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A Busca da relação universidade e empresa

De qualquer forma,

2.3 O PAPEL DA UNIVERSIDADE

2.3.2 A Busca da relação universidade e empresa

Para se manterem no mercado e se tornarem competitivas, as empresas buscam produtos e serviços que tenham menor custo e melhor qualidade. O grande desafio é que para atendê-las requer produtividade para a melhoria ou inovação de produtos e processos (SILVA, 2005).

Isso, porque

[...] a participação dos colaboradores em todo esse processo é fundamental, pois através da utilização da experiência profissional e a capacitação dos mesmos podem contribuir para eliminação dos gargalos da produção, utilizando a matéria-prima de forma mais eficaz e evitando os desperdícios ou determinando um ritmo para a produção que seja compatível com a realidade do mercado a ser atendido. Essa valorização da experiência profissional aliada ao conhecimento científico e técnico pode aumentar o conhecimento tecnológico e por conseqüência induzir a inovação, além de estimular a participação e melhorar a interação e o comprometimento dos colaboradores (CAJUEIRO; SICSÚ, 2002 apud SILVA, 2005, p. 49).

Assim, as pequenas e médias empresas (PMEs) buscam interação universidade-empresa não só para o desenvolvimento tecnológico e competitividade, mas também na busca de qualificação de seus colaboradores, pois seria uma forma de diminuir os custos com capacitação que, muitas vezes, coloca em risco a sobrevivência da empresa (SILVA, 2005).

No Brasil, a Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, foi sancionada como resultado de um processo iniciado no ano de sua criação por meio de um anteprojeto exposto na Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia organizada pelo

Ministério de Ciência e Tecnologia. Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País (BRASIL, 2004).

Com foco nas estruturas de apoio à proteção e à comercialização do conhecimento, a Lei de Inovação indicou a necessidade de que as instituições científicas e tecnológicas disponham de Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) [...] para contribuir na elaboração e gestão de suas políticas de inovação. Utilizando a terminologia “escritório de transferência de tecnologia (ETT)”, bastante comum na literatura internacional [...] explica que os ETT buscam contatos permanentes com empresas e governos locais, tendo intensificado sua atuação no contexto da formulação de políticas de planejamento de C&T e interação universidade-empresa-governo (GARNICA; TORKOMIAN, 2009, p. 626, grifo nosso).

No contexto de cooperação envolvendo empresas e universidades para inovação, descobre-se a visão macro de gestão da inovação entendida como inovação aberta (open innovation).

Nesse sentido, o conhecimento deve estar distribuído globalmente de modo a ser impossível para as empresas se assegurarem de sua competitividade baseada na inovação por meio único exclusivo do desenvolvimento interno. O conceito de inovação aberta está relacionado à possibilidade de utilização de caminhos internos e externos para avançar no desenvolvimento de novas tecnologias, contradizendo o modelo fechado de inovação, segundo o qual as empresas deveriam investir em grandes laboratórios de P&D voltando- se com força ao desenvolvimento próprio de tecnologias (CHESBROUGH, 2003 apud GARNICA; TORKOMIAN, 2009).

Cornélio, Abreu e Costa (2010, p. 10) corroboram com essa visão, quando afirmam que:

[...] as universidades devem passar por ciclos de transformação e evoluir no sentido de buscar e fortalecer o relacionamento com o setor empresarial e com a sociedade. Precisa caminhar à luz das mudanças recentes, permitindo a

transferência de tecnologia, elemento fundamental para a melhoria da competitividade dos processos de inovação nas empresas e, consequentemente, para a qualidade de vida.

Isso porque, na cocepção dos autores, devido ao avanço tecnológico surge à necessidade de um novo perfil de profissional, há uma economia centrada na era da inovação e do conhecimento, o que requer um trabalhador voltado para geração de ideias colaborando com a inovação nas empresas.

Costa (2009 apud CORNÉLIO; ABREU; COSTA, 2010, p. 11), destaca que:

[...] a base do relacionamento das universidades com empresas está nos aspectos de inovação e transferência de conhecimento entre elas e demais setores empresariais, que intensifiquem as inter- relações desses agentes.

Em recente estudo intitulado, “A Relação universidade-empresa: comentários sobre um caso atítpico [...]”, autoria de Dagnino e Gomes (2003), observa-se um estudo empírico que aponta a interação univeridade-empresa como sendo positivo pelos profissionais envolvidos, tanto pelos docentes e pesquisadores da universidade, como pelos técnicos da empresa.

Na obra, esse olhar positivo se refere às atividades de pesquisa universitária e formação de recursos humanos quanto à trajetória de capacitação tecnológica da empresa. A pesquisa aponta como impactos positivos na visão da universidade pesquisada, através dos professores: a possibilidade de obterem novos conhecimentos e repassá-los aos alunos, o aumento do volume de recursos financeiros e a possibilidade de renovar as linhas de pesquisa existentes. Já a empresa, na visão dos técnicos da empresa: o desenvolvimento de know-how próprio vem a reforçar a relação universidade-empresa (DAGNINO; GOMES, 2003).

Nesse sentido, as universidades públicas e privadas estão criando mecanismos para possibilitar as relações entre academia e insdútria, na busca pelo desenvolvimento tecnológico empresarial (SILVEIRA; BAZZO, 2009). A seguir vizualiza-se por meio da Figura 2 como a instituição pesquisada vizualiza essa relação.

Figura 2: Interação Empresa x UFSC

Fonte: Relatório de Gestão (2004-2008) do DIT/UFSC

De acordo com a Figura 2, a principal interação UFSC e empresa inicia-se com um contato pessoal; passa-se à reunião com o representante do NIT, assistido pelo especialista no assunto; estabelecem-se as bases; define-se o problema e o orçamento do projeto; analisa- se o projeto (C&T, C ou T): é econômica e tecnicamente viável? Negocia-se e conclui-se o contrato; é realizada a P&D; protege-se o resultado pelo direito de propriedade intelectual e transfere-se à empresa que, segundo seu critério de conveniência e oportunidade, o aplica na industrialização de produtos para lançamento ou prestação de serviços no Mercado (UFSC, 2008).