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A metodologia survey (abordagem quantitativa) tem por objetivo a coleta de dados por entrevista, internet, telefonema ou questionário projetados para esse fim, mas ao contrário do que ocorre na pesquisa de caráter qualitativo, o pesquisador não intervém em nenhum momento (Bryman, 1989). O termo quantitativo ilustra bem este método, pois a análise dos dados exige tratamento estatístico.

Freqüentemente os pesquisadores distingüem a metodologia survey entre pesquisas exploratórias, confirmatórias (também chamadas de testes de teorias) e descritivas, de acordo com Forza (2002):

-Pesquisas exploratórias são aquelas que ocorrem durante os estágios iniciais de pesquisas de um determinado fenômeno, quando o objetivo é adquirir visões preliminares sobre um determinado tópico e prover a base para uma pesquisa survey em maior profundidade. Geralmente não existe um modelo e conceitos de interesse necessários para serem melhor compreendidos e medidos. Nos estágios preliminares, a metodologia de pesquisa survey pode auxiliar a determinar os conceitos a serem medidos em relação ao fenômeno de interesse, como melhor medi-los e como descobrir novas facetas do fenômeno em estudo. Na seqüência pode auxiliar a descobrir ou prover evidências preliminares de associação entre conceitos. Algumas vezes este tipo de metodologia é realizado usando dados coletados em estudos prévios.

-Pesquisas confirmatórias (ou também denominadas de explanatórias) são aquelas que ocorrem quando o conhecimento de um fenômeno tem sido articulado em uma forma teórica usando conceitos bem definidos, modelos e proposições. Neste caso, a coleta de dados é realizada com o propósito específico de testar a adequação dos conceitos desenvolvidos em relação ao fenômeno, as ligações hipotéticas entre os conceitos e a validade dos limites dos modelos.

-Pesquisas descritivas têm o propósito de entendimento da relevância de um fenômeno e descrever a distribuição deste fenômeno na população. Seu propósito primário não é o desenvolvimento de uma teoria, mesmo assim por meio dos fatos descritos pode-se conseguir dados tanto para a elaboração de uma teoria como para o refinamento de uma já existente.

Para Forza (2002), um survey, quando usado com objetivos explanatórios, possui um grande rigor metodológico e consiste em um longo processo que pressupõe a pré-existência de um modelo teórico ou de uma estrutura conceitual e consiste em seis etapas distintas.

Etapa 1: A tradução de uma teoria dentro de um domínio empírico, com o objetivo de esclarecer definições relevantes, estabelecer os conceitos teóricos relativos e apresentar as relações entre variáveis e estabelecer hipóteses/proposições, se for o caso.

Etapa 2: A montagem de um projeto da pesquisa, que inclui todas as atividades que precedem a coleta de dados e quando devem ser analisadas as possíveis dificuldades

encontradas pelos respondentes. Nesta etapa, define-se a amostra desejada de respondentes e desenvolvem-se os instrumentos de pesquisa.

Etapa 3: A realização de testes piloto para verificar se o instrumento de pesquisa projetado na etapa anterior, normalmente um questionário, está adequado ao propósito da pesquisa. Este teste piloto consiste na aplicação do instrumento de pesquisa em um pequeno grupo de pessoas, constituído de integrantes da amostra a ser pesquisada, em que o principal objetivo é a revisão do questionário com o intuito de aprimorá-lo, aumentando assim as chances de sucesso na etapa posterior.

Etapa 4: A execução da coleta de dados, que consiste na aplicação do questionário em uma amostra maior.

Etapa 5: A realização da análise de dados com o objetivo de fornecer alguma informação que complete a revisão do modelo conceitual existente. Esta etapa pode ser dividida em duas fases: análise preliminar dos dados e teste de hipóteses, quando houver. A análise preliminar é realizada pela apresentação da distribuição de freqüências, média, variâncias e desvio padrão das variáveis quantitativas e a correlação entre elas. A análise das hipóteses segue rigor da estatística aplicada e é uma ferramenta poderosa para auxiliar o processo de interpretação dos dados.

Etapa 6: A interpretação dos resultados e a elaboração das conclusões, cujo objetivo é entender o que foi feito, avaliar o trabalho realizado e comparar com outras pesquisas similares, se for o caso. Um resumo destas seis etapas encontra-se na Figura 4.1.

Nível Teórico

. Definição dos constructos e de suas definições operacionais . Estabelecimento das proposições (quando houver)

. Definição da unidade de análise (população)

Projeto de Pesquisa

. Especificações de demais informações necessárias . Definição da amostra de pesquisa

. Seleção de método de coleta de dados

. Desenvolvimento dos instrumentos de pesquisa

Teste Piloto . Realização de teste piloto dos instrumentos de pesquisa . Avaliação da qualidade do questionário

Coleta de Dados

. Aplicação em si do “survey” . Administração de não-respondentes . Administração de respostas dúbias

Análise dos Dados

. Análise preliminar dos dados . Teste de hipóteses

Gerar Relatório

. Descrição das implicações teóricas

. Fornecimento de informações para a sua reprodutibilidade

Figura 4.1 – Processo de pesquisa baseada em survey Fonte: Forza (2002)

Este forte rigor metodológico proposto por Forza (2002), deve ser executado fielmente em pesquisas com fins explanatórios (teste de teorias).

A modelagem proposta por Forza (2002), na Figura 4.1, é utilizada como referencial para a estruturação desta tese nas suas próximas etapas.

No item 4.4, partindo-se do modelo conceitual da pesquisa, estabelecem-se as proposições a serem testadas e define-se a unidade de análise desta tese (Etapa 1).

O item 4.5 é dedicado à definição da amostra da pesquisa e ao desenvolvimento do instrumento de pesquisa (Etapa 2).

O item 4.6 trata da realização de teste piloto do instrumento de pesquisa e a avaliação da qualidade do questionário (Etapa 3).

O capítulo 5 apresenta a coleta de dados definitiva e efetua a análise deles (Etapas 4 e 5).

O capítulo 6 enfatiza as principais conclusões da pesquisa (Etapa 6).

4.4 – O Modelo Conceitual, as Proposições e a Unidade de Análise da