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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO FREDERICO SANCHEZ CIDRAL

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO

FREDERICO SANCHEZ CIDRAL

Motivação para o empreendedorismo em pessoas com mais de 50 anos: uma

pesquisa quantitativa

SÃO PAULO

2020

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO

FREDERICO SANCHEZ CIDRAL

Motivação para o empreendedorismo em pessoas com mais de 50 anos: uma

pesquisa quantitativa

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu (USJT), como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre

Orientadora: Prof.ª Dra. Adriana Machado Saldiba de Lima Co-orientador: Prof. Dr. José Maria Montiel

SÃO PAULO

2020

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me apoiaram nesse projeto em especial:

À Prof. Dra. Adriana Machado Saldiba de Lima, que me orientou no desenvolvimento desse trabalho com muita competência e sabedoria.

Ao Prof. Dr. José Maria Montiel com suas ideias e sugestões que incrementaram muito no meu trabalho.

Aos Professores: Angélica Castilho Alonso, Iris Callado Sanches, Marta Ferreira Bastos, Sandra Regina Mota Ortiz, Cláudia Gil, Rita de Cassia de Aquino, Katia Bilhar Scapini, Priscila Larcher Longo, Erico Chagas Caperuto e Ana Lúcia Gatti, que contribuíram para meu crescimento e desenvolvimento.

À Minha Esposa Patricia e às minhas Filhas Eduarda, Manuela e Gabriela que me incentivam a nunca desistir dos meus sonhos.

Ao Meu Irmão Felipe Cidral e Meu Primo Rogério Lupião, sócios de uma vida por entenderem e apoiarem esse projeto.

Aos Meus Pais, Rosa Maria Sanchez Cidral e Paulo Jorge Cidral pelo esforço de terem me proporcionado uma educação digna e ética.

Aos Meus Colegas de Turma em Ciências do Envelhecimento, com quem convivi nesses dois anos de muita aprendizagem.

Ao Sebrae Tatuapé e Sebrae Santos pelo apoio na feira do Idoso empreendedor. À Universidade São Judas Tadeu pela concessão da bolsa de mestrado.

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RESUMO

CIDRAL, Frederico Sanchez. Motivação para o empreendedorismo em pessoas com mais de 50

anos: uma pesquisa quantitativa 2020. 54 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do

Envelhecimento) – Universidade de São Judas Tadeu, São Paulo, 2020.

O mundo vem passando por diversas transformações, e uma das principais é o aumento da expectativa de vida que cresce a cada ano, acompanhada da evolução tecnológica, com isso enxergamos uma mudança do perfil do idoso, eles estão muito mais aptos a empreender. Empreender é criar algo novo, transformar ideias em realidades, fazer acontecer, saber calcular riscos e aproveitar oportunidades. Em 2018, a população de empreendedores entre 55 e 64 anos representava em torno de 35,6% do total dessa faixa etária no Brasil. O objetivo do presente estudo foi identificar o motivo pelo qual pessoas com mais de 50 anos empreendem. Para isso foi realizada uma pesquisa de campo descritiva com abordagem quantitativa. Foram incluídos na pesquisa 34 pessoas de ambos os sexos. Foi realizada correlação de Spearman entre as variáveis. Foi considerado significativo p < 0,05. A média de idade foi de 62,7 anos. Entre o total de participantes, 50% eram do sexo feminino, 68% dos participantes tinham nível superior de escolaridade e quase 60% eram casados ou viviam com um (a) companheiro(a), 50% dos participantes tinham 2 filhos, 9% moram sozinhos, 45% ganhavam menos que 3 salários mínimos. Encontramos correlações positivas entre os motivos pelos quais os idosos empreendem como “fazer algo prazeroso”, “satisfação com a vida” e “realização profissional”. A Variável Renda fez correlação negativa com: “Falta de oportunidade de emprego, Mudança de estilo de vida, Realização profissional”. Em relação às mudanças mais marcantes após empreender, os resultados mais relevantes encontrados foram “Me realizei profissionalmente”, “Me Trouxe Felicidade” e “Criei novos aprendizados”. Os dados deste trabalho demonstram uma forte relação entre o empreendedorismo, participação social e situação financeira entre as pessoas com mais de 50 anos. Os principais motivos que levam os participantes da pesquisa a empreenderem estão relacionados ao convívio com as pessoas, em complementar a renda familiar, em continuar trabalhando, em fazer algo diferente e prazeroso, em fazer amigos. Além disso, estão relacionados também à mudança de estilo de vida, à necessidade financeira, à realização profissional e à satisfação com a vida. Essas relações tornam o empreendedorismo uma ferramenta importante que pode auxiliar para o aumento da qualidade de vida das pessoas. Além disso, o empreendedorismo pode trazer novas perspectivas para o futuro das pessoas, como aumento do seu convívio social e também da sua renda.

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ABSTRACT

CIDRAL, Frederico Sanchez. Motivation for entrepreneurship in people over 50 years of age:

quantitative research. 2020. 54 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Envelhecimento) –

Universidade de São Judas Tadeu, São Paulo, 2020.

The world has been going through several transformations, and one of the main ones is the increase in life expectancy that grows every year, accompanied by technological evolution, with that we see a change in the profile of the elderly, they are much more apt to undertake. To undertake is to create something new, transform ideas into realities, make things happen, know how to calculate risks and take advantage of opportunities. In 2018, the population of entrepreneurs between 55 and 64 years old represented around 35.6% of the total of this age group in Brazil. The aim of the present study was to identify the reason why people over 50 years old undertake. For this, a descriptive field research was carried out with a quantitative approach. 34 people of both sexes were included in the research. Spearman correlation was performed between variables. P <0.05 was considered significant. The average age was 62.7 years. Among the total participants, 50% were female, 68% of the participants had a higher education level and almost 60% were married or lived with a partner, 50% of the participants had 2 children, 9% lives alone, 45% earned less than 3 minimum wages. We found positive correlations between the reasons why the elderly undertake with "doing something pleasurable", "satisfaction with life" and "professional achievement". The Income Variable was negatively correlated with: “Lack of job opportunities, Lifestyle changes, Professional achievement”. In relation to the most striking changes after undertaking, the most relevant results found were “I realized myself professionally”, “Brought Me Happiness” and “I created new learnings”. The data from this work demonstrate a strong relationship between entrepreneurship, social participation and financial situation among people over 50 years old. The main reasons that lead research participants to undertake are related to socializing with people, in complementing the family income, in continuing to work, in doing something different and pleasant, in making friends. In addition, they are also related to lifestyle changes, financial need, professional fulfillment and life satisfaction. These relationships make entrepreneurship an important tool that can help to increase people's quality of life. In addition, entrepreneurship can bring new perspectives for people's future, such as increasing their social life and also their income.

(6)

SUMÁRIO

1.

INTRODUÇÃO ... 5

1.1

Envelhecimento ... 5

1.2

Participação Social ... 7

1.3

Empreendedorismo ... 8

1.4

O Idoso e a aposentadoria ... 10

2.

JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE ... 13

3.

OBJETIVO

... 14

3.1. Objetivo Geral ... 14

3.2. Objetivos secundários: ... 14

4.

MÉTODOS ... 15

4.1. Desenho do Estudo ... 15

4.2. Participantes ... 15

4.3. Instrumentos ... 15

4.4. Metodologia da análise dos dados ... 15

4.5. Procedimentos ... 16

5.

RESULTADOS ... 17

6.

CONSIDERAÇÕES ... 31

7.

REFERÊNCIAS ... 32

(7)

1.

