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A Corte Interamericana de Direitos Humanos comparece no continente americano com relevância inestimável em que garante a efetividade dos direitos humanos. Posto que a mesma se apresenta juntamente com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, como órgão de proteção do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

Nessa premissa conclui que o cumprimento dos direitos humanos e a prevalência da dignidade da pessoa humana recebem evidência no cenário americano e o reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana por parte dos Estados, como trabalhado nesse estudo os Estados- Membros Brasil e Argentina.

Significa afirmar que com a aplicabilidade da Corte Interamericana de Direitos Humanos passou-se a prevalecer à oportunidade de julgar os casos contrários aos Estados nacionais por violação de direitos humanos, pronunciando-se uma decisão que deverá ser cumprida, sob pena de serem aplicadas sanções de natureza política, caso o Estado não a cumpra com a sentença proferida perante a Organização dos Estados Americanos.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos tem edificado jurisprudência de suma importância para os Estados- Membros, tanto por meio de suas sentenças em casos contenciosos, como também a partir das opiniões consultivas, das medidas provisórias e dos relatórios sobre cumprimento de sentenças proferidas, que produzem, em união, um conjunto

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jurisprudencial corretamente exportável a comunicar outros casos com similaridade aos que suscitaram suas interpretações.

Como visto ao longo desse estudo, as sentenças condenatórias da Corte Interamericana pressupõem o pagamento de indenização às vítimas como também a adoção de outras medidas pelo Estado condenado, visto que o pagamento das indenizações tem sido a parte menos complexa de ser executada, sendo que há dificuldade de cumprimento das decisões no tocante à adoção pelos Estados das medidas de não-repetição, ou seja, nas políticas preventivas de futuras violações de direitos humanos. Em virtude da legitimidade da jurisdição da Corte Interamericana, necessita-se buscar respostas pertinentes e eficazes para o cumprimento de suas decisões de maneira apropriada ao ordenamento jurídico vigente.

O cumprimento das sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos é a demonstração de respeito aos direitos, aos tratados internacionais que os declararam e à própria efetivação da democracia brasileira e argentina, no qual, garante aos sujeitos um importante e eficiente domínio complementar de garantia aos direitos humanos quando as instituições nacionais se apareçam omissas ou falhas. Sobretudo, categoricamente os Estados precisam adotar medidas efetivas de fortalecimento e proteção aos direitos humanos, isto é, não basta possuir as normas aparentemente extraordinárias, se não há efetiva aplicação das sentenças condenatórias.

Nesse seguimento, essa resistência institucional brasileira destaca-se a função do Supremo Tribunal Federal, que, como guardião da Constituição Federal e órgão de superposição de todo o Poder Judiciário, deveria exercer em conformidade com as regulamentações da Corte Interamericana, contudo, infelizmente, não tem pautado sua execução nesta acepção, como explica a consequência do julgamento da ADPF 153.

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O Brasil atuou de modo contraditório, segundo as análises pelo julgamento da ADPF 153, o ato impetrado juntamente ao Supremo Tribunal Federal pela ordem dos advogados do Brasil, promovendo a inconstitucionalidade da lei de anistia Brasileira, no qual julgada incoerente. Desta forma, no julgamento o STF desconsideração as leis internacionais acerca da temática bem como nítido o posicionamento da Corte sobre as leis de anistias e as violações aos direitos humanos acontecidas durante os regimes militares e argumentou sua decisão adequada à lei com o contexto de a referida ter sido necessária na época para uma transição de governo de modo pacífico.

Em contraposição, é possível nutrir que diante de algumas mudanças recentemente nas jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, haja alguma expectativa quanto ao futuro, capaz de legitimar o Brasil em detrimento da comunidade internacional, sendo, portanto, uma nação que respeita os provimentos judiciais supranacionais, atribuindo aos direitos humanos o patamar a eles resguardados pela referida Constituição brasileira.

A Argentina foi contra a lei da anistia o qual foi encaminhado ao congresso nacional um projeto de lei para anulá-la. Nesse contexto, o estado argentino implementou as normatizações da Corte Interamericana, a priori, é lançado um olhar diferencial sobre os direitos humanos. Para tanto, põem em pauta que a Corte Interamericana é um órgão com grande magnitude no que se refere ao julgamento de violações aos direitos humanos no âmbito internacional, que apesar da falta de aplicabilidade e efetividade por parte dos Estados- Membros, a mesma obteve grandes e significativos avanços no contexto mundial e internacional em prol dos direitos humanos.

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