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EDUCAÇÃO EMOCIONAL NA ESCOLA

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO EMOCIONAL

NA ESCOLA

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Jair de Oliveira Santos

EDUCAÇÃO EMOCIONAL

NA ESCOLA

A Emoção na Sala de Aula

Salvador – Bahia – 2000

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Copyright 2000, by: Jair de Oliveira Santos Todos os direitos reservados a:

Jair de Oliveira Santos

Rua Rio de Janeiro, 679, Pituba Telefax: (071) 3248-0340

E-mail: castroalves@castroalves.br Home Page: http://www.castroalves.br Salvador – Bahia – Brasil

Editado pela Faculdade Castro Alves

Instituição Mantenedora – Administradora Educacional Santos Ltda Rua Mal. Andrea, 226 – Pituba – Bahia – Brasil

Cep: 41.820-090 CNJP – 02854823/0001-00 INSC. EST.: 5499-4 Tel: (071) 3248-1455 Fax: 3248-0340 2a Edição, setembro, 2000 152.4

S235e Santos, Jair de Oliveira.

Educação Emocional na Escola / Jair de Oliveira Santos: A Emoção na Sala de Aula.

Salvador, 2000. 316p.

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A Olívia,

esposa, companheira e amiga

- cuja vida é uma lição de bem querer - com o carinho

e o afeto de sempre.

Para meus filhos e meus netos, com carinho.

A meus Pais,

que me ensinaram, com o exemplo, o bem querer

(6)
(7)

"Quem conhece aos outros é inteligente Quem conhece a si mesmo é sábio."

Lao Tsé - Tao Te King, XXXIII "Um problema da nossa sociedade atual é que temos uma atitude diante da educação como se ela existisse apenas para tornar as pessoas mais inteligentes, para torná-las mais criativas.(...). A utilização correta da nossa inteligência e conhecimento consiste em provocar mudanças de dentro para fora, para desenvolver um bom coração.”

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S U M Á R I O

Prefácio ... 15 Apresentação ... 23 PARTE I Compreendendo a Emoção 1. Que é emoção? ... 33 Emoções Principais ... 37

Controle das Emoções ... 39

PARTE II Porque e Para que Educação Emocional 2. Que é Educação Emocional ... 45

Bases psicológicas da educação emocional ... 50

Necessidade da educação emocional ... 51

3. Fundamentos e Aspectos Históricos da Educação Emocional... 55

A educação emocional deve começar na família ... 57

Uma experiência bem sucedida ... 64

Os valores na Educação Emocional ... 65

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PARTE III

Alguns Atores da Cena Emocional

4. Conhecendo a nós mesmos ... 77

Como pensamos ... 80

Como ampliar a autoconsciência ... 82

Para conhecer nossas emoções ... 87

5. Controle da raiva ... 95

Tipos de raiva ... 97

O que faz a pessoa com raiva ... 100

Reações corporais ... 101

A raiva no Budismo: O Lamrim e o Dalai Lama ... 102

A raiva que separa os casais ... 107

Como controlar e evitar a raiva ... 114

O mal que a raiva faz ... 117

6. Como agir no medo ... 123

Disfarces e tipos de medo ... 125

O que nos faz sentir medo ... 127

Conduta no medo e suas conseqüências ... 129

Preocupação ... 130

Como aprendemos a ter medo ... 131

O medo no local de trabalho ... 137

Como enfrentar medo e preocupação ... 139

Ansiedade ... .141

7. Como agir na tristeza ... 149

Tipos e conseqüências da tristeza ... 152

Depressão ... 153

(11)

8. Como prevenir o estresse ... 161

As fases do estresse ... 165

O que produz estresse ... 167

Formas e conseqüências do estresse ... 172

Estresse e memória ... 175

Como lidar com o estresse ... 180

9. Relacionamento ... 186

Os níveis de Comunicação ... 196

Relacionando-se nos mesmos níveis ... 200

Como relacionar-se com pessoa reservada ... 202

Como relacionar-se com pessoa sociável ... 204

Como relacionar-se com pessoa de auto-estima baixa ... 204

10. Comunicação ... 210

Sensibilidade ... 212

Comunicação não verbal ... 212

Estímulos sociais ou carícias ... 216

Comunicando-se bem ... 219

Algumas regras de comunicação ... 225

PARTE IV Aspectos práticos e teóricos da Educação Emocional 11. Resultados da Educação Emocional ... 230

Resultados do Programa do Colégio Águia ... 231

12. Múltiplas Inteligências ... 234

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PARTE V Cenário da Mente e Evolução do Conceito de Emoção

14. O cenário da mente ... 248

Atores da consciência e suas relações ... 251

15. Significado e Mecanismos das Emoções... 260

O urso da floresta ... 260

As Emoções vêm do cérebro ... 262

A Emoção é produto do meio ... 266

A Emoção é uma tendência ... 267

O inconsciente emocional ... 269

O cérebro do homem e o cérebro da cobra ... 274

O centro cerebral das Emoções ... 276

Considerações finais ... 290

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│ P R E F Á C I O D A S E G U N D A E D I Ç Ã O │

Alguns fatores nos levaram a publicar esta segunda edição. O primeiro é que a Educação Emocional na Escola é um novo ramo de conhecimento, ainda em processo de elaboração, na condição de aplicação prática dos conhecimentos referentes à inteligência emocional, conceito ainda em fase de elaboração. Deve-se levar em conta a recente reformulação feita pelo seu criador, Peter Salovey, que declarou recentemente:

"

Usar as emoções como base para o pensamento e pensar

com as próprias emoções pode estar relacionado com

competências

sociais

e

comportamentos

adequados

importantes. No momento, estamos no início da curva do

aprendizado sobre inteligência emocional: os próximos anos

deverão trazer pesquisas estimulantes que contribuam para

nossa compreensão do conceito".

Dentro deste espírito, entendemos que deveríamos acrescentar novos conceitos e outras visões. No capítulo da Raiva incluímos a visão da Ira na Psicologia Budista, como uma delusão, segundo uma de suas escrituras fundamentais,

o

Lamrim

(em tibetano), traduzido como

"tapas do Caminho",

de acordo com Gyatso. Foi incluída também a visão do Dalai Lama sobre a raiva.

(14)

americana Bonnie Maslin e novas considerações no capítulo destinado ao Medo. Ampliamos as

Considerações Finais

, com análises de naturezas sociológicas e filosóficas.

Acrescentamos dois novos capítulos, um referente ao Relacionamento (capítulo 9) e outro à Comunicação (capítulo 10), os quais representam a passagem dos estudos da Psicologia Individual para a Psicologia Social. Ambos foram inspirados na nossa experiência com os Programas de Educação Emocional desenvolvidos na Faculdade Castro Alves e no Colégio Águia.

No capítulo do Relacionamento (9) são apresentados os objetivos de um relacionamento, a análise de como identificar as necessidades do outro, de como agir para que ele seja duradouro, como trocar informações, técnicas para desenvolver um bom relacionamento, os níveis de comunicação em um relacionamento. Por fim são dadas orientações para relacionamento com pessoas reservadas, ou sociáveis ou com auto - estima baixa.

No capítulo 10 analisamos o conceito e os objetivos da comunicação, características de uma comunicação eficaz, a sensibilidade, a comunicação não verbal, as carícias, e técnicas e regras para desenvolver uma comunicação eficaz.

O segundo fator, que nos motivou profundamente para a elaboração desta segunda edição, foi a grande aceitação do livro por parte de professores e alunos da Faculdade Castro Alves. A obra foi adotada como livro básico para a disciplina de Educação Emocional, ministrada pioneiramente no Brasil pela Castro Alves, autorizada pelo Parecer 819/99 do Conselho Nacional de Educação.

