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2. CAPÍTULO 2

3.1. Dr João Gomes Machado Corumbá

3.1.6. Os concursos públicos para professores

Quem desejasse fazer um concurso público para ser um professor ou uma professora, primeiramente, enviava seus requerimentos ao conselho do Governo da Província, na capital, Cidade de Goiás, em que matérias desejava ser avaliado. Após os requerimentos serem avalia- dos, marcava-se o dia dos exames. Tudo acontecia em sessão pública do conselho do mesmo

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Governo. Um concurso público para professores ocorreu em diversos dias de março de 1832 e teve esse procedimento.

No conselho de 26 de março de 1832, foram apresentados os requerimentos de: José Ignácio do Nascimento, professor de Primeiras Letras pelo Método Indi- •

vidual112 na vila de Meyaponte, para ser examinado nas matérias do Art.6o da Lei de 15 de outubro de 1827, a fim de ser promovido na mesma cadeira pelo Método Lancasteriano113;

Antonio Ferreira Lima, também nas mesmas matérias por pretender uma cadeira •

de Ensino Mútuo;

Ignácio José da Luz, para ser examinado apenas em Geometria; •

José de Santa Bárbara, para ser examinado somente em Aritmética; •

Francisco Ferreira Azevedo, para ser examinado no Método de escrituração por •

Partidas Dobras114.

Pelas solicitações dos candidatos, podemos entender que os professores poderiam ser avalia- dos várias vezes até se mostrarem em condições de serem professores pelo método de Ensino Mútuo.

Para examinar esses professores nas matérias de Aritmética (as quatro operações; prá- tica de quebrados; decimais; proporções) e Geometria (noções mais gerais de geometria práti- ca) foi convidado João Gomes Machado Corumbá.

Notamos que as pessoas convidadas para serem examinadores estudaram em Portu- gal, fazendo as diversas faculdades, embora a maioria tivesse interesse pela Faculdade de Leis. Não encontramos registros de que precisassem apresentar algo para comprovar a sua formação. Somente que essas pessoas eram nomeadas pelo governo115. Deveriam ser três pessoas para avaliar, mas pelas atas das sessões do conselho na época dos concursos, a maioria da vezes apresentaram-se somente dois examinadores. Nesse concurso, os examinadores foram: o Padre Mestre José Antônio da Silva e Souza116, professor de Gramática Latina, e João Gomes Macha- do Corumbá, que apresentou individualmente a avaliação de cada concorrente:

José Ignácio do Nascimento:

112 Método de Ensino Individual: Modo em que apenas uma matéria é dada pelo professor com atendimento individual ao aluno. In: Dicionário da Educação Brasileira- http://www.educabrasil.com.br .

113 Método Lancasteriano ou Método do Ensino Mútuo: Também conhecido como ensino mútuo ou sistema mo- nitoral. Por esse modo de ensinar um aluno treinado ou mais adiantado (decurião) poderia ensinar a um grupo de dez alunos (decúria) sob orientação e supervisão de um Inspetor. In: Dicionário da Educação Brasileira - http://www.educabrasil.com.br .

114 Formas de registros contábeis.

115 Ata do Conselho geral da Província de Goiás de 28 de Março de 1832. Publicada no Jornal “A Matutina Meyapontense” de 22 de Setembro de 1832.

116 O Padre José Antônio da Silva e Souza era irmão do padre Luiz Antônio da Silva e Souza. Ele foi de Gramá- tica Latina de João Gomes Machado Corumbá.

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“Além da prática de quebrados, decimais, tem alguma teoria sobre proporções e no- ções gerais de Geometria Prática e elas são suficientes, bem como a moral cristã”.

Francisco Ferreira Azevedo:

“É um bom estudante de Aritmética e sabe dar a razão dos seus processos, e possui princípios gerais da Escrituração por Partidas Dobradas”.

José de Santa Bárbara:

“É outro bom estudante de Aritmética e nela merece aprovação”.

Antonio Ferreira Lima:

“Foi considerado suficiente em Aritmética e com noções de Geometria Prática embora esteja fraco na medida de superfície e volumes”.

No conselho de 29 de março de 1832, foi lido o requerimento de Vicente Pinto de Sou- za. Ele era professor interino117 da Escola de Primeiras Letras pelo Método Ensino Mútuo, da Cidade de Goiás, e pediu ser admitido a exame de Aritmética, Gramática da Língua Nacional e Método Lancasteriense, uma vez que pretendia a vaga de professor da mesma cadeira. Quando fosse possível, se apresentaria para ser examinado nas outras matérias exigidas no Art. 6o da Lei de 15 de outubro de 1827.

O Conselho decidiu que esse professor seria admitido ao exame de Aritmética e Gra- mática da Língua Nacional, por não se exigir na Lei exame de método de Ensino Mútuo, para o qual bastava mostrar por documento que se achava habilitado.

Antônio Ferreira de Lima e Vicente Pinto de Souza foram examinados na sessão do conselho de 29 de março de 1832. Para examinadores do concurso compareceram o Dr. Corum- bá e o Padre Mestre José Antônio da Silva e Souza.

Os dois candidatos foram aprovados em Gramática da Língua Nacional e em Aritmé- tica e Geometria, o Dr. Corumbá avaliou que:

Antonio Ferreira Lima,

“Foi considerado suficiente em Aritmética e com noções de Geometria Prática, embo- ra esteja fraco na medida de superfície e volumes”.

Vicente Pinto de Souza,

117 Professor interino: ocupava uma cadeira temporariamente até surgir um concurso ou aparecer um outro pro- fessor concursado.

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“Foi também considerado suficiente em Aritmética, apesar de estar fraco na prática de decimais”.

Os resultados foram colocados para aprovação, e o Conselho decidiu que:

“Vicente Pinto de Souza deve ser examinado novamente na prática de decimais, que estava fraco, visto que a Lei de 15 de outubro de 1827 positivamente exigia que os professores a ensinem”.

Todos os concursos públicos eram realizados na capital, pela exigência da Lei de 15 de outubro de 1827118. Além da capital, outras localidades também tiveram pessoas fazendo concursos para as escolas criadas, como o caso de Meia Ponte, hoje cidade de Pirenópolis, que contava com um jornal, escolas particulares de Francês, Latim, Filosofia, ainda existia naquela cidade uma biblioteca pública e a Tipografia de Oliveira, onde era impresso o Jornal “A Matu- tina Meyapontense”, a única da Província.