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Áreas de Preservação Permanente: Intervenção ou Supressão, Restauração e

CAPÍTULO 5 – I MPACTOS A MBIENTAIS DO S ETOR S UCROALCOOLEIRO

5.1 As Usinas de Açúcar e Álcool e os Impactos relativos ao Solo

5.1.2 Áreas de Preservação Permanente: Intervenção ou Supressão, Restauração e

As Áreas de Preservação Permanente – APP’s encontram-se definidas nos artigos 2.º e 3.º do Código Florestal (Lei 4.771/65). O primeiro tem relação com a localização de cada área descrita na norma e, o segundo, tem relação com a finalidade que exercem no ambiente.218

216 Art. 3.º, parágrafo único, Lei 9.605/98. 217 Art. 4.º, Lei 9.605/98.

218 “Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas

de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1. de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2. de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3. de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4. de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5. de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados ‘olhos d'água’, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. Art. 3.º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a

São áreas que, devido a importância ambiental que carregam consigo, receberam do Poder Público atenção e regramento especial. Tratam-se de áreas expressamente protegidas pela lei, sendo excepcionalmente permitida a intervenção ou supressão mediante prévia autorização.

Se a área for de “floresta de proteção permanente”, a intervenção ou supressão dependerá de prévia autorização do Poder Executivo Federal, nos casos de comprovada necessidade de execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social.219

Outrossim, a “supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto”,220 sendo que ainda “dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente”,221 observado o disposto no § 2.º do artigo 4.º da Lei 4.771/65 (Código Florestal).

Por sua vez, em 28 de março de 2006, o Conama editou a Resolução 369 e regulamentou o artigo 4.º do Código Florestal ao definir os casos excepcionais de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão parcial ou total de vegetação em Área de Preservação Permanente.

No que diz respeito às usinas de açúcar e álcool e a relação com as Áreas de Preservação Permanente, assim como dispusemos quando tratamos da Reserva Legal Florestal, há que se considerar situações distintas.

Em relação à lavoura, ao cultivo da cana-de-açúcar, também podemos imaginar três principais situações em que as usinas podem se encontrar, quais sejam, a de proprietária da área plantada, a de arrendatária222 ou quando compra cana-de-açúcar de terceiros produtores.

Em todas elas, assim como amplamente abordado em relação a Reserva Legal Florestal, existe também responsabilidade ambiental pela observação da legislação

assegurar condições de bem-estar público. § 1.º A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2.º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.”

219 Art. 3.º, § 1.º, Lei 4.771/65. 220 Art. 4.º, Lei 4.771/65. 221 Art. 4.º, § 1.º, Lei 4.771/65.

222 Ou outra forma de relação contratual que possa ter sido estabelecida entre a usina e o proprietário da terra,

pertinente, sendo que o desrespeito, quer diante dos casos de responsabilidade ambiental objetiva, quer diante dos casos onde estejam presentes atos comissivos ou omissivos, a tríplice responsabilidade ambiental recai sobre as usinas, de modo que as Áreas de Preservação Permanente devem ser respeitadas e, caso necessário, recuperadas e restauradas.

Em relação às usinas propriamente ditas, parece-nos não existir grandes dificuldades na medida em que sua instalação, diferente da instalação e operação, por exemplo, de uma usina hidrelétrica, de um porto, de uma rodovia, hidrovia, ferrovia, aeroporto, de uma mineradora, empreendimentos para os quais, não raras vezes, inexistem opções locacionais, pode ser realizada em áreas que não conflitem com as Áreas de Preservação Permanente.

Por outro lado, na hipótese de inexistir qualquer alternativa locacional para a instalação da usina fazendo com que seja necessária a intervenção ou supressão de Área de Preservação Permanente, haverá então que restar prévia e absolutamente comprovado encontrar-se dentro de pelo menos duas das regras excepcionais, quais sejam, ser caso de utilidade pública ou interesse social, já que a terceira exceção, a de baixo impacto ambiental, dificilmente se comprovaria para tal atividade.