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4.1 SOCIEDADE MOVIDA PELA INFORMAÇÃO

4.1.2 A era da Informação

4.1.2.3 A busca pela identidade

Foi o tempo em que as pessoas eram classificadas de acordo com a posição de classe em que ocupavam na sociedade. As próprias classes estão se dividindo em unidades menores. A cada dia surgem novos estilos de vida e a situação financeira das pessoas em geral não reflete mais a sua identidade, uma prova de que os fatores econômicos estão perdendo importância. O estilo de vida está sendo determinado por aquilo que a pessoa pensa, acredita, espera e busca durante a vida. Transformou-se numa forma de expressão.

A sociedade atual por sua vez bombardeia o indivíduo com um conjunto de alternativas que parecem incentivar o colapso do consenso. Os sociólogos dizem que a maioria dos estilos de vida nascem com a ajuda de um ídolo, um artista. Eles se tornam heróis e conseguem conquistar milhares de seguidores com uma imensa necessidade de encontrar uma identidade psicológica que corresponda o modo como eles enxergam o mundo. Um movimento que Toffler (1970, p. 250) prefere chamar de fábricas que vendem estilos de vida :

Se figuras carismáticas podem se tornar lançadoras de estilos, os estilos por sua vez são lançados e vendidos ao público pelas subsociedades ou grupos tribais que já chamamos de subcultos. Retirando sua matéria-prima simbólica dos meios de comunicação de massa, eles de uma certa forma agrupam as formas mais esquisitas de vestuário, opinião e expressão, transformando-os num pacote coerente: um modelo de estilo de vida. Uma vez conseguido um modelo em particular, passam, como qualquer boa empresa, para o estágio do merchandising. E encontram seus fregueses. Os estudiosos afirmam que na sociedade pós-moderna em que as pessoas se sentem cada vez mais sozinhas, em que a comunicação virtual desafia o diálogo e a interação capaz de provocar um calor humano através do contato direto entre os indivíduos, existe certo desespero quase universal de pertencer a alguma coisa ou algum lugar. Ser membro de alguma tribo, se vincular a uma ideologia, proporciona a sensação de ser parte de uma célula social, de estar incluso na sociedade. Isso explica o crescimento do número de pessoas que buscam se filiarem às religiões nos últimos tempos.

Mais importante do que a crescente indústria de potencial humano é o movimento evangélico cristão. Apelando para os segmentos mais pobres e menos instruídos do público, fazendo o uso sofisticado do rádio e da televisão de alta-potência, o movimento dos renascidos está se avolumando. Os propagandistas religiosos, subindo ao palanque, mandam seus adeptos lutarem pela salvação numa sociedade que eles descrevem como decadente e condenada. (TOFFLER, 1980, p.360).

O grupo ou tribo oferece afeto, amizade, atenção, mas também cobra fidelidade dos participantes. O problema é que os princípios básicos são colocados em questão a todo o momento pela sociedade por conta das transformações e o indivíduo se vê diante de um novo cenário social que exige mais uma vez uma nova escolha de um outro estilo de vida.

[...] Nos inclinamos para um lado e para o outro. Um novo amigo, uma nova moda ou idéia, um novo movimento político, algum novo herói saído das profundezas dos veículos de comunicação de massa, e muitos poderosos tudo isso nos atinge com uma força particular em tal momento, estamos mais abertos , mais incertos, mais preparados para que alguém, ou algum grupo, nos diga o que fazer, como nos comportar. (TOFFLER, 1970, p.256). Estar entre essa frenética oscilação de comportamento de busca pode provocar uma crise existencial, uma mudança de personalidade. As pessoas tentam encontrar respostas sobre

caminho complicado que exige uma boa dose de autoconhecimento. No caso específico da Internet as pessoas carentes de comunicação e auto-expressão têm a chance de vencer barreiras. Contudo, a noção do real pode contra atacar. Quem decide inventar uma nova identidade virtual que contrapõe a personalidade real pode sofrer por não conseguir ser aquilo que realmente deseja e que tenta expor no mundo on-line. Os críticos sociais condenam a desumanização das relações sociais que foram trazidas pelos computadores. Para muitos a vida virtual parece ser uma forma fácil de fugir da vida real e a pessoa se empenha numa busca por uma identidade que só existe diante da tela.

Uma sociedade que esteja se fragmentando rapidamente ao nível dos valores e estilos de vida desafia todos os velhos mecanismos de integração e clama por uma base totalmente nova de reconstituição. Nós ainda não encontramos, de forma alguma, essa base. No entanto, se vamos enfrentar problemas tão perturbadores de integração social, termos que nos defrontar com problemas ainda mais torturantes de integração individual. Pois a multiplicação de estilos de vida desafia nossa capacidade de manter o próprio eu íntegro. (TOFFLER, 1970, p. 259).

Na busca pela identidade precisamos entender melhor as responsabilidades que temos diante de nós enquanto indivíduos, cidadãos, membros de uma empresa, de uma família. Faz- se necessário entender até que ponto nossa decisão na busca por um estilo irá influenciar a vida das pessoas que estão em nossa volta e que dependem de nós.

A confusão de conceitos tem atacado principalmente a família. A figura do patriarca que até pouco tempo provia sustento familiar foi enfraquecida, as mulheres conquistaram a liberdade e invadiram o mercado de trabalho promovendo, assim, mudanças drásticas na estrutura familiar. A relação entre homens, mulheres e crianças está passando por constantes redefinições e o acesso à informação tem mudado a mentalidade dos adolescentes. Todos esses aspectos contribuem para que as pessoas mudem a cada dia sua forma de lidar com as situações, com os problemas do dia-a-dia e com as pessoas que fazem parte do cotidiano, que compartilham certa convivência social.