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O impresso O Sud Mennucci: as práticas e apropriações dos alunos

2 A IMPRENSA ESTUDANTIL E O JORNAL O SUD MENNUCCI: ENTRE PRESCRIÇÕES E PRÁTICAS

2.2 O impresso O Sud Mennucci: as práticas e apropriações dos alunos

Este capítulo tem por objetivo investigar inicialmente uma relação entre as prescrições que foram tomadas para que impressos fossem produzidos nas escolas e as práticas desenvolvidas pelos alunos do Sud Mennucci. Essa relação será estabelecida por meio da análise dos textos presentes nos onze exemplares publicados pela organização estudantil entre os anos de 1952 e 1954. A ideia é compreender como se deu a progressão dos assuntos e interesses do impresso e identificar de que maneira os alunos fizeram usos particulares das providências que estavam em voga para a produção de jornais escolares. Interessante ressaltar aqui que a prescrição de Casasanta sobre como produzir jornais escolares foi um “guia” para analisar o jornal O Sud Mennucci, na tentativa de compreender sua estrutura e atuação dentro do espaço escolar e também sua progressão.

Posteriormente, dentro desta mesma análise, será estabelecida – por meio dos textos publicados pelos alunos – a discussão sobre o embate travado entre o ensino clássico e científico nas escolas secundárias à época da publicação do jornal escolar. De alguma forma, esse embate estava presente nos textos publicados pelos alunos no jornal. Essa discussão também se dará tendo como pano de fundo os embates entre o ensino clássico e científico, principalmente por meio das providências tomadas pelo ministro Gustavo Capanema em 1942.

Primeiramente, é necessário discorrer, por meio dos textos presentes no jornal, sobre as motivações que levaram os alunos a se envolverem no empreendimento de produzir um jornal dentro do Instituto de Educação Sud Mennucci entre os anos de 1952 e 1954. No exemplar de número um, datado de novembro de 1952, foi possível identificar, com base no discurso de um aluno, a motivação que levou os alunos a se articularem para produzir O Sud

Mennucci. Na coluna intitulada “Crônicas do Templo”44, o aluno Diogo Gil expõe tais

motivos ao leitor. Ressalta que em outras épocas os alunos já haviam tentado se articular no sentido de produzir jornais, denominados pelo autor de Castro Alves e Estudante. Em seguida, explicita que:

Quase todos os colégios, que conheço, possuem seu jornal onde despejam seu estro e seu conhecimento, aprimorando muitos pensamentos, satisfazendo-lhes a aspiração do campo mais amplo onde agirem. Imitemo- los. Isso é utilíssimo, mais ainda necessário.

Aqui se encontra uma pista a respeito da motivação que teria levado os alunos do Instituto de Educação a empreenderem a feitura do órgão. A informação de que existiam outras instituições que produziam jornais, e que a própria instituição pesquisada já havia entrado nesta empreitada, mostra que a prática de produzir jornais estudantis na década de 1950 e até mesmo em momento anterior, era, segundo a voz dos estudantes, uma prática comum nas escolas. Talvez os alunos tenham seguido essa prática ao entrar em contato com outros impressos produzidos por outros institutos ou colégios da região de Piracicaba e, inclusive, podem ter usado os mesmos como modelo. Aqui, a ideia do intercâmbio entre jornais de diferentes instituições proposto por Guerino Casasanta aparece como uma possibilidade para explicar a afirmação do aluno de que em outros colégios também eram produzidos jornais.

Ao fazer uma análise minuciosa dos principais assuntos contidos nos onze exemplares do jornal O Sud Mennucci, pôde-se criar algumas categorias45 para analisar o conteúdo do mesmo, como a presença de textos literários e científicos produzidos e editados pelos alunos no impresso; as seções humorísticas e sociais; as seções que tratavam das notícias sobre o cotidiano da escola e outra que editava trabalhos dos alunos feitos em aula46.

