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Políticas públicas para o desenvolvimento

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

2.1.2 Políticas públicas para o desenvolvimento

Na concepção de Steiner (2006), o cenário desejável para as próximas décadas é o de crescimento econômico combinado com a

redução das desigualdades sociais e a sustentabilidade do planeta. Para tanto, investir no conhecimento é fundamental. O ponto a destacar aqui não é o de como ampliar as formas de aumentar a capacidade do país de gerar conhecimento, mas sim de como transformar conhecimento em riqueza e bem-estar para a sociedade. Para o autor, o reforço nas políticas públicas para aumento da capacidade de inovação e a fixação de pesquisadores nas empresas contribuem para esse processo.

Para manter a competitividade tecnológica e econômica, no Brasil, as empresas estão se estruturando melhor, e as políticas públicas estão sendo desenvolvidas para dar suporte aos processos de inovações tecnológicas (SILVEIRA; BAZZO, 2009).

Isso porque, apesar dos avanços científicos no país nas últimas décadas, suas consequências econômicas são ainda muito limitadas. Há a necessidade premente de transformar o conhecimento gerado no país em bens tangíveis para a sociedade. Independentemente de qual partido político assumir a presidência do Brasil, é necessário avançar em políticas públicas para que o sistema de CT&I possa contribuir para o desenvolvimento econômico e social (TORRESI; PARDINI; FERREIRA, 2010).

Na Figura a seguir é possível verificar as políticas de estado e seus principais atores institucionais:

Figura 1: Políticas de estado – principais atores

Fonte: Panizzi (2009)

Para dar andamento às políticas de estado e aos seus principais atores institucionais, as universidades, institutos e empresas além da consolidação dos fundos setoriais, da Lei de Inovação4 e da Lei do

4 Lei de inovação: Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências.

Bem5, do fomento ao empreendedorismo, das incubadoras, dos parques tecnológicos e das medidas fiscais que promovam a inovação, para Silva (2005), deve-se levar em conta o fenômeno da globalização da tecnologia. Pois as empresas de todos os portes estão sentindo os efeitos da globalização dos mercados. Esse fenômeno é capaz de criar oportunidades de investimento em P&D no Brasil e as políticas públicas não podem deixar de explorar tais oportunidades.

Uma política pública recentemente lançada pelo Governo Federal é o programa “Ciências sem Fronteiras”, que prevê a utilização de até 101 mil bolsas de intercâmbio para estudantes e pesquisadores brasileiros (CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS, 2012).

Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC. O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no Programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de

5 Lei do Bem: A Lei n. 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como Lei do Bem, em seu Capítulo III, artigos 17 a 26, e regulamentada pelo Decreto n. 5.798, de 7 de junho de 2006, que consolidou os incentivos fiscais que as pessoas jurídicas podem usufruir de forma automática desde que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

empresas recebam treinamento especializado no exterior.

Observa-se a possibilidade do governo investir em desenvolvimento por meio da inovação, buscando uma nova política industrial. Com o programa “Ciências sem Fronteiras”, os estudantes e os pesquisadores do Brasil poderão conhecer as melhores universidades do mundo no exterior e também atrair novos talentos para o país.

Essa é apenas uma das atuais políticas públicas do governo federal incentivando as carreiras consideradas estratégicas para a ciência, a tecnologia e a inovação e a capacitação de recursos humanos como desenvolvimento.

Em se tratando de capacitação de recursos humanos, destaca-se a atual política pública de incentivo à capacitação de recursos humanos, gerenciada pelo CNPq, por meio do Programa RHAE – Pesquisador na empresa, tema desta pesquisa. Isso porque, considerando-se a globalização do mercado, as empresas têm procurado adaptar-se às necessidades de um novo perfil de clientes.

Dentro da política de desenvolvimento do país, faz-se necessário também incluir a conservação do meio ambiente, já que a biodiversidade está diminuindo a cada dia e o desmatamento da Amazônia cresce a cada minuto. As políticas públicas devem estar voltadas para o desenvolvimento de materiais, que têm como objetivo um ambiente sustentável, oriundos de fontes renováveis, de novos processos de produção de fármacos e os produtos químicos devem ser ambientalmente recomendáveis.

A conservação do meio ambiente deve ser inserida urgentemente dentro de uma política de desenvolvimento do país, pois a biodiversidade está diminuindo a cada dia, por exemplo, com a ampliação das áreas cultivadas e a destruição dos corais pela poluição. Como resultado, muitos produtos naturais potenciais estão sendo perdidos e, dentro deste contexto, é imprescindível o monitoramento do desmatamento da Amazônia e de outros biomas seriamente ameaçados. É desejável implementar políticas para desenvolvimento de novos materiais mais adequados a um ambiente sustentável, oriundos de fontes renováveis, de novos processos de produção de fármacos e produtos químicos intermediários, ambientalmente recomendáveis

(TORRESI; PARDINI; FERREIRA, 2010, p 1629, grifo nosso).

Para os autores, a reivindicação de uma política pública de financiamento à ciência, à tecnologia e à inovação, que não sofresse descontinuidade por troca de governo, seria um ponto importante para gestão de oportunidades no desenvolvimento científico do Brasil (TORRESI; PARDINI; FERREIRA, 2010). Na compreensão deles, isso se concretizou e, nos últimos anos, a configuração do fomento à pesquisa foi modificada radicalmente a partir da implementação dos fundos setoriais, em que a FINEP, o CNPq e a CAPES tiveram seus recursos para fomento e bolsas aumentados, assim como as fundações de apoio a pesquisa que expandiram sua participação no fomento nos estados e, atualmente, passaram a fazer convênios com as agências federais e entre as próprias fundações, levando recursos para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação para todos os pesquisadores (TORRESI; PARDINI; FERREIRA, 2010).

Contudo, pode-se constatar a necessidade de buscar para as próximas décadas políticas públicas que combinem crescimento econômico em sintonia com a redução das desigualdades sociais e com a sustentabilidade, incentivando o empreendedorismo como fator de desenvolvimento e a fixação de pesquisadores universitários nas empresas, transformando conhecimento em riqueza e em qualidade de vida para toda sociedade.