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SEÇÃO 2 DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-AMBIENTAL DAS

2.2 ANÁLISE DA ÁGUA

Foram avaliados os seguintes parâmetros, de acordo com as metodologias abaixo discriminadas:

Cor: medida com espectrofotômetro digital;

Temperatura do ar: a temperatura do ar foi obtida pela leitura em termômetro de bulbo (mercúrio); Temperatura da água: obtida nos dois extratos coletados via medição por termômetro digital; Oxigênio Dissolvido: medido pelo aparelho eletrônico digital;

pH: medido por aparelho potenciométrico pHmetro digital;

Condutividade elétrica da água: obtida pela utilização de Condutivímetro eletrônico digital;

Alcalinidade total da água: medida pelo método de Gran, proposto por Carmouze (1994), através da acidificação do meio com ácido sulfúrico 0,01N;

Formas carbonatadas da água: foi usado o método proposto por Carmouze (1994), por intermédio da alcalinidade total da água e determinação dos teores de CO2 total, CO2 livre, CO2 equivalente, HCO3

e CO3;

Nitrogênio Total: obtido pelo método proposto por Mackereth et al. (1978), via titulação alcalina em Tiossulfato de Sódio;

Nitrogênio Amoniacal: método proposto por Korollef et al (1976), pela reação com o azul de Indofenol;

Nitrato: será medido pelo método proposto por Mackereth et al. (1978),via redução do Nitrito em cádmio;

Nitrito: obtido conforme metodologia descrita por Strickland e Parsons (1972);

Fósforo total dissolvido: segundo a metodologia descrita por Mackereth et al. (1978), por digestão ácida em ácido sulfúrico;

Fósforo reativo (Ortofosfato): método de digestão ácida, conforme Mackereth et al (1978); Sólidos totais dissolvidos: obtidos via análise gravimétrica, segundo APHA (1998); DBO e DQO: segundo métodos propostos por APHA (1998) (UNIOESTE/ITAIPU, 2004).

Para a Microbacia Santa Rosa, tanto a DBO quanto a DQO foram feitas apenas em algumas amostras, por falta de recursos orçamentários e não foi possível determinar os parâmetros: Fósforo Nitrogênio, Nitrato e Nitrito.

Atenção especial foi dada durante o estabelecimento das Estações de coleta na Microbacia Santa Rosa, definindo-se as estações 1, 3 e 5, que representam, respectivamente, a nascente principal, o trecho médio e final do rio. Nas três estações, foram realizadas análises em todas as vezes que foram feitas coletas. No entanto, para as outras estações (2, 4, 6, 7...), as análises variaram em função da disponibilidade de análises nos laboratórios, mapeando ora a qualidade nas nascentes ou minas, ora no córrego em trechos diferenciados.

ESTAÇÃO 1: A estação de coleta 1 foi escolhida na principal nascente da Microbacia Santa Rosa, no início do curso d’água, situada próxima ao afloramento das primeiras insurgências ou minas d’àgua. A estação (ponto de coleta) estabelecida está cercada por área com mata nativa secundária, em estágio avançado de crescimento, ou mata nativa primária que já recebeu cortes seletivos das espécies comercialmente mais valorizadas.

Portanto, um adequado ambiente com mata ciliar em bom estado de conservação, protegidas as nascentes e o curso d’água, e onde não se observou interferência humana direta. Nesse local, o curso d’água apresenta um regato cristalino de aproximadamente 1,20 cm de largura por 40 a 60 cm de profundidade, com águas claras e de límpidas, quanto à aparência.

FIGURA - MAPA DA HIDROGRAFIA E ESTAÇÕES DE COLETA DA MICROBACIA SANTA ROSA

Fonte: Itaipu, 2007b, adaptado pela autora.

