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4. CAPÍTULO 4

4.1. As Bandeiras pela Educação Continuaram

Entre 1822 e 1846, houve progresso com relação a instrução pública. O número de es- colas primárias aumentou e surgiram as Escolas de Meninas. Esse aumento de escolas ocorreu em conseqüência da Lei de 15 de outubro de 1827 e devido ao interesse dos governantes.

Quanto às aulas menores, nesse período existiram várias tentativas de expandir Aulas de Gramática Latina, Filosofia, Lógica, Geometria e Francês. Com esse objetivo, foram cria- das cadeiras e abertos concursos públicos. Mas Goiás estava distante de outros lugares, como Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, que, por serem províncias marítimas, eram do interesse das pessoas que cursavam as faculdades do Império, de Portugal ou de outros países. Os salários não atraíam os candidatos às cadeiras criadas, que ficavam vagas até que alguém tivesse interes- se em ministrar algum curso. Isso aconteceu com a cadeira de Geometria, que foi criada durante o período colonial e teve como primeiro professor, o Dr. João Gomes Machado Corumbá, no período imperial.

Podemos dizer que nesse período várias bandeiras foram organizadas em favor da edu- cação. Destacamos a bandeira levantada pelos governantes que, a partir da Lei de 15 de outubro de 1827, procuraram abrir escolas e disponibilizar uma parte das rendas da província para a instrução pública. Comparado ao período colonial (TABELA 2, p.30), em 1833, podemos ver alguns avanços em Goiás com relação à quantidade de escolas criadas, mas os salários, após ter passado mais ou menos 40 anos, continuou baixo apesar dos modos de ensino ter variado.

Uma outra bandeira foi a dos professores e professoras das escolas de meninos e meni- nas. Apesar das exigências da Lei de 15 de outubro de 1827 com relação aos conteúdos, modo de ensinar e os salários considerados baixos, ainda assim eles se prepararam e se candidataram a uma vaga de professor das escolas primárias de Goiás.

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João Gomes Machado Corumbá também levantou uma bandeira pela Instrução. Pode- mos dizer que sua bandeira teve origem junto com sua chegada à Cidade de Goiás, como aluno de Gramática Latina do Padre José Antônio da Silva e Sousa. Provavelmente foi influenciado pelas idéias do irmão de seu professor, o Padre Luis Antônio da Silva e Sousa, indo à Univer- sidade de Coimbra para freqüentar o curso Filosófico e o Matemático ao invés de um curso jurídico que, em geral, era preferido pelos estudantes quando deixavam Goiás para ir a uma faculdade.

Quando voltou a Goiás, João Gomes Machado Corumbá encontrou-se novamente com o Padre Luis Antônio da Silva e Souza, considerado um patriota, e juntos participaram de reuni- ões do Conselho Geral da Província como conselheiros. As atas das reuniões, em nenhum mo- mento, mostraram divergência de idéias entre eles. Por essa razão, é possível que discutissem os problemas que, de certa forma, traziam desconforto para as pessoas mais cultas, tais como a política, a instrução, a escravidão e a pobreza da população.

O Padre Luis Antônio da Silva e Souza faleceu em 1840. João Gomes Machado Co- rumbá mudou-se para o Rio de Janeiro em 1844, ano em que também fez o seu testamento.

É possível que, ao deixar parte de sua herança para custear uma aula de Geometria, te- nha pensado no atraso da população de Goiás com relação a esse assunto e na idéia de criar um Liceu, que surgiu em 1839, no governo de D. José de Assis Mascarenhas, ano em que ocupou a Cadeira de Geometria.

D. José de Assis Mascarenhas também nasceu em Goiás e também se matriculou na Faculdade de Leis da Universidade de Coimbra em 1822. Voltou de Portugal na mesma época em que João Gomes Machado Corumbá foi para Goiás como Ouvidor, em 1831. É possível que esses dois personagens tivessem como idealização a abertura de um Liceu na Cidade de Goiás. A diferença estava nos cargos que cada um ocupava, porque um era o presidente da Província e o outro, nessa época, um professor de Geometria.

O Liceu seria um local apropriado para agregar uma cadeira de Geometria conside- rada de grande importância para ele na arte de pensar, como foi colocado no conselho quando se discutiu a criação de uma cadeira de Lógica. Por essa razão, sua bandeira tinha como objeto proporcionar aos indivíduos interessados na Geometria uma arte de pensar. Assim, com o pas- sar do tempo, poderia ter um grupo de pessoas que tivesse conhecimentos de Geometria. Isso seria um grande benefício para a instrução pública de Goiás, uma vez que em todo Brasil122, nos concursos públicos para professores, os conteúdos de Geometria constituíam-se num problema para os candidatos, porque muitos não tinham esse conhecimento.

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FIGURA 35 - Jornal de 1833, mostra o aumento das escolas primárias em toda Província de Goiás – In: Arquivo Público de Goiás, Goiânia - GO.

FIGURA 36 - Jornal de 1833, mostra o aumento das escolas primárias em toda Província de Goiás – In: Arquivo Público de Goiás, Goiânia – GO.

TERCEIRA PARTE

Banco dos meninos. Banco das meninas. Tudo muito sério.

Não se brincava. Muito respeito. Leitura alta. Soletrava-se. Cobria-se o debuxo. Dava-se a lição. Tinha dia certo de argumento com a palmatória pedagógica

em cena.

Cantava-se em coro a velha tabuada.

Velhos colegas daquele tempo... Onde andam vocês?

5. CAPÍTULO 5