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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

2.1.1 Contexto social da educação

No contexto social da educação destaca-se a importância da educação no papel de contribuir com a solução dos problemas sociais, que vão desde o simples crescimento populacional até a forma como os bens de consumo são produzidos e distribuídos para a sociedade.

Freire (2011) já diferenciava a educação para o homem-objeto da educação para o homem-sujeito. Para ele, o homem deveria se colocar numa postura de autorreflexão e de reflexão sobre o seu tempo e seu espaço. Ou seja, por meio da autorreflexão, ele passa a ser, através da sua tomada de consciência, o autor da história e não um simples espectador. Pelo homem-sujeito, ele busca uma sociedade-sujeito.

Essa sociedade-sujeito representa um modelo de responsabilidade social da educação superior na contemporaneidade. Uma educação que por ser um bem público é responsabilidade de todos que nela investem e destacadamente dos nossos governantes.

Segundo a Unesco (2009), diante da complexidade dos desafios mundiais atuais e futuros, a educação superior tem a responsabilidade social de avançar no conhecimento sobre várias questões, que envolvem dimensões culturais, científicas, econômicas e sociais e nossa habilidade de responder a tais questões.

A educação superior leva a sociedade a gerar conhecimento global para atingir os desafios mundiais, com relação à segurança alimentar, mudanças climáticas, uso consciente da água, diálogo intercultural, fontes de energia renovável e saúde pública. Instituições de ensino superior, através de suas funções principais (pesquisa, ensino e serviços comunitários) estabelecidas no contexto de autonomia institucional e liberdade acadêmica, devem aumentar o foco interdisciplinar e promover o pensamento crítico e a cidadania ativa. Isso contribuiria para o desenvolvimento sustentável, a paz, o bem estar e a realização dos direitos humanos, incluindo a igualdade entre os sexos (UNESCO, 2009, grifo nosso).

Nesse contexto entende-se que a responsabilidade social da educação superior nos remete a um horizonte muito maior, pois através da pesquisa, ensino e extensão, as universidades contribuem para a educação de cidadãos éticos, comprometidos com a construção da paz, a inclusão social, a defesa dos direitos humanos e com os valores de democracia em âmbito global.

Percebe-se que a atual política de educação no país tem incentivado a inclusão social, mobilizando agentes econômicos e sociais para que essa iniciativa se concretize. O incentivo a cursos profissionalizantes e a carreiras voltadas para as áreas da ciência e tecnologia demonstram a preocupação com esse assunto.

No Brasil, por meio do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)3 de determinada região, busca-se medir como certa cidade está se comportando nos quesitos: escolaridade, longevidade e renda per capita. Hoje, analisando o contexto social da educação, tem-se ainda cerca de 13,9 milhões de brasileiros, com 15 anos ou mais, analfabetos, diz o Censo de 2010 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Nordeste, apesar de ser uma das áreas do país com maior crescimento econômico e aumento de mercado consumidor, continua sendo a região com o maior número de analfabetos (O GLOBO, 2011).

Como então resolver os entraves que devem ser superados na educação e qualidade de vida das pessoas nas diversas regiões do país? Para Steiner (2006, p. 81-82),

[...] o acesso a novas tecnologias com ênfase nas tecnologias de informação, ensino a distância, formação continuada e inclusão digital, formam um cenário de oportunidades para a educação brasileira.

Portanto que,

[...] a situação da escolaridade e da geração do conhecimento no Brasil tem evoluído de forma satisfatória nas últimas décadas. Apesar disso, a economia do país tem se arrastado de crise em crise, e o crescimento econômico não demonstra os mesmos índices que se vêem na educação e na ciência. O que estaria faltando? É claro que

3 O IDH é uma medida resumida para avaliar o progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso à educação e um padrão decente de vida. (PNUD, 2011)

políticas macroeconômicas, bem como instituições adequadas, são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social (STEINER, 2006, p. 86).

O PNE pode ser compreendido como um documento mestre na resolução dos entraves a serem superados no contexto social da educação do Brasil, porque se limita aos objetivos e às prioridades que compõem a agenda do governo federal. Esse Plano compõe um diagnóstico de aspectos significativos da educação no país e traça metas a serem alcançadas num prazo de dez anos. Além disso, ele se baseia na elevação global do nível de escolaridade da população; na melhoria da qualidade do ensino; na redução das desigualdades sociais e regionais, no acesso e na permanência, na educação pública e na democratização do ensino (BRASIL, 2001).

Com vistas ao trinômio, à qualidade, a avaliação e à democratização de acesso ao ensino superior, o PNE prevê um amplo e diverso sistema de avaliação interna e externa que junte o setor público e privado, promovendo a melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa, da extensão e da gestão acadêmica. Prevê, ainda, a criação de políticas públicas que proporcionem às minorias, vítimas de discriminação, acesso à educação superior, por meio de programas de compensação de deficiências de sua formação escolar anterior, facilitando, dessa forma, que possam competir em igualdade de condições nos processos de seleção e de admissão a esse nível de ensino no Brasil (BRASIL, 2001).

Uns dos instrumentos utilizados pelo governo para concretizar os objetivos traçados no PNE é o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que representa um conjunto de programas, responsável por concretizar as metas estabelecidas no PNE. O PDE divide-se em três instâncias: reestruturação e expansão das universidades, por meio dos programas, REUNI (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e PNAES (Programa Nacional de Assistência Estudantil); democratização do acesso, com o PROUNI (Programa Universidade para todos) e FIES (Financiamento Estudantil) e avaliação com base na regulação, por meio do SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) (MEC, 2011b).