Notou-se, no decorrer da análise dos jornais, a presença de um discurso nacionalista republicano nos textos produzidos pelos alunos, ao tratar dos diferentes assuntos citados, dentro das categorias que foram criadas. Os mesmos também exprimiam em suas falas normas de conduta moral tanto do professor como do aluno. Os alunos, por meio dos textos

44O título dessa coluna, denominada “Crônicas do Templo”, mostra uma perspectiva republicana da educação

presente no discurso dos alunos, que via a escola normal como o “templo do saber”. Essa discussão já foi exposta no capítulo primeiro e as características desse discurso serão retomadas mais adiante novamente.

45 Conferir quadro sobre os assuntos principais no Apêndice 3.

46 Importante frisar que não havia uma ordem que regulasse o lugar onde as notícias eram colocadas. Não existia

um padrão que regulasse a organização das mesmas. Em cada exemplar, as seções eram dispostas de maneira diferente.

que escreviam, discorriam sobre a finalidade da educação e o papel do professor nesse processo. Aparecem vários pontos de crítica por parte dos alunos aos coladores ou “decalcadores”, aqueles que colavam nas provas.

Em relação a uma possível progressão do impresso, verifica-se, em meio aos diferentes assuntos tratados, a presença de relações entre a organização estudantil e os diferentes sujeitos políticos da cidade de Piracicaba, como apontado no capítulo primeiro. Tal rede de sociabilidade foi estabelecida pelos alunos para que tivessem atendidas suas reivindicações por melhorias no espaço escolar. Outro ponto interessante já verificado é a presença de anunciantes e assinantes do jornal, mostrando que o mesmo extrapolou os muros da escola, estabelecendo relações estreitas com os comerciantes e políticos locais da cidade de Piracicaba.

Verifica-se, assim, que em alguns pontos, a estrutura de O Sud Mennucci se aproximava da indicada pelo educador mineiro Casasanta. O jornal cumprindo o papel de participar da formação moral do aluno também está presente. Os alunos expõem perspectivas de conduta moral em todos os exemplares, preocupação esta dos educadores do movimento da Escola Nova.

Entretanto, os diversos textos publicados no jornal mostraram formas originais de apropriação das indicações de Casasanta. A princípio, como consta no primeiro exemplar, datado de 1952, a intenção dos alunos ao publicar o jornal era propiciar a união dos estudantes por meio do impresso, sendo este o lugar onde os alunos pudessem se manifestar. Outra finalidade da produção do impresso, segundo os alunos, seria publicar textos de caráter literário, contando com a contribuição dos colegas nas publicações e com a ajuda dos professores. O aluno Amador Pedroso de Barros expõe neste trecho qual seria o caráter das publicações do jornal:

Como trabalho estudantil que é tenderá este a transformar-se numa publicação de caráter extritamente literário, recebendo então, as colaborações que nossos professores se dignarem nos conceder. Por ora, organizaremos aqui, somente contribuições de alunos, aceitando destes toda observação criteriosa que vise nos trazer melhoras.

Neste exemplar inaugural, o aluno Amador Pedroso de Barros ressalta o caráter literário do conteúdo do jornal e, nesse ponto, se distancia de uma das prescrições de Guerino Casasanta, que em um ponto da exposição das finalidades do que seria um jornal escolar,

ressalta que o mesmo deveria, primeiramente, destacar as notícias importantes para a escola. Como já mencionado, Casasanta afirma ainda que publicações literárias eram próprias de revista e não de jornais. No entanto, o aluno considera a participação e colaboração dos professores do Instituto para a publicação dos textos no impresso, conforme as prescrições que estavam em voga. A relação dos alunos com os professores aparece na maioria dos exemplares do jornal.

Em todos os exemplares do jornal O Sud Mennucci observam-se notícias sobre o cotidiano da escola, característica do jornal que segue as orientações de Casasanta referentes à forma como os jornais deveriam ser organizados, dando destaque às notícias da instituição. No exemplar de número dois, na primeira página, o aluno Diogo Gil discorre no texto intitulado “Isto é que é trabalhar”, sobre as dificuldades que os alunos dos cursos pré-normal e do 2º profissional viviam quando iam dar aulas na cidade de Piracicaba à época, mais precisamente em abril do ano de 1953. Sobre a dificuldade de chegar às escolas rurais para ministrar aulas, exclama o aluno:

Que sacrifício!

