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Kathelen Larissa M Alves

graduanda em design gráfico

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Design e Experiência

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Ao analisarmos o que significa ter uma experiência, percebemos o quanto o seu entendimento nos conduz ao sentido de vivência, de algo experimentado de forma concreta e consistente em nosso dia-a-dia. Aquele que não

experimenta, poder ser considerado como alguém que está à margem, não interage de forma plena com o objeto ou situação com que se depara. Neste âmbito, o estudo do Design de Experiência nos apresenta uma reflexão a respeito da profundidade existente na relação entre as pessoas e os produtos/serviços de Design.

A pessoa é, antes de tudo, consciência. Por isso, o que caracteriza a experiência não é tanto o fazer, estabelecer relações com a realidade com o fato mecânico; (...) o que caracteriza a experiência é compreender uma coisa, descobrir-lhe o sentido. A experiência implica, pois, a inteligência do sentido das coisas. (GIUSSANI, 2000, p. 23)

A experiência coincide, certamente, com ‘provar’ alguma coisa, mas coincide sobretudo com o juízo dado a respeito daquilo que se prova. O estudo do Design de Experiência se localiza entre as expectativas humanas e os possíveis resultados de um projeto de Design, desenvolvido de forma direcionada à atender as necessidades do público-alvo, principalmente através do estudo da experiência. Além disso, esta área agrega valores às mídias digitais, aproveitando as suas diferentes formas de interação com o usuário e possibilidades de criação de significados.

Aplicação de projeto de interação e experiência no Hotel Silken Puerta América, na cidade de Madrid. A obra foi projetada pelo arquiteto Jason Bruges em colaboração com Kathryn Findlay.

Design e Experiência Design e Experiência

106 Todas as ideias vêm da sensação ou reflexão. Suponhamos 107

que a mente seja, como dizemos, um papel em branco, um vazio de caráter, sem nenhuma idéia: - Como vem ele a ser guarnecido? De onde vem este vasto estoque de fantasias constantes e ilimitadas, pintadas pelo homem com praticamente infinita variedade? Onde estão todos os materiais da razão e conhecimento? Para isso eu respondo em uma palavra: da EXPERIÊNCIA. (LOCKE, 1952, p. 121)

O Design de Experiência surge como norteador de uma nova forma de pensar o Design. Uma das razões que define a importância dessa área são seus princípios e fundamentos voltados à experiência do usuário ao manusear o produto.

O profissional de design transforma- se então, não apenas em um

desenvolvedor de projetos, mas em um estudioso atento aos desejos, emoções e valores, evidenciando as necessidades e vontades do usuário. O resultado de um projeto de design

Usuários dos produtos, interfaces, sistemas e espaços estão descobrindo seu enorme grau de influência no processo de criação. E através dessa influência estão começando a receber o que querem, quando querem e como querem. (SANDER apud FRASCARA, 2002).

nesse âmbito é intangível, o produto final é a própria experiência. Apesar de envolver questões práticas e materiais, a materialidade nesse caso não é um fim em si mesmo, trata-se de uma via com ênfase na experiência.

Pela complexidade envolvida em todo o processo, o design para experiência deve ser entendido, abordado e trabalhado por uma visão mais abrangente, que permita ao designer articular de forma coerente os fatores a serem explorados para o fomento da experiência. Pelas problemáticas levantadas e trabalhadas por essa abordagem, (...) para se trabalhar a relação entre interatores e objetos interativos para a promoção da experiência. (NOJIMOTO,2009,p.53)

Escadaria de acesso do MetrôRio, projetado pelo escritório Ana Couto Branding, potencializando a experiência do usuário com o espaço.

Design e Experiência Design e Experiência

108 A experiência entre o indivíduo e o 109

produto/serviço nem sempre pode ser delimitada. As reações humanas são variáveis e os resultados podem ser imprevisíveis para o designer, o qual não tem o controle sobre determinados fatores subjetivos. A “insegurança” serve de estímulo para o aprofundamento no estudo do público-alvo.

Segundo Freire (2009), este

comportamento deve ser visto pelos designers como uma oportunidade de conhecer o público para o qual projetam e de estabelecer uma relação colaborativa com ele. No Design de Experiência, os objetos não são considerados apenas em sua forma material ou gráfica, mas também o seu uso e à maneira pela qual o produto é adquirido. A aproximação do Design com outras áreas de estudo, como a psicologia, a antropologia e a sociologia, vem demonstrando o vínculo que existe entre objeto e usuário.

A área de estudo conhecida como Design de Interação possui um papel importante no desenvolvimento das pesquisas do Design de Experiência. Segundo Rifikin (2000), os dois fenômenos integram parte de um mesmo projeto que ele denomina a “Era do Acesso”. Para o autor, a sociedade foi direcionada pela informática e pela comunicação para as networks (estruturas em rede), nas quais vendedores e compradores se transformaram em fornecedores e usuários, e onde o acesso é praticamente universal. Inseridos nesse contexto, Pine e Gilmore (1999) refletem acerca da questão da experiência como fenômeno da atualidade. Segundo os autores, as distintas formas da economia ao longo da história culminaram no estágio onde a experiência se torna o resultado mais importante, colocando- se acima da máxima capitalista da aquisição de bens, mercadorias e serviços. Esta contextualização nos ajuda a entender a mudança de foco no desenvolvimento de projetos de design nas últimas décadas.

Nas metodologias relacionadas ao Design de Interação, o foco no usuário é estudado em duas abordagens: pelo user-centered design, termo designado para definir a usabilidade dos produtos e serviços; e pelo user experience design, que evidencia as possibilidades das experiências interativas entre o usuário e o objeto. Segundo Sharp, Rogers e Preece (2007), a abordagem do user experience na metodologia projetual é desenvolvida a partir da forma como as pessoas sentem e reagem ao interagir com o produto/ serviço, a satisfação em ver, usar, olhar, segurar, abrir ou fechar. No campo do design, as experiências que o usuário terá com o produto não podem ser delimitadas. No entanto, é possível direcionar o projeto de acordo com as respostas experienciais do contato entre usuário e objeto. Em um projeto de Design voltado para a experiência, o ponto central não está em conceber objetos mais prazerosos à utilização, mas sim à diversidade de experiências passíveis de surgir desta relação.

As reações humanas são variáveis e os resultados podem ser imprevisíveis para o designer, a experiência varia de usuário para usuário.

Design e Experiência Design e Experiência

110 A experiência do indivíduo não é 111

apenas um pré-requisito para ser trabalhado através do Design, e sim uma estratégia de valor. Enquanto o setor de marketing de uma empresa utiliza uma campanha de publicidade para chamar a atenção do público, o Design de Experiência procura dar uma ênfase maior no produto, como atração para o usuário.

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