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SEÇÃO 2 DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-AMBIENTAL DAS

4.1 IMPACTOS DA AGRICULTURA

Observações nos aspectos gerais das microbacias Santa Rosa e Xaxim, aliadas ao conhecimento e às informações obtidas, demonstraram que, em função da introdução da agricultura e pecuária bovina e suína, que se expandiram a partir dos migrantes dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e da região norte do Paraná, a paisagem rural do oeste paranaense foi dominada por plantações de soja, trigo, milho e, em menor escala, por cana-de- açúcar e pastagens.

As condições favoráveis, como clima e solo fértil, incentivaram a instalação dos agricultores no oeste do Paraná. A forma como a colonização da região oeste ocorreu foi semelhante à ocupação da região norte do Paraná quanto aos resultados, com a total modificação da paisagem natural, a redução da cobertura vegetal, alterações significativas na qualidade dos solos, das águas e até mesmo do clima, segundo Mendonça (1996) e França (1997), citados por Fávaro e Stipp (2003), e Maack (2002).

Este tipo de colonização foi estabelecido na Microbacia Santa Rosa e Microbacia Xaxim, principalmente na produção agrícola, pecuária de leite e suinocultura. As áreas que sofrem com a agressão do solo podem ser vistas em todo o Paraná, além de seus elevados índices, 86,50%, em relação à área antropizada total na Região Oeste, segundo dados do IPARDES (2007).

Segundo Oliveira e Alves (2002), as diferentes ações exercidas na ocupação do solo são fatores causadores da degradação do solo que afetam diretamente a qualidade das águas, tais como: devastação de matas ciliares e ocupação de áreas de mananciais; substituição de florestas por agricultura com monoculturas intensas e pastagens; queimadas desordenadas; uso intensivo de adubos químicos defensivos agrícolas; inadequadas práticas conservacionistas e a falta de adequação das estradas. Esses problemas estão presentes nas

microbacias estudadas, haja vista ser registrado, a cada ano que passa um maior número de aplicação de agrotóxicos na região.

Dentre os fatores considerados relevantes em sua contribuição para a degradação ambiental, encontra-se o fator social, visto que o solo considerado como espaço social é assumido pela qualidade que o mesmo possui para receber a localização de assentamento humano e atividades produtivas.

Os efeitos das atividades humanas são devastadores, tais como: a erosão, contaminação do solo e das águas, perda da produtividade agrícola e fertilidade. Ainda, que os solos da Região Oeste Paranaense são considerados de excelente qualidade pela “terra roxa” e, portanto, a agricultura é vista como sua principal prática.

No estado do Paraná, a área plantada com milho, soja e trigo sobressai-se com cerca de 77% do total de produtos cultivados. Em termos quantitativos, mais de 60% do total produzido no Paraná é representado por três produtos principais: cana-de-açúcar, milho e soja (PARANÁ, 2007g; PARANÁ, 2006a).

473,75 ha 14,28% 549,93 ha 16,58% 2294,10 ha 69,15% Agricultura Pastagem Outros usos Uso e Ocupação das Terras

Microbacia: Sanga Xaxim Área Total: 3.584 ha

Área Total Lavantada: 3.317,74 ha

FIGURA 23 - DISTRIBUIÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DAS TERRAS DA MICROBACIA XAXIM Fonte: Dados brutos de Itaipu, 2007.

Nas microbacias, o levantamento reflete o que ocorre em todo estado, considerando a área plantada com milho, soja e trigo. Na Microbacia Xaxim, há o predomínio da agricultura seguida da pecuária, dos 3.217,78 ha levantados na bacia, 2.294,10 ha são ocupados pela agricultura, e equivalem a 69,15% da área total, enquanto as pastagens representam 473, 75 ha (14,28%) (Figura 23).

Na Microbacia Santa Rosa, 74,50% da área é ocupada pela agricultura, um total de 169,87 ha da área registrada, 5% pela pecuária (destinados à subsistência com pecuária de leite) e os demais usos correspondem a 20,50% da área, conforme a Figura 24.

169,87 ha 74,50% 46,74 ha 20,50% 11,39 ha 5% Agricultura Pastagem Outros usos

Uso e Ocupação das Terras Microbacia: Sanga Santa Rosa Área Total: 1.836 ha

Área Total Levantada: 228 ha

FIGURA 24 - DISTRIBUIÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DAS TERRAS DA MICROBACIA SANTA ROSA

Fonte: Dados brutos de Itaipu, 2007.

Observa-se nas microbacias estudadas, que as áreas de produção, agricultura e pecuária apresentam um paralelo com a área do estado do Paraná e da Mesorregião Oeste Paranaense. Assim, enquanto no Paraná a área agrícola é de 77%, na Microbacia Santa Rosa, ela é um pouco maior, 80%, na qual é praticada a agricultura convencional, com o binômio soja e trigo, e variações nas culturas da safra de inverno para trigo, milho ou aveia.

O modelo supracitado, contudo, é diferente daquele ligado à ocupação da Região Hidrográfica do Paraná, cuja principal atividade é a pecuária. Dos 81.555.609 ha de área total, 56% são ocupados por pastagens e apenas 23% estão destinados à agricultura. Ainda, dessa área, 6% correspondem às áreas não utilizadas e 13% são referentes às matas nativas e plantadas (BRASIL, 2007f; BRASIL, 2006a).

Assim, mais uma vez, é possível reafirmar a tese de que a bacia é uma unidade fundamental, representativa para gestão do solo. Considerando a complexidade do sistema estadual, será sempre possível guardar uma similaridade entre alguns aspectos que ajudam a compreender, explicar e analisar o todo do qual a microbacia faz parte.

Por meio do levantamento em estudo, os resultados demonstram que, atualmente, existe na Microbacia Xaxim o predomínio da agricultura seguida da pecuária. Da área levantada na bacia, 68% são ocupados pela agricultura e 14% são de pastagem. A quantificação das áreas ocupadas pela agricultura e pecuária nas microbacias reflete sua condição atual de uso e permitem dizer que a agricultura é a atividade mais significativa.

A agricultura dessas bacias reflete a grande produção agrícola de trigo, soja e milho no Paraná, com a participação crescente das cooperativas no setor industrial que têm contribuído para aumentar a capacidade competitiva da agricultura do estado.

A agricultura paranaense é responsável por cerca de um quarto da produção de grãos do Brasil, esse desempenho está estreitamente relacionado ao cooperativismo. Nas microbacias estudadas, assim como na Região Oeste do Paraná, quase toda a produção agrícola é produzida em um sistema cooperativo, cada agricultor é filiado a uma das cooperativas de seu município ou região.

No entanto, os problemas são diversos e atingem principalmente a conservação dos sistemas naturais, entre eles o solo, a água e a floresta. Mas, é necessário enfocar também problemas sociais tais como concentração da posse da terra, empobrecimento dos pequenos agricultores e o êxodo rural (BRASIL, 2003).

Na pesquisa realizada na Microbacia Santa Rosa foi possível ouvir diversos relatos de proprietários que afirmavam: “as políticas para financiamento da agricultura, pelo Banco do Brasil, estimularam a degradação ambiental ao exigir que toda a floresta fosse retirada da propriedade, a fim de se obter o financiamento pretendido”.