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O aumento da pressão social pela abertura democrática fez com que fosse exercido o clamor da sociedade sob a necessidade de direitos coletivos e proporcional apelo ao reconhecimento dos mesmos. Nesse bojo, são reconhecidos os chamados “novos” direitos (SANTILLI, 2005, p. 57).

Estes vêm romper com paradigmas da dogmática jurídica, em que o conteúdo patrimonialista e contratualista de inspiração liberal são desafiados pela conquista de lutas sociopolíticas que dão azo aos direitos de categorias coletivas. Assim, os direitos “socioambientais” começam a fazer parte da história de garantia e luta por direitos humanos no Brasil:

O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito à vida e à manutenção das bases que a sustentam. Destaca-se da garantia fundamental à vida exposta nos primórdios da construção dos direitos fundamentais, porque não é simplesmente garantia à vida, mas esse direito fundamental é uma garantia a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, abster-se da sua deterioração, e construir a melhoria geral das condições de vida na sociedade. (DERANI, 1998, p. 97 apud SANTILLI, 2005, p. 59)

Nessa busca por garantir os direitos humanos socioambientais, o prisma de um desenvolvimento aliado à sustentabilidade se tornou um paradigma relevante como indicador normativo.1 A compreensão de desenvolvimento sustentável entra no ordenamento jurídico brasileiro e na

1 Segundo a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento em documento intitulado Relatório Brundtland, o desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.

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doutrina ambiental como um princípio constitucional de conciliação do ambiental, econômico e social, sob os pilares descritos no art. 225: ecologicamente responsável (inciso IV), socialmente justo (incisos I e V) e economicamente viável (inciso IV e V) ( MACHADO, 2009, p. 154).

Não obstante, esse horizonte tem se tornado um objetivo difícil de ser realizado, tendo em vista que o avançar econômico político da ordem mundial capitalista tem aperfeiçoado a sua forma de dominar todo e qualquer recurso natural como sendo objeto de lucro e acumulação e, portanto, o meio ambiente como fonte de riquezas é tratado como meio de exploração indiscriminada. Acselrad, Bezerra e Mello, (2009, p. 123) nos alertam sobre esse processo da seguinte forma:

A expansão própria a essa acumulação, que podemos chamar de extensiva, terminou resultando na destruição de formas sociais não-capitalistas de apropriação do território e seus recursos, assim como na desestabilização dos sistemas ecológicos nos espaços crescentemente ocupados pelos grandes empreendimentos. Margens de rios começaram a ser desmatadas, assorearam-se corpos d’água, construir uma sequência de grandes barragens- em favor de um determinado tipo de acumulação, apresentando-se como justificativa a necessidade de se responder a determinadas demandas de progresso e bem-estar. Em nome de uma concepção industrialista de progresso, desestruturam-se as condições materiais de existência de grupos socioculturais territorialmente referenciados e destruíram-se direitos de populações inseridas em formas

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sociais de produção não-capitalistas. (grifo meu)

Percebe-se que a força do neoliberalismo tem arrasado com os recursos não-renováveis e acelerado o processo de degradação de ecossistemas, o que é facilitado pelo poder da globalização das empresas transnacionais, as quais têm se utilizado do conceito de desenvolvimento sustentável para tratar de problemas imediatos e promover “ajustes” e não para fomentar uma “sustentabilidade planetária a longo prazo” (LITTLE, 2009, p. 37)

Esses fenômenos econômicos e sociais têm acirrados os conflitos e colocado diversos atores na disputa sobre o controle do território e dos recursos nele contido. Com isso, estabelece-se uma nova categoria de conflitos, chamados de socioambientais.

Considerando-se que cada conflito possui uma forma peculiar de se manifestar, Paul Little define conflitos socioambientais como “disputas entre grupos sociais derivados dos distintos tipos de relação que eles mantêm com seu meio natural” (LITTLE, 2006, p. 107), isto é, a partir da utilização que cada ator social estabelece com a natureza, ou mesmo a partir “sentimentos percepções e racionalidades diferenciadas”.2

De forma que os conflitos socioambientais podem apresentar graus de complexidade de acordo com os jogos de interesses e as ratios que estão em questão, o que determinará o grau de relação com o objeto em disputa. Nesse sentido, pode haver uma variedade de conflitos dessa espécie.

Paul E. Little caracteriza três tipos de conflitos socioambientais: conflitos em torno da disputa pelo controle sobre os recursos naturais, tais como: disputas sobre as terras que contêm esses recursos, como o território de moradia e

2 “A diferença de percepção dos objetos em disputa faz com que estes

assumam configurações diferenciadas, por vezes explícitas e, por outras, implícitas, por vezes conscientes e, por outras, inconscientes. O fato de ser profano ou sagrado para participantes diferentes cria, de imediato, uma valorização em planos distintos dos objetos.”

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vivência de populações tradicionais, a exploração de fontes energéticas, etc.; conflitos em torno dos impactos gerados pela ação humana e natural, como: a contaminação da fauna e flora no uso de agrotóxicos, na construção de hidrovias e barragens hidrelétricas, etc; e conflitos em torno do uso de conhecimentos ambientais, ou seja, em torno dos valores culturais e modo de vida, como a utilização de transgênicos, a ocorrência de biopirataria, por exemplo. (LITTLE, 2009, p. 108)

Outro exemplo de tipologia dos conflitos sociais é a traçada por Elimar Pinheiro que divide por meio dos atores, como conflitos simples e complexos, sendo aqueles onde envolvem atores de mesma natureza, intraindivíduos (que podem ser privados ou públicos – entre grupos sociais); e os complexos – os que reúnem atores distintos, podendo ser entre indivíduos e grupos sociais ou entre um grupo e uma instituição ou mesmo entre grupos e organizações contra um ator do Estado (DO NASCIMENTO, 2001, p. 101).

