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CAPÍTULO IV – AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA EXTENSÃO NA UFPB

5. A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UFPB: TRAJETÓRIA E DIRETRIZES

5.3. A EXTENSÃO NA GED E SUA RELAÇÃO COM A AVALIAÇÃO

Como já exposto, há no final da década de 1990, um arrefecimento do processo de avaliação da extensão na UFPB, em razão da própria fragilidade na implementação do PAIUB em todas as universidades e o fortalecimento do ENC e dos outros elementos de avaliação do MEC que priorizaram o ensino da graduação.

Em 1998, quando foi instituída, pela Lei nº 9.678 a Gratificação de Estímulo à Docência do Ensino Superior (GED)50, a PRAC desempenhou um papel significativo para a valorização da extensão, pois este incentivo passou a se constituir em critérios de pontuação na UFPB.

A GED em sua normatização nacional pontuava o trabalho docente priorizando o envolvimento com a sala de aula e estabelecia como critérios de pontuação as atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Artigo 1º - [...] § 2º A pontuação será atribuída a cada servidor em função da avaliação de suas atividades na docência, na pesquisa e na extensão, observado o seguinte: I - dez pontos por hora-aula semanal, até o máximo de cento e vinte pontos; II - um máximo de sessenta pontos pelo resultado da avaliação qualitativa das atividades referidas neste parágrafo.51

A base normativa da GED na UFPB aponta uma trajetória de valorização das atividades de extensão, através de uma melhor pontuação para o desenvolvimento dessas atividades. Na Resolução do CONSEPE nº 25/1999, as atividades de extensão são pontuadas em igualdade com as atividades de pesquisa, 30 pontos por ano, por projeto de ação permanente. O destaque está na valorização das atividades permanentes, sendo que a participação em eventos e palestras é pontuada em razão da carga horária. Outro destaque que se faz é que no período havia uma linha de editoração para a produção acadêmica via extensão, o que também era valorado no critério de pontuação.

Tabela 01 - Pontuação das atividades de extensão universitária na GED UFPB - 1999 - Resolução CONSEPE nº 25/1999

TIPO DE ATIVIDADE NÚMERO DE PONTOS

1. Coordenação de ação permanente de extensão aprovada no Departamento, com registro na PRAC, que apresente interface com o ensino ou a pesquisa e caráter interdepartamental (não cumulativo com os itens 2 e 3)

30 pontos por ano, mediante relatório

(limite de 30 pontos)

2. Coordenação de ação permanente de extensão aprovada no Departamento, com registro na PRAC, que apresente interface com o ensino ou a pesquisa.

20 pontos por projeto/ano, mediante relatório

(limite de 20 pontos)

50 Que mesmo não sendo aceita por muitos como instrumento de avaliação funcionou como tal em muitas

universidades.

51 BRASIL. Lei nº 9.678/98, de 3 de julho de 1998. Institui a Gratificação de Estímulo à Docência o Magistério

Superior, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9678.htm> Acesso em: 05 jan. 2012.

3. Participação de ação permanente de extensão (membro da equipe)

aprovada no Departamento, com registro na PRAC. mediante relatório (limite de 10 pontos por ano, 20 pontos) 4. Assessoria e consultoria externas conveniadas (Convênio ou Termo

Aditivo, com registro na PROPLAN) aprovada no Departamento. mediante relatório e 10 pontos por ano, convênio (limite de 20 pontos) 5. Ministração de curso de extensão devidamente regularizado. 1 ponto por cada 3 horas-

aula ministradas

6. Elaboração de laudos técnicos 2 pontos por laudo

(limite de 10 pontos) 7. Prestação direta de serviços à comunidade, nas unidades HU’s, HV,

laboratórios, clínicas, fazendas experimentais e órgãos assemelhados, com aprovação do Departamento (não cumulativo com as atividades de ensino)

3 pontos por hora semanal (limite de 40 pontos)

Fonte : Resolução CONSEPE nº 25/1999.

A Resolução que se segue é a nº 54/1999, que altera os critérios de pontuação das atividades de pesquisa e extensão, permanecendo o conceito de igualdade de tratamento entre elas.

Tabela 02 - Pontuação das atividades de extensão universitária na GED UFPB - 1999 - Resolução CONSEPE 54/1999

TIPO DA ATIVIDADE Nº DE PONTOS

1. Coordenação de projeto integrado de pesquisa cadastrada em agência de fomento ou aprovada pelo Departamento (não cumulativa com 3 para o mesmo projeto).

15 pontos por ano (limite de 15 pontos) 2. Execução de projeto individual de pesquisa cadastrada em agência de

fomento ou aprovada pelo Departamento. 15 pontos por ano (limite de 15 pontos) 3. Participação de projeto integrado de pesquisa cadastrada em agência

de fomento ou aprovada pelo Departamento. 10 pontos por ano (limite de 10 pontos) 4. Coordenação de ação permanente de extensão aprovada no

Departamento, com registro na PRAC, que apresente interface com o ensino ou a pesquisa e caráter interdepartamental (não cumulativo com os itens 5 e 6)

15 pontos por ano, mediante relatório

(limite de 15 pontos) 5. Coordenação de ação permanente de extensão aprovada no

Departamento, com registro na PRAC, que apresente interface com o ensino ou a pesquisa.

15 pontos por projeto/ano, mediante relatório

(limite de 15 pontos) 6. Participação de ação permanente de extensão (membro da equipe)

aprovada no Departamento, com registro na PRAC. 10 pontos por ano, mediante relatório (limite de 10 pontos) 7. Assessoria e consultoria externas conveniadas (Convênio ou Termo 10 pontos por ano,

Aditivo, com registro na PROPLAN) aprovada no Departamento. mediante relatório e convênio (limite de 10 pontos)

8. Elaboração de laudos técnicos 2 pontos por laudo

(limite de 10 pontos) 9. Prestação direta de serviços à comunidade, nas unidades HU’s, HV,

laboratórios, clínicas, fazendas experimentais e órgãos assemelhados, com aprovação do Departamento (não cumulativo com as atividades de ensino)

3 pontos por hora semanal prestada em todo o ano

(limite de 15 pontos) Fonte: Resolução CONSEPE nº 54/1999.

Em 2001, mudanças nas orientações nacionais de pontuação para a GED levam a uma nova normatização na UFPB, Resolução nº 27/2001, sendo que, entre o que se apresenta de novo é a pontuação das atividades de extensão que estivessem inseridas como práticas curriculares, o que se constituiu uma abertura normativa para reforçar o estabelecido na Resolução 09/93.

Considero que a GED foi um remédio ruim para o processo de avaliação, a GED insere no seio da universidade um contexto produtivista perverso, que consegue, em razão da força autoritária do governo, institucionalizar-se e quando da sua extinção já estava incorporada a cultura meritocrática, o que facilitou o modelo avaliativo ‘ranqueador’ que se seguiu (Entrevista 03). Percebe-se um conflito na fala, pois, na medida em que a lógica produtivista da avaliação da GED se instala, ela auxilia o reconhecimento da extensão como um fazer acadêmico. Identifica-se como implicação positiva: a melhoria nas bases de dados de controle institucionais, em especial o controle acadêmico da graduação e da pós-graduação. Para extensão, a implantação da GED foi particularmente importante pelo fato de sua tabela de pontuação, composta para categorizar e pontuar o trabalho docente, ter permanecido para fins de ascensão funcional docente após o fim da gratificação. A tabela que valorizava a atividade de extensão contribuiu para manter o seu status acadêmico da extensão na UFPB.