Faz-se mister realizar longas caminhadas através de êrmas estradas, envoltas na escuridão da noite e ladeadas por densos matagais, cheios de ruídos, de vultos... oh, os ruídos, os vultos, como maltratam a coragem da gente.

Em outro ponto, dentro deste mesmo exemplar, Gustavo Jacques Dias Alvim, aluno que fazia parte do grupo organizador do impresso, na coluna intitulada Mas, que Grêmio!..., narra um sonho que teve sobre um grêmio idealizado por ele, dinâmico e com atividades esportivas, sendo por ele mesmo considerado como a mais completa associação da cidade, com projeções cinematográficas apropriadas para a juventude normalista; os seus membros trabalhando pelo seu bom funcionamento:

Dava gosto, oh! Se dava ver tanta gente trabalhando para um nobre ideal: - a boa formação do caráter da mocidade estudante da Escola Normal, dando- lhe divertimentos sadios, horas de lazer bem aproveitadas, boas leituras e conferências, desenvolvimentos físicos e intelectual.

[...] Havia sonhado com um Grêmio Normalista frutífero e atrativo. E que tal o tornássemos assim? Respondam os novos dirigentes do Grêmio e os nossos caros colegas. Lembre-se, o Grêmio Normalista é nosso.

A narrativa do sonho com um Grêmio mais participativo e dinâmico indica que este era, na realidade, um sonho dos alunos articuladores do jornal O Sud Mennucci, mas que não estava sendo realizado como o esperado47. Este trecho do impresso revela problemas e acontecimentos cotidianos que ocorriam no espaço escolar do Instituto de Educação.

No nono exemplar, dentre os assuntos cotidianos, o aluno Murilo Graner escreve algumas considerações sobre o diploma, sua função e o que significava ter o mesmo na época. Acentua no texto que o que atrasa o progresso do nosso país é o alto valor atribuído ao diploma. Para Murilo, muitos estudantes estudavam somente para ter o diploma, e “mostrando o indivíduo um pedaço de papel rabiscado estava admitido com ou sem capacidade num setor”, sendo as escolas, neste contexto, consideradas fábricas de diplomas. Neste sentido, o aluno denuncia:

Ouve-se constantemente comentários sobre fulanos e beltranos que compram professores em todas as espécies de escolas. E tudo isso nessas fábricas, onde a farra é monumental. E com isso mesmo caminhamos para o dia (já estamos nos encontrando com o aroma não muito distante do desditoso) em que entraremos no consultório de um desses fulanos para confiar-lhe o nosso organismo, para o dia em que atravessaremos pontes construídas por esses beltranos. Aplaudimos, pois, a nossa evoluída indústria desses papeis maravilhosos que garantem sombra e água fresca a muito infeliz.

O aluno destaca aqui um ponto interessante do cotidiano das escolas à época – década de 1950 – quando a “indústria de diplomas” citada permitia que alunos desinteressados conseguissem adquiri-lo sem muito esforço. Assim, Murilo temia, em seu texto, o tipo de profissional que poderia surgir desse mecanismo que ocorria no meio educacional.

A preocupação com a finalidade da produção textual – expressa nos livros publicados à época – em relação com a educação também aparece nos textos contidos no jornal. No exemplar de números dez/onze, no texto intitulado “O comércio com os livros e a educação”, o aluno Valdemiro discorre sobre a finalidade de escrever e o comércio de livros. Neste ponto, o aluno faz uma crítica à produção dos livros didáticos, que, segundo ele, estava marcada pela superficialidade da escrita, minimizando alguns assuntos relevantes. Em outro ponto do texto,

47 Importante destacar um ponto que já foi trabalhado no primeiro capítulo da presente dissertação: os alunos que

se articularam para produzir o jornal O Sud Mennuci se destacaram dentro da estrutura do Grêmio Normalista do Instituto. Nem todos os alunos do Grêmio faziam parte da organização do jornal. Esse talvez seja um dos motivos das inúmeras críticas que recebiam de outros alunos da instituição em relação ao empreendimento do referido impresso.

o aluno vê a “corrupção da escrita” na imprensa diária e no comércio livresco da cidade de Piracicaba:

