• Nenhum resultado encontrado

A adaptação cinematográfica na construção da imagem pública de

No documento Download/Open (páginas 91-103)

Capítulo II – A PERSONAGEM DRÁCULA

3. A adaptação cinematográfica na construção da imagem pública de

Depois de observar a evolução da personagem vampiro, vamos observar a evolução da personagem Drácula por meio de suas transposições. Vamos nos deter nas adaptações do romance Dracula mais importantes para a formação da imagem do personagem homônimo que habitam o imaginário coletivo, ou seja, sua imagem pública, e também observar estas adaptações inseridas nos graus de adaptação apresentados por Doc Comparato. Destacar estas adaptações de Dracula será de grande valia para a delimitação do corpus deste estudo, pois a personagem Drácula é a referência comparativa para analisar a personagem Zé do Caixão. Drácula, a personagem, se tornou maior que Dracula, o romance, através das inúmeras transposições que o texto original sofreu desde sua publicação em 1897, sendo as

adaptações cinematográficas as mais poderosas na construção da imagem deste personagem e como vimos anteriormente responsáveis por sua longevidade. Entretanto existem mais de uma centena de adaptações do romance de Bram Stoker. Drácula é provavelmente a personagem que tem mais aparições no cinema rivalizando com Sherlock Holmes. O Internet Movie Database encontra 152 títulos ao buscar a palavra Dracula (lembrando que ter a palavra Dracula no título não garante que a personagem esteja realmente presente no filme), porém a personagem está presente em diversos filmes que não trazem seu nome no título. Se somarmos com filmes que fazem referência ao personagem, seja com aparições de outros personagens caracterizados como Drácula ou que apresentam outros vampiros nobres que não passam de cópias do mesmo, a quantidade de obras que contribuem para a formação ou perpetuação da imagem da personagem se torna muito grande para uma análise em profundidade. Assim delimitar as principais transposições cinematográficas na formação da imagem da personagem também é delimitar o objeto que servirá posteriormente para a análise comparativa entre Drácula e Zé do Caixão.

Inicialmente é importante definir adaptação, o Dicionário Aurélio atribui ao verbete adaptar o significado de “Modificar o texto de (obra literária), ou tornando-o mais acessível ao público a que se destina, ou transformando-o em peça teatral, script cinematográfico, etc” (FERREIRA, 2000, p.15). Esta definição enfatiza a mudança de público, já Sandra Reimão (2004, p.107) destaca a mudança de suporte:

Uma adaptação de um texto literário para um programa televisivo é, em primeira instância, um processo de mudança de suporte físico. Trata-se de uma passagem de sinais e símbolos gráficos assentados em papel para um conglomerado de imagens e sons captados e transmitidos eletronicamente.

Uma transcrição de linguagem que altera o suporte lingüístico utilizado para contar a história. Isto equivale a transubstanciar, ou seja, transformar a substância, já que uma obra é a expressão de uma linguagem. Portanto, já que uma obra é uma unidade de conteúdo e forma, no momento em que fazemos nosso conteúdo e o exprimimos noutra linguagem, forçosamente estamos dentro de um processo de recriação, de transubstanciação.

Jesus Ramos (2002, p.16-17) acrescenta a supressão ou acréscimo no processo de adaptação:

A adaptação para a linguagem audiovisual de obras procedentes do teatro, romance ou conto se baseia na relação de fidelidade ao original literário. Isso implica na supressão de tudo que não se pode expressar em imagens e sons e, geralmente, o demasiado descritivo. Ainda que se mantenha respeito ao retrato original dos personagens o argumento pode experimentar diversas reestruturações que o simplifiquem e, se necessário que destaquem uma trama principal apoiada por tramas secundárias. Os diálogos costumam serem refeitos. O roteirista deve sintetizá-los para que se adaptem a duração de um filme ou de uma série televisiva, o que implica, muitas vezes, em se distanciar da estrutura original da obra.

Como apontado por Ramos a adaptação tem como base uma relação de fidelidade ao texto original, assim Comparato (1995, p.331) estabelece cinco graus de adaptação tendo esta relação de fidelidade como conceito, adaptação propriamente dita, baseado em..., inspirado em..., recriação e adaptação livre, sendo a primeira mais próxima do original e as outras seqüencialmente cada vez mais distantes, alterando o tempo, espaço, personagens, final, etc.