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Avaliação de Saída, por eles preenchidos no fim do mesmo semestre.

O fato de ser um curso pioneiro no ensino superior no Brasil tem despertado a atenção da mídia, e o jornal “ A TARDE” , em sua edição de 9/7/2000 publicou a seguinte entrevista com dois alunos da Faculdade Castro Alves:

"O aluno de Marketing, Paulo Barros disse que:

"

Depois da Educação Emocional passei a ser mais tranqüilo

e menos ansioso. Melhorei muito meu convívio familiar,

inclusive no relacionamento com a noiva. Acho que a Educação

Emocional é fundamental para nossa formação".

Silvana Cambuí, também do curso de Marketing, disse que:

"O estudo da educação Emocional ajudou muito meu

desenvolvimento pessoal. Fiquei mais confiante em mim e

passei a me relacionar melhor com todo mundo, inclusive com

minha filha. Passei a compreender melhor meu marido, e fiquei

mais paciente com ele. Hoje convivo melhor com todos de

minha família"

.

O mesmo jornal publicou em sua edição de 28/5/00 outra entrevista com alunos da Castro Alves. Otto Segundo disse sempre ter tido interesse pelo tema, arrematando:

'E agora só faço me interessar mais pelos estudos da

Educação Emocional"

.

Mônica Pedrosa declarou que:

“ Depois que passei a estudar Educação Emocional minha

relação com o mundo mudou. Sei que no futuro isso vai ser um

diferencial em minha carreira profissional, mas no presente já

estou colhendo os frutos de conhecer minhas emoções nas

relações do cotidiano” .

(16)

novas pesquisas e estudos que serão realizados, havendo a necessidade de permanente atualização.

Jair de Oliveira Santos

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│ P R E F Á C I O D A P R I M E I R A E D I Ç Ã O │

Jair de Oliveira Santos trouxe para o ensino a sua experiência em medicina e em educação médica. E

Educação

Emocional na Escola

:

a emoção na sala de aula

é um livro gestado na convergência das preocupações com os objetivos educacionais que devem ir muito além do conhecimento discursivo.

Como médico e educador, Jair tem uma ilustre coorte de antecessores. A tendência médica bem baiana para a Medicina e para a educação é uma vertente tradicional com destacadas manifestações. Graduado em Medicina, em 1962, antes já era professor de Física no ensino médio.

Inclinado para o ensino, ingressa na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBa), onde realiza toda sua carreira docente de instrutor de ensino superior a professor adjunto. Na atividade fundante da sala de aula, no magistério secundário e superior, formou-se professor.

Iniciou a caminhada, como convém, no ensino médio, no Colégio Estadual da Bahia, de 1958 a 1966. Já como professor começou a manifestar liderança administrativa em cursos de vestibular, criando depois a sua própria tenda de trabalho, experimentando teorias, métodos e técnicas de ensino-aprendizagem.

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Paralelamente, trabalhará em dois níveis de ensino-médio e superior. No médio, como administrador criativo confirmará anos e anos de conhecimento prático – e a educação aristotelicamente é um conhecimento prático, aplicado – graduando-se em Pedagogia, pela Faculdade de Educação da Bahia, em 1986, integra prática com teoria.

Já a via do ensino superior apresentou-se como uma excelente oportunidade de desenvolver a educação médica. Participa, então, da douta Congregação da Faculdade de Medicina, coordena a disciplina Iniciação do Exame Clínico, preside a comissão de currículo, assessora, compõe e coordena o Colegiado do Curso de Medicina. Durante mais de uma dezena de anos ocupou-se da Educação Médica, tendo pela mesma um denodado carinho demonstrado em Educação Médica; Filosofia, valores e ensino (Salvador, 1987), e em Educação Médica e Humanismo (Salvador, 1984). Freqüenta congressos e reuniões da Associação Brasileira de Educação Médica e colabora com a Revista Brasileira de Educação Médica.

Como profissional da medicina, cardiologista, ocupa várias posições em hospitais, na Secretária de Saúde do Estado da Bahia, no Pronto-Socorro e em centros de saúde.

Pela vereda da educação que soube tão bem abrir, segue com o seu Colégio Águia, como fundador, diretor, professor e orientador. Aposentando-se da Ufba, concentra-se nos seus experimentos pedagógicos, emprestando especial atenção à qualidade total na escola, à educação holística e, mais recentemente, à educação emocional, à qual dedica vários ensaios acerca do medo, estresse, controle da raiva, tristeza, autoconsciência, sistematizando-os neste volume.

(19)

A

Educação Emocional

na Escola

é uma manifestação de sua vocação acadêmica e produção científica, composta de vários trabalhos médicos e educacionais. Em síntese, como o autor afirmar:

"Na elaboração deste trabalho moveu-nos a intenção de

chamar a atenção dos que se dedicam à educação, para uma

pedagogia voltada para os sentimentos e emoções".

Um pouco mais adiante, continua:

"Acreditamos que a educação com objetivos exclusivamente

cognitivos tem se mostrado insatisfatória pois apesar de tantos

avanços tecnológicos, da televisão, dos computadores,

multimídia, utilizados no processo educacional, as novas

gerações têm mostrado crescente falta de competência

emocional e social".

No seu esforço de reflexão, Jair, com este livro contribui para o debate acerca da aplicação da inteligência emocional na escola.

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│ A P R E S E N T A Ç Ã O D A P R I M E I R A │

E D I Ç Ã O

Este livro é o fruto do esforço que desenvolvemos há décadas no sentido de melhor compreender este fascinante aspecto da personalidade humana que é sua dimensão emocional. Desde os anos 70 tivemos nossa atenção voltada para o tema, inclusive pela condição de Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, pois esta é uma dimensão de grande significado no exame do paciente, e que deve ser devidamente pesquisada e interpretada na anamnese, quando é feito o estudo de sua história social e personalidade. Na época a bibliografia era limitada, pois as pesquisas relativas ao tema eram escassas.

Nos anos 80, ao fazer um curso de graduação em Pedagogia, na Faculdade de Educação da Bahia, estudando Psicologia Geral e Psicologia da Educação, tivemos oportunidade de aprofundar nossas reflexões sobre este intrigante tema que é a emoção humana.

A partir dos anos 80, surgiram novos pesquisadores sobre o assunto, e, principalmente nos anos 90, intensificaram-se as pesquisas, com avanço considerável da quantidade de conhecimentos disponíveis sobre a função de áreas cerebrais relacionadas com o desenvolvimento do processo emocional.

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sede da função cognitiva. Foram identificados tratos nervosos ligando as regiões onde se processam as emoções e as zonas onde se processa o pensamento racional (neo-córtex cerebral), possibilitando o entendimento de relações entre a mente emocional e a mente racional.

Em 1997 publicamos um livro sobre educação emocional, com o título "

Educação Emocional – aspectos históricos,

fundamentos e resultados"

, logo esgotado. Não fizemos nova edição face a nossa intenção, ora concretizada, de publicarmos a obra atual, ampliada, contendo inclusive o resultado de nossa experiência com a implantação de um Programa de Educação Emocional no Colégio Águia, por nós fundado e dirigido.

Este programa foi grande fonte de aprendizagem, e nos motivou a elaborar e publicar seis manuais, para utilização dos alunos, abordando os conceitos fundamentais da psicologia das emoções, a autoconsciência, a raiva, o medo, a tristeza e o estresse.

Na elaboração deste trabalho moveu-nos a intenção de chamar a atenção dos que se dedicam à educação, para uma pedagogia voltada para os sentimentos e emoções. É um tema que não tem sido devidamente abordado na escola, e sobre o qual devem ser desenvolvidos estudos, reflexões, pesquisas e experimentos, visando estabelecer uma metodologia adequada para sua implantação e implementação.