Escrever, hodiernamente tornou-se uma profissão fácil e rendosa, em que não cogita o escritor na difusão de ideias produtivas, fazendo circular sem escrúpulo algum por entre as veias da sociedade e principalmente da mocidade pouco avisada suas ideias errôneas e banais, que são vermes da corrupção. Nos próprios livros didáticos, que juntamente com os educadores deveriam consolidar as bases da educação, notamos na maioria das vezes a superficialidade com que o autor discorreu sobre este ou aquele assunto, dando a prova cabal de sua pouco ou nenhuma erudição, ou do que é ainda pior de sua falta de responsabilidade em face dos destinos das novas gerações e do Estado, numa palavra, dando prova evidente de sua falta de Educação.

Assuntos cotidianos aparecem na seção dos sociais, com notícias sobre os aniversariantes do mês; sobre a eleição da rainha do Instituto de Educação; sobre o aniversário do Clube de Ciências e sobre a inauguração do cinema da cidade. Esta seção era idealizada por Guerino Casasanta em suas providências sobre a forma de organização do impresso.

Outra dica do educador mineiro que aparece em todos os exemplares do jornal O Sud

Mennucci é a seção dos humorismos ou humorísticas, na qual os alunos editavam palavras- cruzadas, charadas, curiosidades, ditados populares, trocadilhos e paródias. Nos dois primeiros exemplares apareceram colunas de humor que tinham nomes, como “O Rocambole”, “Oito minutos”. A partir do terceiro exemplar a coluna passa a ser denominada “Dez minutos”. Em alguns exemplares aparecem reportagens humorísticas, com alunos repórteres do humor.

Constando do exemplar de número cinco, a Galeria de Ditados:

“Na terra de cegos, quem tem um olho enxerga.” “Quem odeia o feio, horrível lhe parece.”

“Um homem prevenido vale por um estudante, em véspera de exame.” “A borracha vai tanto à carteira vizinha, que um dia lá fica.”

Em todos os exemplares do jornal existia, no mesmo espaço destinado aos humorismos, a seção denominada Cartas Serenas, onde um aluno escrevia para os leitores.

Segue um trecho desta seção, que se encontra no exemplar de número quatro, endereçado a Dona Moça:

Dona Moça prezadíssima:

A você garota do século dois xis da era atômica e época da humilhação à lua, dos dias de café solúvel e problemas insolúveis, que se equilibra, coitadinha, sobre um par de saltinhos 7/2; que procura infiltrar-se em tudo que toca à atividade máscula, tornando-se mais livre, mais moderna, enfim, mais desfeminada e consumada paraíba; que fuma, bebe, joga Pif-Pad e futebol, luta jiu-jitsu, Miss, mademoiselle, etc., etc., e que, entretanto, não acerta o tempero de uma salada, labuta no preparo de umas batatas fritas, e quando o irmãozinho de colo chora não sabe se dar-lhe a mamadeira, pô-lo no berço ou enfiá-lo em baixo da cama; a você garota do após-guerra e pré-guerra, peço vênia para meia dúzia de palavrinhas, para desabafo do coração e alívio da consciência. São rogos, mui sinceros, na realidade.

O aluno Zezinho Franco continua sua carta, discorrendo sobre o lugar da mulher na sociedade. Para ele, as moças estavam se desviando de suas funções de mãe e esposa para seguir “a moda” do uso do luxo e do “abuso de certas liberdades” próprias do universo masculino, como fumar, beber e praticar esportes. Numa perspectiva de caráter moral em relação ao papel da mulher, acompanhada de uma expressão característica de um discurso nacionalista, o aluno termina fazendo uma pergunta à Dona Moça, que se respondida da maneira correta por ela, estaria ajudando no “progresso da Nação”:

Uma última perguntinha: ao invés de estar aí perdendo tempo com “Grande Hotel”, “Cinderela”, “Idílio” e sei lá que mais idiotices, porque não se instrui em como educar um filho, em como cuidar de um lar, preparando para formar-se perfeita mamãe-coisa rara, muito rara, hoje em dia?