Já abordamos os elementos presentes na gênese da personagem Drácula, assim passaremos a observar os elementos influentes na construção de sua imagem. A caracterização de Drácula descrita no romance é muito distante daquela que habita o imaginário coletivo. No livro, Drácula aparece inicialmente aos olhos de Jonathan Harker como “um ancião de alto talhe, de barba bem escanhoada e um longo bigode branco, trajado de negro da cabeça aos pés, sem qualquer traço ou vestígio de uma outra cor” (STOKER, 1993, p.24). Mais tarde, após jantar com o Conde, Harker descreve (STOKER, 1993, p.27) com mais detalhes seu anfitrião, destacando o rosto forte e

aquilino, o cabelo ralo em volta das têmporas, mas profuso no resto da cabeça, as longas sobrancelhas que se encontravam na base do nariz, a boca cheia de dentes afiados e lábios vermelhos, as orelhas pontiagudas, pêlos nas palmas das mãos, unhas grandes e finas e o hálito rançoso. Esta caracterização é muito próxima da personagem apresentada no filme Nosferatu, Eine Symphonie de Garuens (1922), porém como já foi dito distante da imagem pública de Drácula.

O romance de Stoker rapidamente chegou às telas, alguns pesquisadores do personagem citam a existência de um obscuro filme russo perdido, que seria a primeira adaptação de Dracula, também apontam a existência de um filme húngaro de 1919, mas este traria Drácula apenas no título tendo seu enredo próximo de O Fantasma da Ópera. Desta maneira tais filmes não trazem relevância para a formação da imagem de Drácula.

Nosferatu (1922), dirigido por F. W. Murnau, pode ser considerado como a primeira adaptação de Dracula, ainda que não seja oficial. A Prana Film que produziu o filme não se preocupou em adquirir os direitos do romance e acabou sendo processada por Florence Stoker a viúva do autor. Apesar de ter alterado o nome de todos os personagens principais e deslocado o espaço para Bremen na Alemanha e o tempo para 1838 (no romance a trama se desenvolve entre setembro e outubro de 1887), ano em que a cidade sofreu uma praga de ratos, a narrativa de Stoker pode ser facilmente reconhecida. O equivalente de Drácula, o Conde Orlock fisicamente está mais próximo da descrição da novela e assemelha-se a um roedor, lembrando o vampiro do folclore que era incapaz de transitar na sociedade. Em 1925, Florence, representada pela Sociedade Britânica de Autores, vence o processo judicial e as cópias de Murnau são destruídas (HAINING, 1987, p.58). Podemos notar a contribuição de Florence na construção da imagem de Drácula por meio de sua ferrenha oposição a maneira como a

personagem foi retratada em Nosferatu, se opondo até as exibições particulares da película pela Film Society da Inglaterra. O que acabou ocasionando também na destruição desta cópia em 1929. Posteriormente na década de 1960 surgiram novas cópias condensadas do filme de Murnau, e em 1979 Werner Herzog dirigiu uma refilmagem com Klaus Kinski no papel do Conde. Em 1984, no festival de Cinema de Berlim foi exibida uma cópia montada como no filme original, o pesquisador do Munich Film Museum, Enno Patalas, trabalhou durante nove anos sobre seis cópias encontradas em diferentes países da Europa para chegar a esta montagem que acrescenta cerca de um quarto de filme tornando a narrativa mais fácil de ser compreendida (HAINING, 1987, p.59). Patalas em seu trabalho encontrou traços de pigmentos coloridos nos negativos dos filmes. Estes seriam banhados em química para que ganhassem cor, azul para as cenas noturnas, amarelo para a luz de velas e marrom para cenas diurnas, o que faria com que Nosferatu fosse o primeiro filme à cores (HAINING, 1992, p.59). Assim, Nosferatu, deve ser observado como uma referência importante para a construção da imagem de Drácula, porém uma referência de como a personagem não deveria ser caracterizada.

