crianc¸as mais
velhas (1:55% versus 1:25%). Na fase de recuperac¸ão, as
alterac¸ões doBIS são maisprogressivas em crianc¸as mais
velhas,emcomparac¸ãocomcrianc¸aspequenasquemostram
umperfilde‘‘acorda-adormece’’.6
Em nosso caso clínico, apesar de termos usado
concentrac¸ões mais elevadas de sevoflurano comparadas
comasindicadasacima,desdeomomentodainduc¸ãoaté
odespertarosvalorestotaisdoBISrelacionadosàdurac¸ão
dacirurgiamostraramumaprofundidadeexcessivada
anes-tesia, com média dos valoresde 27±6,3 DP. Esses dados
podemsercompreensíveisduranteasfasesiniciaisda
anes-tesia,particularmentedainduc¸ão(Ti27,5±3,5DP),quando
asconcentrac¸õesdesevofluranoprecisamestarmaisaltas.
Nasfasessubsequentes,especialmenteemTsevo2,a
expec-tativaeradeumaumentonosvaloresdoBISapósareduc¸ão
daconcentrac¸ão expiradadesevoflurano.Em contraste,a
medianadosvaloresregistradosdoBISfoiparadoxalmente
inferior(Tsevo226,5±5,3DP).Deformasimilar,osvaloresdo
BISduranteodespertarforambaixos(Trecuperac¸ão 29,5±8.1
DP)em vezdeseaproximaremde60,oquenormalmente
indicaaretomadadeconsciênciadopaciente.Ovalor
relati-vamentemaisaltodoBISe,portanto,maispertodafaixade
40-60foiencontradoapenasnomomentodaincisãodapele
(Tsis41,5±4,3DP),emboraoBISnãotenhaespecificidade
paraaprevisãoderespostaaestímulosnociceptivos,uma
vezqueéumvalormaisoumenosinsensívelaosnarcóticos
enquantorefleteoestadohipnótico.
Em nossa opinião, o mecanismo e as possíveis causas
dessa resposta anormal pode ser demonstrado em uma
análise detalhada das tendências dos valores do BIS nos
diferentestemposde avaliac¸ão. EmT5,Tsevo2 eTrecuperac¸ão
(figs. 2---4), em particular, observamos uma variabilidade
rápidacomquedassúbitasevaloresrepetitivosdoBIS.Não
havia artefatos e o paciente, em outros aspectos, estava
bemcurarizado:índicedequalidadedesinal(IQS),
eletromi-ografia(EMG)evalordataxadesupressão(VTS)mostraram
umaboaqualidadedesinal.
Esse fato nos leva a outro relato de caso publicado,
emboradepacienteadulto,noqualsevofluranodeterminou
atividadeelétricaepileptiformerepetitivacomquedasúbita
erápidadosvaloresdoBIS,resolvidacomaadministrac¸ão
deantiepilépticosduranteacirurgia.7
Estábemdocumentadoquesevofluranopodeestimular
uma atividade epileptogênica8-10 e a eletroencefalografia
registradadurante o Tsevo2 mostrouuma atividade
epilep-tiformecomespículas.Emnossocaso,aholoprosencefalia
lobareraumadoenc¸aacompanhadaporepilepsia.Embora
o paciente já estivesse sendo tratado com
medicamen-tosparaadoenc¸asubjacente, devemospresumirque eles
nãoconseguiram limitar as mudanc¸as rápidasobservadas,
como BISe sevofluranodesempenhando umpapel
impor-tante.Nãousamosmedicamentosantiepiléticosqueseriam
úteiscomocritérioexadiuvantibusparademonstrara
natu-reza das alterac¸ões nos valores do BIS. Na realidade, do
pontodevistaclínico,nãoobservamosconvulsõesdurante
acirurgia oudurantea fasede despertar.É provável que
a atividade epiléptica tenha sido umamanifestac¸ão
neu-roelétricadetectada peloBIS.Por fim, aboa estabilidade
hemodinâmica durante toda a operac¸ão confirma que as
concentrac¸õesdesevofluranoestãomaisbemrelacionadas
aoBISdoqueasvariac¸õesdapressãoarterialefrequência
cardíacanopacientepediátrico.
Conclusões
O BIS é uma ferramenta de monitoramento muito útil
para avaliar o grau de profundidade da anestesia e
ana-lisar as variac¸ões eletroencefalográficas dos anestésicos.
Atenc¸ãoespecialdeveserdedicadaapacientescomdoenc¸as
congênitas do sistema nervoso central nas quais o BIS
podeapresentarrespostasanormaisquenãorefletemuma
avaliac¸ãoprecisadaprofundidadedaanestesia.Issoé
par-ticularmenteimportante em casosdealtasconcentrac¸ões
desevofluranoquepodemresultaremac¸ãoepileptogênica.
Nessescasos,aescolhadeumatécnicaanestésicadiferente
deveserconsiderada.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
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