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A articulação dos estudantes e a rede de relações

Esta parte do capítulo pretende apresentar e definir o grupo que compôs a editoração e articulação do impresso analisado. Também propõe discutir a dificuldade em associar este grupo de estudantes em determinadas categorias de análise existentes na historiografia educacional sobre o tema.

De acordo com os jornais, os alunos que participavam da produção do jornal também faziam parte do Grêmio Normalista15 do Instituto de Educação Sud Mennucci. Um grupo organizado, no contexto da década de 1950, se articulou e passou a produzir um jornal escolar que tinha o mesmo aspecto material dos impressos periódicos que circulavam pelo espaço da cidade de Piracicaba.

Esta informação se fundamenta em uma notícia veiculada no segundo exemplar analisado, no qual se encontra uma nota mostrando a composição do Grêmio Normalista do Instituto de Educação, datada de abril de 1953. Este espaço foi utilizado para noticiar a sessão de posse da diretoria do Grêmio Normalista. Observando os nomes que compunham a nova diretoria da agremiação, encontram-se os alunos articuladores do jornal O Sud Mennucci, como Amador Pedroso de Barros (presidente), Vicente Frasson (1º secretário), Joaquim de Almeida Mendonça (tesoureiro geral), Sebastião de Almeida Mendonça (1º tesoureiro) e Gustavo Jacques Dias Alvim, orador do Grêmio.

Estes alunos eram justamente os sujeitos que compunham o corpo editorial do impresso. Entretanto, dentro desta nota da sessão de posse, observam-se outros nomes que não aparecem na organização do mesmo. Esta informação aponta para a afirmação colocada acima, de que estes sujeitos se articularam em torno de um grupo de alunos que também pertencia à estrutura de um Grêmio Normalista para compor um jornal escolar.

15 A relação da organização de alunos com o Grêmio Normalista será esclarecida no capítulo terceiro, no qual as

Este mesmo exemplar apresenta redigido o discurso do orador do Grêmio, Gustavo Jacques Dias Alvim, destacando aspectos referentes ao desenvolvimento da escola, e revela o que foi indicado no início como objetivo do jornal: “promover a união e a harmonia dos estudantes”; discurso que também pode apontar para uma forma de atividade desta organização discente:

Sem embargos, iniciamos este período de aulas mais alegres que nos anos passados, pois nós, alunos atuais deste educandário, temos a satisfação de ver quasi prontas mais quatro salas de aulas, o que vem suprir necessidades que se faziam urgentes, e ao mesmo tempo concretizar um velho sonho dos alunos.

Aí, nosso júbilo torna-se ainda maior, porque com o aparecimento destas salas, surgirá também, simultaneamente, o ambicioso e esperado laboratório de química.

Gustavo Jacques Dias Alvim

Aqui é exibida a referência a pedidos de construção de salas e articulações deste grupo de alunos com outros sujeitos do espaço escolar e extraescolar para que os mesmos fossem viabilizados. Pode-se colocar aqui a perspectiva desse grupo de alunos de usar um discurso laudatório para apresentar inúmeras reivindicações – que de certa forma circulavam no cotidiano da instituição – por melhorias no espaço do Instituto. Interessante ver que essas reivindicações nunca eram acompanhadas de críticas à estrutura da instituição e aos seus sujeitos, visto que o discurso era sempre “moderado”.

Figura 5: Nota sobre a sessão de posse do Grêmio Normalista.

Fonte: Material fotocopiado pela autora.

No primeiro exemplar, datado de novembro de 1952, na coluna denominada

Inovações, na primeira página do jornal, aparece a preocupação de Sebastião Almeida Mendonça, tesoureiro do jornal, com o pedido, que já havia sido feito, para a construção de novas salas de aula no espaço da Escola Normal. O trecho indicado acima, do aluno Gustavo Jacques Dias Alvim, mostra que essa reivindicação feita foi, de certa forma, atendida:

Inovações

Há algum tempo foi planejada e pedida, a construção de oito salas para nossa Escola. Foram-nos, porém, concedidas quatro, as quais, estando

divididas em grupo de duas (um grupo em cada lado do prédio principal), destinar-se-ão a ser salas-ambientes.

