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A evolução da personagem vampiro

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Capítulo II – A PERSONAGEM DRÁCULA

1. A evolução da personagem vampiro

A crença em criaturas vampíricas provavelmente remonta às experiências humanas muito antes do advento da palavra escrita. Tanto um temor respeitoso em relação aos mortos como uma crença nas propriedades mágicas do sangue podem ser encontrados em culturas do mundo todo. (MELTON, 1994, p. IX)

O conceito de mortos que retornam para se alimentarem do sangue dos vivos especificamente, teve maior destaque na Europa Cristã. O historiador inglês William de Newburgh, no século XII, fez diversos relatos que correspondem a este conceito, se valendo do termo latino sanguisuga para identificar o “espírito maligno” (MELTON, 2003, p.X).

Uma epidemia de relatos praticamente idênticos se espalhou por grandes áreas da Europa Oriental entre os séculos XVI e XVIII. Grande diversidade de termos para designar estes seres surgiu geralmente variações tanto dos termos sérvios vukodlak e vampir quanto do termo russo upyr. Nestas regiões o conceito de vampiros se integrou ao sistema de crenças culturais, incorporando-se ao folclore destes povos (GUILEY, 1994, p.23).

Em 1732, os relatos sobre vampiros atingiram a Europa Ocidental, um relatório oficial do governo austríaco apontava Arnold Paul como autor de uma série de mortes na vila de Meduegna, Sérvia. Arnold já estava morto e certa vez alegara ter sido mordido por um vampiro. Alguns acreditavam que ele havia retornado do reino dos mortos, de acordo com o relato seu corpo quando exumado apresentava aparência extraordinariamente fresca e sangue escorria de sua cabeça. O relatório logo foi publicado em Belgrado e rapidamente várias versões da história de Arnold Paul foram publicadas em diversos periódicos europeus. Provavelmente a primeira vez que a palavra “vampire” ou “vampyre” apareceu na língua inglesa foi em 1732 quando os periódicos ingleses London Journal e Gentleman’s Magazine publicaram a história de Arnold Paul (MELTON, 2003, p.618). O relato criou sensação no Ocidente estimulando ardorosos debates nos círculos intelectuais para tentar descobrir maneiras racionais para explicar o fenômeno. A tradicional Sorbonne, em Paris, “se posicionou sobre o assunto, condenando a maneira como os mortos estavam sendo violados” (MELTON, 1994, p. XI). Em 1746, o renomado estudioso da Bíblia e abade beneditino, Don Augustin Calmet publicou Dissertations sur les Apparitions des Anges, des Démons e des Esprits, et sur les revenants, et Vampires de Hungrie, de Bohême, de Moravie, et de Silésie, um tratado sobre vampiros onde também narrava a história de Arnold Paul e apresentava várias explicações racionais para o fenômeno.

Em 1765, o naturalista francês Louis Lecrerc de Buffon classificou, num dos volumes da Histoire Naturelle, com o nome de “vampiro” um morcego que bebia sangue descoberto no Novo Mundo, fazendo alusão às lendas sobre os vampiros que circulavam na época.

Possivelmente o jovem escritor e médico John Polidori teve contato e se familiarizou com as teorias de Dom Augustin Calmet a respeito de vampiros. Em 1816,

Polidori era companheiro de viagens do respeitado poeta e escritor Lord Byron. Fez parte do célebre grupo que se hospedou na Villa Diodati, próxima a Genebra e para se entreterem se dedicaram a criar histórias de fantasmas (GUILEY, 1994, p.56). Dentre os presentes estava Mary Shelley que na ocasião escreveu uma narrativa que depois se transformou no clássico romance de horror, Frankenstein. Byron criou uma história sobre um homem próximo de sua morte que obrigava seu companheiro de viagem a jurar não revelar sua morte jamais. Alguns anos depois Polidori aproveitou a idéia básica de Byron combinando com o conceito de vampiro. Tendo a figura de Byron como modelo, Polidori criou o vampiro Lord Ruthven, um aristocrata que matava belas e inocentes mulheres para saciar sua sede de sangue e que era capaz de reviver pelo luar. Publicado em 1819, na edição de abril da revista New Monthly Magazine, o conto The Vampyre foi a primeira obra completa de ficção sobre vampiros escrita em inglês e na introdução Polidori se refere especificamente ao caso de Arnold Paul e à pesquisa sobre vampirismo escrita por Dom Augustin Calmet. Além de inspirar uma grande variedade de peças de teatro principalmente na França e Inglaterra, o conto de Polidori pode ser apontado como uma das influências na construção da personagem de Bram Stoker, Drácula, e influência direta do primeiro romance sobre vampiros em inglês, Varney the Vampyre, escrito por James Malcolm Rymer e vendido como historietas em folhetins ingleses em 1840. Como no conto de Polidori, o personagem de Rymer também buscava mulheres inocentes para alimentar-se e podia ser revivido pelo poder do luar (MELTON, 2003, p.848).

