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Lei nº 10 172 9 de janeiro de 2001

No documento Tese Doutoramento Petronilia Teixeira (páginas 72-77)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Pressupostos históricos e político-legais da educação brasileira

2.1.10. Lei nº 10 172 9 de janeiro de 2001

O Plano Nacional de Educação surgiu em 1962, elaborado já na vigência da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº. 4.024, de1961. Ele não foi proposto na forma de um projeto de lei, mas apenas com uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura, iniciativa essa aprovada pelo então Conselho

Federal de Educação. Era basicamente um conjunto de metas quantitativas e qualitativas a serem alcançadas em um prazo de oito anos. Em 1965, sofreu uma revisão, quando foram introduzidas normas descentralizadoras e estimuladoras da elaboração de planos estaduais. Em 1996, uma nova revisão, que se chamou Plano Complementar de Educação, introduziu importantes alterações na distribuição dos recursos federais, beneficiando a implantação de ginásios orientados para o trabalho e o atendimento de analfabetos com mais de dez anos (Plano Nacional de Educação, 2002, p. 14).

A ideia de uma lei ressurgiu em 1967, novamente proposta pelo Ministério da Educação e Cultura e discutida em quatro Encontros Nacionais de Planejamento, sem que a iniciativa chegasse a se concretizar.

Com a Constituição Federal de 1988, cinquenta anos após a primeira tentativa oficial, ressurgiu a concepção de um plano nacional de longo prazo, com força de lei, capaz de conferir estabilidade às iniciativas governamentais na área de educação. O artigo 214 contempla esta obrigatoriedade.

Por outro lado, a Lei nº. 9.394, de 1996, que “estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, determina nos artigos 9º e 87, respectivamente, que cabe à União, a elaboração do plano, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e institui a Década da Educação. Estabelece ainda, que a União encaminhe o Plano ao Congresso Nacional, um ano após a publicação da citada lei, com diretrizes e metas para os dez anos posteriores, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Plano Nacional de Educação, 2002, p. 14).

Em 11de fevereiro de 1998, o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional a Mensagem nº. 180/98, relativa ao projeto de lei que “Institui o Plano Nacional de Educação” (PNE, 2002, p. 15).

O Plano Nacional de Educação define para o âmbito da educação nacional as seguintes diretrizes:

As diretrizes para a gestão e o financiamento da educação; As diretrizes e metas para cada nível e modalidade de ensino e;

As diretrizes e metas para a formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação, nos próximos dez anos.

Desde a Constituição Federal de 1934, havia a determinação de se elaborar um plano nacional para a educação brasileira. Ressalte-se que a Constituição vigente, datada de 1988, em seu artigo 214, foi enfática nessa mesma direção. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, no parágrafo 1º do artigo 87, no capítulo das disposições transitórias, ao instituir a década da educação, retoma a questão com contornos mais definidos: reafirma a obrigatoriedade, define o prazo de um ano a partir da publicação da LDB, manda submeter o plano à aprovação do Congresso Nacional, indica a abrangência de dez anos e atrela as diretrizes e metas à “Declaração Mundial sobre Educação para Todos”, em uma referência ao compromisso firmado pelo Brasil, em 1990, na Conferência de Jomtien, na Tailândia.

Após muito tempo de luta, este foi o primeiro plano submetido ao Congresso Nacional, aprovado e sancionado pelo Presidente da República. É de se lamentar que, por ocasião da sanção presidencial, nove vetos tenham atingido a legislação aprovada no Congresso, incidindo especialmente sobre as questões de financiamento, limitando o papel da União e desconfigurando assim, o PNE, precisamente quanto aos meios para se atingirem as metas e os objetivos aprovados.

A Lei 10.172, de Janeiro de 2001, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), criou em seu artigo 2º uma obrigação para os Estados, o Distrito Federal e os municípios: “A partir da vigência desta Lei, os Estados, o Distrito Federal e os municípios deverão, com base no Plano Nacional de Educação, elaborar Planos decenais correspondentes”.

O Plano Nacional de Educação - PNE tinha uma vigência de dez anos. Este plano não é uma ideia absolutamente nova. Já no Manifesto dos Pioneiros, na década de 1930, compunha a pauta fundante do movimento pedagógico pelo direito à educação. Herdeiros de uma oferta educacional privatista para a elite e fortemente descentralizada e pobre para a imensa maioria inscrita em estabelecimentos públicos de ensino primário, os “Pioneiros” já vislumbravam que somente um esforço coordenado nacionalmente seria capaz de assegurar as condições de financiamento da garantia direta dos insumos, de formação profissional, de carreira, de valorização, de qualidade, de gratuidade, de laicidade e de universalidade exigidos por uma sociedade modernizadora e desenvolvimentista. Por essa razão, a defesa de um plano nacional, há 70 anos, obtém sua validade política e sua necessidade prática.

Os Estados e os municípios ficaram com o desafio de fazer um plano que guarde consonância com o PNE, mas que tenha a marca da autonomia de cada ente da Federação.

A Constituição Federal, no seu art. 211, define a organização do sistema educacional no país: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”.

A Emenda Constitucional 14, no seu artigo 3°, definiu, de forma objetiva, o papel de cada sistema de ensino, atribuindo responsabilidades específicas, mas consolidando o regime de colaboração.

O artigo 214 da Constituição Federal menciona que a Lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino nos seus diversos níveis e a integração das ações do poder público que conduzam a:

I. erradicação do analfabetismo; II. universalização do universo escolar; III. melhoria da qualidade do ensino; IV. formação para o trabalho;

V. promoção humanística, científica e tecnológica do país.

Quanto ao artigo 9° da LDB contempla que a União incumbir-se-á de:

I. elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

No artigo 87 da LDB é instituída a Década da educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta lei.

§ 1° A União, no prazo de um ano de publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial de Educação para Todos.

O Plano Nacional de Educação – PNE, sancionado em 09 de janeiro de 2001, oferece um diagnóstico bastante completo e bem fundamentado acerca da importância e pertinência de eleger o ensino médio enquanto objeto de estudo e de reflexão.

Inicia considerando que, devido ao “processo de modernização em curso no País, o ensino médio tem um importante papel a desempenhar. Tanto nos países desenvolvidos quanto nos que lutam para superar o subdesenvolvimento, a expansão do ensino médio pode ser um poderoso fator para a cidadania e de qualificação profissional” (PNE, 2001). Prossegue destacando o sensível aumento observado em relação ao crescimento de matrículas, neste nível de ensino, principalmente no que se refere àqueles que estão matriculados na rede pública estadual.

Em abril de 2010, na cidade de Brasília, foi lançada a Conferência Nacional de Educação – CONAE 2010 – objetivando discutir a construção do Sistema Nacional de Educação envolvendo a participação de toda a sociedade civil organizada.

2.1.11. Reformas educacionais nacionais para o ensino médio – bases legais que dão

No documento Tese Doutoramento Petronilia Teixeira (páginas 72-77)