SEÇÃO 2 DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-AMBIENTAL DAS
4.2 A CONTRIBUIÇÃO DA PECUÁRIA NA POLUIÇÃO DA BACIA
A atividade agrossilvopastoril tem sido o principal fator responsável pela intensidade do uso da terra no Paraná. As áreas que sofrem as conseqüências com a agressão do solo são notadas em todo o Paraná, com 87% da área total antropizada e podem ser observadas na Região Oeste com altos índices de 86%, segundo dados do IPARDES (2007). As perturbações no ambiente, no caso específico, pastejo e pisoteio bovino, seguidos pela erosão superficial do solo podem ter sido responsáveis pelos altos índices de área antropizada.
O levantamento e estudos realizados do rebanho, existentes nas microbacias, demonstram que o plantel de aves é quantitativamente mais expressivo. Essa é uma característica local que difere das outras regiões do estado. A Microbacia Santa Rosa apresentou 14.085 aves na amostra realizada, seguida pelo rebanho bovino com 124 animais e 41 suínos. Na Microbacia Xaxim existe um plantel de 51.315 aves, 1024 bovinos e 985 suínos (ITAIPU, 2007b).
Porém, uma das atividades pecuárias mais impactantes ainda é a suinocultura, pelo volume e qualidade dos seus dejetos. Portanto, faz-se necessário dar especial atenção a essa atividade, ainda que o número de animais não seja elevado, mas seus dejetos resultavam em poluição direta nos cursos d’água antes da implantação desse programa.
Os dados do relatório SIG@LIVRE Itaipu (ITAIPU, 2007b), mostram que existem 985 suínos na Microbacia Xaxim e 41 na Microbacia Santa Rosa, ainda é possível observar sua distribuição por categorias, nas Tabelas 2 e 3.
TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO GERAL DA SUÍNOCULTURA MICROBACIA XAXIM DISTRIBUIÇÃO DAS PROPRIEDADES POR SISTEMA DE PRODUÇÃO
Unidade Prod. Leitões Ciclo Completo Terminação Total
1 9 31 41
DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS POR SISTEMA DE PRODUÇÃO
Unidade Prod. Leitões Ciclo Completo Terminação Total
1 808 176 985
Fonte: Dados brutos de Itaipu, 2007b.
TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO GERAL DA SUÍNOCULTURA NA MICROBACIA SANTA ROSA DISTRIBUIÇÃO DAS PROPRIEDADES POR SISTEMA DE PRODUÇÃO
Unidade Prod. Leitões Ciclo Completo Terminação Total
0 1 1 2
DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS POR SISTEMA DE PRODUÇÃO
Unidade Prod. Leitões Ciclo Completo Terminação Total
23 8 10 41
Fonte: Dados brutos de Itaipu, 2007b.
Devido à natureza do impacto e ao grau de poluição que a suinocultura acarreta, foi
estimada a quantidade de dejetos e sua disposição final. Para cada animal, foi estimado o
fêmeas em maternidade, foram estimados 27L/d de dejetos, 16 L/d para suínos em
terminação, 9L/d para reprodutores, e 1,4 L/d para leitões em creche, segundo o Programa
Cultivando Água Boa (ITAIPU, 2007b).
Detalhes sobre a distribuição dos suínos nas propriedades da Microbacia Santa
Rosa e da Xaxim são demonstrados nas Tabelas 4 e 5, respectivamente.
TABELA 4 - DISTRIBUIÇÃO GERAL SUÍNOCULTURA E VOLUME DOS DEJETOS NA MICROBACIA SANTA ROSA
DISTRIBUIÇÃO DAS PROPRIEDADES POR PORTE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO
Mínimo Pequeno Médio Grande Exepcional
Ud. Prod. Leitões 0 0 0 0 0
Ciclo Completo 6 0 0 0 0
Terminação 4 0 0 12 0
Total 10 0 0 12 0
DISTRIBUIÇÃO DOS DEJETOS POR CATEGORIA DE PRODUÇÃO Maternidade e
Gestação Leitões em Creche Terminação Suínos em Reprodutores Total L/dia
54 32,2 108 54 248,28
Fonte: Dados brutos de Itaipu, 2007b.
TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO GERAL SUÍNOCULTURA E VOLUME DOS DEJETOS NA MICROBACIA XAXIM
DISTRIBUIÇÃO DAS PROPRIEDADES POR PORTE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO
Mínimo Pequeno Médio Grande Exepcional
Ud. Prod. Leitões 1 0 0 0 0
Ciclo Completo 8 0 0 800 0
Terminação 176 0 0 0 0
Total 185 0 0 800 0
DISTRIBUIÇÃO DOS DEJETOS POR CATEGORIA DE PRODUÇÃO Maternidade e
Gestação Leitões em Creche Terminação Suínos em Reprodutores Total L/dia
21897 2280,6 41142,36 54 65.373,96
Para atender a essa demanda de disposição final de dejetos, foram registrados o alojamento dos animais, o saneamento para esses dejetos e as condições de criação, conforme apresentado no ANEXO III.
Assim, o resultado na área pesquisada da Microbacia Santa Rosa foi de 248 L/dia e 90,52 ton/ano de dejetos suínos. Já na Microbacia Xaxim que possui um plantel maior, 65.373 L/dia, o total de dejetos é de 23.861 ton/ano.
Considerando-se que 65.373 litros eram despejados, diariamente, no rio Xaxim e 248 litros em Santa Rosa, pôde-se compreender, pelo menos, uma das causas da poluição dessas bacias, conforme resultados das Tabelas 4 e 5.
No levantamento das instalações da propriedade, foi dada atenção especial à pocilga. Foram registrados, por exemplo, a área, o tipo de material da construção, a descrição do estado de conservação, se possui canaleta, se os beirais permitem a entrada de água, as condições de drenagem, o método e o período de limpeza.
Ainda no diagnóstico dos dejetos, foram registrados os sistemas de armazenagem, tratamento, transporte e utilização dos dejetos (ANEXO III).
Após análise foram recomendadas medidas específicas no Plano de Controle Ambiental (PCA), o qual foi realizado para cada propriedade, sempre que necessário, foram projetadas e dimensionadas esterqueiras, alocadas no PCA.
O estudo do solo, em cada propriedade, para aplicação dos dejetos suínos, foi levantado e classificado quanto aos aspectos ambientais referentes à: profundidade, textura, ao relevo, pedregosidade, drenagem e ao risco de inundação. Cada gleba foi classificada de acordo com o correspondente risco a que está submetida, em classes de I a V, sendo recomendada a aplicação de dejetos suínos nos solos de classe I e II, preferencialmente. Não é admitida a aplicação de dejetos para as classes IV e V (Tabela 6).
TABELA 6 - CARACTERIZAÇÃO DAS GLEBAS E DO RISCO AMBIENTAL PARA APLICAÇÃO DE DEJETOS
II.2.1 – GRAUS DE RISCO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS DOS SOLOS E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
(1)
Glb (2) Profund (3) Textur (4) Relevo (5) Pedreg (6) Drenag (7) Inund (8) Área (ha)
(9) Classe
2 Ligeiro Moderado Moderado Moderado Nulo Nulo 11,67 II-RE-III-RE3-PD2 1 Moderado Nulo Nulo Nulo Moderado Nulo 2,47 III-PR2,3-HI 2,3-DR3 4 Moderado Ligeiro Forte Moderado Nulo Nulo 1,94 III-RE3-PD2 3 Muito Forte Moderado Muito forte Muito forte Nulo Nulo 21,72 V-PR4-RE4,5-PD5 Fonte: Dados brutos de Itaipu, 2007b.
Nota: Variáveis: (1) Gleba; (2) Profundidade; (3) Textura; (4) Relevo; (5) Pedregosidade; (6) Drenagem; (7) Inundação; (8) Área; (9) Classe
Detectou-se que, nas duas microbacias, não existe nenhuma propriedade que possui licenciamento para a atividade agropecuária (Tabela 7). Assim, os aspectos legais de tratamento dos dejetos não eram observados na maioria das propriedades da bacia.
TABELA 7 - DISTRIBUIÇÃO DAS PROPRIEDADES POR LICENCIAMENTO MICROBACIA XAXIM
Sem licenciamento Licença Prévia Licença de Instalação Licença de Operação Total (L)
40 0 0 0 65373,96
MICROBACIA SANTA ROSA
Sem licenciamento Licença Prévia Licença de Instalação Licença de Operação Total (L)
3 0 0 0 248,2
Fonte: Dados brutos de Itaipu, 2007b.