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2.4 As variedades do ato de malhar

2.4.6 A atleta “pro”: Um corpo de alto desempenho

2.4.6.1 A [i]materialidade das suas formas de expressão

As atletas “pro”, assim como todos os Homens, se expressam em torno de ideais de modelos de Homem e nesse projeto investem ações, sonhos e desejos, conferindo-lhes força e uma função de utopia que lhes desafia a superar a realidade existente e chegar à perfeição (BENTO, 2002)92. Em campo são as nossas atletas “profissionais” (Pro) que treinam como se fosse uma atleta de competição com a finalidade de atingir o alto desempenho em sua performance.

O corpo de qualquer atleta é um corpo-produto de múltiplas intervenções e disciplinas e se expressa por meio do melhor desempenho, como se fosse um motor equipado nos aludindo a uma metáfora que seria a do corpo-máquina. Máquina, no entanto que não deixa de inspirar uma experiência estética, pois como escreveu Urbano Tavares Rodrigues, citado por Bento (2002), um crítico literário português: “ao lançar-se um dardo importa que ele vá longe, mas é preciso também que o gesto seja belo”.

É fato que desde os primórdios da humanidade, o mito prometeico do progresso, da transformação e melhoria da natureza subjaz à civilização e ilumina a sua caminhada com o fogo da técnica, da cultura, da ciência e também do esporte (BENTO, 2002). Desta forma, o

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Em seu artigo intitulado: “Doping e Modelos de Homem”, veiculado na Revista eletrônica portuguesa de ciências do desporto, volume, 2, número 5, período de Julho-Dezembro de 2002. Uma publicação semestral da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, ISSN: 1645-0523, o autor aborda as implicações que o caminho do uso do doping representa na construção do atleta de alto rendimento. Entre eles um que nos chamou a atenção foi o uso problemático da liberdade, implícito nas questões de superação, excelência e perfeição onde o ideal de perfeição é tão acentuado que aponta para além dos limites humanos naturais e leva forçosamente a equiparar o Homem à Máquina.

esporte motiva e instiga a arte, outrossim, de onde saíram as inspirações para aquelas esculturas gregas maravilhosas, senão de um ideal de um corpo atlético e perfeito?

Ao olharmos uma delas o que vemos? Um corpo que deixa impresso as marcas do seu esporte que, como já dito por outras palavras em outro lugar deste texto, lócus onde tudo parece estar [trans]aparente. Seu corpo deixa de ser apenas natureza primeira e torna-se um grande campo experimental dos desejos, das visões, das esperanças, das expectativas mais elevadas e das fantasias mais prodigiosas. Expressam, entre outros sentimentos, paixão pelo que fazem.

O corpo delas representa o seu troféu, o ápice do seu modus vivendi, que elas exibem de forma orgulhosa e no qual investem muito tempo e capital em seu aprimoramento e que sintetiza um estilo de vida de abnegação e muita disciplina. A beleza do seu corpo está na exibição perfeita dos gestos que o seu esporte exige. Em nosso templo a execução dos exercícios feita de forma ritmada e com as pausas necessárias eram condições sine qua non para que a performance na cena fosse espetaculosa.

Assim como as body-builders, as nossas atletas “pro” têm um olhar altivo, penetrante, e determinado. Seus gestos são contidos e intensos, seu “jeito de andar” possui um ritmo mais acelerado do que o das pessoas “comuns”. A exposta fragilidade da biologia do corpo natural que sente, é posta em cheque, pois, buscam transcender o que de fato possa ser tido como limite na performance esportiva. Elas não querem assumir nenhum tipo de limite, ao contrário, querem ultrapassar. Como nos diz uma delas, em campo:

“Atleta é sinônimo de dor e sofrimento. Atleta não é referência nenhuma para nenhuma pessoa saudável. Porque a gente é muito assim, pode estar machucado, contundido, quando a gente quer a gente diz: `tá bom eu agüento, eu estou

machucada, mas eu quero´. A gente fica pensando em tudo que já viveu, no

esforço, para depois dizer não? Não dá. É questão de honra. Eu preciso provar para mim que sou capaz, mesmo doente, mas assim serei capaz de ver até onde pude chegar. E a gente leva isso para tudo na vida (NC. Ex. 51. §30- lin530-536)”.

