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Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia (C&T)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

2.1.3 Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia (C&T)

Conforme demonstra o Quadro 1, com base em Avellar (2007), a política de ciência e tecnologia adequada ao Brasil até o início da década de 1990 estava mais direcionada para a consolidação da infraestrutura de pesquisa do que para programas de financiamento direto às empresas ou à formação de redes de cooperação entre empresas e institutos de pesquisa e universidades.

Porém, segundo a autora, a partir de 1990 surge uma nova política de C&T, deixando o foco de montagem da infraestrutura de pesquisa para buscar uma maior integração com a política industrial e a criação de programas de capacitação tecnológica.

Quadro 1: Ações de Fomento para pesquisa e inovação no Brasil

Períodos Foco Política de Ciência e Tecnologia no Brasil

Períodos Foco Política de Ciência e Tecnologia no Brasil Até o início década de 1990 direcionada para a consolidação da infraestrutura de pesquisa do que para programas de financiamento direto às empresas ou à formação de redes de cooperação entre empresas e institutos de pesquisa e universidades

financiamento da pesquisa básica e da pós- graduação e da Capes, com vistas à pós- graduação

1952: criação do BNDES, objetivando financiar empreendimentos que tornassem amplo a competitividade do país 1962: criação da Fundação e Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no contexto estadual

1967: criação da FINEP, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, pondo em foco os programas de fomento à P&D de empresas privadas

A partir de 1990

Surge uma nova política de C&T, deixando o foco de montagem da infraestrutura de pesquisa, para buscar uma maior integração com a política industrial, visando estimular diretamente as empresas com a criação de programas de capacitação tecnológica

1992: o MCT apresentou um “Programa para apoiar a Capacitação Tecnológica Industrial” (Pacti) com objetivo de lançar novos projetos e de coordenar as iniciativas públicas que se encontravam dispersas. Os instrumentos de política a serem desenvolvidos foram:

Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (PDTI) e Agropecuário (PDTA)

Programa Apoio à inovação tecnológica nas pequenas e médias indústrias, denominado de “Projeto Alfa”

Programa de Apoio aos projetos cooperativos entre universidades e indústrias, “Projeto Omega”

Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas (PNI) e

Programa de Gerenciamento e Competitividade Tecnológica (PGTec)

Fonte: Adaptado de Avellar (2007, p. 87-88)

Outras importantes instituições públicas de pesquisa completam o Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico como: a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), bem como o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) da Eletrobras (POSSAS, 2003; SALLES;

ASENCLEVER, 1999; SUZIGAN; FURTADO, 2006 apud AVELLAR, 2007).

A principal característica da política tecnológica, desde meados de 1990, tem sido o apoio às grandes empresas, concentrado em incentivo fiscal e financiamento direto; o apoio financeiro direto às empresas de pequeno e médio porte, seja por meio de crédito ou de capital de risco e o apoio a projetos cooperativos entre empresas e universidades a partir de recursos dos fundos setoriais (BASTOS, 2004

apud AVELLAR, 2007).

Nos anos recentes houve avanços significativos, pois desde meados dos anos 2000, os recursos financeiros destinados a CT&I elevaram-se, tanto em quantidade quanto em qualificação dos recursos humanos, nas diversas áreas do conhecimeno, ampliando a infraestrutura de P&D com a desconcentração e a redução de assimetrias regionais, inserindo a ciência brasileira no cenário internacional (MCTI, 2011).

Porém, ressalta o MCTI (2012) que os 20 anos de recessão levaram o setor privado a inovar pouco para o mercado e a adotar uma cultura passiva em relação à transferência de tecnologia, o que só começa a mudar mais recentemente.

Assim, ao tratar do conhecimento necessário para buscar a mudança dessa cultura passiva, é necessário referir-se

[...] ao conhecimento sua geração e seu uso pela sociedade, estamos falando de uma variedade de atividades que vão desde a geração do conhecimento puro (ciência) e aplicado (tecnologia) até a capacidade de, a partir dele, produzir riqueza (inovação) (STEINER, 2006, p. 75).

Para Steiner (2006), é fundamental que as pessoas, no uso da cidadania, possam usar o conhecimento de forma proveitosa e produtiva. Ou seja, a educação de qualidade em todos os níveis é essencial para melhoria da qualidade de vida.

Qualidade de vida esta que se vincula ao aumento da expectativa de vida, ao crescimento e à riqueza das nações, e é possível por meio do desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação (TORRESI, PARDINI; FERREIRA, 2010). Concordam com esse pensamento Silveira e Bazzo (2009, p. 682) quando afirmam que:

A tecnologia tem se apresentado como o principal fator de progresso e de desenvolvimento. No paradigma econômico vigente, ela é assumida como um bem social e, juntamente com a ciência, é o meio para a agregação de valores aos mais diversos produtos, tornando-se a chave para a competitividade estratégica e para o desenvolvimento social e econômico de uma região.

Ressaltam, porém, que o mundo demonstra depender cada vez mais do conhecimento científico e tecnológico e que a concepção clássica das relações entre ciência, tecnologia e sociedade, muitas vezes é uma concepção essencialista e triunfalista. Para eles, nesta visão, supõe-se que: mais ciência produz mais tecnologia que gera mais riqueza e, consequentemente, mais qualidade de vida, ou seja, bem-estar social (SILVEIRA; BAZZO, 2009).

Na concepção de Silveira e Bazzo (2009), para que se tenha um desenvolvimento científico e tecnológico que exclua menos, faz-se necessário levar em conta os reais problemas da população, os riscos técnico-produtivos e a mudança social. O que demonstra a importância da preocupação com o entorno que envolve a sociedade. Faz-se necessário a gestão das oportunidades e perigos desse desenvolvimento, ou seja, para eles a questão não é tanto se a ciência é boa ou não, mas sim o que se pode melhorar e como.

Tendo como base os fundamentos apresentados e visando uma melhor compreensão acerca do tema de pesquisa, procurou-se entender a seguir pesquisa e inovação neste estudo.