Introdução

1.1 Envelhecimento

Segundo a Organização das Nações Unidas, o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, em 2019 a população de pessoas acima de 60 anos no mundo superou a marca de 1 bilhão de idosos, em 2050 serão mais de 2 bilhões e no início do século XXII a população mundial terá mais de 3 bilhões de idosos. Esse fenômeno iniciou em países desenvolvidos e hoje já começa a atingir os países em desenvolvimento como o Brasil, e por isso a importância do desenvolvimento de estudos relacionados ao envelhecimento e os seus efeitos na sociedade; no Brasil em 2020 nós teremos 30 milhões de idosos, em 2040 a população de idosos chegará a marca de 50 milhões e em 2070 estaremos próximos de 80 milhões de idosos no Brasil (ONU, 2019; IBGE, 2019).

A Organização Mundial da Saúde define uma pessoa idosa após os 65 anos de vida em países desenvolvidos e 60 anos nos países em desenvolvimento, isso independe do estado psicológico, biológico e social (OMS,2005). Papalia, Olds & Feldman (2006) sugerem outra divisão: Idosos Jovens, idosos velhos e idosos mais velhos. Os idosos jovens têm a idade cronológica de 65 a 74 anos, os idosos velhos estão entre 75 e 84 anos e os idosos mais velhos são os acima de 85 anos.

A transição demográfica é um dos indicadores que explicam o envelhecimento populacional, em uma fase pré-transição, as taxas de natalidade e mortalidade tinham índices elevados e com isso um crescimento populacional baixo e uma população jovem. Ao iniciar a primeira fase da transição demográfica os níveis da taxa de mortalidade começam a cair e as taxas de natalidade continuam elevadas, assim o efeito gerado foi o aumento do ritmo do crescimento populacional e uma população ainda mais jovem. Na segunda fase os níveis de natalidade começam a diminuir e os de mortalidade continuam em queda acelerada. A grande mudança da estrutura etária começa a acontecer e assim inicia o envelhecimento da população (VASCONCELOS; GOMES, 2012).

A ciência e tecnologia têm papel fundamental para o aumento da expectativa de vida, na área da saúde temos o aumento das descobertas de cura. O país já tem um importante percentual de idosos, que será crescente nos próximos anos, demandando serviços públicos especializados que será reflexo do planejamento e das prioridades atuais das políticas públicas sociais. É, portanto, necessário que essas políticas tenham intervenções integradas, que assegurem o cuidado às doenças crônicas, mas que fortaleçam a promoção do envelhecimento saudável (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).

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O envelhecimento também influencia na carreira profissional das pessoas, segundo Rocha, precisam ser revistas as políticas públicas referente à maior participação do idoso no mercado de trabalho com redução de jornada, incentivo para empresas que contratarem pessoas com mais de 65 anos, cursos para inserção e aperfeiçoamento dos idosos as novas tecnologias e incentivos fiscais para idosos empreendedores (ROCHA; DIAS, 2013).

O envelhecimento está ligado a conceitos biológicos, psicológicos e sociais, ele é complexo e individual, cada pessoa vai ter um processo de envelhecimento totalmente diferente do outro. Esse processo de envelhecimento vai estar ligado as diferentes idades: cronológica, psicológica, social e biológica. A Idade cronológica é medida através do tempo e em números absolutos, ela apenas indica em dias, meses e anos o tempo de vida daquela pessoa, sem fazer relação alguma com os fatores multidimensionais do envelhecimento. A idade Social é baseada no status social e em papeis sociais que o indivíduo exerce e está ligada com o modo que se age e participa socialmente na comunidade e na cultura em que vive. A Idade psicológica está relacionada a adaptação ao meio e a utilização das características psicológicas como memória, inteligência, concentração, habilidades cognitivas, aprendizagem e estratégias. A Idade Biológica é definida pela caracterização do processo de envelhecimento, no qual corpo e mente são modificados ao longo da vida e no decorrer dos anos essas características vão se acentuando (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2011).

O envelhecimento acarreta mudanças fisiológicas que podem levar a médio ou longo prazo uma diminuição da capacidade funcional do idoso, essas limitações podem ser minimizadas ou interrompidas com a mudança de hábitos de uma vida mais saudável, oportunidades pessoais e de políticas públicas como segurança, inserção social, bem-estar e saúde. O envelhecimento ativo é um grande aliado para o aumento da expectativa de vida dos idosos, sendo um processo de fortalecimento das oportunidades de saúde, segurança e participação social gerando uma melhor qualidade de vida (FARIAS; SANTOS, 2012).

A envelhescência é a transição da fase adulta para a velhice, onde o adulto se prepara para a velhice, ela se compara com a adolescência que é a transição da infância para a fase adulta. Tanto na adolescência quanto na envelhescência ocorrem transformações físicas e psicológicas, é um momento de adaptação e entendimento das mudanças que estão por vir e profissionalmente é a fase em que as pessoas podem dar maior contribuição (BERLINCK, 2000). Segundo Soares (2011) o termo envelhescência foi citado pela primeira vez em 1993, na crónica de Mario Prata “Você é um envelhescente? ”. É uma fase entre os 45 e 65 anos, onde o adulto já sabe que não é jovem e também

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não se considera velho, isso gera uma turbulência de afetos e emoções pelo processo de alterações e transformações corporais e relações com o mundo (SOARES, 2011).

1.2 Participação Social

A participação social é a relação de um indivíduo com outras pessoas em atividades sociais em uma comunidade, entre as atividades incluem as religiosas, as políticas, as empresariais, as artísticas, as comunitárias, as esportivas entre outras (PINTO, 2016). Um dos pilares para o envelhecimento ativo é a participação social, que auxiliam na saúde e bem-estar. Os Principais benefícios para população idosa da participação social são: diminuição da solidão e isolamento, vida saudável, melhora da autoestima, diminuição de estresse, satisfação com a vida, expansão da rede de apoio social, fortalece os principais papeis sociais dos idosos, além da diminuição dos problemas de saúde como: depressão, declínio cognitivo, diminuição de mobilidade, incapacidade funcional entre outras (REBELLATO; HAYASHI, 2014).

As experiências na velhice sobre produtividade e sucesso nos trazem algumas teorias como: teoria da atividade, da continuidade e da seletividade socioemocional (PINTO; NERI, 2017). A teoria da Atividade nos mostra a relação entre a satisfação com a vida e envolvimento social, quanto maior as participações em atividades sociais, mais satisfeitos os idosos se sentem. A teoria da Continuidade apresenta que os idosos tendem a manter as suas atividades muito parecidas com a da sua vida adulta, mantendo sua participação social estável. No decorrer da vida, as pessoas vão selecionando suas relações mediante os interesses, e na velhice, essa escolha se torna mais criteriosa buscando o prazer e satisfação nas relações, essa é a teoria da seletividade socioemocional (PINTO; NERI, 2017). No decorrer do envelhecimento, os idosos tendem a ser mais seletivos em suas escolhas e as preferências estão em atividades com maior significância para suas vidas, além da exclusão de atividades com maior risco por conta de insegurança e barreiras físicas (PINTO; NERI, 2017).

A participação social tem muita relação entre o perfil do idoso com suas crenças, hábitos, cultura, oportunidades e os recursos disponíveis, e tem uma influência da idade e do gênero. A Idade é um dos fatores que reduz o nível de participação social, quanto maior a Idade, menor a participação social. Quanto maior o nível de engajamento social dos idosos, menor são os riscos para incapacidade e problemas de saúde e conseguem ter um aumento na expectativa de vida, ao participar de atividades em grupos os idosos criam hábitos mais saudáveis (PINTO; NERI, 2017).

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1.3 Empreendedorismo

O empreendedor em geral age intencionalmente em busca de oportunidades, novos produtos e novos negócios, poucas vezes esse processo é não intencional. As intenções buscam os fatores motivadores, que levam a pessoa a empreender, esses motivos são fundamentais para o empenho e dedicação no comportamento empreendedor. Esse processo é chamado Intenções Empreendedoras (HISRICH et al, 2014).