Posterior ao filme de Murnau acontece a estréia de Dracula no teatro em junho de 1924. Anteriormente o próprio Stoker adaptou seu romance para o teatro e realizou uma leitura dramática em 1897 a fim de assegurar os direitos autorais, principalmente os diálogos e a trama de sua obra. Intitulada como Dracula: Or the Undead, a peça em cinco atos nunca foi encenada e somente uma cópia do manuscrito encontra-se no acervo do British Museum (MELTOM, 2003, p.245). Desta maneira a peça escrita pelo ator e manager Hamilton Deane é a primeira encenação do romance. Em Dracula: The Vampire Play In Three acts (1924), notamos novamente a influência de Florence Stoker na formação da imagem da personagem, já que seria condição para a cessão dos

direitos teatrais da obra que a personagem se distanciasse da caracterização vista em Nosferatu. Na peça de Deane, Drácula se veste com roupas de gala, manto formal e capa com colarinho alto. Vestimenta que ficará sempre associada à personagem e que na época era o traje convencional dos vilões no palco. A capa aberta criava a ilusão da transformação em morcego (invenção de Stoker no romance), recurso adotado por outro mito da cultura de massa, Batman (inspirado no Conde vampiro e no herói de capa e espada Zorro). Trajado formalmente e de aparência galante, Drácula se opõe aos modelos anteriores e pode interagir livremente numa sociedade cortês, esta interação com a sociedade é ampliada já que a peça elimina toda a primeira parte do romance que se passa na Transilvânia, iniciando-se já em Londres. Deane pretendia representar o próprio Drácula, mas ao constatar que as melhores falas pertenciam ao Dr. Van Helsing acabou optando por este personagem e como Van Helsing, ao final da peça, alertava o público presente para a real existência de vampiros, encerramento que se fez presente na montagem inicial da subseqüente adaptação cinematográfica realizada pela Universal (MELTOM, 2003, p.251). A peça de Deane estréia em Londres em 1927 e se torna um grande sucesso, valendo-se de um ótimo golpe de publicidade: a presença de uma enfermeira do Queen Alexandra Hospital no teatro para atender ao público que poderia desmaiar ou se sentir mal durante o espetáculo, reporta-se (MELTON, 2003, p.252) que 39 pessoas na platéia solicitaram sua assistência. No mesmo ano Florence aceita a oferta de John L. Balderston para montar a peça na Broadway. A versão americana (reescrita por Balderston) se distancia mais do romance, suprimindo e condensando personagens, todavia o modelo de Drácula apresentado por Deane é reproduzido fielmente. A peça de Deane chega a ter três companhias excursionando simultaneamente e realizou 391 apresentações, enquanto que a peça de Barlderston, que estreou em 1927 no Fulton Theater, em New York, teve duas companhias excursionando e realizou 241

apresentações (MELTOM, 2003, p.256). A versão de Barlderston trouxe um elemento influente para a personagem, a interpretação do ator húngaro Bela Lugosi, e acabou servindo como base para o roteiro do filme da Universal em 1931, da mesma maneira que a versão da peça na Broadway em 1977 serviu de base para o filme Dracula, que trazia Frank Langella no papel principal, realizado em 1979, novamente pela Universal.

Bela Lugosi, que Florence achava perfeito para o papel de Drácula, participa das negociações na compra dos direitos de filmagem do romance e acaba convencendo a viúva do autor a vendê-los para Universal Pictures por US$ 40 mil. Lugosi acreditava que tinha a preferência no papel por intermediar as negociações, entretanto seu nome vinha abaixo de uma longa lista de atores encabeçada por Lon Chaney, o homem das mil faces, que já havia representado de maneira assustadora um “vampiro” em London After Midnight (1927), mas Lon Chaney acabou falecendo e ao final o papel ficou com Lugosi (MELTOM, 2003, p.233). Dracula (1931), dirigido por Tod Browning, acrescenta a seqüência inicial do romance, suprimida no teatro, ambientada no castelo do Conde na Transilvânia e foi um grande sucesso, a maior bilheteria do ano salvando a Universal Pictures da falência, era a primeira vez que Hollywood apresentava um tema sobrenatural, sem uma explicação lógica para sua existência. A partir de Dracula (1931) se iniciou o ciclo de filmes de horror realizado pela Universal, que trouxe a representação cinematográfica de outros monstros, a Múmia, o Lobisomem, o Monstro de Frankenstein e a Criatura da Lagoa Negra, dentre outros. Browning foi muito criticado pela sua direção, pela estaticidade da câmera e por sua falta de experiência com o cinema falado. O filme foi lançado em três versões diferentes, a principal com Bela Lugosi em inglês, uma versão em espanhol, realizada simultaneamente com outra equipe e elenco diferentes, porém utilizando o mesmo roteiro e cenários, e uma versão muda com inter-títulos já que muitos cinemas ainda não estavam equipados com

