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A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UFPB

CAPÍTULO IV – AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA EXTENSÃO NA UFPB

5. A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UFPB: TRAJETÓRIA E DIRETRIZES

5.2. A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UFPB

A avaliação da extensão universitária na UFPB constitui um ideal a ser alcançado, na medida da plena institucionalização desse fazer. Entretanto, nesse campo, a UFPB acumula uma base teórica e vem desempenhando um papel importante nas discussões do Fórum de Pró-Reitores de Extensão, no que se refere à proposição de indicadores e descritores.

O processo de avaliação da extensão sempre esteve na agenda de discussão da avaliação institucional da UFPB, na análise do Relatório do I Seminário de Avaliação Institucional da UFPB, em 1994, registram-se diferenciais no discurso do grupo de trabalho sobre a extensão. No relato, algumas concepções estão presentes apenas no seu produto de trabalho, quais sejam: A indissociabilidade entre ensino, extensão e pesquisa; a

democratização dos saberes; a participação da sociedade na vida universitária; a produção do conhecimento enquanto instrumento para a transformação da sociedade e um processo de avaliação global da instituição com padrão de qualidade único.

Outro elemento importante que surge no relatório do grupo de trabalho da extensão está na indicação de princípios norteadores e do interelação entre os indicadores qualitativos e quantitativos.

A avaliação das atividades de extensão deve contemplar os seguintes parâmetros gerais: a) relevância social; b) participação dos agentes; c) autonomia/interdependência das unidades frente à uma política de extensão da universidade;d) socialização do conhecimento; e) capacidade organizativa; f) indissociabilidade das atividades fim da universidade; g) interdisciplinaridade dos projetos. No processo avaliativo, serão considerados os componentes qualitativo e quantitativo, que não se esgotam em si mesmos, mas que se interrelacionam e se complementam (UFPB, 1994, p. 26).

No Relatório do I Seminário de Avaliação Institucional da UFPB, em 1994, o relato do Grupo de Trabalho de extensão é o único que apresenta uma análise de contexto:

Em que pese haver, nos discursos-oficiais ou não, um pretenso reconhecimento da importância da extensão, verifica-se que, na prática, ele carece de recursos materiais e humanos, o que dificulta o seu desempenho como atividade fim. Em linhas gerais, desconhece-se a dimensão precisa da extensão, sendo a sua incompleta institucionalização não só elemento reafirmador, mas também, gerador dessa inanição financeira e material. [...] Por ser uma área ainda a descoberto, a avaliação da extensão em nossa Instituição será preciosa na formulação aprofundada de políticas norteadoras para a atuação nesse campo (UFPB, 1994, pp. 24).

No documento base de 1994, o grupo da extensão universitária aponta para a avaliação numa perspectiva transformadora. A proposta ultrapassava a avaliação descritiva, indicando para uma perspectiva que pode ser considerada uma tendência inovadora com relação ao que foi proposto pelos grupos de trabalho do ensino da graduação, da pesquisa e da pós- graduação.

a) Dimensionar a atividade de extensão com base na alocação de recursos humanos e materiais para sua realização; b) Orientar as atividades de extensão a fim de que ela realize a sua função articuladora do ensino e da pesquisa com as demandas da sociedade, tendo em vista potenciar o papel da universidade enquanto elemento dinâmico na solução dos problemas da sociedade em que está inserida; c) Servir de base para discussão e

reorientação, se for o caso, da atividade de extensão enquanto atividade acadêmica (UFPB, 1994, p. 28).

Percebe-se duas intencionalidades distintas para a avaliação, a primeira descritiva (alínea a) e a segunda transformadora (alíneas b e c), apontando para as vertentes qualitativa e quantitativa que se interrelacionam e se complementam no conjunto do processo avaliativo.

Dentre os elementos qualitativos, o documento apresenta os seguintes indicadores:

a) Relevância social e cultural das atividades extensionistas: procurar-se-á analisar a consistência e relevância dos projetos e eventos face às necessidades mais prementes da população (emprego/renda, educação, saúde, habitação...) b) Representação que os agentes externos (grupos, comunidades, empresas, instituições) fazem da ação extensionista da universidade; c) Importância atribuída pelos agentes internos a sua participação nos projetos extensionistas enquanto elemento de formação acadêmica; d) Representação que os agentes internos fazem da relevância da sua participação e dos seus pares na execução do projeto (UFPB, 1994, p.29).

Nesses indicadores são observados a intencionalidade relativa à legitimidade social e ao cumprimento da função social pela análise da relevância dos projetos, bem como a condução democrática dos mesmos. No tocante aos indicadores quantitativos, a proposta apresentou 19 indicadores para dimensionar o envolvimento dos atores acadêmicos (docentes, servidores técnicos e discentes) e a produção acadêmica decorrente da extensão, bem como dimensionar a infraestrutura disponível para extensão, o que foi uma proposta pioneira para a avaliação da extensão.

A principal dificuldade de implementação da avaliação das atividades de extensão estava na fragilidade de registros das diversas formas de atuação; ausência de uma base de dados confiável e atualizada com as informações de extensão; ausência de uma política de investimentos internos para a extensão.49

Um problema em relação a implantar uma avaliação para extensão, foi a dificuldade em obter informações de forma sistemática sobre ela, em 1994, 1995, tentamos compor uma base de dados a partir dos relatórios dos departamentos, houve um esforço de rastreamento, mas esses não tinham muitas informações sobre a extensão, porque essas atividades eram exercidas por professores ou grupos que permaneciam isolados (Entrevista 04).

49 Em nível nacional a década de 1990 se inicia com novas perspectivas para a extensão universitária. Como foi

Em 1993, a PRAC iniciou de forma mais sistemática um processo de acompanhamento presencial dos projetos de extensão que recebiam bolsa do PROBEX. Esse processo promovia um monitoramento das atividades desenvolvidas e possibilitava uma interlocução entre a PRAC e os coordenadores de projeto e suas equipes.

A partir da necessidade que tínhamos de ter um acompanhamento dos projetos de extensão, particularmente dos que estavam recebendo bolsa do PROBEX, foi realizada de forma sistemática, não só no final do projeto, mais a cada dois meses, uma visita aos diversos campi da UFPB. A equipe se mobilizava para se fazer presente com acompanhamento, discussão e estímulo aos professores, era uma avaliação qualitativa que tinha como consequência o apoio e o estímulo (Entrevista 04).

No reitorado seguinte (Jader Nunes, 1996/2000), o processo se manteve com um programa e passou a operar de forma mais estruturada com aplicação de questionários investigativos de natureza qualitativa. O processo de avaliação foi constituído de três etapas: a preparatória, que consistia na avaliação e seleção dos projetos de extensão com base nos critérios previamente definidos e na seleção dos alunos extensionistas. Considera-se esta como parte preparatória da avaliação, não só pelos critérios que adotava, mas por estabelecer instrumentos necessários e utilizados na avaliação presencial. A avaliação presencial era desenvolvida por um conjunto de avaliadores convidados, geralmente professores, que analisavam em campo o desenvolvimento do projeto, dos alunos e professores envolvidos. Para esta etapa, desenvolveu-se um instrumento de investigação denominado ficha de avaliação presencial, que possibilitava aos avaliadores sugerir correções de metas ou recomendar a suspensão do projeto.

A crítica feita ao processo é que era restrito aos projetos com bolsa de extensão da Universidade e do custo operacional do mesmo. Apesar da perspectiva emancipatoria, essa avaliação não conseguiu a inserção no processo de avaliação institucional, na medida em que este passa a ter uma forte vertente produtivista.