O Empreendedorismo é a disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, habilidade em criar e implementar mudanças, inovações e melhorias a um mercado ou negócio (DORNELAS, 2018). Schumpeter (1982) define que o empreendedor é um agente de mudança e inovação e com a Teoria da destruição criadora foi um dos primeiros estudiosos que dissertou sobre a importância da criação de novos produtos nas organizações, tal teoria mostra a influência de novos empreendedores criativos e inovadores na sobreposição de antigos modelos de negócios (SCHUMPETER, 1982). O empreendedorismo pode não estar relacionado diretamente aos negócios. Pessoas podem demonstrar um pensamento empreendedor em casa, na escola ou na vida pessoal. O empreendedorismo trata, afinal, de criatividade, solução de problemas e visão estratégica. A partir da década de 1990 o empreendedorismo começou a despontar no país, mas foi no início dos anos 2000 que realmente concretizou esse conceito (DORNELAS, 2018).

Há décadas atrás, se achava que o empreendedorismo era algo inato e não se aprendia, hoje acredita-se que ele pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e adquirido com o passar do tempo. Os empreendedores inatos continuam existindo e auxiliando na formação de diversos outros empreendedores. As principais habilidades de um empreendedor estão divididas em três áreas: Técnicas, Gerenciais e Características pessoais (DORNELAS, 2018).

O empreendedor quase sempre é comparado a um administrador. Sabe-se que os empreendedores devem ser bons administradores, mas o oposto necessariamente não é verdade. Essa diferença entre empreendedor e administrador estão principalmente nas características extras de sucesso, que faz de o empreendedor ter um diferencial perante o administrador, além dos atributos do administrador. As características dos empreendedores de sucesso estão muito mais ligadas às atitudes, entre elas nós temos: Ser visionário, saber tomar decisões, fazer diferença, saber explorar ao máximo as oportunidades, ser determinado e dinâmico, ser dedicado, ser otimista e apaixonado pelo que faz, ser independente e construir o próprio destino, ser líder e formador de equipes, ser bem relacionado (networking), ser organizado, planejar muito, possuir conhecimento, assumir riscos calculados e criar valor para sociedade.

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Analisando essas características conseguimos visualizar o empreendedor como uma pessoa que tem uma visão de futuro, com pouca insegurança, sabendo tomar decisões assertivas, transformam ideias em grandes oportunidades, não esmorece nunca, estão sempre ativos e com ímpeto para que as coisas aconteçam, pensam no negócio 24 horas por dia, criam uma relação de amor com o trabalho, suas atitudes faz a equipe ter um grande respeito e admiração pela sua liderança; o relacionamento é outro ponto forte do empreendedor, conhecem muito bem o que estão fazendo, planejando cada passo para assumir pequenos riscos e sempre pensando no valor que seus empreendimentos podem gerar para as pessoas (DORNELAS, 2018). As características empreendedoras para um jovem ou envelhescente, devem ser tratadas como ferramentas, que quanto maior o domínio e utilização maior será o sucesso empreendido, não havendo a obrigatoriedade do envelhescente ter todas as características e atitudes para se considerar um empreendedor.

O empreendedorismo vem crescendo a cada ano, e a definição do termo segundo o Global

Entrepreneurship Monitor (GEM) pode ser dividida em dois modelos: o empreendedorismo de

oportunidade e o de necessidade. O empreendedor de oportunidade é aquele que planeja, sabe onde quer chegar, pesquisa sobre o negócio, tem uma visão de futuro e a geração de lucro e crescimento. O empreendedor de necessidade é o indivíduo que se aventura a criar algo sem conhecimento algum, por falta de opção, por estar desempregado e não conseguir se recolocar no mercado de trabalho, geralmente são negócios informais sem planejamento e muitos fracassam em pouco tempo. (GEM, 2016). Outros estudos indicam que os motivos para empreender extrapolam o empreendedorismo por necessidade ou oportunidade e indicam que esses motivos são múltiplos e se complementam, podendo ter na maioria das vezes uma relação entre eles (SEBRAE, 2007; VASCONCELLOS; SILVA; FRANCISCO DOS REIS, 2014).

O empreendedorismo com pessoas acima de 60 anos ainda é pequeno e possui muitos entraves para o seu crescimento, o envelhecimento da população já é realidade no Brasil, mas as políticas públicas que incentivam o empreendedorismo aos idosos não avançam na mesma velocidade. No estatuto do Idoso é colocado o direito de exercer uma atividade profissional, utilizando suas habilidades e potenciais, estimulando a inserção desse idoso no mercado de trabalho, acredita-se na importância da introdução no estatuto do idoso de programas estruturados de incentivo e implantação ao empreendedorismo para o idoso (FREIRE; MURITIBA, 2012). Segundo Schmitz, Lapolli e Bernardes (2012) é de suma importância estimular o empreendedorismo nessa faixa etária, onde você tem alterações das atitudes com participação social e indicativos inovadores, isso gera busca de

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conhecimentos, realização, satisfação pessoal, busca do novo, desafios para o desconhecido, novas práticas profissionais e colocação em prática de ideais de vida.

Os envelhescentes correspondem a 34,9% do total de empreendedores Brasileiros, sendo 11,9 milhões na faixa etária de 45 à 54 anos e 6,6 milhões na faixa de 55 à 64 anos de um total de 53 milhões de empreendedores. Observando dentro da faixa etária dos envelhescentes averiguou-se que 40,37% do total de envelhescentes brasileiros são empreendedores e na faixa etária dos 45 aos 54 anos esse número sobe para 46,4% sendo a faixa etária que mais empreende dentre todas (GEM, 2019).

1.4 O Idoso e a aposentadoria

A aposentadoria é um acontecimento que ocorre principalmente com a população idosa, uma etapa da vida na qual se imagina desfrutar de uma vida inteira de trabalho com tempo livre, sem compromissos profissionais, viajar, ter prazer em momentos únicos (VIDO; MUNHOZ PUGLISI, 2012); mas de acordo com Vido e Munhoz Puglisi (2012) na maioria dos casos, os idosos têm uma desilusão com a aposentadoria, na medida que o tempo se passa, o idoso se vê sozinho, sem função definida, se achando inútil e fracassado. É uma mudança abrupta da vida ativa profissionalmente para a aposentadoria. Muitos idosos definem como um período difícil e não conseguiram se preparar com a devida importância para aposentadoria, essa transição deve ser pensada com antecedência, estruturando sua vida familiar e financeira (VIDO; MUNHOZ, 2012). Conforme Santos e Vaz (2008), ao se aposentar o Idoso é direcionado a um declínio de seu convívio social pela falta do ambiente de trabalho, levando a um grande vazio. Esse afastamento de atividades sociais e laborais imposto pela sociedade traz ao idoso um sentimento de desvalorização e tédio.

A questão financeira influencia muito no momento da aposentadoria, algumas pesquisas do Sistema de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram dados importantes referentes a esse assunto, um dos dados interessantes é com relação a percepção do indivíduo na pré-aposentadoria se o valor recebido será suficiente para seu sustento, 46% afirmam que sim, desses 22% diminuirão o padrão de vida e 38% dos entrevistados corroboram que a aposentadoria não será suficiente para seu sustento, nas classes A/B esse número passa para 54% e 16% não sabem se será suficiente. A pesquisa indica que precisa ser feita alguma adequação no padrão de vida atual para conseguir ter uma aposentadoria tranquila, o que raramente ocorre, oito em cada dez brasileiros não se prepara para a aposentadoria e apenas 19% dos não aposentados tem se preparado. Outro dado interessante é que 21% dos entrevistados pretendem continuar trabalhando

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após a aposentadoria para se manter ativo (60%) ou gostam do que fazem (18%) (CNDL/SPC Brasil, 2018).