Quanto às matérias a que servirão, só pudemos apurar dados referentes à cadeira de Química.

O ideal da Diretoria da Escola seria dar a cada matéria um compartimento especial, à guisa das sala de Geografia e Desenho, por exemplo; lugar onde os professores teriam todos os meios adequados ao seu trabalho.

Uma das causas que moveram a construção das salas referidas, é o fato de a nossa Escola, tornar-se em breve, Instituto de Educação, conforme os planos já traçados.

Como vemos, nossa Escola progride.

Sebastião de Almeida Mendonça

Nesta coluna, o aluno Sebastião de Almeida Mendonça dá ao leitor algumas informações sobre a reivindicação que foi feita para a construção de novas salas de aula. Não se sabe aqui quem efetivamente pediu a construção das salas. Pois logo abaixo, o aluno cita que a construção das salas foi um ideal da Diretoria da escola. Salienta ainda que uma das causas da construção das salas seria o fato de que a Escola se tornaria, em breve, Instituto de Educação16.

Entretanto, uma notícia publicada pelo Jornal de Piracicaba – um pouco antes destas informações que o aluno Sebastião de Almeida Mendonça expõe – datada de abril de 1952, mostra uma informação sobre a ampliação do prédio da Escola Normal. Numa matéria de primeira página intitulada “Será ampliado o prédio da Escola Normal Sud Mennucci”, o editorial do jornal mencionado noticia que o secretário da Viação e Obras Públicas, doutor Nilo Andrade Amaral, autorizou a ampliação do prédio da Escola Normal de Piracicaba. Segundo o jornal, a comunicação deste fato foi transmitida pelo prefeito da cidade, doutor Samuel de Castro Neves, sujeito que, como já foi mencionado, anunciava no jornal. Ainda segundo o jornal local, esta melhoria foi conseguida pelo deputado Valentim Amaral. De acordo com o editorial, o espaço da instituição não era mais suficiente para atender os alunos do ensino secundário:

16 Em novembro de 1952, a instituição ainda era uma Escola Normal, denominada Sud Mennucci. Somente em

abril de 1953, a escola passa a ser um Instituto de Educação, incorporando em sua grade novos cursos de especialização e cursos voltados para os administradores escolares. Esse assunto será retomado logo adiante, já que a transformação da escola em Instituto é veiculada em outro exemplar do impresso, o que mostra uma articulação desses alunos com os outros sujeitos que faziam parte da instituição e que também estavam fora dela.

Há cerca de vinte anos que a Escola Normal está pequena demais para Piracicaba. Há muitos anos que vimos armários cheios de material precioso para o ensino de ciências, espalhados pelos corredores do edifício, porque as salas respectivas foram transformadas em salas de aula. O Clube de Ciências que tanto renome vem obtendo nos meios educacionais viveu ali espremido em meia dúzia de metros quadrados, até que precisou sair, procurar outro ambiente onde pudesse realizar a sua obra educativa. A administração luta com as maiores dificuldades e suporta os maiores desconfortos, num trabalho insano para manter o atual nível de ensino do tradicional colégio.

A preocupação com a ampliação do espaço da instituição advinha tanto do grupo de alunos que produzia o jornal quanto dos políticos da cidade de Piracicaba. Utilizando os jornais locais como fonte, a relação entre cidade e escola aparece, e também a relação entre estes sujeitos que reivindicavam melhorias na cidade e os políticos locais da cidade. Essa teia de relações pode contribuir para explicar a natureza desta organização de alunos em torno do jornal O Sud Mennucci e seus objetivos com a publicação do mesmo.