ESTAÇÃO 3: Para a segunda estação, foi determinado, aproximadamente, o curso médio do rio. O local é cercado por mata nativa fechada, com avançado estágio de conservação. No entanto, está situada em local onde existe a bifurcação da estrada, que segue em duas direções distintas. Ali, a água, que vem descendo desde sua primeira insurgência, recebe a influência de diversas propriedades rurais e, nos dias de chuva recebe forte impacto das águas que descem da estrada, em forma de enxurrada, nas mais diversas direções. Considere-se ainda que ocorre uma grande contribuição, devido ao escoamento das águas superficiais que descem da área urbana, do Distrito de Sede Alvorada, com maior enxurrada, carregando detritos, sedimentos e lixo.

ESTAÇÃO 5: A terceira estação foi definida no trecho final da Microbacia Santa Rosa, próxima ao ponto em que deságua no Rio Lopeí. Nesse cenário, encontra-se uma última

estrada com ponte que cruza o rio Santa Rosa. A vegetação existente é típica de banhado, com capim alto, aproximadamente um metro de altura; e algumas pequenas árvores e arbustos em algumas porções de terras mais secas. Existem depósitos de terras colocados à margem da estrada, deixados principalmente no decorrer da construção e manutenção da ponte. A água é geralmente turva, a cor é barrenta, com alto índice de partículas, principalmente de terra, notadas pela sua cor, geralmente, avermelhada.

3 STATUS DAS MICROBACIAS DE ACORDO COM O LEVANTAMENTO

DAS PROPRIEDADES

A fim de se estabelecer a localização de cada uma das bacias, foi necessária, primeiramente, a confecção dos mapas básicos e, a partir deles, foi possível localizar, nas coordenadas, a Microbacia Santa Rosa, segundo o Sistema de Projeção Cartográfica UTM DATUM SAD-69 FUSO 21 SUL: 840000E; 7252000S. Com uma área de abrangência de 1836 hectare (ha) (Figura 29).

É apresentado um zoom da Microbacia Santa Rosa, com as trinta e duas (32) propriedades rurais da área amostrada, as quais foram mapeadas, geoprocessadas e levantadas, além disso, foram registrados 228 ha de área, numa primeira etapa, cujo trabalho ainda encontra-se em execução (Figura 30).

Foi confeccionado o Mapa Base da Microbacia Lajeado Xaxim, a partir das curvas de níveis estabelecidas com sua hidrografia. A área de abrangência da microbacia é de 3.584 ha. Encontra-se do lado direito da rodovia BR 467, sentido Cascavel – Foz do Iguaçu. Localizada segundo o Sistema de Projeção Cartográfica UTM DATUM SAD-69 FUSO 21 SUL: 807000E; 7216000S (Figura 31).

Como um resultado obtido, apresenta-se o mapa do modelo digital da microbacia, no qual é possível ter uma melhor percepção do seu relevo (Figura 32).

Foi elaborado, finalmente, um mapa das 183 propriedades rurais levantadas na Microbacia Lajeado Xaxim, com a conformação da hidrografia em campo, rede viária e obtenção das divisas das propriedades rurais, ao qual o banco de dados registra os atributos associados ao uso e ocupação do solo, de cada uma delas, perfazendo um levantamento de área total de 3.317,78 ha. Os dados obtidos, associados a cada propriedade rural, possibilitam o cruzamento das informações obtidas nos diversos relatórios, com destaque para algumas classes quanto à análise do uso do solo. Assim, com os dados de cada uma das propriedades rurais, em conjunto, neste trabalho, pôde-se obter um panorama do status atual para compreender como ocorre a ocupação da microbacia estudada (Figura 8).

FIGURA 8 - MAPA DA MICROBACIA SANTA ROSA Fonte: Itaipu, 2007b adaptado pela autora.

FIGURA 9 - MAPA DA MICROBACIA SANTA ROSA Fonte: Itaipu, 2007b, adaptado pela autora.

FIGURA 10 - MAPA DA MICROBACIA XAXIM COM ALTIMETRIA E HIDROGRAFIA Fonte: A autora com colaboração de Lorena Stolle, dados brutos da Itaipu, 2007b.

FIGURA 11 - MAPA DO MODELO DIGITAL DA MICROBACIA XAXIM

FIGURA 12 - MAPA DA MICROBACIA XAXIM COM AS PROPRIEDADES LEVANTADAS Fonte: A autora com colaboração de Lorena Stolle, dados brutos da Itaipu, 2007b.

