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De qualquer forma,

2.3 O PAPEL DA UNIVERSIDADE

2.3.1 Ensino, pesquisa e extensão

A trilogia ensino, pesquisa e extensão são termos que apresentam expectativas de gêneros diferentes. Na concepção de Demo (1998, p. 128), “[...] pesquisa significa diálogo crítico e criativo com a realidade,

culminando na elaboração própria e na capacidade de intervenção”. Para ele, em tese, pesquisa é a atitude de “aprender a aprender” e, como tal, faz parte de todo processo educativo e emancipatório. Ainda, conforme o autor, a pesquisa cabe no pré-escolar como princípio educativo e na pós-graduação como princípio científico. Ambos exigem profunda competência e sua renovação constante.

A pesquisa funda o ensino e evita que ele seja simples repasse de cópia, quem pesquisa ensina a produzir e não a copiar, pois o ensino decorre como necessidade da socialização e da prática (DEMO, 1998).

Demo (1990 apud DEMO, 1998, p. 127) ressalta que

[...] a alma da vida acadêmica é constituída pela pesquisa, como princípio científico e educativo, ou seja, como estratégia de geração de conhecimento e de promoção da cidadania.

Ao mesmo tempo, pesquisa une teoria e prática, ou seja, ensino e extensão, desde que se trate de dialogar com a realidade. Isso porque a pesquisa pode acentuar mais a teoria, ou a prática; pode interessar-se mais pelo conhecimento ou pela intervenção. Trata-se de um processo completo, toda teoria precisa confrontar-se com a prática, e toda prática precisa retornar à teoria (DEMO, 1998).

A pesquisa, entendida como atividade indissociável do ensino e da extensão, visa à geração e à ampliação do conhecimento, estando necessariamente vinculada à criação e à produção científica e tecnológica (UFSC, 2010, p. 37). No entender de Garnica e Torkomian (2009, p. 626), a pesquisa nas universidades resulta em novos conhecimentos passíveis de se transformarem em tecnologias comercializáveis:

[...] a abordagem possível sobre a visão da universidade enquanto organização de C&T se refere ao conceito de universidade empreendedora, no qual a universidade capaz de cooperar com empresas e demais instituições da sociedade não tem como única função a formação de pessoal qualificado, mas a função de pesquisa e de extensão no sentido amplo de viabilizar formas de apoiar o desenvolvimento econômico (grifo nosso).

Nesse contexto, percebe-se o papel importante que um pesquisador universitário possui na transformação social de um país e o seu desenvolvimento.

Ainda na Idade Média, conforme constata Etzkowitz (2004 apud GARNICA; TORKOMIAN, 2009, p. 626), “[...] a universidade visava apenas à atividade de ensino, transmitindo o conhecimento já gerado”. Para o autor no final do século XIX, grande parte das instituições acadêmicas passou a enfatizar a interconectividade entre o ensino e a pesquisa, resultando na denominada “Primeira Revolução Acadêmica”. Ou seja,

[...] como geradoras de conhecimento, as universidades passaram a ser objeto de interesse de aproximação para o setor produtivo, ao mesmo tempo em que a maioria dos fundos públicos de pesquisa destinados a universidades se tornou escassa. Isso levou a uma busca por parte dos acadêmicos para complementar recursos para pesquisas por meio da interação com o capital privado (ETZKOWITZ, 2004 apud GARNICA; TORKOMIAN, 2009, p. 626).

Somou-se a esse interesse dos acadêmicos em obter mais recursos para pesquisas,

[...] o fato de que novos conhecimentos técnico- científicos de aplicação industrial começaram, por um processo de transbordamento (spill-over) das atividades de pesquisa, a resultar em novas empresas de base tecnológica (GARNICA E TORKOMIAN (2009, p. 626).

Surgem então as políticas de gestão tecnológicas do setor acadêmico para assegurar os interesses dos acadêmicos e empresas, minimizando conflitos e maximizando o uso das tecnologias geradas (GARNICA; TORKOMIAN, 2009).

Conforme Segatto-Mendes e Sbragia (2002 apud GARNICA; TORKOMIAN, 2009, p. 626):

[...] foram criadas estruturas organizacionais dentro das universidades ou mesmo associadas a elas para gerenciar a propriedade intelectual e a

transferência de tecnologia. Isso, devido ao alto grau de especificidade e complexidade exigidas no processo colaborativo universidade e empresa, no qual se verificam barreiras à sua cooperação. Como barreira à sua colaboração os autores citam a extensão do tempo de projetos, grau de incerteza, a pesquisa fundamental da universidade, diferentes filosofias de administração das organizações e excesso de burocracia nas estruturas acadêmicas.

A instituição universitária pesquisada atua no ensino, pesquisa e extensão. Desatacando também a arte e a cultura como parte de sua atuação acadêmica. A UFSC, no ensino, seus níveis de formação vão desde o ensino básico, passando pela graduação até a pós-graduação. Na pesquisa, destaca-se entre as dez melhores universidades do país, num universo de aproximadamente 100 universidades e de 1.000 instituições de ensino superior brasileiras. Ocupa essa posição devido à boa titulação do seu corpo docente, pela qualidade de seus cursos de graduação e pós- graduação, pela qualificação do corpo técnico-administrativo em educação de apoio à pesquisa, e pelo volume de sua produção científica e forte relacionamento com empresas e arranjos produtivos em Santa Catarina e no país (UFSC, 2010).

A UFSC tem forte tradição em pesquisa nas áreas: Química, Engenharia Mecânica e Elétrica, Direito e Farmacologia. Tem se sobressaído nas áreas de Antropologia, Educação, Enfermagem, Física. Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, Ciência e Engenharia de Materiais, Engenharia Química, Engenharia de Alimentos, Geografia, Sociologia, Letras, Literatura, Odontologia e Psicologia (UFSC, 2010).

Outras áreas na UFSC também envolvem pesquisadores mais jovens se destacam como: Engenharia de Automação de Sistemas, Recursos Genéticos Vegetais, Aquicultura, Farmácia, Bioquímica, Botânica, Ciências Médicas e Biotecnologia. Segundo a UFSC (2010), esta excelência é materializada na qualidade de seus programas de pós- graduação e nos projetos de grande vulto obtidos pelos pesquisadores através do INCT, PRONEX, FINEP e RHAE, tema deste estudo. Além de inúmeras parcerias nacionais e internacionais realizadas (UFSC, 2010).

Recebe apoio de fundações de apoio em atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) e na implementação de práticas de extensão com a sociedade. São elas: Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão (FAPEU), Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC), Fundação de Estudos e Pesquisas Sócio-Econômicos (FEPESE) e Fundação José Arthur Boiteux.

A extensão universitária é definida como um processo educativo, cultural e científico, que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a sociedade. Considera que a extensão leva o conhecimento produzido na Universidade para a comunidade externa. No ensino, a evolução da pós-graduação representou um grande avanço na geração e na difusão do conhecimento (UFSC 2010).