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A BUSCA DA INFORMAÇÃO E O COMPORTAMENTO INFORMACIONAL

3 COMPORTAMENTO INFORMACIONAL

3.2 A BUSCA DA INFORMAÇÃO E O COMPORTAMENTO INFORMACIONAL

Um indivíduo pode iniciar o comportamento de busca de informação visando a satisfação de uma necessidade de informação. Wilson (2000, p.49) define a busca de informação como a busca intencional de informação como consequência da necessidade de atingir algum objetivo. Para ele, o comportamento informacional é a totalidade do comportamento humano em relação às fontes e canais de informação, incluindo a busca de informação ativa e passiva e o uso da informação.

Da mesma forma, Case (2007, p.5) descreve a busca de informação como um esforço consciente para obter informação em resposta a uma necessidade ou uma lacuna cognitiva. Ao engajar-se na busca, os usuários estão interessados em reunir informações suficientes para se sentirem satisfeitos com o processo. No entanto, isso não significa que as informações obtidas são as mais completas, precisas e detalhadas. De acordo com ele, o comportamento informacional engloba comportamentos intencionais tais como a busca de informação e o ato ativo de evitar informação (exposição seletiva, rejeição de informação, pobreza e sobrecarga informacional), bem como outros comportamentos não intencionais ou passivos.

Como Case, Zerbinos (1990, p.922) afirma que a busca de informação ocorre quando uma pessoa é motivada a adquirir informações para preencher uma lacuna cognitiva. Ela acrescenta que “A exposição à informação pode ser intencional ou não, ativa ou passiva” (ZERBINOS, 1990, p.921, tradução nossa). Dervin (1983) considera a busca de informação como um processo de construção de significado no qual o indivíduo está ativamente envolvido na busca de significado a partir de informações para obter uma nova compreensão a respeito de um tópico ou de uma solução para um problema.

Kuhlthau (1988, p.233) diz que a visão cognitiva do comportamento informacional procura compreender e explicar a experiência e o comportamento do indivíduo durante o processo de busca. Baseando-se na teoria de construção pessoal de Kelly, Kuhlthau (1988, p.233-234) afirma que a busca de informação é um processo de construção no qual o

indivíduo constrói e reconstrói o tópico sob investigação. À medida que o indivíduo se torna informado pelas informações encontradas, suas construções do tópico mudam e evoluem.

Assim, para Kuhlthau, a busca de informação é uma atividade construtiva de encontrar significado a partir da informação, a fim de ampliar o estado do conhecimento sobre um determinado problema ou tópico. Durante esta atividade, há uma interação entre a experiência do indivíduo e a informação procurada.

No processo de busca, os usuários buscam informações que ampliem e clarifiquem sua compreensão do tópico ou do problema. À medida que as construções relacionadas ao tópico são formadas e esclarecidas, as escolhas sobre que informações procurar provavelmente mudarão. O que era relevante no início de uma busca pode não ser relevante mais tarde e as informações não consideradas relevantes no início podem tornar-se pertinentes nos estágios posteriores. [...] Os usuários preveem, a partir de construções formadas através de experiências anteriores, o que será útil e conveniente na busca de informações. As previsões determinam as fontes que são usadas, a sequência em que são usadas e a informação que é selecionada como relevante (KUHLTHAU, 1993, p.351, tradução nossa). Durante o processo de busca de informação, o indivíduo avalia as informações fornecidas pela fonte. Além disso, o conhecimento e a experiência do usuário proporcionam a identificação de informações redundantes ou novas.

As informações redundantes se encaixam no que já sabemos e são prontamente reconhecidas como relevantes ou não relevantes. As informações novas não correspondem às nossas construções e exigem reconstrução para que seja reconhecida como útil. [...] Redundância em informações encontradas confirma o que sabemos. A singularidade de novas informações expande o que sabemos (KUHLTHAU, 1993, p.349, tradução nossa).

O processo de busca engloba não só a ação de buscar e usar fontes, mas também o desenvolvimento de pensamentos sobre um tópico e os sentimentos que tipicamente acompanham essa evolução do pensamento (KUHLTHAU, 1988, p.240). Portanto, a busca de informação envolve uma combinação de pensamentos, ações e sentimentos. Para Wilson (1999), “essa associação de sentimentos, pensamentos e ações identifica claramente a perspectiva de Kuhlthau como fenomenológica, em vez de cognitiva” (WILSON, 1999, p.255, tradução nossa).

De acordo com Kuhlthau (1988, p.233), a busca de informação é um processo que progride através de fases ou níveis. No início, o indivíduo tem uma noção vaga de falta de informação. Após o reconhecimento de uma necessidade de informação, há uma progressão “[...] na identificação de um tópico geral, na exploração de informação sobre um tópico geral, na formulação de um foco específico, na coleta de informação relativa ao foco específico, na conclusão da busca de informação” (KUHLTHAU, 1991, p.368, tradução nossa).

Além disso, a redundância aumenta durante as etapas do processo de busca de informação. Nas fases iniciais deste processo

Incerteza e ansiedade podem surgir como resultado da grande quantidade de informações novas encontradas. A tolerância, a aquilo que não se encaixa em nossas construções, é essencial nos estágios iniciais. No meio do processo de busca de informação, parte das informações novas adquire significado à medida que novas construções são formadas. Neste ponto, os pensamentos tornam-se mais claros e mais focados e as seleções de relevância tornam-se mais pertinentes e claras. No final do processo, a quantidade de redundância nas informações encontradas pode ser muito maior. Grande parte do que não se sabia foi reconstruído e tornou-se familiar e redundante. Essa mudança em relação às informações encontradas diminui a ansiedade e aumenta a confiança (KUHLTHAU, 1993, p.350, tradução nossa). Confusão, incerteza e ansiedade são comuns durante os estágios iniciais de busca de informação, ou seja, logo quando uma pessoa se torna consciente de uma falta de conhecimento ou compreensão. “[...] a incerteza, um aspecto natural e necessário dos estágios iniciais do processo de busca de informação, causa desconforto e ansiedade” (KUHLTHAU, 1991, p.364, tradução nossa). Por outro lado, à medida que informações relevantes são coletadas, a confiança aumenta e é associada a sentimentos de alívio, satisfação e senso de direção. Sentimentos de maior confiança e certeza são observados quando o estado de conhecimento de um usuário avança para pensamentos mais claros e mais focados. A satisfação e o alívio são comuns na conclusão da busca (KUHLTHAU, 1991, p.368).

[...] uma formulação clara que reflete uma visão pessoal das informações encontradas é o ponto de virada da busca. Neste ponto, a confiança aumenta, a confusão diminui e o interesse se intensifica. A capacidade do usuário de especificar seu problema é consideravelmente aprimorada depois que um foco foi estabelecido (KUHLTHAU, 1991, p.370, tradução nossa).

O processo de busca de informação pode ser influenciado por “[...] experiência prévia, conhecimento, interesse, informações disponíveis, requisitos do problema e tempo disponível para a sua resolução, assim como, pela relevância do conteúdo da informação encontrada” (KUHLTHAU, 1991, p.362, tradução nossa). De acordo com Kuhlthau (1993), o processo de busca de informação envolve não apenas a localização de informações, mas também o uso de informação que, por sua vez, abrange a interpretação. Kuhlthau alega que a interpretação é essencial para a busca de informação, pois “não importa a quantidade ou a qualidade das informações coletadas, o problema não é resolvido ou o assunto não é compreendido até que a informação tenha sido interpretada” (KUHLTHAU, 1993, p.348, tradução nossa).