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Organização Internacional de Metrologia Legal – OIML, formada por:

2.2 – Tecnologia Industrial Básica – TIB

2- Organização Internacional de Metrologia Legal – OIML, formada por:

. Conferência Internacional de Metrologia Legal que define a política geral e promove a implementação das diretrizes metrológicas da OIML;

. Comitê Internacional de Metrologia Legal (CIML) que avalia o progresso técnico e as operações administrativas da OIML;

. Comitês e Subcomitês Técnicos que estabelecem diretrizes para o desempenho metrológico e avaliam os procedimentos de testes dos instrumentos de medição sujeitos a controles legais;

. Bureau Internacional de Metrologia Legal (BIML) que atua na coordenação das atividades técnicas e na preparação, impressão e distribuição das publicações da OIML; . Conselho de Desenvolvimento que coordena as atividades para o desenvolvimento de sistemas metrológicos, treinamento, laboratórios e equipamentos.

De acordo com o International Vocabulary of Basic and general Terms in Metrology - VIM (2000), “metrologia é a ciência da medição” e abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos a medições, constituindo-se em um importante instrumento para o desenvolvimento das atividades econômicas, científicas e tecnológicas. Uma base científica forte e confiável e um sistema de medição harmonizado são indispensáveis para prover a eficiência na produção e no comércio de bens e serviços que atendam às necessidades da sociedade.

O VIM (2000) estabelece definições e diferenciações quanto ao uso do termo metrologia, as quais podemos resumir na seqüência:

Metrologia geral ou científica: aquela que lida com problemas gerais teóricos e práticos relacionados às unidades de medida (sistemas de medidas, conversão de unidades em uma fórmula); problemas de erros de medida (incertezas de medição); problemas das propriedades metrológicas dos instrumentos de medição usados, independente da quantidade analisada. Também é usada a expressão metrologia científica nessas situações. Existem várias

especialidades em metrologia: metrologia de massa, dimensional, temperatura, química, entre outras.

Metrologia industrial: esta disciplina se concentra nas medições de produção e controle da qualidade. Entre os exemplos típicos incluem-se os processos e os intervalos de calibração, o controle de processos de medição e o gerenciamento de equipamentos de medição.

Metrologia legal: refere-se aos requisitos técnicos obrigatórios. Um serviço de metrologia legal verifica tais exigências para garantir medições corretas em áreas de interesse público como o comércio, a saúde, o meio ambiente e a segurança.

Como podemos notar, as atividades da metrologia científica e industrial compreendem o desenvolvimento, realização, reprodução, guarda e disseminação dos padrões de medidas, materiais de referência certificados e medidas rastreadas.

Segundo Félix (1995), a falta de metrologia avançada se torna uma forma de subdesenvolvimento e colonização tecnológica, refletindo em barreiras para a exportação de um país.

Assim, “metrology as the science of measurement, is the backbone of technological

infrastructure for a nation-wide integrated quality system” (UNIDO, 2001).

A certificação de Sistemas de Garantia da Qualidade hoje passa a ter forte base metrológica e essa base em diversas grandezas não se refere mais a padrões materializados, mas naqueles resultantes da realização de experimentos fundamentais em Física e Química. Isto porque a evolução da Ciência da Medição levou a uma profunda mudança no funcionamento do sistema metrológico mundial. Atualmente, no sistema primário, não há mais a comparação e a calibração de padrões físicos. O que se compara são os padrões realizados, ou seja, a capacidade de cada país de realizar, em condições de laboratório, o padrão metrológico (Fleury, 2003).

Assim, o acelerado desenvolvimento científico e tecnológico demanda que cada país tenha um Instituto Nacional de Metrologia que “disponha de competências e condições de

promover, permanente e intensamente, pesquisa científica e tecnológica de ponta. Essa é condição essencial para manter a instituição na fronteira do conhecimento e para ter credibilidade e respeitabilidade nacional e internacional” (CBM, 2003).