No exemplar de número nove aparece novamente uma reivindicação por melhorias no espaço do Instituto. Com o artigo intitulado “Nossa quadra”, a organização discente expõe que, desde 1948, as direções do Grêmio da Escola Normal vinham falando em atijolar e cimentar a quadra de esporte, mas não o faziam. Segundo o artigo, os iniciadores do movimento para a melhoria da quadra de esportes, os diretores esportivos, não conseguiram levar a termo o ideal. Neste sentido, a situação de precariedade da quadra Antônio Martins Belmudes de Toledo é expressa no texto publicado no jornal. Por fim, os editores do jornal lançam um apelo pela melhoria da quadra de esportes:

Lanço um apêlo à nova direção do grêmio, para que faça uma campanha pró- melhoramento da nossa praça de esportes, pois ela atualmente é a mais velha da cidade, porém a mais “avacalhada”. E que os estudantes do nosso Instituto colaborem e se possível for também os senhores dignos professores e diretores, pois a quadra também faz parte do nosso Estabelecimento. Só assim, teremos o sonho dos estudantes do Instituto realizado e, ao mesmo tempo, terá a ex-Escola Normal uma quadra apresentável, realmente!

Outro indício da natureza dos questionamentos deste grupo de alunos se apresenta no terceiro exemplar, na primeira página, numa coluna que, pela primeira vez, aparece denominada como editorial. Aqui não são externadas reivindicações, mas o registro da posse do professor Francisco Godoy como vice-diretor da Escola. No exemplar de número dois, novamente os alunos se referem aos administradores da instituição, quando fazem referências

“aos ilustres professores” agradecendo a acolhida do jornal por parte do diretor da escola à época, Arlindo Rufato.

O exemplar de número quatro é fundamental para o entendimento do papel desempenhado pelo jornal dentro deste grupo. Novamente, duas ligações políticas – estabelecidas inclusive num espaço extraescolar – são apresentadas por parte dos sujeitos que produziram o jornal. A primeira está presente no editorial17, em que os alunos denunciam o brusco racionamento de energia elétrica na cidade. Segundo os membros do jornal, esta “empresa imprevidente” não permitiu o anseio cultural dos alunos e do jornal18, causando,

com isso, o comprometimento da impressão do jornal:

Ninguém ignora que vivemos uma quadra brusca de racionamento de energia elétrica, imposta por uma empresa imprevidente, quanto à tarefa de caminhar passo a passo com o progresso da estimada Pátria.

Imprevidente, repetimos, e a acrescentamos – danosa – porque tolhe diretamente o mínimo anseio cultural. Tanto assim que, nesse modesto órgão, guardando as devidas proporções, é obrigado a se apresentar no presente molde, justamente quando, a representar a expressão escrita dos estudantes do nosso Instituto de Educação, devia circular de maneira proeminente, senão festiva.

Antes de findarmos essas passageiras repulsas, a público, – visto como a temos imorredoura, com rancor, no imo do entendimento – antes de findarmos, precisamos pedir aos leitores que ponderem, que, quando a imprensa, modesta por modesta, sente-se afogada por forças terceiras, é sinal de que a derrocada da ordem ou do progresso, aligeira os passos...

O componente de denúncia dos problemas da cidade, como a questão do racionamento de energia, aparece dentro das preocupações dos alunos. Segundo eles, o racionamento da energia fez com que houvesse um atraso e uma diminuição do tamanho daquele exemplar. Cecílio Elias Neto (2000)19, conta que no ano de 1953, “a Empresa Eléctrica, responsável

17 Interessante notar que, a partir do momento em que começam a aparecer os editoriais, os autores desses textos

que abriam o jornal não mais se identificam nominalmente. Acredito que, nestes textos sem nome, quem está ‘falando’ e se fazendo representar é justamente a organização estudantil. Este é um indício de que o jornal passou a ter posições mais coesas e ganhou uma estrutura semelhante a um jornal da imprensa corrente.

18 No exemplar de número cinco, do mês de setembro de 1953, aparece uma nota intitulada “Centro de Estudos

de História”, na qual a redação do jornal noticia aos leitores que a presente edição não pode ser publicada com a folha referente à comemoração do ‘7 de setembro’, devido à falta de energia elétrica na cidade quando da impressão do referido exemplar. A folha só seria publicada no sexto exemplar.

19 Cecílio Elias Neto é um escritor piracicabano. Escreveu vários livros sobre as peculiaridades do regionalismo

da cidade, como o falar caipira, com o Dicionário Caipiracicabano Arco, Tarco, Verva, de 1987. Escreveu também um livro de memórias no qual conta os fatos históricos determinantes na construção histórica da cidade. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), escreveu também um livro sobre as articulações políticas na cidade entre os anos 1942 e 1989. Ambas as obras são introduzidas com textos de Marly

pelos serviços de transporte público, luz e água como que abandonara a cidade”. Conta ainda que a empresa foi desapropriada pelo prefeito Samuel de Castro Neves.

