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CAPÍTULO IV – AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA EXTENSÃO NA UFPB

5. A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UFPB: TRAJETÓRIA E DIRETRIZES

5.4. A EXTENSÃO NO PDI E AVALIES/UFPB

Em setembro de 2004, a UFPB inicia seu processo de autoavaliação, como preconizado pelo SINAES, o AVALIES-UFPB. Apesar da extensão universitária não aparecer de forma específica como dimensão nesse projeto, no subprojeto denominado “A Política para o Ensino, a Pesquisa, a Extensão e as Normas de Operacionalização”, ela aparece nos objetivos específicos, definidos como: diagnosticar a política para o ensino, a

pesquisa e a extensão, com base nos currículos e organização didático-pedagógica da instituição; identificar a relação entre a relevância social e científica da pesquisa e da extensão, o que nos leva a ver que o foco posto está na extensão como elemento de suporte à graduação, sem considerar as especificidades das diversas formas de desenvolvimento da extensão na UFPB, que em sua grande maioria estão dissociadas dos projetos curriculares dos cursos.

Em 2004, um dos critérios de avaliação do SINAES passa a ser, no conjunto do Programa Nacional de Avaliação, a existência nas Universidades de um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) como um dos critérios de análise da avaliação externa. A extensão é destacada como uma das dimensões dentro da avaliação externa e constitui-se parte do PDI.

Art. 3º A avaliação das instituições de educação superior terá por objetivo identificar o seu perfil e o significado de sua atuação, por meio de suas atividades, cursos, programas, projetos e setores, considerando as diferentes dimensões institucionais, dentre elas obrigatoriamente as seguintes: I - a missão e o plano de desenvolvimento institucional; II - a política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão e as respectivas formas de operacionalização, incluídos os procedimentos para estímulo à produção acadêmica, as bolsas de pesquisa, de monitoria e demais modalidades; III - a responsabilidade social da instituição, considerada especialmente no que se refere à sua contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento econômico e social, à defesa do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural; IV - a comunicação com a sociedade; [...].52

Em que pese à necessidade do dialogo entre o PDI e a autoavaliação institucional e a importância dos mesmos como instrumentos de gestão, o que se observa na UFPB é que não há apropriação de suas propostas e análises, pelo conjunto dos atores universitários; ou seja, o processo ocorre num campo meramente regulatório e não tem possibilitado a emancipação da comunidade universitária pelo conhecimento de sua realidade. O próprio relatório do PDI afirma:

Tem-se, portanto, absoluta clareza da necessidade de apoiar e fomentar diferenciadas formas e instrumentos de acompanhamento e avaliação do desenvolvimento institucional. Formas de participação da comunidade acadêmica, técnica e administrativa, incluindo a atuação da Comissão

52 BRASIL. Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior – SINAES. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-06/2004/lei/l10.861.htm>. Acesso em: 12 mai. 2010.

Própria de Avaliação – CPA, em conformidade com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES; As atividades de sensibilização da comunidade acadêmica para o processo de avaliação devem ser ampliadas e diversificadas ao longo dos próximos anos, de maneira que todos se sintam comprometidos com os processos avaliativos (UFPB, 2006, não paginado). No relatório da autoavaliação institucional, datado de maio de 2006, na dimensão que se refere à Missão e o Plano de Desenvolvimento Institucional (Dimensão 1), no item referente à concretização das práticas pedagógicas e administrativas e suas relações com os objetivos centrais da UFPB, identificando resultados, dificuldades, carências, possibilidades e potencialidades, a Comissão conclui que:

As maiores conquistas da extensão foram a sua institucionalização e o colocar-se em igualdade de condições com as atividades de ensino e pesquisa. As atividades de extensão vão desde cursos de extensão à assistência estudantil (bolsas, residências, alimentação e assistência médica) à interlocução com o setor produtivo e à promoção de ações culturais e comunitárias. Essas últimas, através de programas variados, com atuação em vinte e nove municípios paraibanos. (UFPB, 2006, p. 21).

