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A tarefa estratégica do proletariado no próximo período – período pré-revolucionário de agitação, propaganda e organização – consiste em superar a contradição entre a maturidade das condições objetivas da revolução e a imaturidade do proletariado e de sua vanguarda (confusão e desilusão da velha geração, inexperiência da nova). É preciso ajudar as massas no processo de suas lutas cotidianas a encontrar a ponte entre suas reivindi-cações atuais e o programa da revolução socialista. Essa ponte deve consistir em um sistema de reivindicações transitórias que parta das atuais condições e consciências de amplas camadas da classe trabalhadora e conduza, invaria-velmente, a uma só e mesma conclusão: a conquista do poder pelo proletariado. (O Programa de Transição – L. Trotsky)

A arma da crítica não pode substituir a crítica das armas; a força material só será derrubada pela força material; mas a teoria em si torna-se também uma força material quando se apodera das massas. A teoria é capaz de se apossar das massas ao demonstrar-se ad hominem, e demonstrar-se ad hominem logo que se torna radical. Mas, para o homem, a raiz é o próprio homem. (Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel - Marx)

Introdução

Diante do exposto, se espera que a formação profissional dos educadores, além de contribuir para que compreendam as dimensões que envolvem o chamado mundo do trabalho; os processos de socialização atinentes ao mundo da cultura e uma formação técnica que os capacite para o exercício da profissão, também precisa ter a preocupação em formá-los na prática da pesquisa científica, de modo que, conjugada com uma práxis política esclarecida, no interior de uma perspectiva histórico-social, possa imunizá-los contra os vícios e as rotinas da profissão que desembocam no chamado senso-comum pedagógico, por meio da qual, a prática educativa que poderia ser um veículo para fazer avançar o conhecimento educativo que se tem sobre o mundo e torná-los crítico- negativos sobre o que está em jogo no mundo contemporâneo, termina por tornar-se apenas uma prática insonsa que reforça de forma automática, ações pedagógicas adotadas, muitas vezes, sem a devida reflexão questionadora.

Nesses termos, se faz necessário debater, qual concepção filosófica de ciência (pedagógica) poderia fornecer os instrumentos categoriais mais efetivos para contemplar as necessidades de conhecer melhor o mundo (educativo), ao mesmo tempo, que se busca transgredi-lo no que tem de regressivo. Tais exigências colocam certos imperativos para o trabalho do educador/pesquisador, de modo que, o mesmo possa ganhar sentido histórico-social (4ª dimensão) e portanto, adquirir um sentido duradouro e emancipatório. Assim, pelo menos três tarefas se impõe necessariamente:

1ª ) a primeira já realizada foi fazer um (breve) balanço a respeito de como a Filosofia

da Educação, praticada por aqueles que a tem como atividade principal, tem assumido para si, o compromisso de constituí-la em um bunker contra as barbáries produzidas pelo capital, uma vez que, a partir da caracterização realizada sobre os problemas atinentes a formação/profissão docente, não deixam dúvidas, de que se trata de um quadro desumanizador o fato das políticas oficiais educacionais aplicadas sob a inspiração de ideias neoliberais, trazerem como resultado não apenas o agravamento de tais problemas, mas também, a disseminação de propostas “críticas” que se mostram raquíticas em termos de estratégia política, pois apenas tem reproduzido com propósitos diferentes, a alienação/reificação do processo ensino-aprendizagem, de modo que, se faz necessário,

2ª) refletir/assumir os pressupostos epistemológico-políticos que possam fornecer as

armas categoriais mais afiadas/alinhadas com a tradição de uma (Filosofia da) Educação comprometida, tanto com o conhecimento científico da realidade, bem como com sua transgressão. Como se sabe, muitos ideólogos (filósofos/sociólogos/economistas/histo- riadores/educadores/etc.) do capital, têm questionado a validade científica do marxismo. Isto não constitui nenhuma novidade, pois a obra teórica dos fundadores da ciência proletária, tiveram a petulância, entre outras, de mostrar que o sacrossanto lucro das empresas capitalistas é fruto da exploração do trabalho proletário e que para manter todo esse aparato extrativista, a burguesia se viu obrigada a organizar no interior de um complexo processo histórico, um aparelho estatal-militar que se não consegue atender completa-mente seus interesses econômicos, pelo menos garante a propriedade privada dos meios de produção, evitando dessa maneira, a expropriação dos expropriadores. Assim, cabe esclarecer que os questionamentos realizados por tais ideólogos sobre a eficiência/validade interpretativa/ explicativa do marxismo, têm um viés interesseiro que diz respeito ao quantum de propina irão angariar para cumprirem o papel de bonecos de ventríloquo de mister Hayek, Friedman e Fukuyama e no campo da social- democracia e/ou do social-liberalismo, trata-se do comércio de palestras/ seminários/ livros sobre “os problemas candentes de nossa (!?) época”, de modo que, diante dessa miscelânea de hipocrisias, se houver a produção de algum saber científico, é preciso desconfiar dele, já que para essas concepções, o que está em jogo não é o conhecimento da dinâmica da própria realidade, mas sim, como frear os avanços políticos daqueles setores que ganham com a possível democratização dos resultados das pesquisas científicas. Ocorre, porém, que tais avanços políticos precisam,

3º) ser construídos no interior de um longo e complexo processo histórico, onde

intervem elementos de diversas natureza, mas que trazem algo em comum, que é a lógica (contraditória) de desenvol-vimento capitalista. Este tipo de desenvolvimento destrói não só a natureza, mas também, sua principal força de produção, que é a força de trabalho humana, por meio de guerras, desemprego, falta de saneamento, de atendimento médico, de educação de qualidade, etc. etc., de modo que, parece mais que evidente, a necessidade de viabilizar um programa de reivindicações transitórias, por meio do qual, com base na experiência histórica da educação soviética, se possa educar a única força produtiva objetivamente interessada na destruição do capitalismo que é o próprio proletário e no âmbito escolar, reivindicar a autonomia do trabalho político-

pedagógico como tática transitória.

Em resumo, o debate sobre o conhecimento científico, numa perspectiva que pretende resgatar parte das contribuições marxista e sua especificidade, se característica por se preocupar com os critérios (objetivos/intersubjetivos) que possam garantir (aos interessados), que o saber produzido sobre um objeto, além de não poder ser confundido com outras formas de saber (não-científica), também abre a possibilidade, a quem quer que seja (em tese), de verificar se aquele conhecimento produzido, realmente é verdadeiro (demonstração e prova) e isto numa perspectiva histórica, de modo que, o pensamento (teórico) que se apropriou da lógica do objeto é, efeti-vamente, adequado para explicar um conjunto dos fenômenos pesquisados. Esta forma de proceder, que é própria da ciência, é designada pelos cientistas de cientificidade, por meio da qual, se evoca os critérios, pressupostos, procedimentos, finalidades e resultados que permitem a todo e quaisquer conhecimento, ganhar o status de científico. E, nesses termos, como esse tipo de conhecimento pode contribuir para se pensar filosoficamente os problemas da educação e, política-pedagogicamente, encontrar o caminho para superá-los.

Capítulo 01

Algumas considerações teóricas em torno da cientificidade do

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