Em todos os cantos do mundo as estatísticas mostram o aumento da violência, da intolerância, do medo, da depressão e do suicídio entre os jovens. A violência e a intolerância dos adultos também é crescente, registrando-se um número cada vez maior de separações e divórcios entre os casais. Estes são sintomas evidentes de erosão e ruptura do tecido social, decorrentes da incompetência emocional e social do homem e da sua incapacidade de convívio harmônico na sociedade.

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sociais, nas mais abastadas e nas menos favorecidas economicamente, somado aos fatores acima mencionados, são uma demonstração inquestionável da falência dos paradigmas educacionais vigentes e da necessidade de uma reflexão mais profunda sobre eles.

Cabe aos educadores conscientes de suas

responsabilidades, buscar alternativas de soluções para esta grande crise, as quais devem passar pela inclusão do paradigma emocional no processo educacional. Este é o objetivo maior deste estudo: chamar a atenção para a necessidade da educação emocional sistemática, dentro da escola e no lar.

Defendemos que deve ser dada à emoção e aos sentimentos da criança, do adolescente e do adulto, a mesma atenção dada à sua educação cognitiva. Podemos inferir de experiências educacionais efetuadas nos Estados Unidos, referidas neste trabalho, que é através da educação das emoções que poderemos contribuir para modificar este quadro dramático.

A obra atual contém as idéias expostas no livro anterior e os conteúdos desenvolvidos nos manuais citados, utilizados como textos básicos pelos alunos que participaram do programa, do ensino fundamental e médio, e pelos professores, orientadores e supervisores nele envolvidos. Apresentamos novos conceitos resultantes de pesquisas bibliográficas efetuadas recentemente, e é relatada nossa experiência com a implantação do Programa de Educação Emocional no Colégio Águia.

Ao concluir a elaboração deste trabalho tivemos reforçada nossa convicção de que há necessidade absoluta da implantação da educação emocional na escola, com a implementação do Paradigma Emocional, ao lado do Paradigma Cognitivo-Racional, que está esgotado, enquanto parâmetro exclusivo.

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fundamental, ao médio e ao superior, sejam institutos de educação superior, faculdades isoladas, faculdades integradas, centros universitários ou universidades. Defendemos a implantação da educação emocional também no nível superior, e na Faculdade Castro Alves, que será brevemente implantada e dirigida por nós, com cursos de Administração Geral, Administração com ênfase em Marketing e Administração com ênfase em Recursos Humanos, em todos os currículos plenos constará a disciplina Educação Emocional.

A obra está dividida em cinco partes, sendo o objetivo da primeira buscar elementos que permitam a compreensão do que seja uma emoção (capítulo 1). Na segunda parte, nos capítulos 2 e 3, procuramos conceituar a educação emocional, estabelecer seus fundamentos e relatamos alguns aspectos históricos. A terceira trata da autoconsciência, de algumas das emoções principais - raiva, medo, tristeza e do estresse (capítulos 4 a 8). Na quarta parte consideramos os resultados da educação emocional, e analisamos a teoria das múltiplas inteligências e os paradigmas educacionais (capítulos 9 a 11). Na quinta e última parte, nos capítulos 12 e 13, analisamos o cenário da mente, e o significado e mecanismos das emoções.

No primeiro capítulo, à guisa de introdução, apresenta os conceitos fundamentais da Psicologia das Emoções. A emoção é considerada uma forma de energia e uma reação do organismo a estímulos externos ou internos. Segue-se análise dos seus elementos e das reações corporais que produzem, e classificação. Continua com o controle das emoções e são estabelecidas as bases psicológicas da educação emocional, bem como seus objetivos, sendo enfatizada sua necessidade.

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natureza mental, e procuram nos tranqüilizantes, álcool e nas drogas solução para seus problemas existenciais.

O capítulo 3 trata dos fundamentos e aspectos históricos da educação emocional. Nos fundamentos consideramos seus princípios, o papel da família como fonte de ensinamentos, o papel da empatia, os limites do comportamento do educando e a relação entre educação emocional e valores. Nos aspectos históricos, enfatizamos que a preocupação com as emoções é antiga, tendo sido objeto do pensamento e da observação oriental, no budismo, hinduísmo e entre os judeus essênios, dentre outros.

O capítulo 4 trata da Autoconsciência, seu conceito e importância prática, seus elementos, e uma classificação das pessoas quanto à autoconsciência e à reação às emoções. Analisamos os tipos de pensamentos, com ênfase nos diálogos internos e nos pensamentos automáticos e a importância deles na Educação Emocional. São analisadas formas de ampliação da autoconsciência, recomendações para monitorá-la e a importância do relaxamento. Por fim é considerado o autoconhecimento emocional, através da meditação, música e do diário de emoções.

O capítulo 5 trata da raiva, seu significado e finalidade, e seus mecanismos desencadeadores, tipos, conduta da pessoa enraivecida e de suas reações corporais. Analisamos suas formas de manifestação e os meios para identificá-la, bem como as formas de ação diante dela, como saber se alguém está com raiva e os meios para o controle dela. Por fim, recomendações do que fazer para evitá-la e seus efeitos deletérios sobre o coração e o corpo.

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O capítulo 7 refere-se à Tristeza - seu conceito, a questão de sua origem genética e da influência do meio ambiente na sua expressão. Segue análise da sua função, das diferentes formas de apresentação, da reação de luto, sua importância e suas diferentes etapas, tipos e causas, conduta da pessoa com esta emoção e suas conseqüências, bem como as reações que o organismo apresenta quando a pessoa está triste. A depressão, forma de luto muito freqüente merece atenção especial, com orientação para seu reconhecimento prático e dos fatores que podem interferir em seu aparecimento. Por fim, orientação do que deve e do que não deve ser feito diante da tristeza e a depressão, e a questão da repressão da tristeza.

O capítulo 8 trata do estresse, sendo apresentado seu conceito e significado, fases e sintomas, causas, tipos e conseqüências no organismo: coração, tensão arterial, infecções, diabetes, estômago, intestino, e glândulas endócrinas. É tratada a relação entre estresse e memória e é dada orientação do que deve e do que não deve ser feito por uma pessoa estressada.

No capítulo 9 são abordados os resultados da educação emocional obtidos em experiências escolares e pesquisas laboratoriais, desenvolvidas nos Estados Unidos. Os efeitos vão desde a melhora do controle dos impulsos e do autocontrole de um modo geral, até à melhoria do relacionamento social e familiar, com menos delinqüência, redução da ansiedade e melhor auto-estima. Tratamos dos resultados de nossa experiência no Colégio Águia.

O capítulo 10 refere-se às Múltiplas Inteligências de Gardner, pensamento que representa um grande avanço, carecendo entretanto de estudos, experimentos e pesquisas para sua implantação adequada na escola, em larga escala.

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holístico, considerando uma necessidade imperiosa a busca de alternativas de soluções.

No capítulo 12, descrevemos o cenário em que se desenvolvem a funções psíquicas - o cenário da mente, considerando-a como uma função da ativação dos neurônios cerebrais. Analisamos as relações do campo da consciência com o inconsciente, e tratamos dos conceitos de elementos fundamentais para o processo da educação emocional – vontade, atenção e pensamento.

O capítulo 13 trata da evolução do conceito de emoção a partir das idéias de William James, que a concebeu como reação do organismo. Seguem as idéias de Cannon e Bard, que conceituaram a emoção como o resultado de processos que têm curso no cérebro, no hipotálamo. Continuamos com a abordagem cognitivista de Stanley Schachter e Jerome Singer, que destacam no processo emocional o papel da consciência, abordagem endossada por Magda Arnold na sua teoria da avaliação, que admite ser a percepção da emoção resultante de uma tendência à ação que a pessoa exposta a uma experiência emocional tem. A avaliação é a apreciação mental do dano ou benefício potencial de uma situação. São descritas as concepções de Robert Zajonc e de Joseph Le Doux sobre o inconsciente emocional, bem como as de Papez sobre o fluxos do sentimento e de pensamento na gênese das emoções. Finalmente, tratamos da teoria do sistema límbico e do cérebro trino de Paul Mac Lean e apresentamos as restrições a ela feitas por Le Doux, e o papel da amígdala cerebral na gênese da emoções.

Seremos gratos a todos que enviarem sugestões e comentários sobre este trabalho, pois certamente ajudarão para o aprimoramento de novas edições que virão, pois este é um tema de ponta do novo conhecimento humano, e, face às novas pesquisas que serão realizadas, haverá a necessidade de permanente atualização.

Jair de Oliveira Santos

Rua Rio de Janeiro, 679, Pituba Salvador, Bahia

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P A R T E I

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(31)

1 │

O q u e é E m o ç ã o ?

│ E M O Ç Ã O É U M A R E A Ç Ã O D O O R G A N I S M O │

E

m uma sessão do Programa de Educação Emocional do Colégio

Águia, um aluno relatou a seguinte experiência: estava passeando de bicicleta na orla marítima quando um desconhecido lhe deu uma "fechada", fazendo com que ele se desequilibrasse e caísse no chão.

Na hora, sentiu a cabeça confusa, sem poder distinguir bem as coisas, ficou muito irritado, o coração disparou, como se quisesse sair pela boca, a respiração ficou acelerada, as mãos ficaram frias e suando muito, o rosto quente, o sangue "fervendo", a boca seca, os braços e as mãos ficaram contraídos.

Levantou-se, pegou a bicicleta e pedalou velozmente em direção ao ciclista que o derrubou, até alcançá-lo. Gritando muito, aos berros, a voz profundamente alterada, começou a bater boca com ele, quase chegando aos murros. Só não chegaram aos tapas porque o outro ciclista lhe pediu desculpas, dizendo que não tinha sido sua intenção derrubá-lo, e que o choque tinha ocorrido porque ele estava distraído.

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ou de dentro dele38. A emoção é uma forma de energia mental que produz reações no organismo vivo.

Uma emoção surge em uma pessoa quando alguém é vítima de uma agressão, como no caso do nosso ciclista ou quando alguém, irritado após um desentendimento, agride outra pessoa com um tapa. Em ambos os casos o agredido é tomado pela raiva, e o estímulo que a produziu foi a agressão.

Em toda emoção há três reações do organismo: uma a nível mental, outra a nível corporal e uma terceira a nível do comportamento da pessoa. A nível mental há uma experiência emocional psicológica que pode ser de agitação ou lentidão. Quando o ciclista foi abalroado e caiu, sua cabeça ficou agitada e meio confusa, e ele ficou sem saber direito o que fazer.

A nível corporal, o organismo sofre reações internas no seu funcionamento durante a emoção, e a pessoa pode sentir o coração disparar e a respiração ficar mais rápida, quando agredida.

Outra reação que a emoção determina é de mudança de comportamento, surgindo uma tendência para aproximação ou afastamento do objeto que produz o estímulo.

Depois de ter tomado o tapa, a pessoa pode sentir vontade de aproximar-se do agressor para revidar a agressão, numa reação de luta ou vontade de afastar-se dele, numa reação de fuga.

Um empresário amante da cultura oriental e que se dedicava há muitos anos à prática de meditação fazia uma curta viagem para tratar de negócios. A viagem transcorria bem e ele meditava concentrando-se em sua respiração. Sua mente atenta percebia os acontecimentos em volta e ele sentia profundamente relaxado, atento aos pensamentos intrusos que às vezes tentavam penetrar em sua mente.

Sentia a respiração lenta, as batidas do coração lentas e as mãos quentes. O avião começou a baixar e foi anunciado o pouso. Acostumado a viajar, o empresário não sentiu medo durante o pouso, apesar do avião ter dado uns tombos na aterrissagem. Quando o avião parou, notou que suas mãos estavam frias e suando abundantemente.

O que nosso amigo empresário teve foi medo. Mas o medo dele não se manifestou a nível mental (pois ele não teve o sentimento de medo), mas apenas a nível corporal, com estimulação das glândulas sudoríparas de suas mãos, que ficaram suando abundantemente. Conscientemente ele não teve medo, não teve a experiência mental do medo, mas percebeu apenas a reação corporal da emoção.

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tomando-se conhecimento dela posteriormente através de sinais indiretos, resultantes da ativação do sistema nervoso simpático (coração acelerado, respiração acelerada, etc.).

Em síntese, toda emoção é uma reação do organismo, com três tipos de respostas: uma mental (de agitação ou depressão), uma resposta interna do organismo (no caso da raiva, disparam o coração e a respiração) e uma resposta comportamental (de aproximação ou de afastamento, no caso da raiva).

│ C O M P O N E N T E S D E U M A E M O Ç Ã O │

Numa emoção devem ser considerados quatro elementos: o conhecimento da situação em que ela ocorre, a experiência mental, a reação corporal e reação da pessoa em relação à causa da emoção.

O conhecimento da situação em que ocorre a emoção é importante para que se saiba em que circunstâncias ela ocorre o que permitirá a prevenção do aparecimento da mesma emoção depois. Quando a pessoa está preparada, esperando o aparecimento da emoção, isto facilita seu controle.

A experiência mental da emoção é aquilo que se sente quando está emocionado. Pode ir de uma sensação agradável ou desagradável, até uma sensação de agitação ou lentidão. É agradável a sensação na alegria e no afeto: ocorre quando se recebe um presente, ou uma boa notícia ou se encontra alguém que se quer bem. É desagradável a sensação no medo, na tristeza e na raiva. A pessoa fica triste ao receber a notícia da morte de uma pessoa que gosta, quando perde um parceiro sentimental ou seu melhor amigo ou quando seu cachorrinho morre.

Pode ficar com medo de perder o emprego ou de ter o salário reduzido, com medo dela ficar doente ou uma pessoa mais chegada da família. Pode ficar com raiva de seu colega porque teve um atrito com ele ou porque alguém bateu em seu carro.

A pessoa pode sentir uma agitação mental, uma maior vivacidade mental, no caso da raiva e da alegria, uma lentidão mental ou mesmo depressão, sentir-se "prá baixo", no caso da solidão, tristeza e depressão.

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rosto, músculos, vasos sangüíneos, sangue, coração, pulmão, olhos, nervos e glândulas.

No rosto a reação varia de uma emoção para outra, com características próprias no medo, raiva, tristeza, alegria e desprezo. Nos músculos pode haver contração ou relaxamento muscular: no medo há contração dos músculos para permitir a fuga. Na raiva há também contração dos músculos, que tanto serve para a luta quanto para a fuga. No afeto/amor, há um relaxamento muscular generalizado.

Nos vasos sangüíneos pode haver estreitamento ou dilatação. Quando há estreitamento dos vasos do rosto a pessoa fica pálida, como ocorre geralmente quando alguém está com medo. Se houver dilatação dos vasos a pessoa fica avermelhada, como na maioria dos casos de raiva ou quando se tem uma alegria muito forte.

Nas glândulas salivares, há um aumento da produção de saliva e a boca fica "cheia de água" no afeto/ amor. Na raiva e no medo a boca fica seca. Com as glândulas que fabricam o suor, pode haver aumento dele, no caso da raiva e do medo. O coração pode disparar quando a emoção é intensa, como na raiva, no medo e na alegria. A respiração pode ficar mais rápida nas emoções intensas, como na raiva, medo e alegria.

Nos olhos, ao lado das lágrimas na tristeza e na alegria, pode haver também uma dilatação das pupilas e a pessoa ficar com os olhos "esbugalhados", na raiva, no medo e no amor/afeto. A mudança na voz é uma reação importante do corpo. Na raiva a voz fica ríspida e grosseira, enquanto no amor/afeto ela fica suave e doce.

Quando há uma emoção hormônios elaborados no corpo o preparam para determinado tipo de resposta: na raiva, graças à estimulação do simpático, há maior produção de adrenalina e noradrenalina, levando maior quantidade de sangue para os músculos facilitando suas ações. Aceleram-se os batimentos cardíacos, aumenta a intensidade da contração do miocárdio.

No medo, o sangue vai em maior quantidade para as pernas, facilitando uma possível fuga, havendo uma sensação de imobilidade durante algum tempo. No amor, nos sentimentos afetuosos e após a satisfação sexual, em vez da reação de "lutar ou fugir", encontrada na raiva e no medo, há uma reação oposta, comandada pelo parassimpático: é a resposta de relaxamento, que gera uma sensação geral de calma e satisfação.

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dispara, calor é sentido na face, que fica enrubescida, avermelhada. Aparece suor na testa e nas mãos, acompanhado de tremores das mãos e dos membros e de uma expressão facial característica das pessoas enraivecidas - os músculos faciais contraídos fortemente em uma carranca típica.

No medo a expressão facial é bem conhecida: olhos esbugalhados, bem abertos, com os cantos internos suspensos. A boca aberta com os cantos dos lábios puxados para trás, as sobrancelhas franzidas, devido à contração dos músculos da face, com rugas no meio da testa. No desprezo há contração unilateral dos músculos dos lábios e da face, repuxando a comissura labial, o canto do lábio, para o lado, entortando a boca para a esquerda ou para a direita. Na depressão acentuada há uma expressão característica com repuxamento dos cantos da boca para baixo, devido à contração da musculatura facial, acompanhada de um olhar distante, fixo e vazio. Na alegria, além do brilho e da vivacidade do olhar, os lábios são repuxados para cima com a abertura de um sorriso espontâneo.

│ E M O Ç Õ E S P R I N C I P A I S │

Consideram-se cinco emoções básicas39: raiva, medo, tristeza, alegria/prazer, afeto/amor. Elas podem se apresentar de forma mais branda ou mais intensa. A raiva, por exemplo, tem uma forma extrema na fúria40 e outra mais suave na irritação e na ironia. Outras formas de raiva são o ódio, a revolta, o ressentimento, a indignação, o aborrecimento, a vingança, a violência, o mau humor, a rivalidade, a animosidade, a hostilidade.

A forma extrema do medo é o terror e a mais branda é a preocupação: quem está preocupado com alguma coisa é porque está com medo desta coisa. Alguém que está preocupado com a prova final de Matemática é porque está com medo de ser reprovado nela, porque está inseguro com seus conhecimentos, provavelmente porque não estudou direito durante o ano.

Outras formas de medo são a ansiedade, angústia, timidez, apreensão, nervosismo, cautela, inquietação, etc.

A forma extrema da tristeza é a depressão severa, mas ela pode manifestar-se de formas mais suaves, como sofrimento, mágoa, pesar, tédio, desalento, solidão, nostalgia, amargura, desânimo, desalento, melancolia, etc.

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pode manifestar-se como aceitação, amizade, afinidade, confiança, dedicação, adoração e paixão.

│M E N T E E M O C I O N A L E M E N T E R A C I O N A L │

Emoção é uma palavra que vem do latim, movere (que significa mover), precedida do sufixo ex (para fora), significando afastar-se. Em toda emoção há uma tendência à ação.

O Oxford English Dictionary define emoção como:

"Qualquer agitação ou perturbação da mente, sentimento ou paixão; qualquer estado mental veemente ou excitado".

Goleman8 entende que emoção se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para agir.

Aceita-se atualmente a existência de duas mentes, a racional e emocional. Enquanto a mente racional é capaz de ponderar e refletir, permitindo uma resposta mais demorada aos estímulos, a mente emocional relaciona-se a um sistema de conhecimento impulsivo e rápido, que permite respostas rápidas e instantâneas em situações nas quais a vida está em perigo, e em que a demora da resposta poderia representar a morte. A mente emocional é nossa proteção contra o perigo, baseando-se nas primeiras percepções para agir e reagindo ao quadro total sem analisá-lo detidamente. Sua reação é instintiva, imediata, não reflexiva.

Para Mac Lean a base orgânica das emoções do homem está no seu cérebro, principalmente no chamado sistema límbico (do latim limbus, margem): um conjunto de formações neurológicas que cerca e limita o tronco cerebral. Ele resultou da evolução do cérebro dos mamíferos e dos répteis, ao longo de milhões de anos de evolução. O cérebro cresceu de baixo para cima, desenvolvendo-se os centros superiores a partir dos inferiores. Quando estamos tomados pelas emoções - amor, ódio, paixão, raiva, medo, e outras - estamos sob o jugo do sistema límbico, que então controla nosso comportamento.

Veremos no capítulo Significado e Mecanismo das Emoções, que Le Doux nega a possibilidade de existência do sistema límbico e acredita que cada emoção pode requerer diferentes sistema cerebrais para processar-se, não existindo apenas um único sistema.

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gosto, visão e audição - que foram criados para que o homem percebesse o meio em que vive.

As áreas emocionais estão ligadas com a neocórtex através de milhares de circuitos neuronais, permitindo aos centros emocionais grandes poderes sobre o comportamento humano, chegando às vezes a dominá-lo, durante os "seqüestros emocionais". Existe habitualmente um funcionamento integrado entre o cérebro emocional e o neocórtex, permitindo harmonia das ações humanas, racionais e emocionais.

Os centros superiores não podem controlar totalmente a vida emocional e a Educação Emocional objetiva exatamente criar condições para o controle dos impulsos emocionais. Existe uma área do cérebro emocional, acima do tronco cerebral, denominada de amígdala, que é fundamental para a vida emocional. Foi verificado que a vida sem amígdala é destituída de significados emocionais: animais que têm a amígdala retirada são incapazes de sentir medo ou raiva e perdem o impulso para competir ou cooperar, ficando com as emoções embotadas ou ausentes de um modo geral. Sabe-se hoje que, quando há uma situação desencadeadora de medo, a amígdala estimula a secreção dos hormônios que vão desencadear a reação de "luta-fuga", determinando também a contração dos músculos faciais relacionados com o medo.

A amígdala está ligada ao tálamo através de neurônios que permitem comunicação direta, numa transmissão mais rápida, permitindo resposta mais pronta, como no caso dos seqüestros emocionais. Neles o cérebro tem seu funcionamento totalmente comandado pela mente emocional e o comportamento do indivíduo é totalmente irracional. É o caso de acessos de fúria durante os quais o indivíduo não tem consciência do que está fazendo, nem se lembra de detalhes posteriormente.

│ C O N T R O L E D A S E M O Ç Õ E S P O S I T I V A S E │ N E G A T I V A S

De acordo com o efeito agradável ou desagradável produzido, as emoções são classificadas em positivas e negativas. Positivas são as que produzem efeitos agradáveis, como a alegria/prazer e o amor/afeto. Negativas são as que produzem efeitos desagradáveis, como o medo, a raiva e a tristeza.

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aproximação, no caso das que ativam sentimentos agradáveis como a alegria/prazer e o amor/afeto ou tendência de afastamento, no caso de medo, tristeza e raiva.

De acordo com a origem as emoções podem ser inatas e aprendidas40. As inatas são as que o indivíduo nasce com elas, e as aprendidas são produzidas por estímulos aprendidos e por situações sociais. Uma mesma emoção – raiva, medo e tristeza – pode ser inata ou aprendida, a depender de como foi gerada.

Através de nossa vontade, do nosso querer, podemos controlar o comportamento gerado por nossas emoções37. Se alguém está com raiva pode controlar-se, em vez de entregar-se à vontade de bater ou xingar a pessoa que lhe enraiveceu. Para isto devemos desviar o pensamento e a atenção daquilo que nos causou a raiva.

A atenção e o interesse reforçam as emoções37, logo reforçam a raiva. A atenção é como uma lente de aumento com que vemos a emoção. É como um farol que ilumina as emoções melhor para nós que assim conviveremos muito melhor com as pessoas do nosso círculo de amizades.

Existem técnicas, simples e fáceis de serem aplicadas, que permitem o controle da atenção e do pensamento, logo, o controle da raiva. Basta a nós querermos utilizá-las e termos persistência e disciplina na aplicação delas.

Uma delas é a Técnica de Substituição37: pensar em outras coisas e desviar a atenção da raiva ou de outra emoção desagradável. Pensar ou imaginar coisas agradáveis e procurar manter estes pensamentos e imagens durante muito tempo em nossa mente, até que a raiva tenha enfraquecido e desaparecido.

Recorde uma cena agradável, relembrando detalhes dela: um passeio na praia, um passeio no campo, um bonito por de sol, uma visão das ondas do mar quebrando nas pedras, o barulho das ondas do mar, uma viagem de carro em uma estrada muito bonita, etc. Não tente esquecer a raiva reprimindo-a diretamente, pois geralmente não dá bom resultado.

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│ S Í N T E S E │

• A base orgânica das emoções do homem está no cérebro emocional, um conjunto de formações neurológicas que cerca e limita o tronco cerebral resultante da evolução do cérebro dos mamíferos e dos répteis ao longo de milhões de anos, que cresceu de baixo para cima, desenvolvendo-se os centros superiores a partir dos inferiores.

• Quando estamos tomados pelas emoções - amor, ódio, paixão, raiva, medo e outras - estamos sob o jugo do cérebro emocional, que então controla nosso comportamento.

• A parte mais recentemente desenvolvida do cérebro humano, denominada de neocórtex, é a sede do pensamento e contém os centros que integram o que é percebido pelos sentidos (tato, olfato, gosto, visão e audição). As áreas emocionais estão ligadas com a neocórtex através de milhares de circuitos neuronais, permitindo aos centros emocionais grandes poderes sobre o comportamento humano.

• A mente emocional existe em oposição à mente racional. Enquanto a racional é capaz de ponderar e refletir, permitindo uma resposta mais demorada aos estímulos, a mente emocional relaciona-se a um sistema de conhecimento impulsivo e rápido, que permite respostas rápidas e instantâneas. A mente emocional é nossa proteção contra o perigo: baseia-se nas primeiras percepções para agir e reage ao quadro total sem analisá-lo detidamente. Sua reação é instintiva, imediata, não reflexiva.

• A amígdala cerebral está ligada ao tálamo através de neurônios que permitem uma transmissão mais rápida dos impulsos nervosos, resultando uma resposta mais pronta, como no caso dos seqüestros emocionais. Neles o cérebro tem seu funcionamento totalmente comandado pela mente emocional e o comportamento do indivíduo é totalmente irracional. É o caso de acessos de fúria durante os quais o indivíduo não tem consciência do que está fazendo, nem se lembra de detalhes posteriormente.

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• Devemos procurar as reações corporais da pessoa com emoção no rosto, músculos, vasos sangüíneos, glândulas salivares e sudoríparas, coração, respiração, olhos e voz.

• Na raiva, a face fica contraída, pálida ou avermelhada, os músculos do corpo se contraem, a boca fica seca, aumenta a quantidade de suor, o coração e a respiração disparam, os olhos ficam dilatados e a voz fica ríspida e grosseira.

• As emoções básicas são raiva, medo, tristeza, alegria e afeto, e podem se manifestar com maior ou menor intensidade, sob a forma de diversos "disfarces". A preocupação é uma forma do medo, a irritação uma forma da raiva, o sofrimento uma forma da tristeza, contentamento uma forma de alegria, dedicação uma forma de expressar afeto.

• Quando estivermos enraivecidos não devemos pensar no motivo da raiva mas sim desviar o pensamento para coisas agradáveis: um passeio na praia ou no campo, um bonito por de sol, o mar quebrando nas pedras, etc., mantendo o pensamento nestas coisas até a raiva desaparecer.

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P A R T E I I

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2 │

O que é Educação Emocional

A

Educação Emocional deve ser considerada uma parte da Educação Holística. O objetivo maior da educação holística, para Pierre Weil15, é ensinar ao educando a arte de viver em paz consigo mesmo, com os outros na sociedade e com a natureza. Viver em paz consigo mesmo, no nível mental, através da sabedoria; no nível emocional, através do amor, alegria, compaixão e equilíbrio; no nível corporal, cuidando de sua saúde. Viver em paz com os outros na sociedade, na economia, na vida social, na cultura e com a natureza, procurando conhecer suas leis para viver em harmonia com ela.

A Educação Holística deve abranger todas as dimensões do educando, emocionais e racionais, nos seus aspectos afetivos, cognitivos e psico-motores. Deve atender às funções do hemisfério cerebral esquerdo, que abriga o raciocínio concreto, lógico, formal e analítico, baseado na razão e fatos, e às funções do hemisfério cerebral direito: os raciocínios abstratos, conceituais, informais e intuitivos, e a atividade emocional. Uma das preocupações da educação holística deve ser o autoconhecimento do educando, corrigindo assim um grande defeito da educação ocidental, que é de preocupar-se principalmente com o conhecimento do mundo externo ao educando1.

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intelectual humano, apesar de todas as conquistas tecnológicas, de ter sido dominada a Natureza em muitos aspectos, de ter sido criada outra realidade, a realidade virtual, apesar de tudo isto, é cada vez maior a taxa de pessoas infelizes, neuróticas, frustradas, ansiosas, deprimidas ou mesmo portadoras de psicoses.

Pesquisas recentes nos Estados Unidos mostram que 48% dos americanos tiveram pelo menos uma vez em suas vidas problemas psiquiátricos8. Pesquisa da Universidade de Harvard mostra que muitos de seus ex-alunos, dotados de altos QI (coeficientes de inteligência) e de grandes competências intelectuais, não tiveram o sucesso esperado nas suas vidas, por apresentarem problemas de relacionamento, resultantes de baixa competência emocional8.

Acreditamos serem estes indicadores mais do que suficientes para que se olhe de frente a questão da Educação Emocional, cuja meta deve ser o desenvolvimento da Inteligência Emocional, que foi definida pela primeira vez em 1990, por Peter Salovey 63, como

"a capacidade de monitorar os sentimentos e emoções próprios e alheios, de reconhecer as diferenças entre eles e de usar essa informação para orientar o pensamento e a ação das pessoas".

Em publicação recente Salovey64, considerando que a definição anterior trata somente de percepções e do controle da emoção, omitindo o pensamento sobre o sentimento, propõe nova definição para inteligência emocional:

"A Inteligência Emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual".

Desta forma a inteligência emocional contempla a percepção, a avaliação e a expressão das emoções, pela capacidade que tem a pessoa de identificar suas próprias emoções ou a de outras pessoas, mediante sua linguagem, sua aparência e seu comportamento. A capacidade de expressar acuradamente suas emoções e as necessidades relacionadas com seus sentimentos, bem como a capacidade de discriminar entre o próprio e o impróprio.

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voltam a atenção para informações importantes para o pensamento e são utilizadas como auxílio para julgamentos e sentimentos que dizem respeito à memória. Estados emocionais estimulam de maneira diferente a abordagem de problemas específicos, como quando a felicidade facilita o raciocínio indutivo e a criatividade, enquanto a tristeza é depressora do raciocínio.

A inteligência emocional ajuda a compreender e analisar as emoções e a empregar o conhecimento emocional, pois permite rotular e reconhecer as relações entre as palavras e as emoções em si, e permite inferir os significados que as emoções transmitem, como o fato de que a tristeza quase sempre acompanha uma perda, e de que a raiva quase sempre se acompanha de frustração. Permite compreender sentimentos complexos como o ciúme, considerado uma mistura de amor, medo e raiva, e o espanto, combinação de medo e surpresa. Permite compreender e reconhecer transições entre emoções como da raiva para a satisfação, quando alguém enraivecido se vinga de outra pessoa.

Finalmente permite a inteligência emocional o controle reflexivo das emoções para promover o crescimento emocional e intelectual, quando a pessoa se mantém aberta a seus sentimentos, agradáveis ou desagradáveis, podendo se envolver com eles através da reflexão ou se distanciar deles, desviando a atenção para outros objetos de pensamento. A capacidade de monitorar suas emoções reconhecendo suas utilidades e suas influências em sua vida, enfim a capacidade de administrar a emoção em si mesmo e nos outros, através da moderação das emoções negativas, desagradáveis e da valorização das positivas, agradáveis, sem reprimi-las.

A educação emocional implica em desenvolver no educando o autoconhecimento, a autoconsciência, a nível psicológico e somático. Em desenvolver a capacidade de identificar e reconhecer suas emoções e sentimentos, avaliando suas intensidades, e as expressões corporais correspondentes, no momento em que ocorrem. A controlar suas expressões emocionais, a aprender a monitorar seus impulsos e a adiar suas satisfações. Faz parte da educação emocional o desenvolvimento da empatia, capacidade de reconhecer corretamente as emoções do outro e de compreender seus sentimentos e perspectivas, respeitando as diferenças com que as pessoas encaram as coisas, permitindo convívio harmônico com o outro.

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fúria, ressentimento, mágoa, revolta, desânimo, desalento, desesperança, depressão, ansiedade e preocupação. Deve dirigir-se também para emoções outras, tais como, prazer, amor, surpresa, nojo e vergonha.

│ O L H A N D O P A R A D E N T R O D E S I M E S M O │

A introspecção é um instrumento metodológico de excelência para a educação emocional. Consiste em dirigir nossa capacidade de observação para o mundo dos fatos psicológicos que podemos ter percepção consciente. É dirigir o "olho da mente" para os atores de nossa consciência, observando o fluxo de acontecimentos que nela ocorre, procurando identificar cada um deles, observando a mudança contínua com que se sucedem.

É identificar os pensamentos, emoções e sentimentos, procurando percebê-los com a maior nitidez possível. Notar quando entram em cena a vontade e a atenção, percebendo a relação entre elas, e o efeito da atenção sobre a percepção das funções mentais. Como vimos, a fixação da atenção sobre determinada emoção ou sentimento produz a magnificação dele e sua persistência no primeiro plano da mente, graças à transferência da energia da atenção para o objeto dela.

Devemos fazer a identificação dos pensamentos reflexivos e dos argumentos lógicos que os constituem, caracterizando suas premissas e as conclusões suportadas por elas. Atenção para os pensamentos automáticos, quase sempre negativos, e para a identificação das intuições que brotam na mente, as quais, para alguns psicólogos transpessoais, significam um acesso ao inconsciente superior. Identificar na corrente mental a ocorrência de lembranças de fatos recentes ou remotos e a roupagem emocional que os envolve, soando-nos como agradáveis ou desagradáveis.

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│ A E D U C A Ç Ã O E M O C I O N A L N A E S C O L A E │ N O C O N S U L T Ó R I O

O Autor entende que deve ser feita uma diferença entre a educação emocional na escola e a educação emocional feita nos consultórios dos psicólogos, psicoterapêutas e psiquiatras, pois elas são diferentes por natureza.

Primeiro porque a educação emocional feita na escola tem uma finalidade primordialmente profilática, preventiva: o que se pretende é que o educando adquira atitudes e habilidades que permitam a identificação e o controle de suas emoções e a prática da empatia. Partimos do princípio de que ele não é portador de qualquer patologia da esfera emocional.

A educação emocional no consultório tem um objetivo terapêutico específico – modificar o comportamento do paciente, através da psicoterapia, para que retorne a padrões de comportamento pessoal e socialmente aceitáveis. Está implícita a necessidade de um diagnóstico prévio da patologia do paciente, que orientará a terapia.

Sob o ponto de vista epistemológico, são diferentes os objetos da educação emocional na escola e no consultório, pois enquanto a primeira se destina ao indivíduo que não é o portador de distúrbios psicológicos evidentes, a segunda se preocupa exatamente com os portadores de tais distúrbios. É bem verdade que durante o curso de educação emocional na escola, podem ser identificados casos psicopatológicos – esta é nossa experiência – que devem ser encaminhados para o devido tratamento. No caso do consultório, geralmente é o próprio paciente que procura o profissional de saúde em busca de alívio para seus sofrimentos.

As metodologias a serem utilizadas devem ser necessariamente diferentes, pois enquanto no consultório o atendimento é feito individualmente ou em pequenos grupos, na escola o programa de educação emocional deve contemplar centenas ou milhares de educandos. E é aí que reside grande parte de sua dificuldade de operacionalização.

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│ B A S E S P S I C O L Ó G I C A S D A E D U C A Ç Ã O │ E M O C I O N A L

A emoção em sua essência é o resultado da percepção de processos emocionais inconscientes, que ocorrem no inconsciente emocional. Tais processos, involuntários por natureza, enquanto se desenvolvem, são inacessíveis à volição, à vontade, porém quando tornados conscientes podem tornar-se objeto da cognição, dos pensamentos e até mesmo da vontade. Podem ser avaliados, então, cognitivamente, conscientemente, e discriminados no tocante à possibilidade da conveniência da pessoa entregar-se ou não ao curso natural da emoção.

Conforme Le Doux34 animais que sofrem decorticação cerebral pela ablação cirúrgica apresentam uma reação emocional acentuada diante de estímulos insignificantes, e perdem a capacidade de controlar a raiva. Isto sugere que as áreas corticais cerebrais comandam as reações emocionais desenfreadas, e que elas têm a capacidade de impedir a livre expressão delas por sua ação inibitória.

Surge aí a possibilidade concreta da Educação Emocional, enquanto processo que consiste em utilizar-se a energia psíquica disponível, das funções cognitiva e volitiva, do pensamento, da atenção e da vontade, para a identificação e avaliação das emoções, bem como da atuação da pessoa no sentido de interferir no curso natural do processo emocional.

Em outras palavras, um estímulo externo (agressão física ou verbal) pode desencadear em uma pessoa um processo inconsciente da elaboração de uma emoção (raiva), processo emocional este que pode aflorar na mente, podendo a pessoa, após identificar a raiva, decidir se deve ou não atuar sobre seu curso, mediante a utilização de sua atenção e de sua vontade, fazendo um exercício de Educação Emocional.