O sustento dos lares brasileiros tem uma participação expressiva dos aposentados. Dados recentes demonstram (CNDL/SPC Brasil, 2018) que 91% dos Idosos do Brasil contribuem no orçamento familiar e 43% são os principais responsáveis pelo sustento da família, isso indica o quanto é importante a participação do Idoso no contexto familiar e é reflexo do aumento da expectativa de vida e suas atitudes mais ativas nessa fase da vida. Uma questão relacionada à responsabilidade financeira familiar é a inadimplência, 37% dos Idosos acabam tendo alguma dificuldade financeira e atrasam algum pagamento, sendo a conta de luz a principal entre as não pagas e o principal motivo é a diminuição da renda (CNDL/SPC Brasil, 2018).

A aposentadoria pode causar diminuição do poder aquisitivo, para maioria dos idosos isso gera um desconforto, ocorrendo uma diminuição da qualidade de vida. O baixo valor financeiro recebido na aposentadoria é um dos motivos para a permanência no trabalho ou alguma atividade remunerada, mas fatores subjetivos constituem os principais motivos para continuidade de vínculo empregatício, entre eles o sentimento de utilidade, o desejo de reconhecimento, participação social e vínculos pessoais (ALVARENGA et al, 2009). A aposentadoria na sua teoria seria um prêmio oferecido pela sociedade as pessoas que atingiram o seu objetivo produtivo em idade mais avançada, cedendo espaço laboral para as futuras gerações. Assim os aposentados poderiam aproveitar o tempo livre e improdutivo e se dedicar as atividades deixadas de lado em épocas com falta de tempo.

Nas últimas décadas isso não ocorreu, por falta da criação de estruturas sociais que apoiassem as necessidades e prioridades desse público, que se sentiram esquecidas não só pela sociedade, quanto pela família que geralmente tem outros interesses (SANTOS; VAZ, 2008). O baixo valor das aposentadorias na grande maioria não consegue suprir as necessidades básicas do aposentado como alimentação, saúde, medicamentos, moradia e lazer, sendo esse último o de menor utilização por conta da situação socioeconômica de nosso país, outro aspecto importante é que muitas famílias, têm como única renda a aposentadoria do idoso e essa não é suficiente para manter a todos, fazendo com que o idoso procure outra fonte de renda (MUNIZ, 2014).

A reforma da previdência realizada em 2019 veio para alterar e tentar corrigir os gastos previdenciários, que nos próximos anos irão aumentar por conta do envelhecimento da população. (SIBALDELLI; DA SILVA; CINTRA, 2019). A principal mudança foi a aposentadoria por tempo de contribuição, não havendo mais a possibilidade para a aposentadoria sem a idade mínima, que será de 62 anos para as mulheres e 65 anos para os homens e com um mínimo de 20 anos de contribuição,

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ficando assim unificado o regime, que antes era dividido por aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria por idade. Iniciando com o mínimo de 20 anos de contribuição, o aposentado garante 60% do benefício e pode ir acrescendo 2% por ano a mais de contribuição chegando aos 100% com 40 anos de contribuição (PELLIZZETTI, 2019).

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2.

Justificativa e Hipótese

Empreender é criar algo novo, transformar ideias em realidades, fazer acontecer, saber calcular riscos e aproveitar oportunidades (Dornelas, 2018). Segundo o Global Entrepreneurship

Monitor (GEM, 2019) a população de empreendedores entre 45 e 55 anos é de 22,45% do total de

empreendedores brasileiros e na faixa etária de 55 à 64 anos está em torno de 12,45%, somando as duas faixas etárias, o percentual de envelhescentes entre todos os empreendedores brasileiros é de 34,9%, portanto um a cada três empreendedores são envelhescentes.

A aposentadoria afeta não somente a participação social, mas principalmente a questão financeira do envelhescente e do idoso, ao se aposentar muitos idosos ficam deprimidos por perder o vínculo diário que tiveram por anos e se sentem improdutivos (MENDES et al, 2005). Ao empreender, muitos idosos buscam melhorar a sua própria renda ou da família em que fazem parte e retomam o convívio com pessoas diversas, isso faz eles se sentirem produtivos e diminui a depressão (RIBEIRO et al, 2018).

O sistema previdenciário brasileiro incentiva o adiamento da aposentadoria e a permanência dos idosos no mercado de trabalho. O trabalho informal acaba sendo uma das oportunidades para os idosos empreendedores que querem ampliar a renda e manter o padrão de vida, pois os trabalhos formais acabam sendo disputados por uma força de trabalho mais jovem com maior capacidade produtiva e mais valorizados no mercado (RIBEIRO et al, 2018)

Desta forma, entendeu-se a importância para efeitos da pesquisa realizada, identificar a motivação pela qual pessoas com mais de 50 anos empreendem, relacionando aos aspectos econômicos, sociais e pessoais que podem influenciar nessa motivação para empreender.

(16)

3.

Objetivo

3.1. Objetivo Geral

O objetivo do presente estudo é identificar o motivo pelo qual pessoas com mais de 50 anos empreendem.

3.2. Objetivos específicos:

- Caracterizar os empreendedores;

- Identificar os ramos de atividades que empreendem;

- Fazer correlações entre as categorias temáticas “Motivos para empreender” e “Mudanças Marcantes após empreender” com aspectos os aspectos financeiros e profissionais; e os aspectos pessoais e sociais.

- Separar em duas categorias os motivos e as mudanças para empreender: os aspectos financeiros e profissionais; e os aspectos pessoais e sociais.

- Relacionar o tipo de empreendedorismo aos aspectos socioeconômicos dos idosos; - Identificar as mudanças mais marcantes após empreender.

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4.

Métodos

4.1. Procedimentos Éticos

O projeto foi inserido na Plataforma Brasil sob número CAAE 30679519.2.0000.0089 e foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade São Judas sob número do parecer 4.038.912 (ANEXO A). Após a aprovação os participantes foram recrutados através das redes sociais. A amostra foi autogerada e a coleta feita online de 09/01/2020 a 06/03/2020 através do link http://gg.gg/perfildoidosoempreendedor. Foi aplicado o Termo de Consentimento Livre

Esclarecido (TCLE) (ANEXO B) seguindo as vigências das Resoluções 466 de 12 de dezembro 2012

e 510 de 7 de abril de 2016.

4.2. Desenho do Estudo

Trata-se de uma pesquisa de campo descritiva com abordagem quantitativa. De acordo com Gil (2008) se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos dados coletados.

4.3. Participantes

Foram incluídos na pesquisa 34 idosos de ambos os sexos, com mais de 50 anos. Foram excluídos três indivíduos que não são empreendedores conforme resposta do questionário preenchido pelo participante e um com idade inferior a 50 anos e outro por ter respondido em duplicidade. Os instrumentos foram aplicados de forma online em meios de comunicação, como redes sociais e e-mail. O tempo estimado para cada participante responder foi de 20 minutos. No momento do preenchimento do formulário, todos os participantes aceitaram primeiramente o termo de consentimento livre e esclarecido e logo após responderam aos instrumentos e ao questionário.