Podemos perceber no extrato acima que ela colocou o Ser atleta como um ente acima de questões de gênero, como um ser abstrato que tem um estilo de vida, um gosto, um jeito de ser, que podemos interpretar como sendo o que possui um corpo a ser comandado pelo espírito e suas volições93.

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Neste ponto, o leitor pode ver o artigo de Miriam Adelman, de 2003, intitulado: “Mulheres atletas: re- significações da corporalidade feminina” que fala da “estética da limitação”, esta que representa o discurso da feminilidade na sociedade moderna, que é avaliada pela autora à luz das práticas esportivas femininas que ela identificou como prática que fornece outras representações ao corpo feminino chegando a ponto de argumentar

As nossas atletas “pro” se preocupam em fazer os exercícios de forma correta e são incentivadas, também a buscar e a desenvolver seu treino com uma maior margem de segurança possível para não haver contusões e obterem um melhor aproveitamento. Em campo estão, na maioria das vezes, acompanhadas pelo seu personal trainer, com a sua avaliação física em dia e com metas cotidianas estabelecidas para seus treinos. Como nos falou uma delas: “tenho personal porque meu treino é completamente diferente do que impõem as academias, aquelas fichinhas prontas. Meu treino muda todo dia, toda semana. Na verdade só quem sabe é o personal. Existe um acompanhamento. Sozinha não dá (EN. 3- lin68-71).”

A própria concepção de personal trainer, que lhe é cara, expressa alguns aspectos importantes a ser refletido: o primeiro deles remete a questão sobre o público e o privado, já que o usufruto de um deles desloca a pessoa do espaço “público” da academia e a privatiza, deixando o treino na musculação mais individualizado ainda e também personalizado; o segundo está atrelado ao caráter de supervisão que antes era lugar comum apenas aos atletas que competiam e hoje está uma prática de consumo cultural disseminada também aos atletas “pro”, que querem aprimorar seu desempenho físico e sua estética corporal; o terceiro alude ao comprometimento que a atleta assume junto ao seu tutor que negocia com aquela a aquisição de novos hábitos para assim poder ter o retorno esperado.

Desta forma, o incentivo do personal é fundamental, pois, vimos que o corpo e a alma delas são entregues a ele para ser transformado. O personal surge como o diretor da cena que a atleta “pro” encenará no templo. Pudemos observar que elas falam e gesticulam pouco, a não ser quando estão nas máquinas, treinando. Naquele momento se expressam: fazem caretas, gemem parecendo sentir cada fricção da máquina e dos seus músculos, e se olham no espelho de forma narcísea, nos dando a impressão de que estão tendo prazer em executá-lo.

Em nosso templo, elas chamam à atenção devido ao seu comprometimento com o treino, o desempenho que obtêm, a assistência que recebem do seu técnico, conhecimento das séries de exercícios, entre outros. A lógica do treino delas é a mesma de um atleta que compete: intenciona superar os limites que o seu corpo impõe, que em algum momento pode ser interpretado como excesso e sacrifício por aquele que está observando, como apresenta o extrato das nossas notas de campo:

em considerações finais que as evidências em campo lhe mostraram que existe a participação dessas mulheres na tentativa de desconstruir a citada estética, mas que pelo outro, se vêem imersas em uma cultura na qual a atividade esportiva das mulheres pode, de fato, ‘comprometer a feminilidade’ da atleta.

