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A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL

2 CONCEITOS BASES

2.2 A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL

Historicamente, é perceptível que o Brasil jamais foi um país que tenha enfatizado a proteção aos direitos humanos, o qual consistiu inicialmente na adoção do regime escravocrata como maneira de mão de obra escrava no período Brasil Colônia e durante quase todo o período Imperial, até mesmo na Proclamação da República, e pela descendência de regimes ditatoriais, os quais, em semelhanças eram praticados várias violações contra os direitos humanos dos cidadãos brasileiros. A partir da promulgação da Constituição de 1988, o Estado brasileiro se dedicou e empenhou em adotar medidas significativas em prol da introdução de tratados internacionais relacionados à proteção dos Direitos Humanos. Nesse viés, o processo de incorporação do Direito Internacional dos Direitos Humanos e de seus relevantes mecanismos no direito interno brasileiro é decorrência de um processo de democratização, cujas inovações implementadas pela Carta Constitucional de 1988, apresentaram fundamental relevância.

No campo da jurisdição internacional, o Brasil reconheceu o mérito e a competência litigiosa da Corte Interamericana de Direitos Humanos em 10 de dezembro de 1998 e, em sua alegação, recomendou que o tribunal deveria possuir capacidade para os fatos posteriores a esse reconhecimento, de fato propiciando valor ao entendimento de que, com subsídio no princípio de irretroatividade, a Corte não poderia desempenhar sua competência contenciosa para

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executar a Convenção e declarar a violação de suas normatizações referente os fatos alegados ou a conduta do Estado, em que pudesse provocar sua responsabilidade internacional, constituíssem anteriores aquele reconhecimento. (LEAL, 2012).

Em consonância com Leal (2012) na condição do Brasil, este reconhecimento da competência e da capacidade jurisdicional da Corte concebeu uma nova expressão na atribuição de responsabilidade do país. A partir disso, enfatiza- se que a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos apresentou contribuições significativas em diversos seguimentos das diretrizes à atribuição de significado das normas conduzidas pelos Tratados e Pactos internacionais, reproduzindo deles autênticos princípios em crescimento no que diz respeito à proteção aos Direitos de que se abordam.

É necessário respaldar que houve dificuldade na implementação das disposições da Corte no direito brasileiro, posto que consiste no cumprimento das sentenças no que diz respeito à verificação dos fatos e a responsabilização dos responsáveis pelas violações de direitos humanos no âmbito penal. (BERNARDES, 2011)

Em consonância com Bernardes (2011) para explicar essa dificuldade, emprega-se os embasamentos de distintas ordens como, por exemplo, a obrigação de coordenação com autoridades estaduais e municipais, como também do comprometimento do Legislativo e Judiciário, a carência de infraestrutura apropriada ou de particular e o exagero de atos no Judiciário.

O direito brasileiro introduz e se baseia nas normas internacionais e, com isso, a norma externa já foi recepcionada pelo ordenamento jurídico, assim não sendo preciso uma nova verificação de sua compatibilidade com o direito nacional. Portanto, posteriormente o reconhecimento sobre a jurisdição da Corte pelo Brasil, as suas sentenças ocorrem e se assemelham ao título executivo judicial, determinando a construção dos mesmos efeitos jurídicos de uma sentença proferida pelo Judiciário nacional.

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Neste contexto, as sentenças da Corte possuem um caráter vinculante, provocando o seu descumprimento a responsabilidade internacional são dos Estados Partes. Estes no que lhes concerne devem cumprir suas obrigações internacionais com boa-fé, conforme o princípio pacta sunt

servanda e o artigo 27 da Convenção de Viena sobre o Direito

dos Tratados (CVDT), que veda aos Estados invocar disposições do seu direito interno para justificar o não cumprimento de um tratado.

A incorporação dos tratados internacionais de proteção dos Direitos Humanos no ordenamento jurídico brasileiro traz consigo algumas obrigações sendo de suma importância enfatizar, que a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados confere a todos os Estados a obrigatoriedade de reconhecerem a primazia do direito internacional sobre o direito interno, regra esta conceituada, com a restrição do art. 46, no seu art. 27. (MAZZUOLI, 2004)

A política de Direitos Humanos no campo federal do governo brasileiro ainda apresenta de maneira vagarosa, em continuar no processo de ratificação dos tratados internacionais de proteção dos Direitos Humanos, e principalmente em reconhecer a jurisdição dos órgãos de monitoramento relacionados, agindo de forma pautada com transparência para o diálogo com os órgãos internacionais capacitados.

É relevante destacar que depois de ratificada pelo Estado brasileiro da convenção americana de direitos humanos o Brasil ainda tem falhado em muitos pontos no que tange à efetiva proteção dos Direitos Humanos em seu território, assim ocasionou diversos casos contra o Brasil, os quais chegaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Washington. Sendo que foi réu em processos julgados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Em razão disso, a Corte afirmou que as disposições da Lei da Anistia são antagônicas com a CADH e, posteriormente, as mesmas necessitam de efeitos jurídicos, em que não podem continuar concebendo um estorvo para a investigação dos fatos do presente caso da Guerrilha do Araguaia, nem para a

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identificação e punição dos violadores, como também não pode ter o mesmo efeito sobre outros casos de graves violações de direitos humanos aplicados na CADH ocasionados no Brasil.

Nesse sentido, a estrutura jurídica brasileira aconteceu por meio de lamentosos casos em desacatos aos direitos humanos, e principalmente, pela falta da responsabilidade do Estado, que denotam a necessidade continua do aperfeiçoamento do aparato administrativo, legal e institucional. Assim, essa estrutura jurídica foi sendo moldada nesses contextos, com reflexos da própria jurisprudência da mais alta Corte do país.

Vale salientar que em muitos dos resultados sólidos dessa decisão internacional foram obstaculizados por uma linha de evasivas e promessas não cumpridas pelo governo brasileiro. Em outras palavras, evitaram as completas efetividades dessas extraordinárias sentenças nos casos como, por exemplo, Ximenes Lopes versus Brasil, Escher e outros versus Brasil, Garibaldi versus Brasil e Guerrilha do Araguaia versus Brasil.

No entanto, é admissível destacar alguns resultados positivos no domínio interno brasileiro, tais como: as transformações ocasionadas nas estruturas legislativas, jurídicas e políticas. Essas sentenças, como também as condenações que envolvem o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos demonstram a evolução do sistema interamericano de direitos humanos, ou seja, a sua função e as contribuições que esse sistema vem proporcionando para preservação da dignidade do ser humano.

Outro ponto a destacar é a própria formação da composição dos membros do Supremo Tribunal Federal (STF), no Brasil, assim como suas decisões, o qual lidam com a influência do viés político. Em outras palavras, verifica-se que as indicações são de extrema relação política, e não jurídica, por meio disso, ocasiona uma série de entraves no que diz respeito à implementação de determinadas sentenças, entre as quais aquelas emanadas da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

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2.3 A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS