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4 METODOS E TÉCNICAS

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.2 A Base Geológica

A porção centro-norte do estado do Piauí tem sua base geológica no limite oeste da Bacia Sedimentar do Parnaíba (datada do Paleozoico, apresentando maior área de afloramento no espaço piauiense), com a das Alpercatas e a do Grajaú (datadas do Mesozoico, que afloram principalmente no estado do Maranhão). Parte dessas formações mesozoicas recobre a porção central do Piauí, indicando que houve uma área maior de deposição sobreposta às formações paleozoicas, para a direção leste, mas que atualmente encontra-se numa área descontínua, recortada pelos vales dos rios Parnaíba e Poti, fazendo aflorar as formações paleozoicas na área. Em vários locais afloram também rochas básicas, ora em faixas, ora de forma pontual, resultantes de intrusões magmáticas também datadas do Mesozoico (BRASIL/CPRM, 2006).

Desta forma, na área do estado do Piauí afloram rochas cristalinas pré-cambrianas pertencentes à província Boroborema e ao craton São Francisco; rochas mesozoicas sedimentares da Bacia do Araripe em torno de 1,0% e da Bacia Sanfranciscana em cerca de 1,5%Estas últimas formam pacotes que se sobrepõem à Bacia Sedimentar do Parnaíba, cujas formações afloram em aproximadamente 70%, e em cerca de 8% estão sobrepostas pelas formações Bacia das Alpercatas na área central do Piauí. No litoral encontram-se estreitas faixas de sedimentos do Grupo Barreiras, a planície litorânea e as ilhas do delta do rio Parnaíba, que correspondem apenas a 1%, aproximadamente do espaço piauiense (LIMA, 1987).

Observando a Fig. 12, é possível identificar, de forma aproximada, essa base geológica aflorante, o mergulho das camadas ou formações geológicas da Bacia Sedimentar do Parnaíba, ao norte da área de estudo, na altura aproximada do paralelo de 4° S. O trecho representado encontra-se localizado entre o vale do rio Parnaíba, a oeste, e o limite com o embasamento cristalino, a leste (MENDES, 1971). O mergulho desses estratos varia de 8° a 11° na porção mais a leste e vai reduzindo em direção à calha do rio Parnaíba (BRASIL,1973),que corresponde ao nível de base regional da bacia do Parnaíba.

A Fig. 13 mostra a composição litológica predominante das formações que afloram na Bacia Sedimentar do Parnaíba, e a posição estratigráfica das formações que afloram na área de estudo. As formações geológicas são datadas do Carbonífero ao Jurássico, sendo a Formação Poti a mais antiga que aflora na área de estudo, constituída predominantemente por arenitos, enquanto na Formação Piauí, sobreposta a ela, constitui-se também de níveis de sílex, de siltitos e folhelhos, além de arenitos. Ambas são datadas do Carbonífero, mas classificadas como pertencentes a grupos diferentes (a primeira pertencendo ao Grupo Canindé e a segunda ao Grupo Balsas) porque apresentam gênese diferenciada, estando separadas por um hiato de sedimentação. A Formação Pedra de Fogo, que se encontra aflorando em maior porção da área de estudo, se formou posteriormente, no período Permiano, e se encontra no mesmo grupo da Formação Piauí, mas apresenta maior concentração de sílex e menor de folhelhos e siltitos, além de calcários e arenitos.

Figura 12 - Esboço da estratigrafia regional dos grupos e formações geológicas, no trecho entre o vale do rio Parnaíba (oeste), e o limite com a depressão no embasamento cristalino (a leste) na Cuesta da Ibiapaba.

Fonte: Mendes (1971).

As Formações Motuca e Sambaíba, datadas do final do Permiano e Triássico, são também classificas no Grupo Balsas, sendo a primeira constituída essencialmente de calcário e a segunda de arenitos (BRASIL/CPRM, 2006). As Formações Pastos Bons e Corda, ambas do Grupo Mearim, são constituídas principalmente por arenitos, embora na composição da Pastos Bons ocorram também siltitos e folhelhos. As demais formações, que se sobrepõem à estas, não ocorrem na área do presente estudo.

Figura 13 – Coluna estratigráfica da Província Estrutural Parnaíba, com indicação da litologia predominante nas formações geológicas e os hiatos de sedimentação.

Fonte: Veiga Júnior (2000).

Na região de Monsenhor Gil e áreas do entorno (correspondente à porção central da presente área de estudo), Oliveira e Santos (1980), identificaram que o afloramento da formação Poti, na área do município de Monsenhor Gil (DSG: SB.23-X-D-V-2), corresponde a um horst que se formou a partir da elevação de um bloco dessa formação, fazendo-a aflorar num nível altimétrico acima da formação Piauí. Este afloramento apresenta espessura máxima de 22 m, sendo o seu contato inferior com a formação Longá e o superior com a formação Piauí.

através de uma zona de oxidação (goetita e pirolusita), com espessura de até 40 cm que pode representar uma discordância. Passa bruscamente de siltitos cinza-esverdeados, laminados, para esta zona de oxidação e depois para um arenito grosseiro, conglomerático, friável, este último já na formação Piauí. O contato marcado ao norte de Mons. Gil é idêntico ao anterior, só que o plano de contato Poti/Piauí mergulha 6°/360° Az, em consequência possivelmente das intrusões de diabásio (Oliveira e Santos, 1980, p.14).

Nessa área, a formação Piauí aflora numa espessura de 95 metros, compondo-se de cinco camadas alternadas constituídas, da base para a superfície, de arenitos que variam de conglomerático a fino, siltitos e folhelhos arroxeados e micáceos, laminados e com intrusões de material ferruginoso. A camada mais superficial é composta por arenito fino, muito argiloso, caulinítico, avermelhado, creme e esbranquiçado, eventualmente com estratificação cruzada, formador de escarpa. Na região de Teresina essa camada de arenito tem uma espessura média de 10 m e foi denominada por Kegel (1953) de “Arenito Saraiva”, conforme Oliveira e Santos (1980).