“Outra interação chamou a atenção, entre um personal e sua aluna. Ela parecia estar fatigada, pois exibia um semblante contorcido que nos fazia entender que estava sentindo dor e cansaço. Seu corpo estava todo contraído passando a sensação de já não agüentar mais o exercício. Pudemos observar que ela já estava usando outros músculos e outras forças, que não as solicitadas pela atividade em questão, para conseguir atingir a sua meta de concluir o exercício. O papel do instrutor era motivá-la, desta forma, ficou o tempo todo dizendo: bora, bora, bora [o ritmo da sua fala era acelerado, forte e ao interagir olhava no olho da aluna]. Vai, você

consegue! Ela gemia, até que conseguiu fazer 5 repetições do exercício, ele

ajudando; dando ‘o toque’. No final o personal dá a consolação: ótimo, não disse

que você conseguia? [Pensei: por hora acabou o sacrifício] (NC. Ex.30. §5- lin32-

39)94”

2.4.6.2 A [i]materialidade dos seus saberes

A atleta “pro” constrói o seu saber em torno do mito do herói, independentemente do esporte que pratica95. Em sociedades capitalistas, nas quais a mídia exerce uma forte influência, a princípio, podem ser destacados dois tipos de heróis, segundo Sabino (2003): os heróis por acaso e os heróis preparados; os primeiros são lançados heróis, defrontados com a aventura, que neles desperta uma qualidade que ignoravam possuir. O segundo tipo é o do self

made man, aquele que persegue com todas as suas forças e glória. É em torno deste segundo

que situamos a experiência que tivemos em campo.

As provações, neste processo, são concebidas para ver se o pretendente a herói pode realmente ser um herói. O passado difícil, cheio de provações, repleto de forças maléficas, é ressaltado e superdimensionado em todas as proezas. Sobre essa questão, uma das nossas informantes nos fala:

“O treino é muito puxado. Meu pai é que me treina. Sou de uma família de atletas. Agora é aquela coisa [pausa]. Você tem que se dedicar e abdicar de algumas coisas. Comecei a treinar com meu avô e na época dele era assim, tudo tinha que ser perfeito. Os exames de faixa quem fazia era meu avô, e assim, a gente tinha que tirar as maiores notas e quem avaliava era ele. Ela botava pra lascar. A gente podia

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Essa foi a interação de número 59 em nossas notas de campo localizada no extrato número 30. Personal – Praticante. Situação: Treinando na polia. Perfil do personal estatura média, 40-45 anos, corpo super musculoso. Perfil da aluna: estatura média-baixa, 30-35 anos, corpo com músculos bem definidos, loura, cabelos longos, usava um top branco com uma calça preta. Temas que interpretamos que emergiram na interação: Superação de limites do Corpo. Excesso.

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Sabino (2003) menciona que Lévi-Strauss em sua obra de 1984 mostra que, nos mitos, o herói tende a se separar dos seus realizando um périplo que é seguido pela maioria daqueles que almejam o sucesso. O mito estabelece, então, uma regra, um exemplo, para aqueles que objetivam realizar o mesmo processo.

fazer o mesmo golpe que a outra pessoa, mas ele não dava a mesma nota. Era super rigoroso (NC. Ex.51. §30- lin495-501)96”.

Vale ressaltar que a musculação é um esporte que fornece a base para todos os outros, pois todo atleta profissional treina musculação para adquirir uma melhor aptidão física, incrementar a força, fortificar os músculos, entre outros. A competição na sala de musculação não se dá de forma direta como em outros esportes, como dissemos anteriormente por outras palavras, mas sim com a comparação do olhar do outro, que pode ser refletido na estética corporal e também nas cargas que as atletas estão conseguindo alcançar no treino.

Tivemos a oportunidade de conhecer uma judoca, campeã estadual, que treina musculação na academia que freqüentamos e que também é instrutora dessa modalidade naquele ambiente. Em contato com ela, pudemos observar que a construção dos seus saberes se consolida como sendo um processo de fuga em torno da possibilidade de erro e também da desilusão de perder uma competição.

Desta forma, há a internalização das regras do jogo ao qual está imposta e um estudo ampliado sobre os adversários que enfrentará. Assim, com vias a adquirir uma melhor contextualização do espetáculo que deverá encenar, a atleta “pro” se debruça no desafio de compreender e ensaiar as lutas que serão travadas no palco. Nossa atleta fala:

“Quando eu vou competir com alguém que eu não conheço, eu vou estudando o estilo de luta da pessoa, estudando, até conseguir. É um desafio. Às vezes, de acordo com o adversário você tem que mudar todo o seu estilo de luta para poder vencê-lo. E a gente leva isso para a vida da gente (NC. Ex.51. §30- lin505-508)”.