4.4. Instrumentos

Foram utilizados os seguintes instrumentos:

a) Questionário socioeconômico (ANEXO B) contendo questões tais como: sexo, cor ou

raça, escolaridade, estado civil, idade, moradia, número de filhos, renda, tipo de atividade.

b) Questionário com perguntas elaboradas com propósito de coletar informações para este

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questionário observa peculiaridades referente ao idoso empreendedor, assim, as questões foram desenvolvidas com vistas a identificar tais características. As perguntas foram divididas em duas categorias: a primeira “Motivos para empreender” e a segunda “Mudanças Marcantes após empreender”. A Categoria temática “Motivos para Empreender” foi elaborada através do questionamento “O que fez eu começar a empreender” utilizando a escala Likert que varia de 1 a 5 onde 1 significa discordo totalmente e 5 concordo totalmente e as respostas foram divididas em 16 variáveis, que são: “Ajudar a família”, “Continuar trabalhando”, “Falta de oportunidade de emprego”, “Necessidade Financeira”, “Complementar Renda da Família”, “Oportunidade de mercado”, “Ampliar meu convívio com as pessoas”, “Fazer amigos”, “Fazer algo diferente”, “Mudança de estilo de vida”, “Ocupação do tempo livre”, “Realização profissional”, “Satisfação com a vida”, “Fazer algo prazeroso”, “Sair de casa” e “Correr riscos”. Na categoria “Mudanças Marcantes após empreender” também foi utilizada a escala Likert e o questionamento foi: “Quais mudanças foram mais marcantes após começar a empreender”, as respostas foram divididas em 12 variáveis: “Melhorei minha situação financeira”, “Ajudei minha família financeiramente”, “Me realizei profissionalmente”, “A realização de um sonho”, “Melhorei a Qualidade de vida”, “Me trouxe felicidade”, “Voltei a me sentir útil”, “Ampliei o convívio com as pessoas”, “Criei novos aprendizados”, “Fiz mais amigos”, “Ampliei minha participação em eventos sociais” e “Fiquei mais cansado”.

Nesse questionário também foi elaborado uma pergunta aberta sobre o significado de empreender: “Para você o que significa empreender? ”

4.5. Metodologia da análise dos dados

Os dados foram armazenados em planilhas do Excel versão 2019 e exportados para o softwareGraph Pad Prism 8,0 para análise estatística. Foi aplicado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Foi considerado significativo p < 0,05. Os dados foram expressos como média ± desvio padrão. Foi realizada correlação de Spearman entre as variáveis.

(19)

5.

Resultados e Discussão

Neste trabalho foram coletados os dados de 39 participantes que responderam digitalmente a pesquisa encaminhada pela internet. Deste total, 34 respostas foram validadas e cinco excluídas: uma pelo fato de ser proveniente de um participante com idade inferior a 50 anos, outra por ter respondido em duplicidade e três por se declararem não empreendedores. Os dados dos 34 participantes foram tabulados e analisados. Na tabela 1 estão disponibilizados os dados socioeconômicos dos participantes, entre eles o sexo, a idade, cor ou raça, escolaridade, estado civil, número de filhos e se mora sozinho. Participaram da pesquisa 17 homens e 17 mulheres. 65% dos participantes tinham entre 50 e 65 anos e a média de idade ficou entre 62,7 anos. 60% eram casados ou viviam com um companheiro (a), 50% dos participantes tinham dois filhos e 45% ganhavam menos que três salários mínimos. 90% dos participantes se autodeclararam como de cor branca e 68% com estudo acima do nível superior.

Em pesquisa realizada pelo GEM (2016), foi verificado que em diversos países existe uma superioridade do sexo masculino em relação ao feminino para os empreendedores iniciais, mas no Brasil essa diferença é muito pequena, tendo uma equiparação entres os gêneros. Com relação a escolaridade dos empreendedores, mais da metade tem estudos acima do nível superior, o que foi comprovado pela nossa pesquisa. A renda dos empreendedores na pesquisa do GEM (2016) mostra uma divisão bem distribuída em três faixas de renda, não tendo predominância em nenhuma delas, isso vem de encontro com a renda dos empreendedores de nossa pesquisa que estão distribuídas por todas as faixas de renda. O Sebrae (2007) também realizou pesquisas com o perfil socioeconômico de empreendedores na terceira idade e foi verificado que 2/3 dos empreendedores eram do sexo masculino e a escolaridade ficou com 1/3 acima de superior completo.

(20)

Tabela 1: Dados Socioeconômicos - Caracterização da amostra - Distribuição dos participantes (n =

34) do estudo em relação ao sexo, idade, cor ou raça, escolaridade, estado civil, número de filhos e mora sozinho.

VARIÁVEL Itens Participantes

(n)

Porcentagem

(%) Média

Sexo Feminino 17 50% N.A

Masculino 17 50% Idade > 65 anos 12 35% 62,7 anos 50 até 65 anos 22 65% Cor ou Raça Branca 31 91% N.A Mulata/Cabocla ou Parda 2 6% Amarela/Oriental 1 3% Escolaridade Ensino Fundamental 2 6% N.A

Ensino Médio Incompleto 2 6%

Ensino Médio Completo 5 15%

Ensino superior Incompleto 2 6%

Superior Completo 15 44%

Pós graduação 5 15%

Mestrado 2 6%

Doutorado 1 3%

Estado Civil

Casado(a) / mora com um(a)

companheiro(a). 20 59% N.A Separado(a) / divorciado(a) / desquitado(a). 10 29% Solteiro 2 6% Viúvo 2 6% Número de filhos 0 1 3% 02 filhos 1 4 12% 2 17 50% 3 12 35%

Mora sozinho Sim 3 9% N.A

Não 31 91%

Renda

até 1 Salário Mínimo (R$

998,00) 7 21% N.A 1 a 3 Salários Mínimos (R$ 998,00 e R$ 2.994,00) 8 24% 3 a 5 Salários Mínimos (R$ 2.994,00 a RS 4.990,00) 4 12% 5 a 7 Salários Mínimos (R$ 4.990,00 a R$ 6.986,00) 3 9% 7 a 10 Salários Mínimos (R$ 6.986,00 a R$ 9.980,00) 6 18%

Acima de 10 Salários Mínimos

(21)

A figura 1 ilustra as atividades em que os participantes estavam empreendendo. As principais atividades foram artesanato e alimentação. Nas atividades de artesanato foram incluídos trabalhos manuais como: pintura, cerâmica, artesanato em materiais reciclados entre outros. Na atividade do ramo de alimentação, foram incluídas produções alimentícias em geral. Esses dados vêm de encontro com a pesquisa do GEM (2016), onde os empreendedores nascentes da faixa etária de 55 a 64 anos atuam principalmente em quatro atividades: Serviços ambulantes de alimentação, Comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria, higiene pessoal, artesanato, artigos do vestuário e acessórios, Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas e Atividades de serviços pessoais.

Outro estudo importante realizado pelo Sebrae Nacional (2017), com pessoas em fase de pré-aposentadoria indica que 25% de futuros empreendedores pretendem atuar na área de alimentação, isso nos mostra o quanto essas atividades são de fundamental importância para estudos de empreendedores acima de 50 anos. Segundo a pesquisa realizada em Palmas com 328 Idosos empreendedores, o ramo de atividade que mais se destacou foi a prestação de serviços com 56 % dos idosos entrevistados e entre elas alimentação, estética, cabeleireira entre outros (DE ARRUDA TEIXEIRA; BILAC; MIRANDA, 2017).

Figura 1: Atividades que empreendem - Distribuição dos participantes (n = 34) do estudo em

(22)

A figura 2 ilustra os resultados da questão “O que fez eu começar a empreender? ” Procurou-se avaliar os motivos de empreender dos participantes, entre os motivos tínhamos as Procurou-seguintes variáveis: “ajudar a família”, “ampliar meu convívio com as pessoas”, “complementar renda da família”, “continuar trabalhando”, “correr riscos”, “falta de oportunidade de emprego”, “fazer algo diferente”, “fazer algo prazeroso”, “fazer amigos”, “mudança de estilo de vida”, “necessidade financeira”, “ocupação do tempo livre”, “oportunidade de mercado”, “realização profissional”, “sair de casa”. Quando avaliamos as respostas com valores mais altos na escala de Likert, notamos que “continuar trabalhando”, “fazer algo prazeroso”, “satisfação com a vida” e “realização profissional” foram os motivos para empreender com índices mais elevados; já “correr riscos” e “falta de oportunidade de emprego” as respostas com índices menores na escala de Likert.