Em 1872, o escritor irlandês Sheridan Le Fanu lançava uma visão mais inovadora do personagem vampírico com o conto Carmilla que ambientava as crenças vampíricas na atmosfera gótica. A narrativa de Le Fanu trata de uma vampira que desenvolve uma profunda relação com uma vítima do sexo feminino, repleta de

insinuações eróticas (GUILEY, 1994, p.58). Apesar do século XIX ter produzido uma variedade de obras sobre o tema sobrenatural somente uma pequena parcela trazia vampiros como tema.

No final do século XIX, o romance Dracula, do irlandês Bram Stoker, apresenta o vampiro vilão definitivo. Stoker utiliza elementos dos trabalhos de Polidori e Le Fanu para criar a ambientação gótica para a história de um aristocrata profano saído do túmulo que hipnotiza corrompe e se alimenta das lindas jovens que mata. “Stoker revelou todo o impacto das conotações psicossexuais envolvidas no relacionamento entre vampiro e vítima, mostrando a notável semelhança entre a ânsia de sangue dos mortos-vivos e a sensualidade reprimida dos simples mortais” (MELTON, 1994, p. XII).

O autor de Dracula apresentou no romance um grupo de personagens e tipos que posteriormente foram utilizados em inúmeras histórias de vampiros. Essas personagens são o próprio Drácula, o misterioso nobre do Leste da Europa que se revela como um vampiro demoníaco e assassino; Mina Harker, a linda vítima do vampiro que se vê dividida entre Drácula e o homem que ela ama; Doutor Van Helsing, cientista e implacável caçador de vampiros; e Renfield, um desequilibrado mental que se vê compelido a servir e adorar ao Conde Drácula. Stoker também acrescentou uma série de características vampíricas no romance que foge da tradição e do folclore que envolve o tema, mas que se tornaram quase que obrigatórias em trabalhos posteriores. Podemos citar a necessidade de solo nativo no caixão do vampiro para que ele possa repousar, a necessidade de um convite para entrar numa casa, a habilidade de se transformar num morcego ou em outras formas e a incapacidade de se refletir em espelhos (GUILEY, 1994, p.28). A partir de sua publicação a personagem criada por Stoker tornou-se o padrão com o qual os demais vampiros de ficção são comparados.

Depois do lançamento de Dracula, em 1897, poucos romances sobre o tema foram publicados durante mais de cinqüenta anos (MELTON, 2003, p.XII). Somente em 1954 um romance vampírico teve impacto literário: I am Legend, de Richard Matheson, narra a tragédia de um homem que descobre ser o único ser humano num mundo povoado por vampiros. Porém, nenhum livro relacionado ao tema jamais ultrapassou a popularidade de Dracula, que nunca saiu de catálogo desde que foi impresso pela primeira vez.

Vale destacar a contribuição de periódicos na primeira metade do século XX para o gênero. Revistas de produção precária conhecidas pelo teor de ficção sensacionalista no campo da fantasia, horror e ficção científica como a Weird Tales apresentaram autores como Clark Ashton Smith, Seabury Quinn e Robert Bloch que escreveram uma série de contos populares até hoje.