Assim, o conceito da habilidade social de Goffman nos fala da importância da interpretação da situação para se poder encenar de forma mais convincente a representação social a qual nos submetemos. A nossa atleta vence, então, quando se adapta ao estilo de luta da sua adversária e vai mais além quando diz que leva isso para a vida.

O corpo é o caminho para a sua glória e a estética do corpo das atletas “pro” está atrelada à percepção que temos e que elas têm a cerca da sua performance. Elas buscam o mais alto desempenho, e a beleza está em ir “além-do-humano” e para isso incorporam

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Essa é uma atleta pernambucana que se destacou na modalidade de judô e como pode ser observado no citado extrato, o esporte é algo cultivado pela família. Em outro momento da conversa, que tivemos na caminhada “ecológica” a mesma atleta fala de outras dificuldades, como por exemplo, a questão de se manter sempre no peso adequado na categoria que está enquadrada para a competição a qual irá concorrer, entre outras.

conhecimentos sobre: fisiologia, nutrição, uso de remédios e substâncias diversas. Como as outras, constroem seus saberes em torno de conhecimentos científicos ligados à área de saúde e tecnologia. O alto desempenho é alcançado por meio de alimentação apropriada, suplementos alimentares, treino pesado e muita abnegação. Disciplina que encobre muito sofrimento, labor e arte, pois nem só de técnica vive o esporte.

A relação que elas estabelecem com o corpo é uma relação de saber íntima, pois só assim conseguem extrair ao máximo dele. Sabem exatamente as respostas que vão ter frente às ações de controle ou descontrole que executam. Esse saber embasado na metáfora do “Homem-Máquina” fornece a ilusão de poder aos seus portadores, pois se a realidade – seja ela o corpo humano ou o universo – é uma máquina, basta saber apertar os botões certos ou articular as engrenagens adequadas para se obter os resultados desejados. Este mito científico está na base de todo o paroxismo reducionista que imperou nas grandes teorias sociais e impera, de forma mais sutil, em várias ciências do corpo e da saúde até o presente momento (BENTO, 2002).

A arte também faz parte da construção do seu saber já que, além de elas construírem corpos que proporcionam uma experiência estética ao serem apreciados. A experiência de arte a qual estamos lidando, que ganhou o “espaço sem espaço” das redes digitalizadas, é a de uma arte desprovida de condições espaciais para se presenciar o espetáculo e o seu status agora é o do ar livre e do cotidiano que se sacraliza nas ruas da cidade e não nos museus ou galerias, como outrora. Assim, cabe-nos uma questão: como fica a arte do esporte nesta perspectiva, já que é o espaço que faz parar o olhar?

A arte é um produto da subjetividade humana. Produto que revela o elemento diferencial que pode fazer a atleta superar a técnica em sua performance. Assim como a arte, a técnica é uma criação do Homem é também uma forma de expressão, que situada em um momento e um espaço específico compõe uma forma de saber, uma representação que jamais é cópia inocente de qualquer realidade. Como usar a técnica com “sabedoria”, então?

As técnicas que compõem os seus saberes são plurais e exige complacência em seus usos, pois como nos diz Virilio (1996a), cada técnica gera um acidente, o que nos cabe uma questão: que acidentes estão sendo gerados com o uso indiscriminado dessas

novas técnicas corporais? Parece estar havendo um uso problemático e indevido da liberdade97 que é tão cara ao Ser Humano.

Assim como as body-builders, as atletas “pro” detêm uma base consolidada de conhecimento sobre o treino que, como dito por outras palavras, deve ser supervisionado para aprimorar a sua performance. Elas se autodenominam viciadas pela academia e não conseguem deixar de freqüentá-la, se assim o fizer sentem-se culpadas. A culpa que elas sentem parece ser um juízo de valor que está condicionado pelo sistema simbólico da cultura esportista a qual estão submetidas.