Sobre o problema de fornecimento de energia elétrica, Peres (1997) ressalta que a década de 1950 foi considerada como um período de transformação no espaço urbano de Piracicaba, visto que o setor industrial passou a ser uma atividade predominante na cidade. Segundo ela, esse processo histórico foi idealizado por intelectuais e esteve repleto de tensões para que houvesse a construção da ‘Piracicaba moderna’. Dentre essas tensões, a autora aponta que, “os meios de transporte eram um fator desfavorável para a industrialização na cidade, o serviço de água e esgoto e o fornecimento de energia elétrica eram precários, sem apresentar ainda condições satisfatórias de abastecimento urbano” (PERES, 1997, p. 13).

Em notícia veiculada no impresso com o título de “Carta aberta aos leitores de O Sud

Mennucci”, a direção do jornal explica aos leitores a demora na publicação do referido

exemplar, datado de outubro de 1954. Segundo o texto, devido ao pleito de 3 de outubro, as tipografias da cidade estavam sobrecarregadas de “serviços eleitorais”, sobretudo a que se encarregava da feitura do órgão20.

O tom de denúncia usado especificamente nos textos mencionados anteriormente mostra uma atuação e preocupação desses alunos com os problemas políticos e econômicos da cidade. Aqui aparece a atuação política extraescolar deste grupo de alunos do Instituto de Educação pesquisado, com um tom bastante distinto em relação àqueles utilizados para tecer críticas internas à instituição.

A segunda forma de articulação dos alunos aparece na mesma primeira página do quarto exemplar. A matéria toma quase toda a extensão da página e tem o título “Instituto de Educação Sud Mennucci”. Os alunos saúdam a satisfação da “Piracicaba culta” pelo fato de a Escola Normal ter se tornado Instituto de Educação em 7 de agosto de 1953. As relações dos alunos com os professores e políticos locais surgem logo após as saudações:

Os alunos do nosso Estabelecimento, como toda a Piracicaba culta, devem, a estas horas, estarem exultantes de satisfação, com o fato de a Escola Normal

Therezinha Germano Perecin, professora responsável pelas construções da memória histórica da cidade e da instituição pesquisada. Devido à dificuldade em encontrar pesquisas sobre a história social e política da cidade, utilizei essas duas obras no sentido de compreender, de maneira crítica, o cenário político, social e econômico de Piracicaba.

20 Esta notícia colocada no impresso contribui para o entendimento, no capítulo terceiro da presente dissertação,

a respeito de como eram produzidos materialmente os exemplares do Sud Mennucci, utilizando a contribuição das memórias coletadas.

“Sud Mennucci” ter se transformado em Instituto de Educação “Sud Mennucci”.

Essa melhoria devemo-la à idéia do Prof. Argino da Silva Leite que, pela imprensa, ensejou a oportunidade da medida que, na Assembléia, fez o deputado Valentim Amaral tornar-se concreta.

Para uma visão rápida da extensão da medida, reproduzimos o trecho inicial do texto de lei, em que o governador Lucas Garcez após a assinatura, sancionando-a e promulgando-a.

Finalizando, queremos louvar o nobilíssimo ato do Dep. Valentim Amaral, assim como, publicamente, reconhecer o expressivo interesse que tem o professor Argino da Silva Leite pelas cousas tangentes à Escola, cuja cátedra de Matemática, acha-se sob sua competente direção.

A notícia é saudada pelos editores do impresso. Os alunos informam que a medida só foi possível graças à articulação do professor Argino da Silva Leite que, segundo os alunos, atuando na imprensa, permitiu que a medida fosse votada na Assembleia, fazendo com que o deputado Valentim Amaral21 tornasse a mesma concreta. Logo abaixo dessa notícia, um trecho inicial da lei é reproduzido. Novamente, os alunos louvam a iniciativa do deputado e do professor e acentuam que a medida só foi possível pela articulação desse deputado.

