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A Constituição de 1988 e LDB de 1996

No documento Tese Doutoramento Petronilia Teixeira (páginas 68-72)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Pressupostos históricos e político-legais da educação brasileira

2.1.8. A Constituição de 1988 e LDB de 1996

A Constituição brasileira de 1988, depois da Assembleia Constituinte que é o órgão encarregado de elaborar uma nova Constituição para o país, considerada como Cidadã, promulgada após intensa participação popular, estabelece os seguintes objetivos: “construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art. 3º).

Como fundamentos do Estado democrático de direito o texto constitucional afirma a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Os direitos sociais incluem educação, saúde, moradia, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados (art. 6º).

Os direitos dos trabalhadores especificam conquistas sociais que em nada diferem das democracias populares socialistas e as democracias progressistas do chamado primeiro mundo.

10 Informações retiradas do artigo A Educação no Estado Militar (1964-1985), de Ana Flávia Borges

A cidadania democrática pressupõe a igualdade diante da lei, a igualdade da participação política e a igualdade de condições sócio-econômicas básicas, para garantir a dignidade humana.

A Constituição Federal, no seu art. 211 define a organização do sistema educacional no país: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”.

A Emenda Constitucional 14, no seu art. 3°, definiu de forma objetiva o papel de cada sistema de ensino, atribuindo responsabilidades específicas, mas consolidando o regime de colaboração.

Nesse sentido, o art. 214 da Constituição Federal dispõe que a Lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino nos seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que conduzam a:

I. erradicação do analfabetismo; II. universalização do universo escolar; III. melhoria da qualidade do ensino; IV. formação para o trabalho;

V. promoção humanística, científica e tecnológica do país.

No Brasil, a educação é regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.

As reformas educacionais pombalinas tiveram repercussão modesta no Brasil, e a primeira Constituição (1824), a despeito de proclamar a sua adesão à Declaração Universal dos Direitos do Homem, limitava o direito às “primeiras letras” aos

“cidadãos”, excluindo os escravos e, na prática, os pobres, em suma, a maioria do povo brasileiro.

No período de 1961 a 1996, a organização e estrutura da educação escolar no Brasil foram regidas pela Lei 4.024 de 1961 (a primeira Lei de Diretrizes e Bases - LDB) da educação focalizada acima, pela Lei 5.540 de 1968 (reforma do ensino superior), pela Lei 5.692 de 1971 (reforma do ensino de primeiro e segundo graus) e pela Lei 7. 044 de 1982, que alterou artigos da Lei 5.692/71, referentes ao ensino profissional do segundo grau e, por último, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, apresenta um esforço ao trabalho coletivo e a necessidade de participação e envolvimento da comunidade na gestão da escola.

A LDB, no Artigo 2º do Título II institui os Princípios e Fins da Educação Nacional, conforme se verifica: Art. 2º. “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

O Artigo 3º informa que o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I. igualdade de condições para acesso e permanência na escola;

II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III. pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV. respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII. valorização do profissional da educação escolar;

VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

IX. garantia de padrão de qualidade;

XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (Lei nº 9.394/1996).

O art. 9° da LDB – A União incumbir-se-á de:

I. elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

No art. 87 da LDB é instituída a Década da educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta lei.

§ 1° A União, no prazo de um ano de publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial de Educação para Todos.

Art. 21. A educação escolar compõe-se de:

I. Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e médio;

II. “Educação Superior”.

É importante ressaltar que o período de atendimento do Ensino Fundamental foi alterado pela Lei Federal nº 11.274/06, em seu art. 3º, dá nova redação ao artigo 32 e 87, § 3º, inciso I da LDB, ampliando a duração do Ensino Fundamental: “O ensino fundamental obrigatório, com duração de nove anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 06 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão.” O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, supletivamente a União, devem matricular todos os educandos a partir de 06 anos de idade no ensino fundamental.

Em se tratando das disposições legais da gestão democrática da educação brasileira achou-se importante ressaltar que a nossa educação é estruturada também nas considerações oriundas da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI,

na qual se observa as seguintes determinações: a educação deve cumprir um triplo papel: econômico, científico e cultural; a educação deve ser estruturada em quatro alicerces: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver e; aprender a ser (diretrizes gerais orientadoras da proposta curricular) incorporadas nas determinações de Lei nº 9.394. Estas são as quatro premissas apontadas pela UNESCO como eixos estruturais da educação na sociedade contemporânea.

2.1.9. Políticas de financiamento da educação do Brasil - FUNDEF/FUNDEB

O Brasil tem, hoje, como recurso para financiamento da educação brasileira o FUDEB, que é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Anteriormente seria o FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério. Os dois fundos, respectivamente, possuem a mesma lógica que encaminha para uma conta única as arrecadações dos impostos estaduais e federais pertencentes constitucionalmente ao Governo estadual e às Prefeituras de cada unidade da federação.

O FUNDEB consiste em uma redistribuição, entre Governo estadual e as prefeituras de cada Estado, de 20% dos principais impostos vinculados, com base no número de matrículas estaduais (Ensino Fundamental – regular e Educação de Jovens e Adultos - EJA, no Ensino Médio – regular e EJA) e municipais (na Educação Infantil e no Ensino Fundamental – regular e EJA). O FUNBEB somente se diferencia do FUDEF por acrescentar um recurso novo: a complementação federal (SANTOS, 2009, p. 178-179).

2.1.10. Lei nº. 10. 172 9 de janeiro de 2001.

O Plano Nacional de Educação surgiu em 1962, elaborado já na vigência da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº. 4.024, de1961. Ele não foi proposto na forma de um projeto de lei, mas apenas com uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura, iniciativa essa aprovada pelo então Conselho

No documento Tese Doutoramento Petronilia Teixeira (páginas 68-72)