As bases anatômicas, fisiológicas e psicológicas do processo de educação emocional serão estudadas no capítulo Significado e Mecanismo das Emoções, ao tratarmos do Circuito de Papez.

No entendimento do Autor não é possível atuar-se no processo emocional enquanto ele não se tornar consciente. Isto significa, na prática, que jamais deixaremos de ter emoções – raiva, medo, tristeza, alegria e afeto - pois elas são intrínsecas à condição humana, fazendo parte do nosso patrimônio genético, herdado ao longo de milhões de anos de evolução das espécies animais.

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sentimentos, a aprender a avaliar suas intensidades, e as expressões corporais correspondentes, no momento em que ocorrem.

Serve para a pessoa aprender a controlar suas emoções e seus impulsos e a adiar suas satisfações, bem como para aprender a identificar e reconhecer as emoções do outro, procurando enxergar a situação dentro de sua ótica. Em outras palavras, para a pessoa procurar sentir como o outro sente e buscar convívio harmônico com ele.

Por exemplo, se uma pessoa está com raiva de alguém, depois de discutir com ele, pode aprender a reconhecer que naquele momento está enraivecida, procurar controlar sua raiva, e não se entregar a ela, partindo para agressão física ou verbal.

Por outro lado, se alguém se desentendeu com um colega, saber identificar nele os sinais de raiva, através de sua expressão fisionômica, de sua face, de seus olhos. Se notar que ele está mesmo enraivecido, deixar a coisa esfriar um pouco para resolver depois o problema.

Através da educação emocional a pessoa vai ter a oportunidade de conhecer-se melhor, de analisar suas emoções, seus pensamentos, sua atenção e sua vontade, coisas as quais, seguramente, a maioria das pessoas até hoje não se preocupa. Se a pessoa conhece-se melhor, vai poder controlar melhor a sua vontade e vai viver mais conscientemente.

Assim as pessoas irão ter uma melhor qualidade de vida, brigar menos, e terão mais condições de manter suas amizades, pois elas não vão acabar por causa de brigas resultantes de descontrole emocional.

│ N E C E S S I D A D E D A E D U C A Ç Ã O │ E M O C I O N A L

É através da educação emocional que pode ser feita a diminuição da violência - forma mais extrema da raiva - praga que está assolando o mundo inteiro. Veja, todos os dias, na televisão, nos jornais e nas revistas que você lê, no rádio que você ouve, o aumento assustador da violência no mundo inteiro, sob as formas mais variadas, de assassinato, assaltos, roubos, seqüestros, estupros, etc.

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A educação emocional, como você já viu, pode controlar a expressão da raiva e pode melhorar este quadro.

As estatísticas mostram no mundo inteiro um aumento da solidão, tristeza, depressão, suicídio entre os jovens e do medo. Seguramente a educação emocional será útil no sentido de diminuir a solidão, a tristeza e o medo. Ela certamente ajudará a construir um mundo melhor.

Se aprendemos a controlar a raiva e procuramos divulgar suas formas de controle na escola, em casa e com os amigos e amigas, procurando ajudá-los a controlar suas raivas, seguramente estaremos contribuindo para um mundo melhor, sem tanta violência.

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│ S Í N T E S E │

• A questão da educação emocional se torna mais relevante neste final de século, pois, malgrado todo o desenvolvimento intelectual humano, apesar de todas as conquistas tecnológicas, de ter sido criada a realidade virtual, é cada vez maior a taxa de pessoas infelizes, neuróticas, frustradas, ansiosas, deprimidas ou mesmo portadoras de psicoses.

• A introspecção é um instrumento metodológico de excelência para a educação emocional. Consiste em dirigir nossa capacidade de observação para o mundo dos fatos psicológicos que podemos ter percepção consciente e identificar os pensamentos, emoções e sentimentos, procurando percebê-los com a maior nitidez possível. Caracterizar a imaginação, reconhecer os instintos (pulsões), impulsos e desejos que irrompem do inconsciente, além dos juízos de valor (avaliações) que fazemos das coisas

• A educação emocional na escola tem uma finalidade

primordialmente preventiva e pretende que o educando adquira atitudes e habilidades que permitam a identificação e controle de suas emoções e a prática da empatia. A educação emocional no consultório tem objetivo terapêutico específico – modificar o comportamento do paciente, para que ele retorne a padrões de comportamento pessoal e socialmente aceitáveis.

• A educação emocional implica em desenvolver no educando o autoconhecimento, a autoconsciência, a nível psicológico e somático. Em desenvolver a capacidade de identificar e reconhecer suas emoções e sentimentos, avaliando suas intensidades, e as expressões corporais correspondentes, no momento em que ocorrem. A controlar suas expressões emocionais, a aprender a monitorar seus impulsos e a adiar suas satisfações. Implica no desenvolvimento da empatia, capacidade de reconhecer corretamente as emoções do outro.

• A emoção é o resultado da percepção de processos inconscientes, involuntários por natureza, que quando tornados conscientes podem tornar-se objeto dos pensamentos e até mesmo da vontade.

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• Através da educação emocional a pessoa vai ter oportunidade de conhecer-se melhor e analisar suas emoções, pensamentos, atenção e vontade.

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│ 3 │

Fundamentos e Aspectos Históricos da Educação

Emocional

│C I Ê N C I A D O A U T O C O N H E C I M E N T O │

E

xperiências sobre educação emocional com crianças e

adolescentes foram desenvolvidas nos Estados Unidos a partir da década de 90, e Goleman em Inteligência Emocional 8, 1996, refere os componentes do denominado "Currículo da Ciência do Eu", que considera ser o modelo para o ensino de inteligência emocional. Entre os tópicos ensinados, está a autoconsciência que tem por objetivo reconhecer os sentimentos e estabelecer um vocabulário para expressá-los, procurando estabelecer relações entre pensamentos, sentimentos e reações a eles. Procura identificar quando são os pensamentos ou os sentimentos que governam determinada decisão; analisar as opções de alternativas para uma decisão e aplicar estes conhecimentos no uso de drogas, fumo e sexo; reconhecer as forças e fraquezas, de um modo realista.

É dada ênfase ao controle das emoções e a compreender o que está causando determinados sentimentos, aprendendo a lidar com eles, principalmente a ira, o medo e a tristeza. Estimula a aceitação de responsabilidades por suas decisões e a cumprir compromissos, a aprender as artes de cooperação, solução de conflitos e negociação de meios termos.

(54)

• autoconsciência

• tomada de decisão pessoal

• lidar com sentimentos e com a tensão emocional

• empatia • comunicação • intuição • auto - aceitação • responsabilidade pessoal • assertividade • dinâmica de grupo • solução de conflitos. │ F A L A N D O D E P R I N C Í P I O S │

Gottman, em Inteligência Emocional, a Arte de Educar Nossos Filhos9, 1997, estabelece com base em suas pesquisas e observações, alguns elementos básicos para a educação emocional. Postula ele cinco passos seqüenciados:

• Perceber a emoção na criança.

• Reconhecer na emoção uma oportunidade de intimidade ou aprendizado com o educando e de transmissão de experiência. • Escutar com empatia, legitimando os sentimentos da criança. • Ajudar a criança a encontrar palavras para identificar a

emoção que ela está sentindo.

• Impor limites, e, ao mesmo tempo, ajudar a criança a resolver seus problemas.

Estabelece como princípio a necessidade do desenvolvimento da consciência emocional do educador, que deve estar consciente de seu

universo emocional. Ele deve fazer um trabalho de

autoconscientização de suas emoções e de reconhecimento das emoções do outro, procurando identificá-las e analisá-las no momento em que ocorrem.

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