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4 O COMPORTAMENTO INFORMACIONAL NO MERCADO DE AÇÕES

4.2 O PREÇO DAS AÇÕES

O preço de cada ação é divulgado para todos os participantes através do sítio da bolsa de valores e sítios de informações financeiras. Profissionais do mercado ou clientes de corretoras podem ter acesso a todas as mudanças nos preços das ações em tempo real durante o pregão. Jornais, rádio e televisão divulgam informações como, por exemplo, o desempenho do índice Ibovespa (que reflete uma carteira teórica com as ações mais negociadas na B3) no dia, mês e ano. Portanto, mesmo pessoas que não investem no mercado de ações podem estar cientes das oscilações nos preços das ações das empresas mais representativas da bolsa de valores brasileira.

Fortuna (2011, p.693) alega que “[...] o volume de negócios, a demanda por aluguel de ações, o índice de força relativa das compras e das vendas, o giro das opções, apontam movimentos que não são capturados e nem explicados pelos fundamentos da ação”. Ele também argumenta que os fundamentos de uma empresa são automaticamente incorporados nos preços quando se tornam fatos concretos, ou seja, o movimento dos preços das ações também reflete a divulgação dos fatos sobre a empresa.

Nesse contexto, Fortuna (2011) diz que os preços das ações refletem os eventos corporativos, no entanto, ele também argumenta que os preços das ações refletem expectativas dos agentes que estão relacionadas a previsões e, portanto, relacionadas com análises e opiniões que podem estar certas ou erradas. Portinho (2009) concorda com Fortuna quanto à influência da expectativa dos investidores sobre os preços das ações afirmando que

Em princípio, considerando que não haja oscilações muito bruscas no mercado, um crescimento consistente nos lucros deve refletir-se num crescimento, também consistente, da cotação e dos dividendos. É claro que essa relação não é direta, pois o preço de mercado de uma ação não reflete somente a atuação da empresa, constrói- se, também, a partir das percepções dos investidores, da disponibilidade de recursos, do interesse dos investidores estrangeiros e institucionais, da conjuntura macroeconômica, da conjuntura internacional etc. (PORTINHO, 2009, p.88). Sendo assim, o preço das ações também pode aumentar ou diminuir, de acordo com o maior ou menor interesse e expectativas dos investidores. Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p.51) afirmam que: “De forma geral, os preços das ações refletem as expectativas dos agentes econômicos com relação às perspectivas do país e ao desempenho das empresas”. Fortuna (2011, p.693) acrescenta o setor econômico da empresa como outro fator de influência.

Os principais mercados de ações em todo o mundo têm alguns fatores em comum que influenciam decisivamente as tendências de preços. O investidor prudente deve avaliar constantemente as informações divulgadas buscando complementar sua análise individual das

ações com uma visão geral das tendências no mercado. O quadro 1 lista alguns indicadores que podem influenciar os preços:

Quadro 1: Indicadores de influência nos preços das ações Categoria Indicador Explanação

Empresa

Crescimento das

vendas Se indicar maiores lucros, isso pode atrair mais investidores. Crescimento dos

negócios

O crescimento dos negócios de uma empresa tende a refletir sobre os preços das ações.

Dividendo Lucro baixo e políticas de dividendos de baixo retorno levam a uma falta de interesse em ações.

Dividend Payout Ratio

Dividend Payout Ratio representa quanto do lucro líquido de uma

empresa são pagos como dividendos, ou seja, é a porcentagem do lucro distribuído aos investidores. É calculado da seguinte forma: dividendos anuais por ação / lucro por ação.

Dividend Yield O dividend yield mostra o quanto uma empresa pagou em dividendos. É calculado como: dividendos anuais por ação / preço por ação.

Macroeconomia

Câmbio

Investir em ações de empresas exportadoras é particularmente recomendado quando a moeda local se desvaloriza acima da inflação ou quando há recessão no mercado interno. No entanto, neste caso, é prudente evitar empresas com grande parte da dívida em moeda estrangeira.

Inflação

Empresas que vendem itens básicos (produtos que as pessoas não param de consumir mesmo quando há aumento de preço) podem ter um resultado melhor em um cenário de alta de inflação. Mesmo assim, à medida que a inflação sobe, o medo da recessão aumenta e os preços das ações tendem a cair.

Juros

Quando os juros sobem, o interesse em ações diminui. As empresas geralmente perdem lucratividade com o aumento do custo de capital. Somente os bancos podem ter vantagem em um cenário como este. Além dos bancos, empresas de setores que não dependem de crédito podem se beneficiar, pois as pessoas tendem a consumir menos bens duráveis.

PIB O PIB mede tanto a magnitude quanto a direção da atividade econômica (crescimento, estagnação ou contração).

Preços de

Commodities

Por exemplo, os produtores de petróleo tendem a ganhar com o aumento dos preços. Enquanto os consumidores perdem, como: o setor petroquímico e de aviação.

Mercado

Movimentos de outras bolsas

Os mercados emergentes tendem a acompanhar os acontecimentos nos países desenvolvidos.

Movimentos do índice

Grandes variações no índice da bolsa sugerem mercados nervosos e o surgimento de oportunidades de compra e venda.

Pressões de compra e venda

Investidores institucionais são capazes de pressionar grandes volumes de compra e venda, influindo decisivamente nos preços, especialmente nos mercados menos líquidos.

Questões Políticas

Estabilidade Política

Níveis baixos de ordem política e de respeito à constituição e às instituições governamentais podem levar à baixa estabilidade política e à maior incerteza em relação ao país.

Fonte: Adaptado de Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p.236,240-241) e Portinho (2009, p.62-63).

O quadro acima divide as principais influências nos preços das ações em quatro categorias: empresa, macroeconomia, mercado e questões políticas. No que tange à empresa, o crescimento das vendas e dos lucros pode implicar em maior atratividade de suas ações e,

consequentemente, o preço de suas ações pode subir. Os indicadores macroeconômicos também são importantes porque podem indicar o aquecimento da economia do país (que pode levar a um maior interesse por ações) ou uma crise financeira (que pode induzir à procura por ativos de menor risco). Os movimentos nas bolsas, em geral, podem influenciar os preços, assim como as pressões de compra e venda de grandes investidores institucionais e o andamento de questões relacionadas à política.