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4. CAPÍTULO 4

5.1. O Liceu da cidade de Goiás

5.1.9. A Biblioteca do Liceu

A Assembléia Provincial propôs e colocou na Lei no7, de 5 de junho de 1850, a criação de uma biblioteca pública que seria anexada ao Liceu, com a finalidade de servir aos alunos, professores e ao público em geral. O presidente da província ficou autorizado a gastar anual- mente a quantia de 250$000 réis com a compra de livros. De acordo com a referida Lei, deve- riam ser comprados primeiramente os livros das referidas cadeiras propostas para o Liceu e so- mente depois se investiria em outras áreas do conhecimento. Os livros usados pelos professores vinham do Rio de Janeiro e deveriam ter sido aprovados pelas autoridades superiores.

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No relatório de 1851, o Presidente da província, Dr. Antonio Joaquim da Silva Gomes, informa que nenhum livro foi comprado por falta de recursos nos cofres públicos. Passaram- se dois anos sem nenhuma notícia do seu funcionamento. Em 1854, a Assembléia Provincial determinou que o dinheiro da taxa de matrícula dos alunos do Liceu seria usado na compra de livros que a congregação sugerisse. O assunto sobre a biblioteca só aparece novamente em 1858, no relatório do Inspetor de Instrução Pública.

No relatório sobre a instrução pública, apresentado por Filipe Cardoso de Santa Cruz, em 1858, e no relatório do governo da província, no mesmo ano, consta que, a biblioteca, que deveria ser anexada ao Liceu sob a responsabilidade do secretário, ainda não havia sido insta- lada, e o dinheiro da matrícula destinado à compra de livros também não tinha sido aplicado. Naquele ano de 1858, ainda não existiam aqueles livros que eram considerados indispensáveis aos professores e aos alunos. Os salários dos professores não lhes permitiam gastos com livros, o que dificultava o estudo das matérias que ensinavam.

Numa relação de objetos entregues ao sr. Inspetor Geral de Instrução Pública, de 1859, em virtude da Portaria de 5 de setembro deste mesmo ano ( caixa de documentos avulsos nº 128, ano 1859), constavam os livros:

2 Geometria de Ottoni (Christiano Benedicto Ottoni); •

2 Geometria de Euclides; •

10 Aritmética de Sá; •

2 Ditas de Aritmética de Ottoni; •

2 Ditas de Aritmética Ávila; •

A biblioteca só foi instalada por ocasião da abertura da Escola Normal e Academia de Direito devido aos esforços (Livro de atas do Liceu) de José Alves de Castro, Secretário de Instrução, Indústrias e Obras Públicas.

Já em 1903, devido à instalação da Escola Normal e Academia de Direito, existia uma verba de 1.000$000 réis, destinados à compra de livros necessários à biblioteca.

José Alves de Castro, em 1905, expôs as dificuldades de manter e organizar a bibliote- ca. Entre elas, as encomendas de livros, que eram feitas a livreiros do Rio de Janeiro e de São Paulo. Todas as compras precisavam das faturas, que muitas vezes não eram enviadas. Os pedi- dos de livros eram feitos, mas muitos autores indicados pelos professores não eram encontrados nas praças do Rio de Janeiro e de São Paulo.

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FIGURA 62 - Inventário mostra os livros existentes na biblioteca do Liceu nos primeiros anos do século XX. In: Fundo Liceu de Goiás – Museu das Bandeiras – Cidade de Goiás.

5.1.10. Gabinete Literário

O Gabinete Literário é uma associação fundada por Raymundo Sardinha da Costa em 1864. Antero Cícero de Assis, no seu relatório (1874, p.260), lembrou que o Gabinete Literário era subvencionado pelo governo e que por algum tempo seria biblioteca pública de Goiás. A direção estava nas mãos do Sr. Dr. Francisco Antonio Azeredo, pessoa da maior confiança do Governo provincial.

Segundo informações contidas no relatório do governo (1877, p.167), o gabinete con- tava com 71 sócios e quase todos com suas mensalidades em dia. Continuava sendo presidente o Sr. Dr. Francisco Antonio de Azeredo que, por muitas vezes, foi reeleito. De acordo com ele, as despesas eram feitas considerando a receita para que não houvesse dívidas. No ano anterior (1876) foram adquiridas diversas obras totalizando 582 volumes; 49 foram comprados na cida- de de Goiás, 500 foram pedidas à corte e 33 recebidas através de doação.

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Apesar de ser a única biblioteca existente na província, deveria funcionar como um complemento de instrução popular, mas pouco freqüentada, inclusive pelos próprios habitantes da cidade de Goiás.

Em 1879, contava com 2.465 volumes. O diretor do Gabinete Literário, nessa época, ressaltou a importância do mesmo, informando que, em outras províncias, as bibliotecas exis- tentes eram mantidas totalmente pelos cofres públicos e que nem mesmo aquelas cidades do litoral contavam com uma instituição daquele nível. Mas lamentava que o Gabinete Literário fosse pouco freqüentado pela população. Os poucos que freqüentavam, liam, com mais fre- qüência, os romances, leitura considerada pouco instrutiva.

Esse Gabinete Literário, conforme relatório (1881, p.218), funcionava em um dos compartimentos do Liceu. O número de sócios variava entre 70 e 90. No mês de maio, quando foi feito um levantamento, existiam 89 sócios efetivos e muitos honorários. A biblioteca tinha um acervo de aproximadamente 4000 livros notáveis e escolhidos, obras de ciências e literatura nacional e estrangeira.

O Gabinete Literário, de acordo com o relatório (1883, p.39), ganhou nesse ano uma sala nova no terreno do Liceu. Foi construído um salão para abrigar esta biblioteca, cujo acervo já não cabia na sala em que ocupava. A obra foi subvencionada pelo governo, com uma quantia de 500$000 réis, e o restante das despesas ficou por conta dos associados.

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