No exemplar de número nove, no espaço dedicado aos humorismos, na coluna “Dez Minutos”, os editores do jornal fazem uma piada em tom de humor sobre o autoritarismo do professor à época, e as consequências da falta de disciplina no Instituto de Educação:

- Zero! Gritou o professor. - Ai! Gritou o aluno.

- Quem gritou ai? Perguntou o professor. - Eu. Respondeu o aluno.

- Então outro zero. Gritou o professor. - Então outro ai. Gritou o aluno.

- Quem gritou outro ai? Perguntou o professor. - Eu. Gritou o aluno.

- Mais um zero. Gritou o professor. - Ai! Gritou...

Conclusão: a “paciência” é uma grande virtude.

Em tom de humor, os alunos apresentam a possível natureza da relação que se dava na escola entre professor e aluno à época da publicação do jornal. O simples expressar de uma palavra já era motivo para o temido zero. Importante ressaltar aqui que o ideal dos alunos com o empreendimento do jornal, seria estreitar os laços e a relação entre os professores e os alunos do Instituto, ponto já citado muitas vezes no presente texto.

No exemplar de números dez/onze, em tom de despedida do empreendimento de produção do jornal O Sud Mennucci, é publicado o “Artigo à tona d’água”, na seção denominada “O Rocambole”. Neste trecho, o grupo de alunos discorre sobre a finalidade que teve para eles a seção humorística ao longo da existência do jornal, sobre as piadas “picantes” que foram alvo de críticas e também as engraçadas que discorriam, por exemplo, sobre a organização da política brasileira. No texto, o pseudônimo K Ria comenta sobre a repercussão das piadas inconvenientes por parte da direção do jornal:

O que mais veio a atormentar a cabeça do diretor-fundador e dos redatores desse jornalzinho foi a seção humorística e de recreações. Quando fundamos este órgão escolhemos um rol de piadas para nós super-hilariantes, mas quando publicadas eram vítimas da crítica, do apurado gosto humorístico dos nossos leitores.

O aluno continua discorrendo que, a princípio, as piadas que eram publicadas no jornal viravam alvo de críticas por parte do diretor do jornal, Luiz de Almeida Mendonça, e do público leitor do impresso. Ressalta que houve a tentativa de fazer piadas mais picantes, mas que, todavia, houve desaprovação. Foi aí que, segundo o aluno, os redatores dessa coluna resolveram fazer “piadas realmente engraçadas”, o que também gerou certo problema. O

aluno termina o texto expressando a desolação de ter de continuar fazendo as mesmas piadas, aquelas que não geravam críticas dentro do educandário48.

Algumas notícias elogiosas aparecem nos exemplares de jornal analisados, principalmente as que se relacionam aos professores e ao diretor do Instituto de Educação Sud Mennucci. No terceiro exemplar, os editores do jornal “agradecem ao corpo docente pelo bom recebimento do jornal”. Em outros momentos se referem aos “ilustres professores” e agradecem ao diretor da instituição à época, Arlindo Rufato, pela acolhida do jornal49.

Uma característica importante verificada nos exemplares e considerada por Guerino Casasanta é a presença de cabeçalhos na maioria dos exemplares, indicando os alunos que compunham a diretoria, a secretaria e os redatores do jornal. Segundo o autor de Jornais

Escolares, essa “ação atribui responsabilidade aos alunos” e os motiva a “estudar o sistema

eleitoral”.

O jornal, ao que tudo indica, era financiado pelos anunciantes, comerciantes locais da cidade de Piracicaba50. Segundo as prescrições de Casasanta, competia aos alunos e professores angariar anunciantes para o jornal. O autor afirma que os jornais que foram analisados por ele na década de 1930 no estado de Minas Gerais raramente alargavam seu âmbito para fora da escola por conta do financiamento. Em relação aos jornais do Sud Mennucci, verifica-se, pela análise das fontes, que os mesmos conseguiram estender sua atuação para além do âmbito do Instituto. Isso porque se verifica, na primeira página do exemplar de número sete, datado de abril de 1954, uma campanha de assinantes do jornal pelo editorial do mesmo:

CAMPANHA DE ASSINANTES:

Lutando pela preservação do “Sud Mennucci” a sua direção elaborou uma