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4.4 INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

4.4.2 Comunicação Interativa em ascensão

A integração das mídias numa rede capaz de conectar pessoas do mundo inteiro numa grande teia informacional é um marco histórico na linha do tempo da comunicação. Primeiro foi criado o alfabeto por volta de 700 anos a.C. na Grécia. A escrita tornou possível registrar a comunicação verbal. Depois veio a invenção da imprensa seguida pela cultura do audiovisual agregando som através do rádio e imagens fotográficas por meio da fabricação do papel, que incentivou a produção e o armazenamento de conhecimento. Já o cinema e a televisão surgiram para despertar nas pessoas à comunicação sensorial. Agora no século XXI, as nações descobrem um novo tipo de comunicação que se propaga através da rede a comunicação aliada à interatividade.

A comunicação interativa pressupõe que haja necessariamente intercâmbio e mútua influência do emissor e receptor na produção das mensagens transmitidas. Isso quer dizer que as mensagens se produzem numa região em que emissor e receptor trocam continuamente de papéis. Lúcia Santaella15 destaca que há pelo menos quatro tipos principais de processos da comunicação interativa:

1) Comunicação face-a-face: a conversação, o diálogo vivo entre pessoas sempre foi

considerado como a forma de realização mais perfeita da interação comunicativa. Numa conversa entre duas pessoas elas não apenas se revezam, respondendo uma a outra, mas também modificam sua interação dependendo das trocas anteriores;

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2) Comunicação epistolar: na forma epistolar, os participantes não compartilham o

mesmo sistema de referências espaço-temporal, por isso, esse tipo de interação exige a inclusão de dados contextuais para suprir a falta de componentes semióticos. Sofre dos limites da linguagem escrita e do largo espaço de tempo entre a emissão e a recepção podendo ser tão lenta a ponto de anular sua potencialidade interativa;

3) Comunicação telefônica: dentre todos os meios modernos de comunicação, ante-

riores ao advento das redes telecomunicacionais, o único meio interativo era o tele- fone. Trata-se, entretanto, de um meio semioticamente univalente, que faz uso de um único sistema de emissão de sinais, a voz. Na terminologia da McLuhan, o telefone é um meio quente, pois exclui qualquer possibilidade de coexistência dos vários sentidos humanos, centralizando-se em apenas um deles, a voz;

4) Comunicação mediada por computador: através de instrumentos materiais (tela,

mouse, teclado) e imateriais (linguagem de comando), o receptor se transforma em usuário e organiza sua navegação como quiser em um campo de possibilidades cujas proporções são suficientemente grandes para dar a impressão de infinitude, especialmente no ciberespaço as formas de interatividade são muitas e apresentam uma variedade de aplicações.

A comunicação interativa provocou profundas mudanças nos esquemas clássicos de comunicação, transformando o estatuto do emissor que não mais emite simplesmente as mensagens como também constrói um sistema com rotas de navegação e conexões, a natureza da mensagem que não é mais fechada e agora pode ser reorganizada, recomposta e modificada oferecendo um leque de possibilidades entre os interlocutores e por fim o papel do receptor através da participação e intervenção.

Mudanças que podem ser comprovadas através da interação homem-máquina. Desde os programas computacionais apareceram, há algumas décadas, foram chamados de multimeios interativos. Uma denominação que foi se tornando cada vez mais presente até ser consagrada com o aparecimento da Web. Conseguir reunir as modalidades escrita, oral e audiovisual da comunicação humana num único meio de comunicação o computador, como acontece na Internet, está revolucionando o relacionamento entre as pessoas e conseqüentemente influenciando a cultura global.

[...] A integração potencial do texto, imagens e sons no mesmo sistema interagindo a partir de pontos múltiplos, no tempo escolhido (real ou atrasado) em uma rede global, em condições de avesso aberto e de preço acessível muda de forma fundamental o caráter da comunicação. E a comunicação, decididamente, molda a cultura porque, como afirma Postman nós não vemos... a realidade... como ela é, mas como são nossas linguagens. E nossas linguagens são nossos meios de comunicação. Nossos meios de comunicação nossas metáforas. Nossas metáforas criam o conteúdo de nossa cultura . Como a cultura é mediada e determinada pela comunicação, as próprias culturas, isto é, nossos sistemas de crenças e códigos historicamente produzidos são transformados de maneira fundamental pelo novo sistema tecnológico e o serão ainda mais com o passar do tempo. (CASTELLS, 2000, p.414).