Entretanto, uma grande influência sobre a percepção pública do personagem vampiro (tema que será tratado com detalhes mais a frente) veio do veículo que nascia paralelamente ao romance de Stoker, o cinema. Nosferatu, Eine Symphonie des Garuens, dirigido por F.W. Murnau em 1922, retratou com eficiência um vampiro de aparência mórbida e revoltante. Mas seu impacto foi limitado durante o lançamento. O roteiro era baseado no romance de Bram Stoker. O que fez com que Florence Stoker, viúva do autor, processasse os produtores por violação de copyright, assim fazendo com que a película fosse recolhida. Na segunda metade do século XX o filme foi redescoberto e aclamado por aficionados do cinema como grande expoente do expressionismo alemão. Sua atmosfera sinistra e os notáveis efeitos de sombra, dentre outras características singulares, influenciaram filmes posteriores sobre vampiros, dentre estes um remake em 1979 com Klaus Kinsk no papel principal e a adaptação, dirigida por Francis Ford Coppola em 1992, Bram’s Stoker’s Dracula.

Em 1927 foi lançado o filme norte-americano London After Midnight que trazia Lon Chaney como protagonista. Dirigido por Tod Browning, a narrativa apresentava um vampiro de aparência assustadora, mas que ao final se revelava uma farsa, apenas um engodo para revelar o verdadeiro assassino. O filme teve um pequeno impacto na época do lançamento, com o passar dos anos desapareceram todas as suas cópias fazendo com que esteja perdido até hoje. Recentemente foram encontradas fotos da produção e o roteiro do filme, permitindo que se realizasse uma montagem que tenta recriar a narrativa da película original.

Em 1931, a Universal Studios lançou Dracula, estrelado por Bela Lugosi e também dirigido por Tod Browning, um marco da indústria cinematográfica. O roteiro era baseado na peça de teatro britânica de Hamilton Deane que na versão para os palcos norte-americanos foi reescrita por John L. Balderston e fez grande sucesso na Broadway durante muitos anos. Os atores que fizeram os papéis principais da versão cinematográfica foram os mesmos que atuaram nos palcos: Lugosi como o conde Drácula, Edward Van Sloan como Van Helsing e Dwight Frye como Renfield. Tanto o filme como a peça estabeleceram a imagem visual padrão do vampiro masculino: “uma figura aristocrática sinistra, de maneiras elegantes, sotaque estrangeiro e que se veste para a noite de maneira formal, com uma longa capa esvoaçante” (MELTON, 1994, p. XIII). Uma versão em espanhol foi realizada ao mesmo tempo com equipe e elenco diferentes, mas utilizando os mesmos cenários e o mesmo roteiro. Muitos críticos apontam a versão do diretor George Melford como superior em relação à dinâmica e agilidade do filme, isso se deve provavelmente ao fato de que a equipe que fazia a versão em língua espanhola filmava durante a noite, assim Melford observava o trabalho de Browning durante o dia e aperfeiçoava as tomadas e seqüências para a sua versão. Browning também vinha de uma carreira construída no cinema mudo e ainda

estava se familiarizando com a experiência do cinema falado, o que talvez explique a lentidão no desenvolvimento da narrativa do filme. A aparência, as maneiras distintas e o forte sotaque húngaro de Lugosi fizeram com que seu desempenho marcasse aquela era e tornasse sua imagem eternamente associada ao personagem, assim estabelecendo a caricatura definitiva do estereótipo não só de Drácula, mas do vampiro em geral.

A qualidade do filme de Browning ainda é debatida, mas a impressão que deixou na mente do público é inquestionável. Nos anos 1930 e 1940 a Universal ainda produziu vários filmes com Drácula ou com personagens relacionadas, mas nenhum deles teve o impacto do filme original, com Lugosi. Ao contrário, transformaram a maligna personagem em motivo de riso em produções apelativas que juntavam os principais monstros da Universal (Drácula, o monstro de Frankenstein, o Lobisomem e a Múmia) ou até mesmo em comédias como Abbott e Costello meets Frankenstein (1948), última atuação de Lugosi no papel do Conde.

