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4.5.1 – A definição da amostragem da pesquisa

Amostragem é o processo de selecionar um número suficiente de elementos a partir de uma população. No caso desta tese, empresas, e do estudo dessas empresas e do entendimento de suas características ser possível generalizar as propriedades ou características para todos os elementos da população (Forza, 2002). A amostragem supera as dificuldades de coleta de dados da população inteira o que muitas vezes é impossível ou proibitivo em termos de tempo, custos e de recursos humanos.

Esta tese pretende verificar a contribuição da TIB na formação e acumulação da capacidade tecnológica de empresas. Este levantamento será feito a partir de um segmento da economia – o setor metal-mecânico.

Neste trabalho, considera-se o setor metal-mecânico definido e classificado como no Quadro 4.12, conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) a 3 dígitos, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística:

Setor Divisão (CNAE 2) Grupo (CNAE 3)

Mecânica Fabricação de máquinas e equipamentos

-Fab. de armas, munições e equiptos militares; -Fab. de eletrodomésticos;

-Fab. de máquinas e equipamentos de uso geral; -Fab. de máquinas e equiptos para as indústrias de extração mineral e construção;

-Fab. de máquinas-ferramenta;

-Fab. de motores, bombas, compressores e equiptos de transmissão;

-Fab. de outras máquinas e equiptos de uso específico;

-Fab. de tratores e de máquinas e equiptos para a agricultura, avicultura e obtenção de produtos animais.

Metalurgia Fabricação de produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos

-Fab. de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas manuais;

-Fab. de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada;

-Fab. de produtos diversos de metal;

-Fab. de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos;

-Forjaria, estamparia, metalurgia do pó e serviços de tratamento de metais.

Quadro 4.12 – Classificação do setor metal-mecânico

Fonte: Kupfer e Rocha (2005), a partir da base de dados do IBGE

A escolha do setor metal-mecânico deu-se pelas seguintes razões:

a) dentre as empresas brasileiras que inovam e diferenciam produtos, o setor em questão ocupa a liderança com 31,6% do total das empresas industriais, seguido do setor químico com 22,5% e do eletrônico com 12,9%, segundo Kupfer e Rocha (2005);

b) juntamente com os setores de material de transporte, químico, agroindústria, eletrônico e combustíveis, concentra a maior parte da geração de comércio exterior da indústria brasileira (Kupfer e Rocha, 2005).

c) A experiência de aproximadamente 15 anos deste autor no relacionamento com empresas desse segmento em questões pertinentes à Tecnologia Industrial Básica; a coordenação técnica de laboratório prestador de serviços de metrologia acreditado pelo Inmetro; e também de laboratório de ensaios mecânicos e metalúrgicos.

Diante do exposto, trata-se de um setor relativamente dinâmico e que proporciona um terreno fértil para a prospecção de dados visando alcançar o objetivo final deste trabalho de pesquisa.

Apenas as empresas do setor metal-mecânico que tenham, no mínimo, a certificação ISO 9001, é que se constituem nas empresas de interesse desta tese, pois esse é o indicador do primeiro nível de competência, definido no constructo da capacitação em TIB.

Pode-se perceber, portanto, que a definição da população a ser pesquisada exige uma análise das restrições apropriadas a este trabalho de pesquisa. Como esta pesquisa abrangerá três níveis de competência, teremos uma população típica para cada nível, com as seguintes características e restrições:

a) nível básico: empresas com certificação ISO 9001, TS 16949 ou NBR 15100;

b) nível intermediário: empresas com certificação ISO 17025, certificação de produtos, certificação ambiental ou social e automação de sistemas de medição;

c) nível avançado: empresas que participam em comitês normativos internacionais ou apresentam sistemas metrológicos inovadores.

Para a definição da amostra de empresas desta pesquisa, recorreremos basicamente, porém não somente, à base de dados da entidade certificadora FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI, de onde será obtida uma relação de empresas certificadas a partir dos códigos do International Accreditation Forum IAF 17/18/19/20/21/22 – os quais correspondem ao setor metal-mecânico, de interesse desta pesquisa. Também serão obtidas empresas a partir da base de dados do INMETRO e também do IPEI – Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais do Centro Universitário da FEI.