Um sistema de medição único e confiável é essencial para os campos industrial, científico, tecnológico e comercial. Para a indústria os benefícios são claros, pois proporciona um aumento na eficiência da produção e melhora da qualidade dos produtos, processos e serviços, especialmente os que requerem alta tecnologia. Um sistema nacional de medição competente e com credibilidade facilita o acesso e a aceitação de produtos nos mercados externos. A rastreabilidade e o reconhecimento internacional dos sistemas de medição entre diferentes países podem reduzir, ou até eliminar, ensaios e calibrações redundantes no comércio internacional.

Apenas para fins de comparação, a declaração do instituto nacional de metrologia da Alemanha é a seguinte: “Somente as atividades de pesquisa fundamental, executadas pelo

próprio PTB, usando as tecnologias mais recentes, serão capazes de assegurar, a longo prazo, sua competência metrológica reconhecida a nível internacional” (CBM, 2003).

Na prática, a função desses institutos pode ser ainda mais complexa. Por exemplo, o NIST – National Institute for Science and Technology, ligado ao Ministério do Comércio dos Estados Unidos, tem uma relação muito forte com as empresas industriais, promovendo serviços e transferência de alta tecnologia à indústria, oferecendo financiamento e subsídios para P&D de tecnologia avançada nas empresas, especialmente as pequenas e médias. Conta com cerca de 850 pesquisadores em seus laboratórios e está relacionado com um ministério forte, o que lhe dá poder de barganha na busca de recursos orçamentários.

Assim, os acordos de reconhecimento mútuo somente serão viáveis se os países em desenvolvimento puderem dispor de capacitação científica e tecnológica similar à dos países desenvolvidos no campo da Metrologia.

Dessa forma, a função do sistema de medição de um país em termos de apoio ao comércio internacional passa a depender do reconhecimento internacional da capacitação científica e tecnológica de seu instituto nacional de metrologia. Na prática, como a capacitação e o ritmo de evolução dos países desenvolvidos em termos científicos e tecnológicos é significativamente maior, a TIB pode vir a funcionar como um instrumento de pressão unilateral (Fleury, 2003).

Jornada (2005) destaca que um grande desafio para a metrologia, em termos globais, é a ampliação na articulação internacional, com o fortalecimento de organismos regionais e um maior entrosamento com os seus congêneres de avaliação da conformidade e normalização, visando a superação das barreiras técnicas.

Em função de tudo o que foi exposto, podemos concluir que a importância da metrologia assume proporções cada vez mais relevantes, não apenas pela sua interação aos processos industriais, mas também por interferir diretamente em processos políticos e sociais, induzindo a melhoria da qualidade dos padrões de vida do cidadão, do desenvolvimento do comércio interno e externo, da saúde, da segurança, da educação e da proteção ao meio ambiente, constituindo-se inclusive em pré-condição para qualquer atividade de natureza científica, tecnológica e cultural.

2.2.1.6 – A normalização e a regulamentação técnica abordados no plano global

O panorama do comércio em geral, e do comércio exterior em particular, revela uma proliferação de atividades associadas à normalização e avaliação de conformidade. Seu escopo varia bastante – códigos internos a uma empresa, procedimentos setoriais, selos locais, regulamentos nacionais e macrorregionais e normas universais. Essas atividades são associadas a intenções benéficas – tais como redução do custo de transação, proteção do consumidor e preservação do ambiente (Plonski, 2003).

O Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio da OMC (TBT) estabelece uma série de princípios com o objetivo de eliminar entraves desnecessários ao comércio, em particular as barreiras técnicas, que são aquelas relacionadas com normas técnicas, regulamentos técnicos e procedimentos de avaliação da conformidade que podem dificultar o acesso de produtos aos mercados. Nesse Acordo, é adotada a seguinte definição para norma técnica: “Documento

aprovado por uma instituição reconhecida, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para os produtos ou os processos e métodos de produção relacionados e cuja observância não é obrigatória. Também pode incluir prescrições em matéria de terminologia, símbolos, embalagem, marcação ou rotulagem aplicáveis a um produto, processo ou método de produção, ou tratar exclusivamente delas”.