Os motivos para empreender é tema de diversos estudos e um dos principais programas de pesquisas sobre o empreendedorismo é o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que há mais de 20 anos estuda o tema em mais de 80 países e o Brasil é um dos participantes. Até 2018 o GEM utilizava uma metodologia para entender a motivação dos empreendedores dividida em apenas duas categorias: por necessidade e por oportunidade, a partir de 2019 eles inovam e avaliam a motivação através de quatro afirmações: “Para ganhar a vida porque os empregos são escassos”, “Para fazer diferença no mundo”, “Para construir uma grande riqueza ou uma renda muito alta” e “Para continuar uma tradição familiar” (GEM, 2019)

Nesse estudo os motivos para empreender são diversos, um dos motivos que ficaram bem abaixo na escolha dos envelhescentes e idosos foi a falta de oportunidade de emprego e isso é o oposto do que diz o GEM, no qual a grande maioria optou como escolha de motivação de empreender “para ganhar a vida porque os empregos estão escassos”. Essa pesquisa foi realizada apenas por pessoas acima de 50 anos e a pesquisa do GEM utilizou uma faixa etária de 18 a 64 anos, no qual 92,3% são de pessoas com idades menores que 54 anos. A segunda motivação mais escolhida na pesquisa do GEM foi “ fazer a diferença no mundo”, essa motivação tem relação com duas das quatros motivações melhores avaliadas nesse trabalho que são “fazer algo prazeroso” e “satisfação com a vida”, pois são motivações relacionadas a aspectos pessoais e sociais, onde o indivíduo faz as escolhas que deem sentido a sua vida e nesse caso estamos falando de prazer, satisfação e contribuição para uma vida melhor.

(23)

Figura 2: Motivos para empreender – Utilizada a escala Likert (1 a 5) para identificar os motivos

que fizeram o participante a empreender (1 significa “discordo totalmente” e 5 “concordo totalmente”).

O motivo para empreender “continuar trabalhando” foi um dos motivos mais escolhidos pelos envelhescentes e idosos neste estudo. Esse dado evidencia que o trabalho é de suma importância para a continuidade de uma vida saudável e um envelhecimento ativo (REBELLATO; HAYASHI, 2014). Com o aumento da expectativa de vida cada vez mais teremos que continuar trabalhando e o trabalho formal com carteira assinada e registro ficam escassos para pessoas mais velhas, pois a maioria das empresas necessitam de uma força de trabalho mais jovem (PELLIZZETTI, 2019 E MUNIZ; BARROS, 2014). Franca et al (2013), ao pesquisarem sobre aposentar-se ou continuar trabalhando, relataram que para continuar trabalhando existiam dois preditores que seriam a flexibilidade e a autonomia, essas duas características do trabalho estão relacionadas com flexibilização de horário, escolhas das atividades laborais, controle de frequência e opções sobre o próprio trabalho, as pessoas que escolhem continuar trabalhando por opção e não por necessidade, querem ter uma maior liberdade de escolha, onde não ocorre em muitas empresas e por conta disso o empreendedorismo é uma grande possibilidade dessa continuidade laboral.

(24)

Outra variável escolhida como um dos principais motivos para empreender foi “fazer algo prazeroso”. O prazer não está ligado apenas à atividades de lazer e sim a qualquer atividade que gere um bem-estar para o envelhescente ou para o idoso; e assim, pode ter efeitos positivos na saúde mental. Como já foi ressaltado por Gonçalves e Joan Barham (2011), no qual a atividade, no nosso caso o empreendedorismo, é apenas o meio que traz prazer ao realizar, demonstrado nos sinais de concentração elevada, perda da noção do tempo, real experiência de recompensa e o domínio dos desafios.

O motivo de empreender “satisfação com a vida” tem uma ligação muito grande com as relações sociais e a inserção do envelhescente e do idoso na sociedade. Resende et al (2006) relataram que o suporte social realizado através do empreendedorismo traz uma grande satisfação de viver além de ampliar a confiança pessoal, capacidade de resolver problemas, aumento da autoestima e vontade de viver (RESENDE et al, 2006).

Segundo Oliveira Silva (2015), a realização profissional está relacionada ao fato do indivíduo ter a percepção de que atingiu as suas metas em sua carreira profissional ou sente-se que está na direção certa para atingir essas metas. Nesse trabalho a maioria dos envelhescentes e idosos que participaram da pesquisa escolheram como um dos principais motivos para empreender a “realização profissional”, isso indica que possivelmente os participantes buscam essa realização profissional ao empreender.

A Figura 3 ilustra os resultados em relação às mudanças mais marcantes após os participantes iniciarem no empreendedorismo; e dentre as respostas haviam as seguintes opções: “melhorei minha situação financeira”, “ajudei minha família financeiramente”, “me realizei profissionalmente”, “a realização de um sonho”, “melhorei a qualidade de vida”, ”me trouxe felicidade”, “voltei a me sentir útil”, “ampliei o convívio com as pessoas”, ”criei novos aprendizados”, “fiz mais amigos”, “ampliei participação em eventos sociais” e “fiquei mais cansado”. As repostas com índices mais altos na escala de Likert foram “me realizei profissionalmente”, “me trouxe felicidade”, “criei novos aprendizados” e “fiz mais amigos”.

Quando falamos de mudanças marcantes após empreender, podemos estar revertendo uma situação que foi colocada aos idosos quando se aposentam. Segundo Mendes et al (2005) ao se aposentar, pode-se gerar uma crise no indivíduo, com a diminuição da autoestima, da sensação de ser útil e da competitividade no trabalho. O mesmo autor relata que à princípio o idoso tem um sentimento de satisfação, pois agora pode descansar; mas com o passar do tempo, o idoso se sente isolado do

(25)

mundo, passando do papel de protagonista para coadjuvante, fica marginalizado pela sociedade e descobre que sua vida se tornou inútil.

Analisando esse contexto, essa pesquisa relevou o quanto o empreendedorismo faz os envelhescentes e idosos retomarem essa alegria de viver, pois grande parte das respostas estavam relacionadas à realização, à aprendizagem, à felicidade e aos amigos. Luz e Amatuzzi (2008) demonstram em sua pesquisa a grande importância da dimensão familiar e a da dimensão laboral, sendo elas fontes de felicidade, podendo gerar um envelhecimento prazeroso com projetos e realizações. Luz e Amatuzzi (2008) ainda ressaltaram que pode ser momento de libertação para os idosos, com novos projetos, especializações e capacitação utilizando à experiência acumulada para um belo projeto de vida.

Figura 3: Mudanças após começar a empreender - Utilizada a escala Likert (1 a 5) para identificar

as mudanças marcantes após iniciar empreender (1 significa “discordo totalmente” e 5 “concordo totalmente”).

(26)

Na tabela 2 subdividimos os motivos para empreender e as mudanças mais marcantes após empreenderem em duas categorias: Aspectos financeiros e profissionais e Aspectos pessoais e sociais.

Segundo Vale, Correa e Reis (2014) além das oportunidades e das necessidades como motivações para empreender, também devem ser levadas em conta os atributos pessoais, o mercado de trabalho, a insatisfação com emprego, a família e a influência externa. De acordo com o trabalho literário realizado por Carvalho e Gonzalez (2006) as motivações empreendedoras podem ser subdivididas em quatro fatores: “Necessidade de independência”, “Necessidade de desenvolvimento pessoal”, “Percepção da instrumentalidade da riqueza” e a “Necessidade de aprovação”. A necessidade de independência e a percepção de instrumentalidade de riquezas estão em alinhamento com os aspectos financeiros e profissionais, isso nos mostra que as questões financeiras e profissionais são motivos para futuros empreendedores ciarem seus negócios por um melhor rendimento e uma independência profissional. Os aspectos pessoais e sociais estão ligados diretamente à necessidade de desenvolvimento pessoal e à necessidade de aprovação. São motivos para empreender: ter uma realização pessoal, fazer algo e ser reconhecido por isso, ser mais respeitado pelos amigos e ter prestigio na sociedade (CARVALHO; GONZALEZ, 2006). Segundo Pichler et al (2019), o dinheiro é apenas um meio e antecessor da promoção da felicidade, da realização interior, da execução dos projetos de vida e dos afazeres cotidianos.