No final da década de 1950, a Universal vendeu os direitos cinematográficos tanto de Frankenstein como Dracula para a Hammer Films, estúdio britânico fundado em 1948 por Will Hammer e Sir John Carreras. Assim em 1958 estreava The Horror of Dracula, dirigido por Terrence Fisher, outra poderosa influência sobre a construção da imagem mítica de Drácula na percepção da audiência. O Conde, agora interpretado por Christopher Lee, é retratado nesta versão de maneira mais violenta, dinâmica e fisicamente imponente. A capa e a vestimenta formal continuaram, mas a caracterização da Hammer acrescentou elementos que se tornaram essenciais para todas as representações do personagem vampírico: caninos alongados ou presas e sangue. Filmes anteriores de vampiros já haviam utilizado variações de presas, mas o Drácula de Lee estabeleceu o padrão. Quanto ao sangue, inexistente na versão de 1931, agora era apresentado em grande quantidade e a cores! Peter Cushing fez o implacável caçador de

vampiros, Van Helsing, e atuou ao lado de Lee em outros filmes sobre Drácula para a Hammer. Mas os filmes posteriores realizados pelo estúdio inglês com Lee interpretando o Conde Drácula contribuíram pouco para a evolução da personagem. Como Lugosi, Drácula transformara Christopher Lee numa estrela fazendo com que o ator se tornasse muito caro. A solução encontrada pelo estúdio para reduzir custos foi limitar ao máximo o tempo e presença do ator na tela. Resultando em breves aparições da personagem, na maioria das vezes sem falas, nestes filmes.

Enquanto na Inglaterra a Hammer tornava o papel do astro principal cada vez mais limitado, nos Estados Unidos acontecia o contrário. Os roteiristas da soap opera Dark Shadows faziam o possível para aumentar a participação do vampiro Barnabas Collins nos capítulos da telenovela. Dark Shadows, criada e produzida por Dan Curtis, foi ao ar pela primeira vez em 1966, pela ABC. O enredo girava em torno de uma governanta que chegava à Mansão Collinswood e se envolvia em intrigas familiares e sobrenaturais. No ano seguinte foi introduzido na série o personagem do vampiro Barnabas Collins, representado pelo ator Jonathan Frid, alavancando os índices de audiência e tornando a série bem sucedida até o seu término em 1971. Depois de Drácula, Barnabas é o personagem vampiro mais conhecido na América do Norte e tornou-se o primeiro a ser retratado integralmente como um herói trágico em busca de uma fuga de sua condição vampírica ou como um anti-herói que poderia ser demoníaco ou compadecido (GUILEY, 1994, p. 136).

Em 1976, foi publicado o romance Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, onde a autora retrata o vampiro com uma visão muito semelhante da série Dark Shadows, tanto como herói trágico como anti-herói. Na década de 1980, Rice retoma os romances sobre vampiros e publica a série conhecida como Crônicas dos Vampiros, sempre desenvolvendo o tema de “vampiros sensíveis, bonitos e com tendências

artísticas, que sentem êxtase e intimidade quando bebem sangue e encontram várias maneiras de lidar com seu mundo negro e sua natureza assassina” (MELTON, 1994, p. XV). Apesar de Drácula ainda ser a imagem dominante de vampiro para o grande público, a visão do vampiro de Rice foi um grande sucesso literário, atingindo milhões de leitores que se sentiram atraídos por essa nova imagem.

Podemos citar alguns romances influentes sobre o tema lançados nos anos 1970. The Night Stalker, de Jeff Rice, lançado em 1973 e produzido como um filme de TV um ano antes de ser publicado, Salem’s Lot, de Stephen King, em 1975 e adaptado para filme de TV em 1979, e The Space Vampires, de Colin Wilson, em 1976 e transposto para as telas como Lifeforce em 1985. Vários dos autores de romances sobre vampiros seguiram a tendência que começava a se tornar popular na década de 70 de escrever romances seriados. Nas histórias em quadrinhos os personagens vampiros também ganharam espaço através de personagens regulares como Vampirella, Morbius e a versão de Drácula publicada pela Marvel Comics. A presença de personagens vampiros nas histórias em quadrinhos merece atenção já que foi parte do motivo que causou o período em que o veículo foi alvo de forte censura na década de 50. Com a criação do código de ética pelas editoras de quadrinhos norte-americanas, os vampiros juntamente com os outros monstros clássicos do horror foram banidos das publicações de 1954 a 1969.