Um dos pontos essenciais do Acordo é o entendimento de que as normas internacionais (que são aquelas elaboradas pelos organismos internacionais de normalização) constituem a referência para o comércio internacional. O Acordo considera que as normas técnicas internacionais não constituem barreiras técnicas e recomenda que as normas internacionais sejam usadas como referência para os regulamentos técnicos e também adotadas como normas nacionais. No caso do regulamento técnico, o Acordo considera a seguinte definição: “Documento em que se estabelecem as características de um produto ou

processos e métodos de produção com elas relacionados, com a inclusão de disposições administrativas aplicáveis, e cuja observância é obrigatória. Também pode incluir prescrições em matéria de terminologia, símbolos, embalagem, marcação ou rotulagem aplicáveis a um produto, processo ou método de produção, ou tratar exclusivamente delas”.

Por esta razão assiste-se a uma forte tendência de cada vez mais os organismos nacionais de normalização adotarem as normas internacionais integralmente como normas nacionais. Assim, é hoje extremamente importante para os agentes econômicos que querem ser competitivos seguirem de perto os trabalhos de normalização internacional, e procurarem que os seus produtos, serviços e sistemas de gestão atendam aos requisitos das normas internacionais. Um exemplo desta tendência são as normas da série ISO 9000 – aquela que teve maior impacto sobre o comércio internacional (CNI, 2002c).

No ano de criação do GATT era inexpressiva a prática de certificação de produtos, exceto para finalidades militares. A edição das normas ISO 9000 deu-se em 1987 e a ISO 14000 em 1993 (ambas para a certificação de sistemas), havendo hoje, no primeiro caso, cerca de 500.000 certificados emitidos no mundo e cerca de 40.000 para o segundo. Além disso, crescem sobremaneira as certificações de produtos (para se ter uma idéia, nos EUA, Europa e Japão, 100% dos produtos elétricos de baixa tensão são certificados) (MCT, 2001).

Um outro ponto a ser lembrado é a crescente participação do setor privado na elaboração de normas, tanto no âmbito global quanto no âmbito específico dos sistemas de produção. O Presidente do LATU-Laboratório de Tecnologia do Uruguai coloca o seguinte: “Durante muito tempo, estas regulamentações vieram de organismos estatais ou para-estatais de caráter oficial, portanto eram até certo ponto negociáveis entre os distintos países. Desde há uma década, no entanto, registra-se, e com crescimento acelerado, a aparição de nomras e disposições que tem sua origem basicamente no plano privado” (Long, 2003).

Essa colocação de Long corrobora a posição de Meissner (2002) ao observar que

“These standards [global technical, social, and ecological standards] are developed, set, monitored, certified, and sanctioned mainly in and by transnational networks that brings together firms, NGOs, labour unions, and sometimes international organisations as well”.

A distinção entre público e privado fica cada vez mais tênue à medida que o público, o privado e as instituições do terceiro setor passam a atuar em conjunto.

Nesse sentido, Nadvi & Wältring (2002) apresentam uma relação de tipos de atores que definem e implementam normas, bem como uma tipologia das normas que atualmente

influenciam a produção e o comércio, assim como as dimensões que as caracterizam, conforme quadros 2.10 e 2.11 respectivamente.

TIPOS DE ATORES LOCAL/NÍVEL NACIONAL NÍVEL GLOBAL

Negócios

Empresas, associações comerciais e empresas certificadoras locais

nacionais

Empresas transnacionais, associações comerciais globais, empresas certificadoras globais Privados

Sociedade Civil

Organizações não governamentais, grupos de consumidores e Sindicatos locais

nacionais

Organizações não governamentais globais, federações internacionais

de negócios Públicos Organizações governamentais de

normalização locais nacionais

Organizações regionais e internacionais

Quadro 2.10 – Tipos de atores que definem e implementam normas Fonte: Nadvi & Wältring (2002)