21 O deputado Valentim Amaral já apareceu no presente texto, nas notícias do jornal da cidade sobre a ampliação

Figura 6: Primeira página do exemplar número quatro, em que é anunciada a transformação da Escola Normal em Instituto de Educação.

Neste ponto, é necessário mostrar quais eram os sujeitos que participavam da política na cidade de Piracicaba. O deputado Valentim Amaral, articulador da medida que resultou na lei para a escola normal de Piracicaba era um piracicabano que se elegeu deputado estadual pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1951. Era aliado do então prefeito de Piracicaba, Samuel de Castro Neves, representando o mesmo partido. Era um fiscal de rendas, além de advogado e oficial do exército, atividade da qual se afastara. Segundo Elias Neto (2000), esse deputado era “pessoa chegada de Getúlio Vargas”, então presidente da República. Também tinha relações profissionais com Jânio Quadros, prefeito de São Paulo desde 1953, sendo Secretário de Finanças da Capital.

Samuel de Castro Neves, então prefeito da cidade, foi eleito em 1951 pelo PTB, estabelecendo alianças políticas com o PSD e a UDN22. Era considerado, segundo Elias Neto (2000), um poderoso líder do município, junto com outros sujeitos que o antecederam e que ainda faziam parte das disputas políticas, as chamadas famílias aristocráticas da cidade, como os Duarte Novais, os Pacheco, os Moraes Barros, os Ferraz de Camargo e os Dias Gonzaga, este último tendo como representante Luiz Dias Gonzaga, “velho coronel do PRP”. Segundo o autor, Samuel de Castro Neves e Luiz Dias Gonzaga faziam parte ainda de um “estruturado” coronelismo na cidade. O autor acentua que os que seguiam estes sujeitos eram chamados de “gonzaguistas” e “samuelistas”. Elias Neto (2000) afirma que a partir da candidatura de Luciano Guidotti, em 1955, iniciou-se na cidade o rompimento político com essa antiga estrutura oligárquica, herdada do partido republicano paulista na cidade. Isso porque Guidotti fazia parte dos novos industriais da cidade, pertencendo a empresas do ramo automobilístico e tendo, portanto, outros interesses políticos, importantes para a cidade naquele contexto histórico.

Peres (1997) afirma que a década de 1950 representou um momento de transformações econômicas e sociais para a cidade de Piracicaba, dentro de um contexto político maior, caracterizado pelo governo de Getúlio Vargas, nacional-desenvolvimentista. Dessa forma, a autora investigou como a cidade se comportou diante das mudanças socioeconômicas nacionais e em que medida essas mudanças trouxeram outras questões para a cidade. Entende que houve um grande crescimento do espaço urbano. Dentro desse processo de urbanização, o desenvolvimento industrial se mostrou em curso na cidade de Piracicaba na época.

22 No exemplar de número sete, aparece uma lista de assinantes do jornal. Dentre os assinantes, está Francisco

A autora caracteriza esse período como um momento de desenvolvimento econômico, no qual se estabeleceram indústrias ligadas à produção açucareira na cidade, como a Usina Monte Alegre e a Codistil. Segundo ela, a indústria mecânica e siderúrgica cresceu de tal forma que transformou a cidade de Piracicaba no maior centro latino-americano de equipamentos para usinas, destilarias de álcool e aguardente, sendo considerada uma cidade industrial, onde permeavam relações empresariais e governamentais. É neste contexto que surgem na cidade as escolas técnicas de formação para o trabalho na indústria, como o SESI e o SENAI no ano de 1954, com o objetivo de formar mão de obra específica para o trabalho nas usinas (PERES, 1997, p. 34).

Em relação à estrutura política da cidade de Piracicaba, a autora afirma, sem muitos detalhes, que, neste contexto de mudanças, a importância das elites agrárias da cidade vai se modificando a partir dos anos 1940, na medida em que se intensificam as atividades urbano- industriais. Sobre esse processo de mudança, o memorialista Cecílio Elias Neto ressalta que “Piracicaba parecia não mais suportar o poder e domínio dos políticos do passado, da velha