Lembremos da fala de uma de nossas atletas quando disse que não conseguia se alimentar 5 ou 6 vezes ao dia, como prescrito para obter um melhor rendimento, e fazia uso dos compostos de proteínas para suprir a sua necessidade biológica: “Então quando chegar em casa o fato de tomar uma proteína me repõe, facilita...eu não tenho que comer o que não gosto”. A tecnologia também está embebida na lei do menor esforço como diria Virilio (1996a), fazemos uso dela para nos “poupar”.

O que é certo e o que é errado? Por que tomamos como “certo” nos alimentar de animais mortos e em certo sentido “errado” ingerir proteína industrializada? Se nos aproximarmos do preparo da comida que faz parte das nossas refeições chegamos à conclusão que um ritual de sacrifício acontece aos animais que nos alimentam. Entretanto, a maioria de nós não parece se sentir culpado e precisar da benção divina para ingerir aquele alimento. Em sociedades “primitivas” exigia-se um ritual de expiação de culpa ao sacrificante do animal que estava sendo imolado para servir de alimento (MAUSS, 2005).

Assim, uma “lei natural da evolução das espécies” está implícita nesta ação, pois somos nós que sobrevivemos àquele sacrifício, que nos faz lembrar que somos tão animais quanto aqueles, pois ainda temos carne, osso, veias, sangue e uma complexidade peculiar que não faz parte do mundo binário das máquinas como a tecnologia nos faz querer crer quando utilizamos a metáfora de corpo-máquina que falamos anteriormente.

As atletas “pro” se emocionam, sentem, vibram com as suas conquistas, uma delas nos fala: “a sensação de estar lá em cima é boa demais (...) É algo assim que você não

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A liberdade no empirismo e utilitarismo é a capacidade individual de autodeterminação, caracterizada por compatibilizar autonomia e livre-arbítrio com os múltiplos condicionamentos naturais, psicológicos ou sociais que impõem predisposições ao agir humano. No kantismo ou existencialismo sartriano, a liberdade é a potencialidade (nem sempre concretizada) de escolha autônoma, independente de quaisquer condições e limites, por meio da qual o ser humano realiza a plena autodeterminação, constituindo a si mesmo e ao mundo que o cerca. A liberdade nem sempre é concretizada porque está atrelada as suas implicações no mundo que estamos construindo (MORA, 2001).

consegue explicar mil tipos de felicidade, de emoções, uma coisa só, que no final se traduz em um `valeu a pena´ (NC. Ex.51. §30- lin501-508)”.

Lembremos então desta parte da composição da sua [i]matéria que constitui a construção de saberes que está embebida em uma linguagem mítica e ao mesmo tempo heróica. Linguagem fabulada e imagética baseada em um imaginário que ajuda a construir o corpo de alta performance que elas tanto almejam, mas embasado em um mundo tecnologizado e conseqüentemente maquínico. Em busca desse ideal se reflete o espírito do tempo, com as suas ambivalências, contingências, alternativas, oposições e contradições que exige rituais de celebração para deixar impressas a sua passagem, que será mais bem explorada na próxima seção deste trabalho.

2.4.6.3 A [i]materialidade das celebrações e temporalidades

Falamos do pódio de uma atleta “pro” que compete em torneios estaduais e brasileiros e que tem a musculação como uma atividade esportiva de base para poder torná-la mais competitiva. Aquela experiência sintetiza a celebração de nível máximo para a finalidade do seu ato que é o corpo com um nível alto de desempenho. Compartilhando da razão presente no sujeito que busca essa performance, encontramos em campo, outras atletas “pro” que não competem, mas treinam como se assim o fizessem e que mantêm uma disciplina rígida em relação a sua alimentação e aos horários de treino e de descanso.

Sobre isto, vale ressaltar que conhecemos em campo uma médica, que ia passar um mês em outra cidade, por motivos alusivos a trabalho, e uma das preocupações que ela teve foi com o fato de não deixar a sua atividade física mesmo estando fora, como elucida o extrato abaixo, que começa com a sua colega perguntando:

“Juliana: Sim, mas e aí, já encontrou uma academia lá perto do hospital onde você