Entre os aspectos financeiros e profissionais como motivação para empreender surgiram: “ajudar a família”, “continuar trabalhando”, “necessidade financeira”, “realização profissional” e “complementar renda familiar”. Entre os aspectos pessoais e sociais que trazem como motivação para empreender podemos citar: “ampliar meu convívio com as pessoas”, “fazer amigos”, “fazer algo diferente”, “mudança de estilo de vida”, “fazer algo prazeroso”, “ocupação do tempo livre” e “satisfação com a vida”. As mudanças marcantes após empreender relacionadas aos aspectos financeiros e profissionais foram: “me realizei profissionalmente”, “melhorei minha situação financeira” e “ajudei minha família financeiramente”. As mudanças marcantes referentes aos aspectos pessoais e sociais: “a realização de um sonho”, “melhorei a qualidade de vida”, “me trouxe felicidade”, “voltei a me sentir útil”, “ampliei o convívio com as pessoas”, “criei novos aprendizados”, “fiz mais amigos” e “ampliei minha participação social”.

Analisando esse contexto, identificamos que os aspectos financeiros e profissionais são de suma importância para o empreendedor acima de 50 anos. Vanzella; Lima Neto e Silva (2011) descreveram que o trabalho, além de constituir uma fonte de renda que complemente à aposentadoria, gera benefícios maiores que os financeiros, como a sensação de sentir-se útil, produtivo e ter

(27)

dignidade na vida. Outros autores como Dornelas (2003), Peres (2014) e pesquisadores do SEBRAE (2013) indicam que diante do cenário em que os empreendedores vivem, criar algo novo e diferente faz parte do desejo no processo de empreende, indicando que fazer algo diferente e prazeroso é primordial no processo de empreender.

Os Aspectos pessoais e sociais dos motivos para empreender e mudanças após empreender estão ligados a satisfação com a vida, prazer de realização pessoal, felicidade, participação social, melhoria de autoestima. Segundo Pinto (2016) o empreendedorismo é uma atividade social que gera relação entre indivíduos. Já Rebellato e Hayashi relatam que a participação social auxilia na saúde e bem-estar da população idosa e fortalecem os papéis sociais.

Tabela 2 – Relação das categorias temáticas Motivos para empreender e Mudanças marcantes após empreender com Aspectos financeiros e profissionais e Aspectos pessoais e sociais

ASPECTOS FINANCEIROS E PROFISSIONAIS ASPECTOS PESSOAIS E SOCIAIS MOTIVOS PARA EMPREENDER Ajudar a família Continuar trabalhando Necessidade Financeira Complementar Renda da Família  Realização profissional

Ampliar meu convívio com as

pessoas  Fazer amigos

Fazer algo diferente

Mudança de estilo de vida

Ocupação do tempo livre

Satisfação com a vida

Fazer algo prazeroso

MUDANÇAS MARCANTES APÓS

EMPREENDER

Me realizei

profissionalmente

Melhorei minha situação

financeira

Ajudei minha família financeiramente

A realização de um sonho

Melhorei a Qualidade de vida

Me trouxe felicidade

Voltei a me sentir útil

Ampliei o convívio com as

pessoas

Criei novos aprendizados

Fiz mais amigos

(28)

A tabela 3 estão descritas as respostas de cada participante em relação à pergunta aberta do questionário: “Para você o que significa empreender?”. Essas respostas foram reagrupadas e divididas por aspectos financeiros e profissionais e aspectos pessoais e sociais.

Essa tabela reforça a avaliação realizada em cima dos dados quantitativos onde verificou-se que o empreendedorismo pode ter motivações múltiplas. Os fatores sociais são determinantes para escolha das atividades laborais após aposentadoria, estas atividades podem ser usadas como estratégias aliadas à manutenção do bem-estar e uma atitude ativa dos indivíduos mais velhos (RIBEIRO et al, 2016).

O trabalho para idosos além de ser uma fonte de renda como complemento à aposentadoria, é uma forma de atingir uma vida mais útil, com ocupação e digna (VANZELLA; LIMA NETO; SILVA, 2011).

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Tabela 3 – Respostas do questionamento – “Para você, o que significa empreender? ” Subdivididas

em Aspectos Financeiros e Profissionais e Aspectos Pessoais e Sociais

ASPECTOS FINANCEIROS E

PROFISSIONAIS ASPECTOS PESSOAIS E SOCIAIS

“Criar peças com produtos básicos, até ganhados e ganhar um dinheiro para ajudar a pagar as contas”

“Investir seu dinheiro em algo que te traga outra renda” “Fazer algo que me dê prazer em realizar e conseguir retorno financeiro”

"Manutenção de uma atividade profissional e evoluir sempre como pessoa”

“Evoluir profissionalmente e pessoalmente”

“Inovar, ser útil, executar com prazer e obter retorno financeiro”

“Ganhar dinheiro fazendo o que me dá satisfação”

“Gerar renda a partir do meu trabalho, da minha ideia e dia meus sonhos”

“Criar oportunidades de sustento e desenvolvimento pessoal”

“Acreditar em uma ideia e investir nela com estudo, organizar financeiramente e arriscar para dar certo”

“Trabalho”

“Significa ser produtivo”

“Buscar novos conhecimentos e produzir”

“Apostar numa ideia depois de planejar e avaliar a viabilidade”

“Ser o responsável por seus planos profissionais e pessoais”

“Realizar um sonho, ser útil, prazer em ver as pessoas comendo felizes”

“Procurar atividades prazerosas para viver bem”

“Para mim foi criar novas oportunidades para que eu pudesse ter algo de meu para

compartilhar com pessoas ... uma realização”

“Criar, pôr a mão na massa, me realizar e ainda ser remunerada por isso...”

"Levar felicidade para as pessoas”

“Evoluir profissionalmente e pessoalmente”

“Saber lhe dar com seu próprio negócio,

descobrindo as dificuldades e tentando finalizar sem perdas ...no final”

“Traçar possibilidades de ideias de trabalho., planejar e executar”

“Criar oportunidades de sustento e desenvolvimento pessoal”

“Realizar minha missão de vida”

“Realizar sonhos”

“Melhora minha qualidade de vida”

“Assumir desafios diários”

“Se sentir útil e aprender a cada dia”

“Motivação de realizar”

“Autodesenvolvimento e auto realização”

“Criar”

“Abrir novos caminhos”

“Ter ideias simples, diretas, de alto alcance em termos de pessoas, social e também

rentabilidade, que permitam desenvolver, criar e colocar em prática diversos tipos de negócios e coisas”

“Viver”

"Buscar formas de atender as necessidades do público alvo, de maneira criativa, prática, envolvente e inovadora”

As tabelas 4 e 5 ilustram os resultados das correlações das variáveis com as duas categorias temáticas do instrumento desenvolvido pelos pesquisadores: “motivos para empreender” e “mudanças marcantes após empreender” entre os aspectos financeiros e profissionais e aspectos pessoais e sociais.

