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3.2 Exemplos de ferramentas de Apoio à implementação da Sustentabilidade

3.2.1 Indicadores de Sustentabilidade

O estabelecimento claro de metas/objetivos suportados em indicadores são uma ferramenta importante para que qualquer organização consiga que todos os seus elementos adquiram uma nova forma de pensar e de atuar. Estas ferramentas permitem à organização a medição do progresso, pela definição atempadamente de ações caso se verifiquem desvios e/ou desenvolver melhorias face aos resultados alcançados, tornando-se um verdadeiro desafio para o negócio (Blackburn, 2007).

Também o desempenho de uma organização face à Sustentabilidade pode ser monitorizado com Indicadores de Sustentabilidade. No entanto, estes não são meras técnicas de medição, são um híbrido entre estas e os valores humanos. Para motivar o uso dos indicadores de sustentabilidade é necessário investir no que os indicadores significam para as pessoas que os usam, criando em primeiro lugar a necessidade de os utilizar. Em 2000, o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD, 2007) definiu os seguintes critérios de avaliação para um indicador:

o Relevância: O indicador pode ser ligado a decisões críticas e importantes, sendo impulsionador para a ação;

17 http://www.unep.org/ 18 https://www.setac.org/ 19 http://pt.fsc.org/ 20 http://www.globalgap.org/uk_en/ 21 http://www.visit21.net/

o Simplicidade: a informação pode ser apresentada de forma a ser facilmente compreendida e apelativa para o público-alvo;

o Validade: o indicador reflete os factos. A recolha dos dados foi realizada através de técnicas científicas que permitam que o indicador seja verificável e reprodutível;

o Período Temporal: os valores apresentados refletem a tendência dos indicadores; o Disponibilidade e acessibilidade dos dados: a qualidade dos dados é conseguida a

longo prazo sem um esforço financeiro (custos) elevado e sem o envolvimento de um grande grupo de trabalho;

o Capacidade para agregar informação: o indicador descreve um vasto objetivo de sustentabilidade;

o Sensibilidade: o indicador consegue detetar uma pequena alteração no sistema. É necessário primeiro definir se pequenas ou grandes alterações são relevantes para a monitorização;

o Repetibilidade: Consegue-se chegar aos mesmos resultados após várias medições, proporcionando que diferentes utilizadores chegam à mesma conclusão.

Na monitorização da sustentabilidade através da utilização de Indicadores de Sustentabilidade, um dos primeiros problemas que surge é quantos e quais indicadores utilizar. Um critério que pode ajudar é a simplificação uma vez que maximiza a informação relevante. Para saber quantos indicadores usar é necessário conhecer qual a tipologia dos indicadores de sustentabilidade.

O desenvolvimento sustentável para ser implementado tem de ser operacionalizado por um sistema de indicadores de sustentabilidade, que segundo os autores Bell e Morse (2008) podem ser divididos em quatro categorias:

1. Aspetos sociais no desenvolvimento sustentável; 2. Aspetos económicos no desenvolvimento sustentável;

3. Aspetos ambientais, subdivididos em água, terra, atmosfera e resíduos; 4. Aspetos institucionais.

No entanto, muitas das abordagens desenvolvidas concentram-se e dão ênfase à área ambiental, desenvolvendo indicadores de performance ambiental em detrimento do desenvolvimento sustentável (Bell & Morse, 2008).

Segundo Azapagic e Perdan (2000), poucos métodos, com exceção do GRI, incluem os aspetos sociais no desenvolvimento sustentável. Outros reconhecem a importância das considerações do ciclo de vida, no entanto os limites do estudo (método) centram-se num caso em concreto, esquecendo-se da aplicabilidade na generalidade. Por outro lado, algumas abordagens complicam os métodos, incluindo um vasto número de indicadores o que dificulta a sua implementação na prática e consequentemente não ajudam no processo de tomada de decisão de forma efetiva.

Estes problemas não ajudam as organizações a monitorizar a sua performance de forma consistente, e posteriormente fazer a comparação com os seus competidores. Esta constatação não ajuda os parceiros externos (Stakeholders), em particular o sector financeiro que usa o benchmarking para avaliar as organizações dentro de um setor e decidir em quem investir.

Assim, a normalização dos indicadores é o passo seguinte para ajudar a identificar e a comparar as alternativas que levarão ao melhor desenvolvimento sustentável na indústria, através de (Azapagic & Perdan, 2000) :

o Comparação de produtos similares feitos em organizações diferentes; o Comparação de diferentes processos produtivos para o mesmo produto; o Benchmarking das unidades do mesmo grupo industrial;

o Rating das organizações dentro do sector ou subsector;

o Avaliação do progresso em relação ao desenvolvimento sustentável dentro do setor ou subsetor.

Os referidos autores apresentam uma estrutura de indicadores baseada nas três componentes do desenvolvimento sustentável: ambiental, social e económica. O número de indicadores a utilizar depende do tipo de organização e do tipo de análise, daí o nome de estrutura modular, pois a implementação pode ser feita de forma gradual. Por exemplo, a empresa pode começar com o módulo dos indicadores ambientais e mais tarde, gradualmente, adotar os outros dois módulos: económico e social.

Tabela 2: Estrutura modular dos indicadores (Azapagic & Perdan, 2000, p. 248)

Indicadores Ambientais Indicadores Económicos Indicadores Sociais Impacto Ambiental:

Utilização de recursos; Aquecimento global;

Destruição da camada de ozono; Acidificação; Eutrofização; Nevoeiro fotoquímico; Toxicidade humana; Ecotoxicidade; Resíduos sólidos. Indicadores Financeiros Valor acrescentado; Contribuição para o PIB; Despesas na proteção ambiental; Passivo ambiental;

Ética nos investimentos;

Indicadores de Ética

Preservação dos valores culturais: - inclusão dos stakeholders; - envolvimento em projetos da comunidade;

Normas internacionais de conduta: - relações comerciais;

- trabalho infantil; - política de preços;

- colaboração com regimes políticos; Equidade intergerações.

Eficiência Ambiental.

Materiais e intensidade energética; Reciclagem dos materiais; Durabilidade dos produtos; Intensidade de serviço.

Indicadores de capital humano Contribuição para o emprego; Rotação do pessoal;

Gastos em segurança e saúde; Investimento em formação.

Indicadores de bem-estar Distribuição dos bens; Satisfação no trabalho;

Satisfação das necessidades sociais.

Ações Voluntárias:

Sistemas de gestão ambientais; Melhorias ambientais a partir de determinados níveis;

Avaliação dos fornecedores.

O principal objetivo dos indicadores de desenvolvimento sustentável é fornecer informações aos decisores a todos os níveis. Esta informação pode ser usada para definir a estratégia para

um melhor desenvolvimento sustentável comparando diferentes opções. No entanto, tomar decisões não é uma atividade trivial. Este tipo de situações, onde existe um número considerável de objetivos conflituosos para serem satisfeitos simultaneamente, é conhecido como tomada de decisão multicritério. Existe um grande número de técnicas desenvolvidas para facilitar a tomada de decisão multicritério, sendo algumas muito complexas.

Em suma, os indicadores podem ser uma ferramenta poderosa para que as organizações consigam visionar novas formas de atuar. No entanto é também importante o processo de construção dos indicadores, interpretação e implementação para que construam valor aos seus utilizadores. Apresentam-se de seguida um conjunto de ferramentas que se suportam nos indicadores de sustentabilidade.