A tecnologia de geoprocessamento permitiu um levantamento e caracterização ambiental das microbacias Xaxim e Santa Rosa, ademais, neste trabalho, compreende-se como fundamental, haja vista ser uma ferramenta que pode: identificar o tipo de uso, calcular a área ocupada e obter uma estimativa da área plantada da produção agrícola. Concordando com Bisneto Melo (2002) quando enfatiza que, com o uso de SIG, no meio rural, o uso do solo pode ser identificado devido a sua forma geométrica, assim este trabalho permitiu observar a localização dos cursos d’água e os ambientes transformados, ou seja, as áreas modificadas pelo homem, pela derrubada das matas para a implantação da agricultura ou pela construção de estradas e áreas urbanas.

O levantamento permitiu observar, entre os dados, as características de cobertura do solo, das Microbacias Xaxim e Santa Rosa, cujos resultados são apresentados a seguir (Tabela 18).

É possível perceber em ambas microbacias que sua atividade é predomimantemente agrícola, com uma pequena produção pecuária. E que a maioria das propriedades rurais são constituidas de pequenas propriedades, com área menor que 30 hectares.

TABELA 1 - CARACTERÍSTICAS DAS MICROBACIAS SANTA ROSA E LAJEADO XAXIM

Número de Propriedades Segundo o Tamanho

Tamanho (ha) < 5 5 – 10 10 - 15 15 - 20 20 – 30 > 30

Santa Rosa 15 6 10 1 0 0

Lajeado Xaxim 20 48 44 18 30 23

Uso e ocupação das Terras Cobertura do Solo (ha) Mata Ciliar existente Mata Ciliar Implantar Reserva Legal Existente Reserva Legal Implantar Área de

Agricultura Pastagem Área de

Santa Rosa 8,26 3,05 13,98 27,13 169,87 11,39

Lajeado Xaxim 324,01 521,52 185,25 357,58 2294,10 473,75

Fonte: Dados brutos de Itaipu, 2007.

Segundo os dados da Tabela 1, é possível detalhar as classes quanto aos tamanhos

das propriedades na área amostrada. Na Microbacia Santa Rosa, observa-se que a maioria (15) das propriedades possui área menor que 5 ha; seis (6) propriedades têm de 5 a 10 ha; dez (10)

propriedades têm área entre 10 a 15 ha e uma (1) delas tem área de 15 a 20 ha.

propriedades levantadas, a maioria das áreas estão distribuídas entre as classes de 5 a 10 e de 10 e 15 ha. Existem vinte (20) propriedades menores que 5 ha; quarenta e oito (48) delas estão entre 5 e 10 ha; quarenta e quatro (44) propriedades têm de 10 a 15 ha; dezoito (18) delas possuem área de 15 a 20 ha; trinta (30) têm de 20 a 30 ha e existem vinte e três (23) propriedades maiores que 30 ha (Tabela 1).

Ainda, na Tabela 1, o status de ocupação das terras da Microbacia Xaxim, segundo os dados do SIG@LIVRE Itaipu (2007b), demonstra que a área total levantada é de 3.317,78 ha. A principal ocupação é a agricultura em 69% da área, que correspondem a 2.294,10 ha e são ocupados pela agricultura anual e permanente. A segunda ocupação é a pastagem com apenas 473,75 ha, ou seja, 14% da área levantada da bacia.

A distribuição das terras na Microbacia Santa Rosa, quando comparada à Microbacia Xaxim, também apresentou um modelo essencialmente agrícola segundo as propriedades estudadas.

Foram registrados na Microbacia Santa Rosa 169,87 ha (74,5%) das terras ocupadas pela agricultura, todavia, a pecuária foi considerada pequena, com um modelo para subsistência e de leite, correspondente a apenas 11,39 ha, com 5% da área (Tabela 1). Dados que caracterizam a ocupação do solo como área de atividade essencialmente agrícola, seguida da pastagem para a pecuária.