E, mais à frente, nessa mesma dimensão, destaca-se que a UFPB expandiu sua relação com os governos municipais, passando a atuar em 132 municípios do Estado e que formulou parceria com os Programas Universidade Solidária, Programa Nacional de Educação e Reforma Agrária (PRONERA), Unitrabalho, UNICEF, entre outros.

No tocante à Política para o Ensino, a Pesquisa, a Extensão e as Normas de Operacionalização (Dimensão 2), no item 4 - extensão - a concepção da extensão e da intervenção social, o relatório conclui:

A concepção da extensão e da intervenção social firmadas no PDI foi consolidada nesse período. Cite-se, a propósito, a regulamentação do Programa de Bolsa de Extensão e o seu aperfeiçoamento a partir da implantação do Sistema de Registro das Atividades e Transferência de Informações do Banco de Dados da Extensão (Bandex) (UFPB, 2006, p.29).

Nesse relatório de avaliação da UFPB, a extensão também é discutida nos temas optativos da dimensão de Políticas para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão e as formas de operacionalização, sendo formuladas questões abertas que buscam identificar o perfil da extensão universitária na UFPB. As questões partem do roteiro proposto pelo MEC, observando-se a natureza descritiva das questões apresentadas no PDI, em que não há

possibilidade de análises contextuais e problematizadoras da realidade institucional, senão vejamos:

Quadro 08 – Indicadores de extensão aplicados no PDI /UFPB 2006 – AVALIES/UFPB

Questões Respostas

4.1. Há um órgão responsável pela coordenação da política de extensão? Descreva sua dinâmica de funcionamento;

4.1.1. O órgão responsável pela coordenação da política de extensão é a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários - PRAC. O desenvolvimento das atividades se faz através das Coordenações de Extensão Cultural (COEX), do Programa de Ação Comunitária (COPAC), da Coordenação de Cursos e Programas de Extensão (COPREX), e da Coordenação de Apoio e promoção Estudantil (COAPE), articuladas com as Assessorias de Extensão de cada Centro.

4.2. Existem atividades de extensão que atendem à comunidade regional em termos sociais, culturais, da saúde e outros? Como se desenvolvem?

4.2.1. As várias atividades se desenvolvem através de Serviços, Programas e Projetos, entre os quais: Disque Extensão: registra solicitações e oferece informações as prefeituras, sindicatos, associações etc., referentes aos recursos humanos, ações e serviços ofertados pela UFPB, promovendo a articulação entre a sociedade e o setor público; Programa de Integração Universidade e Setor Produtivo: assessoramento às pequenas e micro-empresas; Programa e Rede de Educação Ambiental da Paraíba-REA-PB; Mini cursos de cultura popular na escola, cursos de arte cênica; Programa Interdisciplinar de Ação Comunitária; Curso de extensão em direitos humanos, violência contra a mulher, minorias sociais e étnicas; Projeto Uruçu: Projeto Aymée: atendimento a pacientes psicóticos; Projeto de Promoção de Saúde Bucal para anciões da AMEM e da Vila Vicentina. Projeto Universidade Solidária.

4.3. Há sistemática de avaliação das atividades de extensão? Quais?

4.3.1. Não 4.4. Qual o impacto das

atividades de extensão na comunidade e na formação dos discentes?

4.4.1 Não há registro da existência de pesquisa de satisfação de usuário.

4.5. Existe integração e coerência entre as atividades de extensão com as de ensino e pesquisa? Descreva.

4.5.1. A integração da extensão com o ensino, vem ocorrendo formalmente, desde 1993, através do aproveitamento dos projetos de extensão como crédito no histórico escolar. Além disso, os professores têm procurado articular a extensão com pesquisas que já desenvolvem, ou a partir de novos projetos de pesquisa, segundo afirmou a Pró-Reitora em entrevista.

4.6. Quais as políticas institucionais para o desenvolvimento das atividades de extensão? Há incentivo da IES ou outras fontes? Quais?

