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Ações brasileiras em design social

ideologias e à busca de melhoria social” (NEVES, 2011, p. 45)

Visto assim, é fácil entender que o profissional praticante do design social é antes de tudo um cidadão consciente de seus deveres e de sua função como formador de opinião, que utiliza as ferramentas da comunicação visual para alcançar pessoas com idéias e propostas de cunho social.

Ações brasileiras em design

social

Alguns projetos mobilizaram as mídias digitais em prol de causas sociais. Um deles, desenvolvido pela agência curitibana TheGetz1, é uma ação de conscientização sobre os direitos dos portadores de deficiência e dificuldades de locomoção e suas vagas preferenciais em estacionamentos. A campanha “Essa vaga não é sua nem por um minuto” foi criada a partir de um incidente, ocorrido em

Fig.1 Frente e verso do panfleto (www.estavaganaoesua.wordpress. com)

1 Site da agência TheGetz: <www. getz.com.br> acessado em 05 de Abril de 2013

março de 2011 na cidade de Curitiba, noticiado pela imprensa sobre uma discussão envolvendo uma cadeirante que reivindicou seus direitos junto a uma motorista que estacionou na vaga preferencial, sem que a mesma portasse deficiência física ou dificuldade de locomoção2.

O caso chamou a atenção da agência, que produziu um vídeo evocando a conscientização da população a essa questão. O criador da campanha, Mauricio Ramos, relatou que a idéia se originou da tentativa de transformar um episódio como esse em uma oportunidade de educação. O vídeo foi imediatamente compartilhado nas redes sociais e mobilizou não só a região, como se expandiu por todo o país, sendo motivo de debates e discussões polêmicas nos canais em que foi exibido3.

2 Matéria Cadeirante x

ignorante: <www.gazetadopovo. com.br/colunistas/conteudo. phtml?id=1106312> acessado em 05 de Abril de 2013

3 Vídeo “Essa vaga não é sua nem por um minuto”: <http://www.youtube.com/ watch?v=C50FAN9bYqU> acessado em 05 de Abril de 2013

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182 Além do vídeo, a agência também 183

desenvolveu um panfleto explicando o porquê da vaga e seu espaço específico (fig.1). O material informa as exigências necessárias para ter direito às vagas preferenciais, as punições para quem não respeita a lei e o contato para maiores informações.

Também foi desenvolvida uma ‘Multa Moral’, semelhante ao talão de multas dos agentes de trânsito. Ela está disponível para impressão, para que a sociedade participe notificando os carros irregulares encontrados em vagas preferenciais4. Na multa moral, a intenção é fazer o cidadão exercer o seu direito de reivindicar quando presenciar atitudes ilegais referentes ao estacionamento de veículos.

4 O download dos cartazes para distribuição e de todo o material de apoio à campanha está disponível no site: <http:// estavaganaoesua.wordpress. com> acessado em 05 de Abril de 2013

Fig.2 Cartaz da campanha ‘Essa vaga não é sua’.

A mesma agência também desenvolveu outra campanha de ação social, denominada “Ciclista Legal” (fig. 3).

A campanha de educação no trânsito e respeito às bicicletas consiste em cartazes produzidos com a intenção de contribuir para a harmonia no trânsito. A partir da criação de ilustrações evolvendo uma bicicleta e um veículo, a campanha possui o objetivo de mobilizar e conscientizar acerca dos direitos e deveres dos ciclistas e condutores de veículos motorizados. Mensagens como “dê pelos menos 1,50m de distância lateral” ou “dê a preferência de passagem aos veículos não motorizados” são defendidas com humor e simpatia nos cartazes.

Segundo Ramos, diretor da agência TheGetz “um dos conceitos que mais se discute é a sobre a questão estrutural, como as ciclofaixas e ciclovias. O que pretendemos atingir com a campanha é a outra parte fundamental deste debate, que trata da civilidade das pessoas no trânsito”.

“A campanha faz uma brincadeira com a relação entre carros e bicicletas, comparando-a com uma relação entre casais, pretendendo que se chegue a um entendimento“, explica o publicitário Eduardo Lubiazi, responsável pela elaboração do projeto.

Fig. 3 Marca e slogan da campanha ‘Ciclista Legal’. Utilização de cartazes divertidos para chamar atenção ao respeito às normas e convivência no trânsito

A ação é veiculada na internet através de compartilhamento em redes sociais e blogs relacionados ao tema. Os cartazes estão disponíveis para quem quiser imprimir e distribuir da maneira que achar conveniente.

Os dois exemplos citados são ações práticas de Design Social. O primeiro se utilizou de um fato que gerou polêmica, desconforto e debates. O estímulo para expandir a discussão suscitou uma ação relevante, com a finalidade de educar e contribuir para o bem- estar social. O segundo se valeu da observação sobre o cotidiano

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184 no trânsito das cidades brasileiras: 185

a briga entre motorista de carros, motos e bicicletas. A intenção dessa campanha é chamar atenção, trazer à tona o debate sobre o respeito nas ruas.

Outro caso de Design Social que se surgiu a partir da observação do cotidiano é o “Que ônibus passa aqui?”4 (fig 4). O projeto em questão só é colocado em prática se de fato acontecer a contribuição e a participação da população.

Desenvolvido pela organização porto alegrense Shoot The Shit5, que cria propostas para melhorar a vida na cidade a partir de soluções criativas, o projeto surgiu da constatação de que a grande maioria dos pontos de ônibus da cidade de Porto Alegre não possuía identificação das linhas de ônibus. A ação de design consistiu

Fig. 4 Cartaz explicativo do projeto “Que ônibus passa aqui?” que conta com o apoio de divulgação da organização “Imagina na Copa. 4 Vídeo de divulgação do projeto: < http://vimeo. com/61579538 > acessado em 05 de Abril de 2013 5 Site do projeto: <www. shoottheshit.cc/> acessado em 05 de Abril de 2013

na elaboração de adesivos cujo intuito é fazer a população escrever as linhas de ônibus que passam na parada, um projeto de socialização da informação.

O mérito desta ação é que ela provém de uma prática que define muito bem o Design

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