sistema de som. Lugosi repetiu o modelo teatral da personagem acrescentando seu sotaque da Europa Oriental, que se tornava mais acentuado já que aprendia as falas do filme foneticamente. Também caracterizou a personagem com o penteado empastelado para trás. Sua imagem até hoje é associada com a personagem, que foi representada por Lugosi somente mais uma vez no cinema, na comédia de 1948, Abbott and Costello Meet Frankenstein.

Somente no final da década de 1950 teremos um novo rosto associado intensamente à personagem com The Horror of Dracula (Inglaterra, 1958), estrelando Christopher Lee no papel do Conde e Peter Cushing como Van Helsing. O filme dirigido por Terrence Fisher é a segunda produção do novo ciclo de horror realizado pelo estúdio britânico Hammer Films, o primeiro foi The Curse of Frankenstein (1957), também dirigido por Fisher e com Lee e Cushing interpretando o Monstro e Frankenstein respectivamente. Agora colorido, o Drácula da Hammer mostrava seus dentes afiados, até então ainda não se vira as presas do vampiro no cinema e estas a partir de então se tornaram parte de sua imagem juntamente com os olhos vermelhos. O sangue e a sexualidade foram muito explorados ao longo de oito filmes lançados que levaram o Conde Drácula para cenários, como já dito anteriormente, totalmente adversos do texto original. Em Dracula A.D. 1972 (1972) o Conde transitou entre os hippies na década de 1970 e em The Legend of The Seven Golden Vampires (1974) se viu lutando Kung-Fu na China. The Horror of Dracula não baseia seu roteiro na peça teatral retomando o romance, mas se distancia deste, suprimindo personagens, deslocando o espaço e retratando Drácula quase que como uma vítima dos caçadores de vampiros que o perseguem desde o início do filme. O Drácula de Lee reproduz o modelo anterior trazendo algumas contribuições para a imagem da personagem, se mostra mais sedutor e romântico, cobrindo de beijos os pescoços de suas vítimas que

agora exibem decotes reveladores, também aparece mais agressivo, cruel e aterrorizador que a versão de Lugosi. Nota-se a intenção dos produtores em distanciar esta nova versão daquela apresentada pela Universal anteriormente, a Hammer investe em cenários e figurinos de época trazendo a ambientação gótica em oposição à modernidade exibida pelo estúdio americano (MELTOM, 2003, p.404). A personagem também se torna mais silenciosa, tem pouquíssimos diálogos e nos filmes seguintes fala cada vez menos. Lee argumenta que os diálogos escritos para sua personagem eram de extremo mau gosto e ele se recusava a recitá-los, a Hammer por sua vez afirma que Lee se tornara uma estrela e seu salário crescera proporcionalmente, assim lhe dar poucas falas garantia sua presença dentro do orçamento apertado do estúdio (MELTOM, 2003, p.377). A versão Inglesa definitivamente apresenta um Drácula mais cinematográfico do que o Drácula teatral da Universal, como podemos ver na morte do Conde pela luz do sol, visualmente muito mais adequada ao cinema, como Murnau já havia apresentado em Nosferatu.

Em 1972 o livro In Search of Dracula traz uma importante contribuição para a imagem da personagem, a associação com Vlad o Empalador. Apesar de Stoker já referenciar o príncipe do séc. XV no romance esta passagem foi suprimida de todas as adaptações até agora citadas, estando distante do imaginário público da personagem. Os historiadores romenos Radu Florescu e Raymond T. McNally realizaram uma pesquisa no final dos anos 1960 à procura de fatos verdadeiros que estivessem presentes na narrativa de Stoker e se depararam com o Drácula histórico, a pesquisa resultou no livro que se tornou muito popular unindo o Drácula de Stoker com o Drácula histórico para o público, influenciando as adaptações realizadas posteriormente.

A influência da obra de Florescu e McNally pode ser vista no filme Dracula (1973) produzido para TV e exibido em audiência nacional pela ABC nos EUA.

