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3.2 Exemplos de ferramentas de Apoio à implementação da Sustentabilidade

3.2.5 Índices de sustentabilidade

Atendendo à revisão da literatura apresentada no capítulo 2, o conceito de sustentabilidade é complexo, estando associado a uma multiplicidade de definições. Como já foi reforçado, mais do que encontrar uma definição para conceito, o importante é compreender e aprender como se pode contribuir para o desenvolvimento sustentável.

Os índices de sustentabilidade são apresentados com uma boa solução para a operacionalização da sustentabilidade nas organizações. Sendo estruturados em frameworks, atendem a critérios de ponderação e à inter-relação das três vertentes: económica, social e ambiental e permitem também a comparação entre organizações do sector (Benchmarking).

Hubbard (2009) defende que o Sustainable Balanced Scorecard (SBSC), descrito no ponto 3.2.3, apresenta uma imagem detalhada da performance da organização no que respeita à sustentabilidade. No entanto é questionada a eficácia de comunicação com os stakeholders não especialistas na utilização e interpretação deste tipo de informação. Qual o valor acrescentado da análise de um conjunto de indicadores individuais comparados entre organizações de diferentes sectores? Este problema tem vindo a ser tratado através do desenvolvimento de modelos baseados em índices, apresentando-se como indicadores agregadores, intuitivos e consistentes. A principal reflexão deste autor recai sobre a dificuldade da agregação dos indicadores. Apresenta uma solução de ponderação baseada nos resultados face às expetativas: os resultados foram melhores ou piores que as expetativas? As expetativas geralmente representam melhorias face aos resultados passados, bem como os resultados dentro do setor de atividade. Assim, de acordo com a figura seguinte, a autor apresenta uma escala de 1 (mau) a 5 (bom) a aplicar em cada elemento.

Figura 18: Índice de Performance de Sustentabilidade (Adaptado de Hubbard, 2009, p. 189)

O modelo apresentado aponta para o cálculo de um índice por área, sendo defendido pela simplicidade e capacidade de comunicação com os diferentes grupos de stakeholders. A gestão da sustentabilidade tem de ser suportada no conceito TBL: prosperidade económica; qualidade Ambiental e Justiça Social, podendo ser estruturada num Sistema Economical – Social – Environmental (ESE) (Wang & Lin, 2007). Como em qualquer sistema, a sua gestão centra-se em dois principais objetivos: identificar e reconhecer o valor acrescentado do Sistema e minimizar os custos associados ao desenvolvimento do mesmo. Uma vez que os três vetores estão inter-relacionados, influenciando-se uns aos outros, estes autores apresentam também um sistema de índices de sustentabilidade.

Inicialmente é necessário recolher informação sobre as condições financeiras e operacionais da organização. Esta informação pode ser obtida pelos relatórios financeiros ou reuniões da gestão. Adicionalmente será necessária informação sobre os potenciais custos dos recursos naturais consumidos nos processos produtivos e os seus impactos sobre o ecossistema. Para recolher informação sobre os custos tangíveis e intangíveis a um nível corporativo, deverá ser desenvolvido com detalhe a análise do ciclo de vida dos processos produtivos da organização, que inclua a cadeia de abastecimento, bem como qual o destino final do produto dado pelos consumidores.

De igual importância será a informação sobre a contribuição corporativa da organização, no que respeita segurança da geração atual e equidade das gerações futuras. Para tal, são fonte de informação os relatórios de Saúde e Segurança, entrevistas a gestores, empregados, clientes fornecedores e terceiras partes com conhecimento pertinente sobre a organização. Esta informação servirá para seguir e categorizar a performance da organização no que respeita à sustentabilidade, conforme o autor estrutura na figura.