4.6.1. As políticas da UFPB para a extensão, conduzidas pela PRAC, almejaram incluir a extensão em condições igualitárias do fazer acadêmico, nas normas que regulamentam a elaboração dos PPPs, e no modelo de avaliação da GED. Sua consolidação pode ser afirmada mediante as seguintes ações: Regulamentação do Sistema de Registros das Atividades de Extensão e Transferência de Informações do Banco de Dados da Extensão (Bandex); Integração com as organizações sóciocomunitárias do Estado; Programa de Integração Universidade e Setor Produtivo;

Integração com os demais órgãos governamentais; Criação de vários Núcleos: de Estudos e Ações em Urgências e Desastres; de Arte Contemporânea, de Teatro Universitário, de Documentação e Pesquisa da Cultura Popular e Núcleo Integrado de Estudos da Terceira Idade, entre outros; Participação interna da Escola Técnica de Enfermagem e vários Departamentos da IES; e a participação externa do Ministério da Integração Nacional e Secretaria Nacional de Defesa Civil e da ONG Anjos do Asfalto. Os incentivos da IES advêm do Programa de Bolsa de Extensão e da Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão53.

Fonte: Relatório AVALIES-UFPB (2006, p.31/32).

Através do relatório, podemos observar a fragilidade na construção dos indicadores do PDI, especificamente para a extensão, a dificuldade em dimensionar os seus aspectos estruturais e operacionais e contemplar a extensão em todas as suas formas de ação, bem como em todos os níveis de gestão.

No período compreendido entre 2005 e 2008, a UFPB promove nova autoavaliação e nesse processo busca estabelecer um dialogo com o PDI. Em razão dessa relação, o relatório da autoavaliação apresenta-se com um enfoque mais qualitativo e faz uma crítica ao processo anterior afirmando que os resultados da primeira autoavaliação “não foram utilizados para subsidiar a revisão permanente do PDI” (UFPB, 2008, p.21).

No tocante à extensão na UFPB, esse processo descreve as ações institucionais muito centradas nas ações da PRAC e não consegue um maior detalhamento ao nível dos Centros de Ensino. O ponto que mais se destaca na extensão, nessa autoavaliação é o da ampliação da rede de parcerias, o que se pode inferir um crescimento da extensão na busca de financiamentos externos e o atendimento a editais para financiamento de projetos, que se amplia pela falta de apoio financeiro aos projetos com recursos próprios.

No que tange ao desenvolvimento econômico e social, merecem destaque o Programa Interdisciplinar de Ação Comunitária, destinado a assessorar e capacitar comunidades e associações rurais e urbanas nas áreas de Organização Político-Social, Saúde Comunitária, Educação Popular, Desenvolvimento Urbano e Desenvolvimento Rural, e a promover, anualmente, o Programa de Estágio Nacional em Comunidades, conseguiu no atual quadriênio o apoio do Ministério da Saúde, além de manter uma forte parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS, no Programa de Consórcios de Segurança Alimentar e

53 Os dados não puderam ser confirmados durante a pesquisa de campo, em função do desconhecimento quase

generalizado (acima de 70%) por parte da comunidade acadêmica das metas estabelecidas para a extensão no PDI 2001-2004.

Desenvolvimento Social – CONSADs e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no Programa de Territórios Rurais; a ampliação da ação da Incubadora de Empreendimentos Solidários – INCUBES, com projetos financiados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS- e pelo MEC/SESU/PROEXT, visando promover a organização de atividades produtivas na linha da economia solidária, fomentando grupos no meio urbano e rural; e a promoção do empreendedorismo de jovens de origem popular em vários municípios paraibanos, com o apoio do MDS. (UFPB, 2008, pp.28-29).

Na análise das metas postas no PDI dos anos de 2005/2008, a autoavaliação destaca um quadro com a descrição quantitativa das ações executadas, o que reforça a expansão da rede de parcerias e o incremento significativo em algumas áreas.

Quadro 09 - Indicadores qualitativos e quantitativos de cumprimento das metas na área de extensão constantes do PDI – UFPB

2005 2006 2007 2008