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4 METODOS E TÉCNICAS

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.3 Aspectos do clima

3.4.1 O rio Parnaíba

O Parnaíba é considerado um rio regional e tem uma importância vital para a população piauiense, do ponto de vista físico-ambiental, econômico e social. Tem destaque na região Nordeste desde o Período Colonial do Brasil por ter sido o principal eixo do povoamento na faixa entre os atuais estados do Pará, parte do Maranhão e Pernambuco e também por corresponder, do ponto de vista geomorfológico, ao nível de base regional (LIMA, 2002).

Esse rio tem suas nascentes principais na Chapada das Mangabeiras, na área de fronteiras com os estados da Bahia, Tocantins e Maranhão, onde recebe o nome de riacho Água Quente. Corresponde à linha de limite com o Maranhão, desde as nascentes até sua foz, no Oceano Atlântico, onde apresenta uma foz do tipo delta de mar aberto, através do desmembramento do seu leito em cinco largos canais. Entre esses canais formam-se mais de 60 ilhas dentre elas quatro de grandes extensões: uma do lado piauiense - a Ilha Grande de Santa Isabel, delimitada pelo leito principal do Parnaíba e o canal chamado de rio Igaraçu; do lado maranhense (a oeste), encontram-se as outras três grandes ilhas do delta: a do Caju, a das Canárias e a Grande do Paulino (LIMA, 1987).

O rio Parnaíba segue a direção geral S-N, com uma extensão de cerca de 1.450 Km (BAPTISTA, 1974). Corresponde ao limite oeste da área estudada, num trecho de 176,10 Km do seu médio curso, entre as desembocaduras de seus afluentes Mulato e Poti, banhando nesse trecho quatro sedes municipais na margem piauiense: Amarante, Palmeirais, Nazária e Teresina, capital do estado do Piauí, e três municípios maranhense: São Francisco, Parnarama e Timom, na sua margem esquerda.

O regime de vazão desse rio é perene em função de vários fatores: recebe alimentação de tributários perenes em seu alto curso; o seu vale localiza-se na faixa de regime

Origem da vazão Vazão

m3/s m3/ano

Gerada no espaço piauiense 681 21,50

Gerada fora do espaço piauiense 304 09,67

talvegue corta as rochas sedimentares da formação Piauí, que representa um dos maiores aquíferos regionais da bacia do Parnaíba. No entanto, a maioria de seus grandes afluentes da margem direita (lado piauiense) apresenta um regime de vazão temporário, principalmente aqueles que têm as nascentes principais em áreas do embasamento cristalino e clima semiárido (LIMA, 1986). Essas condições se refletem, assim, numa grande variação dos deflúvios anuais do rio Parnaíba, apresentando os maiores valores no período de dezembro a maio e a menor disponibilidade de fluxo superficial nos meses sem chuvas e/ou de mínimos índices pluviométricos, ou seja, de junho a novembro (PIAUÍ/SEMAR, 2010).

Os deflúvios médios na maior bacia hidrográfica do estado do Piauí, a do rio Parnaíba, indicam que esse rio apresenta uma grande variação no seu volume de água, tanto em relação aos trechos do alto, médio e baixo curso, como em relação ao período do ano, ou seja, entre o trimestre mais chuvoso e o trimestre mais seco. Indicam também que, durante todo o ano, o maior volume percentual desses deflúvios advém das águas subterrâneas (escoamento de base), seja no período chuvoso, seja no período seco, conforme se observa na Tab. 2 (BRASIL/SUDENE, 1975).

Tabela 2 – Distribuição da média anual dos deflúvios do rio Parnaíba, segundo o tipo de escoamento superior e de base.

Localização do trecho do rio Parnaíba Deflúvio médio do trimestre mais seco. Deflúvio médio do trimestre mais chuvoso. Deflúvio médio anual Escoamento do rio Parnaíba (%) m3/s % m3/s % m3/s % Superior De base A jusante da foz do Uruçuí Preto (metade do alto curso) 125,5 40,2 262,0 14,3 212,4 20,0 22,3 77,7 A jusante da foz do Canindé (metade do médio curso) 270,0 86,5 694,0 38,0 529,7 49,4 - - A jusante da foz do Poti (final do médio curso)

279,3 89,5 846,0 46,3 600,8 56,6 31,9 68,1

Na sua foz, no

Oceano Atlântico 311,9 100 1.826,0 100 1.060,0 100 43,2 56,8 Fonte: BRASIL/SUDENE (1975).

Dados mais recentes (PIAUI/SEMAR, 2010) indicam os valores das maiores e menores vazões médias anuais medidas nos postos fluviométricos da ANA, conforme a Tab. 3.

Tabela 3 – Vazão média anual dos rios Parnaíba e Poti, a montante e a jusante da área de estudo, de 1974 a 2005.

Parâmetro

Trecho da Bacia Hidrográfica Rio Parnaíba, em

Ribeiro Gonçalves (metade do alto curso)

Rio Parnaíba, na Fazenda Veneza (metade do médio curso)

Rio Poti, em Prata do Piauí (início do baixo curso)

Vazão Média anual (m3/s)

232,64 569,03 94,35

Desvio padrão da vazão média anual (m3/s)

91,36 349,91 10,45

Maior Vazão mensal (m3/s) 966,27 2.630,00 2.325,00 Menor Vazão mensal (m3/s) 119,99 196,00 0,0 Fonte: PIAUI/SEMAR (2010).

Os gráficos a seguir mostram os dados da vazão média mensal (Fig. 16), vazão máxima mensal (Fig. 17) e vazão mínima mensal (Fig. 18) o que possibilitou identificar-se a contribuição do volume da bacia do Poti em relação às demais bacias hidrográficas dos grandes afluentes do rio Parnaíba. Possibilitou também visualizarem-se os períodos do ano em que ocorrem os maiores e os menores valores de vazão dos rios principais de cada uma dessas bacias hidrográficas.

Figura 16 – Gráfico da distribuição da vazão média mensal dos afluentes das maiores sub- bacias hidrográficas do Parnaíba.

Figura 17 – Gráfico da distribuição da vazão máxima mensal dos afluentes das maiores sub- bacias hidrográficas do Parnaíba.

Fonte: Brasil/MMA (2006).

Figura 18 – Gráfico da distribuição dos dados da vazão mínima mensal dos afluentes das maiores sub-bacias hidrográficas do Parnaíba.

Fonte: Brasil/MMA (2006).

Os dados da Tab. 4, constantes no Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Piauí (PIAUI/SEMAR, 2010), mostram os valores médios dos parâmetros de qualidade de água do rio Parnaíba observados nas estações fluviométricas da ANA, no trecho médio da

a montante da foz do rio Longá, próximo do final do baixo curso do rio Parnaíba. Tabela 4 – Composição físico-química da água do rio Parnaíba em duas estações fluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA).

Local e número da Estação

Parâmetro

T pH CE OD Tu SS DBO DQO

Faz. Veneza (sul de Teresina) Cod.34660000 30 6,2 32,5 6,4 - - - - Luzilândia (baixo curso) Cod.348759500 28,4 6,3 87,9 6,0 47,2 71,3 2,5 15,8 Fonte: PIAUI/SEMAR (2010).

T (Temperatura); pH (Potencial de Hidrogênio Iônico); CE (Condutividade Elétrica);

OD (Oxigênio Dissolvido); Tu (Turbidez); SS (Sólidos em Suspensão); DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio); DQO (Demanda Química de Oxigênio).