Figura 19: Estruturação da informação sobre Sustentabilidade (Adaptado de Wang & Lin, 2007, p. 1073)

Com esta informação consegue estruturar o referido Sistema ESE: Economic – Social – Environment. Conceitos como “degradação ambiental” e “justiça social” são traduzidos em princípios, tornando muito difícil a tarefa de medir e quantificar estes conceitos em torno do valor acrescentado. Wang e Lin (2007) defendem que este problema pode ser ultrapassado com o desenvolvimento de “Índices de Sustentabilidade” capazes de reunir informação sobre a prosperidade económica, qualidade ambiental e justiça social. Os indicadores conseguem avaliar separadamente estas dimensões de sustentabilidade, deixando ao gestor a decisão de como os deverá equilibrar. Um Índice irá permitir uma avaliação holística da sustentabilidade, composta por um conjunto de componentes com diferentes objetivos.

Inicialmente os autores identificam três índices, correspondendo um a cada vetor do TBL: o Índice Económico;

o Índice Ambiental; o Índice Social.

No entanto, referem que nem sempre se pode calcular e dividir um índice de forma estanque. Por exemplo, o lucro é selecionado com um índice económico, o consumo de energia como um índice ambiental, mas alguns profissionais podem considerá-los como um índice social. Os autores apresentam uma categorização incluindo o conceito de “shear zones”, onde um ou mais elementos se encontram sobrepostos, criando os seguintes índices:

o Índice Eco – ambiental (EE) o Índice Eco - Social (ES) o Índice Sócio – Ambiental (SE) o Índice Eco-Sócio-ambiental (ESE).

Reconhecidas Agências Financeiras também têm incorporado os Índices de Sustentabilidade nas suas bases de dados. O Dow Jones Sustainability Index30 (DJSI) nasceu em 1999 como o primeiro indicador bolsista da performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade a nível global. As empresas que constam deste Índice, indexado à bolsa de Nova Iorque, são classificadas como as mais capazes de criar valor para os acionistas, a longo prazo, através de uma gestão dos riscos associados tanto a fatores económicos, como ambientais e sociais.

Outro índice reconhecido é o FTSE4Good Index Series 31 . Foi desenvolvido para avaliar objetivamente a performance das organizações que reconhecem e implementam os princípios de responsabilidade social. Também os índices Thomson Reuters Corporate Responsibility Indices32 (TRCRI), criados em abril de 2013 pela Thomson Reuters juntamente com S-Network Global Indexes, avaliam o desempenho ambiental, social e de governança (environmental, social and governance – ESG) das empresas com base na informação recolhida pela base de dados da Thomson Reuters. O desempenho das empresas é avaliado tendo em consideração os Thomson Reuters Corporate Responsibility Scores (TRCRS), um sistema de classificação constituído por 226 indicadores ESG de entre 15 categorias, como por exemplo a redução de emissões, consumo de recursos, comunidade, diversidade, saúde e segurança, política de remuneração e visão e estratégia.

A importância dada pelos investidores a este índice é reflexo de uma preocupação crescente das empresas e grupos económicos com um mundo sustentável. A sua performance financeira está, desta forma, intrinsecamente associada ao cumprimento de requisitos de sustentabilidade

30

Disponível em http://www.sustainability-indices.com, acedido em Setembro de 2013

31

Disponível em http://www.ftse.com/Indices/FTSE4Good_Index_Series/index.jsp acedido em Setembro de 2013

32

Disponível em http://thomsonreuters.com/corporate-responsibility-indices/ acedido em Setembro de 2013

que atravessam todas as áreas da vida empresarial e que cruzam aspetos económicos, sociais e ambientais (Pätäri et al., 2011).

Os autores Pätäri et al. (2011) desenvolveram um estudo dentro do setor energético que pretendia avaliar o impacto da Gestão da sustentabilidade na performance financeira das organizações. Para tal, foram incluídas no estudo dois grupos de empresas: empresas incluídas no DJSI e empresas não incluídas. A pesquisa indica que as empresas do sector que desenvolvem a sustentabilidade têm uma atuação melhor que as empresas que não estão incluídas no DJSI, nomeadamente no controlo nos seus custos e também são melhores na geração dos lucros. Os valores de mercado são claramente melhores.