Desta amostra selecionaremos apenas aquelas empresas em que consta, no escopo de sua certificação, atividades como desenvolvimento, projeto, fabricação/produção de produtos. Desta forma, excluiremos os comerciantes, prestadores de serviços, representantes comerciais e outras atividades que não são configuradas como atividades de produção.

4.5.2 – O instrumento de pesquisa

Definido o modelo de pesquisa e a amostra no qual ele será aplicado, o passo seguinte é o que se refere ao instrumento de pesquisa.

O instrumento de pesquisa deste survey consiste em um questionário, escolha esta baseada nos seguintes critérios: o grande número de respondentes, a sua distribuição em várias regiões do estado de SP e do País e a facilidade de levantamento de seus dados.

4.5.2.1 – O formato do instrumento de pesquisa

Forza (2002) aponta como sendo relevantes quatro tarefas que um pesquisador deve fazer no projeto do instrumento de pesquisa:

a) a escolha da linguagem usada que deve ser consistente com o nível de compreensão dos respondentes para evitar dupla ou dúbia interpretação de sua parte;

b) a escolha da escala, que depende de dois fatores principais: a facilidade para o respondente responder e a facilidade para a análise posterior do pesquisador;

c) a identificação dos respondentes, pois isto é relevante quando os entrevistados possuem níveis hierárquicos diferentes e, portanto, têm acesso e conhecimento de informações, provavelmente, diferentes e

d) o agrupamento no questionário de questões afins, pois isto facilita e motiva os respondentes a responder.

Além destas quatro tarefas, algumas outras recomendações básicas de Forza (2002) para montagem do instrumento de pesquisa são: a) possuir apresentação agradável e amigável; b) possuir uma introdução muito clara e motivadora e c) possuir instruções claras e objetivas para o respondente.

Bryman (1989) sugere que alguns cuidados devem ser tomados na elaboração do questionário: a) formular questões claras, simples, curtas e sem ambigüidade; b) enfocar uma idéia de cada vez, sem sugerir respostas e c) orientar os respondentes sobre o objetivo e a importância do resultado. Neste sentido, está sendo enviada uma carta, junto com o questionário, que explica o contexto e a importância de se respondê-lo. A carta está no APÊNDICE B deste trabalho.

Para aumentar a probabilidade de sucesso na coleta de dados, Forza (2002) sugere que o pesquisador planeje cuidadosamente a execução do survey e possuir informações detalhadas sobre: a) como abordar os respondentes e b) como os questionários serão aplicados e administrados. Ele sugere que para aumentar o número de respondentes, o questionário deva ser apresentado como uma troca social.

Acolhendo as sugestões de Bryman (1989) e de Forza (2002), elaborou-se então um questionário constituído de quatro partes:

a Parte I, que contém a identificação do entrevistado/respondente, convidando-o a preencher seus dados básicos (nome/cargo/e-mail/telefone), mais o nome da empresa, a sua linha de produtos e a capacidade da mesma em TIB, por meio das suas certificações;

a Parte II, que contém um questionário com 25 questões fechadas e cujo objetivo é obter o nível de capacidade tecnológica da empresa para verificar as proposições P1/2/3;

a Parte III, que contém 5 perfis típicos de empresas quanto ao uso de mecanismos de aprendizagem em TIB, e solicita que o respondente assinale apenas aquele que mais se aproxima ao da sua empresa, cujo objetivo é verificar a proposição P4;

a Parte IV, que contém um espaço destinado ao respondente para fazer comentários livres sobre o assunto, o agradecimento deste autor pela colaboração e a informação de que cada respondente receberá os resultados da pesquisa após a defesa da tese. Esta garantia dada a cada respondente que após a defesa da tese ela lhe será enviada corresponde àquilo que Forza (2002) propôs como troca social, com vistas a aumentar a taxa de retorno do survey.

O questionário foi elaborado para ser respondido por profissionais que tenham grande envolvimento com as áreas de qualidade, de engenharia e que tenham participado dos processos de certificação de sistemas da qualidade e de produtos nas empresas estudadas. Para tanto, procurar-se-á os responsáveis pelas áreas da Gerência da Qualidade, Gerência técnica da metrologia e Gerência do departamento de engenharia, preferencialmente.