A interatividade que vem sendo tão amplamente explorada pela geração digital é um conceito recente que surgiu no contexto das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) e vem sendo utilizado para explicar os processos comunicacionais desenvolvidos na Internet. Segundo Silva (1998, p.29), a interatividade está na disposição ou predisposição para mais interação, para uma hiper-interação, para bidirecionalidade - fusão emissão-recepção -, para participação e intervenção . Interatividade então, não é um processo onde há apenas um ato de troca, nem se limita à interação digital, é a atitude de interromper o diálogo, é estar disposto a falar, ouvir, argumentar e estar conscientemente pronto para continuar o processo de comunicação. Domingues (2002 p. 111-112) destaca que na rede a interatividade é capaz de permitir entre tantas outras coisas:

Envio mensagens que ficam disponíveis sem valores hierárquicos; Realização de ações colaborativas na rede;

Experimentação da tele presença; Visualização de espaços distantes; A ação em espaços remotos;

Possibilidade de coexistir em espaços reais e virtuais;

Circulação em ambientes inteligentes através de sistemas de agentes; Interação em ambientes que simulam vida e se auto-organizam;

Chance de pertencer a comunidades virtuais com interação e por imersão em ambientes virtuais de múltiplos usuários.

Além do desempenho de tarefas pessoais e profissionais, o uso da Comunicação Me- diada por Computador já alcança toda a esfera das atividades sociais. As agências bancárias registram uma alta adesão de clientes que utilizam serviços on-line, as compras pela internet também estão explodindo e há quem afirme que daqui a alguns anos certas lojas tradicionais como livrarias, lojas de discos e quem sabe até mesmo revenda de automóveis irão desaparecer ou serão completamente transformadas pela concorrência do mercado on-line.

A comunicação mediada por computador está mudando a rotina das pessoas, mas a maior transformação pode ser notada principalmente no campo da educação. As universidades estão, devagar e sempre, entrando numa era de articulação entre a interface pessoal e o ensino on-line, disponibilizando conteúdos através da rede, permitindo e incentivando o acesso às pesquisas pelas bibliotecas virtuais. É interessante ressaltar que a própria difusão da Internet, teve origem nas universidades no início dos anos 1990. O processo foi decisivo para a propagação da comunicação eletrônica pelo mundo, já que os jovens que estão nesses centros educacionais podem ser considerados os principais agentes das inovações sociais porque de

geração em geração, eles aprendem novas formas de administrar, atuar, pensar e se comunicar levando consigo a mensagem do novo meio para a sociedade em geral.

Atualmente, os milhões de usuários da Internet conseguem cobrir todo o espectro da comunicação humana. Na rede, comunidades virtuais, sítios, homepages, blogs e tantos outros formatos de interação se transformaram em espaços para que as pessoas possam discutir, criticar e analisar a política, a cultura, a música, a religião, o sexo, a educação, a saúde e diversos assuntos ligados a seu próprio país e ao mundo. Analisando a velocidade de penetração da Internet, Castells (2000, p. 439) afirma que para chegar às casas, nas empresas, nas instituições de ensino e governo, a Web foi o meio de comunicação mais veloz da história. Enquanto o rádio levou 30 anos para atingir 60 milhões de pessoas nos Estados Unidos, a TV alcançou esse nível de difusão em 15 anos e a Internet conseguiu tal penetração em apenas três anos após a criação da teia mundial, como prefere chamar a rede. Ele destaca que o resto do mundo está atrasado em relação à América do Norte e os países desenvolvidos, mas lembra que apesar do acesso à Internet e seu uso permanecer tão veloz nos principais centros metropolitanos estar á frente faz uma grande diferença:

[...] o acesso à Internet e seu uso estão (grifo nosso) alcançando rapidamente os principais centros metropolitanos de todos os continentes, contudo, não deixa de ser importante quem teve acesso primeiro, e a quê, porque, ao contrário da televisão, os consumidores da Internet também são produtores, pois fornecem conteúdo e dão forma à teia. Assim, o momento de chegada tão desigual das sociedades à constelação da Internet terá conseqüências duradouras no futuro padrão da comunicação e da cultura mundiais.

Os brasileiros já adotaram de forma espantosa a comunicação via internet, estão entre as pessoas que mais permanecem conectadas à rede em quantidade de horas de acesso, porém, somos grandes consumidores. A maior parte das tecnologias continua sendo desenvolvida bem longe do território nacional.