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Na tabela 4 estão demarcados em amarelo as correlações significativas relacionadas aos “motivos para empreender”. Ao analisar todas as respostas, observamos várias correlações positivas da variável “continuar trabalhando” dos aspectos financeiros e profissionais com a maioria das variáveis de aspectos pessoais e sociais. Para os envelhescentes e idosos continuar trabalhando é muito importante, mas tem uma relação muito grande com os aspectos pessoais e sociais, quando maior o motivo de empreender para continuar trabalhando, maiores são os motivos para: “ampliar meu convívio com as pessoas”, “fazer amigos”, “fazer algo diferente”, “ocupação do tempo livre”, “satisfação com a vida” e “sair de casa”. Essas correlações nos mostram o quanto estão conectados os motivos para empreender. Conforme Ribeiro et al (2016) no estudo permanência no mercado de trabalho e satisfação com a vida na velhice verificou que os idosos que continuam trabalhando tem uma maior satisfação com a vida e isso corroboram com as correlações encontradas nessa pesquisa. Outra pesquisa que relaciona atividade com satisfação com a vida e envolvimento social foi realizada por Pinto e Neri (2017), nela é demonstrada que quanto maior a participação em atividades sociais maior a satisfação do idoso.

Observamos também uma correlação positiva entre a variável “necessidade financeira” e outra variável “mudança de estilo de vida”. Quanto maior é o motivo de empreender por conta da necessidade financeira, também aumenta o motivo de empreender para mudar o estilo de vida. A correlação entre os aspectos financeiros e profissionais (necessidade financeira) e os aspectos pessoais e sociais (mudança de estilo de vida) é uma indicação da indissociabilidade dos motivos para empreender.

A variável dos aspectos financeiros e profissionais “realização profissional”, correlacionou-se positivamente com as variáveis “satisfação com a vida” e “fazer algo prazeroso”, que fazem parte dos aspectos pessoais e sociais. Desta forma, quanto mais o empreendedor escolhe como motivo para empreender a realização profissional, maior será sua busca por fazer algo prazeroso e a satisfação com a vida. A realização profissional está relacionada com a satisfação de todo o contexto intrínseco com a atividade laboral e percebeu-se que o trabalho atua como prática de ajuda e tem como recompensa a gratificação pessoal (ROSA; CARLOTTO, 2005).

(31)

Tabela 4 - Correlações de Spearman da Categoria Motivos para empreender dos Aspectos

Financeiros e Profissionais x Aspectos Pessoais e Sociais (n=34)

Na Tabela 5 estão apontadas em amarelo as correlações referentes às mudanças mais marcantes após iniciar o empreendedorismo. “Melhorei minha situação financeira” correlacionou-se com “melhorei a qualidade de vida”, isto é, quanto maior a melhora da situação financeira, melhor a qualidade de vida como uma importante mudança após empreender. Segundo Vanzella, Lima Neto e Silva (2011) o trabalho para idosos além de contribuir financeiramente como complemento da aposentadoria ele também é uma forma de se sentir útil, ter uma ocupação e dignidade com a vida, portanto envelhecer não significa improdutividade e dependência. Além disso, a variável “ajudei minha família financeiramente” se correlacionou positivamente com “melhorei a qualidade de vida”, “voltei a me sentir útil” e “ampliei o convívio com as pessoas”, evidenciando que o empreendedor que mais ajuda a família, mais sente melhora da qualidade de vida, volta a se sentir útil e amplia o seu convívio com as pessoas. ”, isto significa que quanto mais o empreendedor ajuda a família, mais ele se sente útil. A continuidade do trabalho e melhoria da renda pode significar a manutenção do papel social e da qualidade de vida e consequentemente maior satisfação com a vida (Ribeiro et al ,2016). A associação entre qualidade de vida e atividade laboral geram um envelhecimento bem-sucedido, vivendo de forma ativa, contribuindo para melhoria da vida de outras pessoas, a autoestima e realização pessoal (BARROS, 2009)

MOTIVOS PARA EMPREENDER

Valor P Valor R Valor P Valor R Valor P Valor R Ampliar meu convívio com as pessoas 0,040 0,353 0,237 -0,208 0,005 0,472

Fazer amigos 0,007 0,452 0,935 0,015 0,002 0,503

Fazer algo diferente 0,002 0,507 0,939 0,014 0,006 0,466 Mudança de estilo de vida 0,308 0,180 0,044 0,347 0,012 0,425 Ocupação do tempo livre 0,018 0,404 0,978 0,005 0,023 0,390 Satisfação com a vida 0,025 0,383 0,460 0,131 0,000 0,682 Fazer algo prazeroso 0,091 0,294 0,756 0,055 0,000 0,584

Sair de casa 0,049 0,340 0,940 -0,013 0,081 0,304

Continuar trabalhando Necessidade Financeira

Aspectos financeiros e profissionais

Aspectos

pessoais e

sociais

(32)

A variável “me realizei profissionalmente” se correlacionou positivamente com: “melhorei a qualidade de vida” e “me trouxe felicidade”, indicando uma forte relação da qualidade de vida do empreendedor com a realização profissional e felicidade. Além disso, a felicidade, a realização profissional e a qualidade de vida estão conectadas às mudanças após empreender. Conforme Luz e Amatuzzi (2008) verificaram que a dimensão familiar e dimensão laboral são de extrema importância para o envelhecimento, sendo fontes de felicidade e que projetos e realizações podem gerar uma velhice prazerosa.

Tabela 5 - Correlações de Spearman da Categoria Mudanças após empreender dos Aspectos

Financeiros e Profissionais x Aspectos Pessoais e Sociais. (n=34)

MUDANÇAS APÓS EMPREENDER

Valor P Valor R Valor P Valor R Valor P Valor R

Melhorei a Qualidade de vida 0,008 0,450 0,006 0,463 0,012 0,427

Me trouxe felicidade 0,363 -0,161 0,254 0,201 0,023 0,390

Voltei a me sentir útil 0,776 0,051 0,035 0,363 0,106 0,282

Ampliei o convívio com as pessoas 0,450 0,134 0,046 0,344 0,286 0,188

Aspectos financeiros e profissionais

melhorei minha situação financeira

Ajudei minha família financeiramente Me realizei profissionalmente

Aspectos

pessoais e

sociais

(33)

6.

Considerações finais

Os dados deste trabalho demonstram uma forte relação entre o empreendedorismo, participação social e situação financeira entre as pessoas com mais de 50 anos. Os principais motivos que levam os participantes da pesquisa a empreenderem estão relacionados em continuar trabalhando, realização profissional, satisfação com a vida e fazer algo prazeroso. Além disso, estão relacionados também com à mudança de estilo de vida, à necessidade financeira, à complementar a renda familiar, à fazer algo diferente, ajudar a família, ampliar o convívio com as pessoas e à fazer amigos. Alguns motivos não foram muito escolhidos como: falta de oportunidade de emprego, oportunidade de mercado, correr riscos e sair de casa. Essas relações tornam o empreendedorismo uma ferramenta importante para envelhescentes e idosos, podendo auxiliar em diversos quesitos do envelhecimento como: ampliação das relações sociais, melhora da situação financeira, aumento de autoestima, diminuição de depressão e o aumento da qualidade de vida.

As mudanças após iniciar o empreendedorismo também são relevantes nesse processo de pesquisa, elas indicam as alterações comportamentais e sentimentos desabrochados após o início empreendedor, onde as cinco principais mudanças mais marcantes escolhidas foram: me realizei profissionalmente, me trouxe felicidade, criei novos aprendizados, voltei a me sentir útil e fiz mais amigos, esses sentimentos e comportamentos estão ligados a satisfação com a vida e isso tem relação com a participação social e a teoria da atividade , onde o envelhescente e idoso que se mantem ativo em alguma atividade social, nesse caso o empreendedorismo, se sentem mais satisfeito, felizes, realizados e úteis.

Além disso, o empreendedorismo pode trazer novas perspectivas para o futuro das pessoas, como aumento do seu convívio social e também da sua renda. Sugere-se mais estudos ligados ao empreendedorismo em envelhescentes e idosos por se tratar de uma população em crescimento e por termos poucos trabalhos realizados nessa área.

(34)

7.

Referências

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idoso. São Paulo: Rev. esc. Enfermagem. USP, v. 43, n. 4, p. 796-802, 2009.

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