Destarte ser a principal atividade nas microbacias estudadas, a agricultura paranaense tem respondido favoravelmente, em termos econômicos, no ano de 2007.

Segundo a SEAB-PR, o potencial produtivo de grãos, na safra 2006-2007, foi estimado em 29,23 milhões de toneladas, considerando condições climáticas favoráveis e uma boa evolução da colheita, que poderá ser 26,9% superior ao volume obtido na safra 2005/06 (PARANÁ, 2006a). A previsão do Departamento de Economia Rural, da SEAB, leva em consideração que as culturas “não sofrem interferência climática” (MANFIO, 2007). Entretanto, é importante registrar que, no Paraná, nos últimos três anos, houve um decréscimo

da produtividade pela ausência de chuvas nas épocas de plantio e em períodos fundamentais do amadurecimento dos grãos.

De acordo com os dados das safras nos últimos anos, os agricultores das microbacias, especialmente os da Microbacia Santa Rosa, relatam que o resultado da agricultura tem sofrido com o desequilíbrio do clima, também na área estudada, com a perda de produtividade, invertendo a tradição anterior em que geralmente aconteciam três safras boas e uma de menor porte. Acrescenta-se que área em estudo contribui com matéria prima para a industrialização dos derivados da soja, milho, trigo, leite e aves (PARANÁ, 2006a; PARANÁ, 2007d).

Nesse aspecto, o estudo da pecuária, segundo o número de propriedades, apresenta a distribuição na Microbacia Xaxim. O levantamento demonstra que 36% das propriedades têm bovinocultura de leite, 24% possuem suinocultura, 22% são criadores de aves e 16% das propriedades possuem bovinocultura de corte (Figura 13).

FIGURA 13 - DISTRIBUIÇÃO POR PROPRIEDADES DA PECUÁRIA NA MICROBACIA XAXIM Fonte: Itaipu, 2007.

A distribuição diferenciada quanto ao número de propriedades ocorre na Microbacia Santa Rosa e apresenta, em primeiro lugar (33%), as propriedades com bovinocultura de leite; em seguida, existem 28% das propriedades que vivem da avicultura. Em terceiro, as propriedades que vivem da bovinocultura de corte (22%) e em quarto lugar, aqueles que trabalham com a suinocultura, 17% das propriedades (Figura 14).

Notam-se diferenças quanto à colocação dos valores percentuais das propriedades que vivem da suinocultura, as quais estão em segundo lugar na Microbacia Xaxim, e em quarto lugar na Microbacia Santa Rosa. A avicultura ocupa o segundo lugar na Microbacia Santa Rosa e o terceiro, na Microbacia Xaxim.

FIGURA 14 - DISTRIBUIÇÃO POR PROPRIEDADES DA PECUÁRIA NA MICROBACIA SANTA ROSA

Fonte: Itaipu, 2007.

Os dados referentes ao número de animais mostram que há uma predominância quanto à criação de aves na região. Contudo, o levantamento na Microbacia Xaxim mostra que 79 propriedades possuem animais, cujos plantéis registram 51.315 aves, 1024 bovinos e 985 suínos.

Na Microbacia Santa Rosa, a distribuição é semelhante, com certa predominância em avicultura, quanto ao número de animais. A pecuária registra em média 14.085 aves, seguida do rebanho bovino de leite, com apenas 93 animais e 31 animais de corte, de acordo com o levantamento feito nas propriedades da Microbacia Santa Rosa.

A suinocultura nas Microbacias de Santa Rosa e Xaxim é de produção familiar, pois, em muitas propriedades existe apenas para consumo próprio, mas é outra atividade importante no setor primário paranaense, já que, do ponto de vista ambiental, representa um grande impacto devido a seus dejetos.

O Paraná possui um dos maiores rebanhos do Brasil (3,8 milhões de cabeças) e ocupa a terceira posição em abate. Embora se encontre difundida por todo o Estado, nas regiões Oeste e Sudeste, concentram-se os plantéis de melhor qualidade, com utilização de moderna tecnologia, o que assegura maiores níveis de produtividade (PARANÁ, 2000; IPARDES, 2007).