Dirigido por Dan Curtis, com roteiro de Richard Matheson e Jack Palance no papel principal, esta versão apresentou pinturas e tapeçarias no castelo de Drácula retratando- o como Vlad Empalador e tornou a personagem mais romântica (MELTOM, 2003, p.239). O roteiro de Matheson trouxe ao enredo a trama do amor reencarnado que era típica dos filmes de múmia, como em The Mummy (EUA,1932).

Esta mesma trama será utilizada no roteiro de Bram’s Stoker’s Dracula (1992), produzido pela Columbia Pictures, que também reproduz a associação com Vlad Tepes de maneira explícita no segmento inicial do filme. Dirigido por Francis Ford Coppola e com Gary Oldman como Drácula, o filme apresenta um grau de fidelidade ao romance maior, retratando todas as personagens principais do filme. A versão de Coppola, que recebeu campanha publicitária e distribuição massiva, também faz referências aos filmes citados anteriormente, explorando a sexualidade e a violência intensamente e reforçando a imagem da personagem, porém tornando-a ainda mais romântica.

Drácula nas histórias em quadrinhos brasileiras

No Brasil, a personagem Drácula fez inúmeras aparições em programas de TV e os filmes da Hammer foram reprisados constantemente na televisão nos anos 1970 e 1980. Vale destacar a produção da Rede Bandeirantes, Topo Gigio no Castelo do Drácula (1987), o média metragem em Super 8, dirigido e produzido por Ivan Cardoso, Nosferato no Brasil (1971), que traz Torquato Neto como o vampiro que vem tirar férias no Brasil e a telenovela Drácula, uma história de amor (1980) com Rubens de Falco no papel principal. A telenovela começou na TV Tupi, que fechou no mesmo ano, e teve prosseguimento na Rede Bandeirantes com o título de Um Homem Muito

Especial. Entretanto, foi nas histórias em quadrinhos que a personagem atingiu maior expressividade.

Nos Estados Unidos a primeira aparição de Drácula em revista em quadrinhos própria foi em 1962 com uma adaptação do filme de 1931 publicada pela editora Dell. Quatro anos depois a Dell lançou seis edições da revista mensal Dracula. “Nos mais de quarenta anos seguintes, cerca de noventa títulos levaram o nome do famoso vampiro pelas editoras Marvel, Apple, DC, Warner, Millenium, Darkhorse” (GONÇALO, 2008, p. 131), dentre outras.

Em 1966, durante a explosão dos quadrinhos de horror no Brasil, o editor Miguel Penteado, dono da editora GEP decidiu adaptar o Conde Drácula para as revistas em quadrinhos. Assim, no mesmo ano em que a americana Dell colocava sua versão de Drácula numa revista mensal (porém com características de super-herói para não entrar em conflito com o Comics Code ainda em vigência) a GEP lançava uma publicação brasileira com o personagem. A revista Drácula nacional trazia roteiros de Hélio Porto e depois Helena Fonseca, Gedeone Malagola e Francisco de Assis, e arte de Nico Rosso, Jorge Scudellari e Juarez Odilon, dentre outros.

O gibi brasileiro foi um dos primeiros títulos regulares protagonizados pelo conde vampiro. Os roteiros escritos por Helena Fonseca se destacavam pelo tom de deboche, numa tentativa de escapar dos clichês góticos ligados ao ser d’além-túmulo. A escritora jamais havia visto um filme de Drácula e sequer conhecia o livro de Bram Stoker, e, por causa disso concebeu a personagem com características próprias. (FERREIRA et al, 2002, p. 273)

Nos anos seguintes Drácula se tornou a principal revista da editora Taika e estaria presente também em outras publicações da mesma editora. Na nona edição da revista Clássicos do Terror a origem de Drácula é contada numa história de quase cem páginas com roteiro de Francisco de Assis e desenhos de Nico Rosso. A Taika também

publicou em 1968 a adaptação do romance de Stoker, Drácula: a verdadeira história de uma lenda, roteirizada por Francisco de Assis e ilustrada por Eugênio Colonnese. Esta adaptação foi republicada em 1999 à cores pela Marfe editora.

Em 1976, a Spell Produções lançou um álbum de luxo com Drácula reunindo

No documento Download/Open (páginas 91-103)