Em 1972, In Search of Dracula, escrito pelos historiadores Raymond T. McNally e Radu Florescu, produziu um profundo impacto na imagem da personagem de Stoker. Nesse livro os autores apresentam sua pesquisa que mostra que a personagem Drácula era na realidade baseado numa figura histórica que usava esse nome. Também conhecido como Vlad Tepes, era um príncipe da Wallachia (região da Romênia que faz fronteira com a Transilvânia) no século XV. Tepes era conhecido por sua ferocidade e

sadismo como regente. Ordenou a morte de milhares de pessoas, muitas dessas vítimas eram empaladas em longas estacas. A pesquisa histórica de McNally e Florescu integrou definitivamente o moderno mito de Drácula repercutindo em inúmeras histórias, romances e filmes sobre a personagem.

Dentre os diversos filmes realizados sobre vampiros na década de 1970 vale destacar a produção para televisão dirigida e produzida por Dan Curtis em 1973. Tendo Jack Palance representando o Conde Drácula neste telefilme que foi muito influenciado pelo trabalho de Mcnally e Florescu, retratando Drácula como o regente Wallachiano do século XV ainda vivo no século XIX. Este telefilme trouxe uma contribuição importante para a construção do mito moderno de Drácula. Na narrativa, Lucy Westenra é fisicamente igual a uma antiga paixão de Drácula de séculos atrás, como se fosse uma reencarnação do amor verdadeiro do Conde. Este mesmo enredo pode ser visto no filme A Múmia, de 1932 com Boris Karloff e se incorporou ao mito do personagem vampiro sendo encontrado em diversos filmes realizados posteriormente. O mais popular filme sobre vampiros para a grande tela nos anos 1970 foi Dracula, de 1979, estrelado por Frank Langella e novamente produzido pela Universal. Assim como Bela Lugosi, Langella tinha feito grande sucesso numa peça da Broadway intitulada Dracula antes do filme. Nesta versão a sensualidade do Conde é muito mais explorada distanciando-se das interpretações assustadoras de Lugosi e Lee. O filme também proporciona uma destruição final de Drácula diferente do filme original de 1931, o Conde depois de ser estaqueado num gancho morre queimado pela luz do sol.

A partir dos anos 1980, observamos a realização de vários filmes de vampiros com grandes verbas e excelente qualidade de produção. A revolução da TV a cabo e a explosão do videocassete tornam os numerosos filmes sobre o tema acessíveis e impulsionam a realização de centenas de produções baratas com espaço garantido na

grade de programação dos novos canais de TV ou nas prateleiras das locadoras de vídeo. A TV a cabo nos anos 1990 lança diversas séries sobre vampiros, incluindo uma nova versão de Dark Shadows e Buffy, a Caça-Vampiros que estreou pela rede WB em 1997 e é a mais bem sucedida série televisiva a ter vampiros como tema no horário nobre.

O mercado literário recebe uma torrente sem fim de romances vampíricos, principalmente romances seriados que alcançam números sem precedentes para um assunto que é apenas uma parcela do universo do horror na literatura. Dentre as muitas publicações The Book of Vampires, de 1994, merece destaque. Escrito por J. Gordon Melton, Embaixador Americano da Transylvania Society of Dracula, entidade histórico- cultural que reúne historiadores, etnógrafos e folcloristas dedicados à preservação e interpretação da história e do folclore romeno, especialmente relacionado ao regente do século XV Vlad, o Empalador, o Drácula histórico e ao folclore romeno relativo a vampiros. O livro de Melton aprofunda-se nas tradições, mitos e relatos sobre os vampiros e suas lendas no mundo todo, cobrindo também os aspectos históricos, literários, mitológicos, biográficos e populares. A extensa obra proporciona um exame exaustivo e deve ser considerada referência padrão sobre o assunto. Diversos livros semelhantes foram lançados posteriormente, mas o trabalho de Melton é o mais completo e abrangente de todos.

Em 1997, vários eventos comemoram o ano do centenário do Dracula, de Bram Stoker, que como foi visto ao longo deste texto é o mais influente romance sobre vampiros de todos os tempos. Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e Irlanda lançam selos comemorativos estampando Drácula ou outros vampiros. Em agosto desse mesmo ano ocorre em Los Angeles a Dracula’97, evento que reuniu o maior número de

escritores, estudiosos, cineastas, celebridades e outros entusiastas destacados e proeminentes no mundo do vampirismo.

Com a virada do século, a internet multiplica a produção e distribuição, seja de

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