A maneira como se dão os conflitos é interessante de analisar para que se possa desenvolver um modo de gestão ecológica prudente e intervir de forma a atacar os problemas originários, o que poderá gerar o resultado de tratar os conflitos socioambientais de maneira equilibrada, garantindo a conservação da natureza e o aproveitamento sensato da mesma.

Nesse intuito, são geradas as teorias com fins de intervir da “melhor” forma nesses conflitos socioambientais, levantando traçados epistemológicos que deem conta de mediar o rumo trilhado por estes e assegurar a busca por direitos humanos na medida em que se “intervém”.

Empenhando-se nessa busca, Juliana Santilli et al ressalta a importância do sociambientalismo no Brasil, que vem propor uma forma de aliar a sustentabilidade ambiental às melhorias sociais, ou seja, fundamenta-se na concepção de que um novo paradigma de desenvolvimento deve promover não somente a sustentabilidade ambiental, como também a sustentabilidade social. Para esta teoria se desenvolver com o sucesso na intervenção diante de questões de cunho

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ambiental, é imprescindível que sejam incluídas comunidades locais para se promover uma repartição “socialmente justa e equitativa dos benefícios derivados da exploração dos recursos naturais” (SANTILLI; SANTILLI, 2009, p. 220).

Em relação à defesa do sociambientalismo, este defende ainda que “a valorização da diversidade cultural e o reconhecimento de direitos culturais e de direitos territoriais especiais a populações tradicionais são a face mais evidente da influência do multiculturalismo” (MUNIZ, 2010, p. 193). Nesse caráter, é indicada a possibilidade da conciliação de valores para a construção de um horizonte comum.

Um limite colocado a essa busca de administrar os conflitos subsiste exatamente na forma em que se propõem a teoria na prática, onde se pergunta: é possível falar-se em “resolução” dos conflitos socioambientais a partir do prisma da conciliação? Considerando-se que os conflitos que estamos tratando se referem, geralmente, a situações em que há confronto direto de interesses representados em torno da utilização ou gestão do ambiente, conforme já aludido.

Para se compreender melhor essa questão, tomemos como exemplo um caso que se enquadra ao mais grave das tipologias de conflitos colocados por Paul Little, em que há disputa pelo controle sobre do território e o potencial dano aos moradores ao entorno do projeto de duplicação da Estrada de Ferro Carajás.

O aumento da exploração minerária de Carajás fez com que a empresa Vale propusesse maior tráfego aos trens que transportam minérios da região, assim, o projeto de ampliação da ferrovia, que já apresenta problemas com uma via só, possui prováveis danos à aproximadamente de oitenta comunidades, dentre elas grupos que se afirmam como remanescentes de quilombos e povo indígena, Awa Guajá.

Os problemas causados pela construção da ferrovia influenciam diretamente no território em que essas populações estabelecem sua forma de viver e morar, ocorrendo situações de difícil reparação, como assoreamento da água de riachos e lençóis freáticos, rachaduras de casas, desmoronamentos com

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a trepidação intensa e frequente, poluição sonora, matança da fauna de origem, como os peixes, que também são fontes de alimento da população local, entre outras graves situações.

Nesse caso, percebe-se, de forma evidente, a dificuldade em negociar uma “resolução” dos conflitos entre aqueles atingidos pelo projeto e a empresa empreendedora, o que gerou a judicialização em decorrência dos problemas socioambientais não reconhecidos pela empresa, a qual utilizou a estratégia de desmembrar o processo de licenciamento com fins de simplificar o procedimento que permite o início das obras3.

Em conflitos desse caráter, é difícil se falar em conciliação ou mesmo “gestão negociada” e “contratual” dos recursos para intervenção nos conflitos socioambientais originados (JOLLIVET; LEGAY; e MÉGIE, 1997, apud, SACHS, 2009, p. 76). Também não é recomendável agir com o pragmatismo do cotidiano quando se trata de temas complexos como o exemplo evidenciado em foco.

A tentativa de resolução do conflito socioambiental fora da mediação, conciliação ou negociação se apresenta prejudicial à sociedade e ao próprio ambiente, pois não garante igual peso aos diferentes interesses, não apenas em relação ao poder entre as partes, que é inteiramente desproporcional, mas, sobretudo, porque os empreendedores têm objetivos definidos e claros e os representantes comunitários têm interesses heterogêneos e geralmente não possuem técnica, conhecimento ou

3 A ação originária por meio da iniciativa de redes e organizações sociais que

se uniram a fim de representar o direito coletivo das populações atingidas gerou o Processo nº: 26295-47.2012.4.01.3700. Justiça Federal da Seção Judiciária do Maranhão, 8ª Vara.

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habilidade administrativa, jurídica e política (BRITO; et al, 2012, p.57). É bem verdade que não existem fórmulas prontas que possam ser aplicadas em situações de conflito. No entanto, acredita-se como Paul Little sinaliza, que deva se falar em “tratamento” ao invés de resolução, em que há de ser buscada uma construção, onde as formas de intervir em conflitos do âmbito em que se está trabalhando possam ser antecedidas por análises envolvam a oportunidade de se perceber olhares de mundo diferenciados (LITTLE, 2009, p. 119).

No entanto, as normas aplicadas e a intervenção jurídica lançada mão em casos complexos são manifestadas por meio de “concessão de licenças de poluição”, sendo “muito frequentemente, a norma ambiental proceder menos a exigências científicas realmente ecológicas do que de concessões feitas (...)”, como nos alerta François Ost (1995, p. 128 e 129).

François Ost se posiciona contra um direito ambiental negociado, em que as alternativas aos conflitos, como os quais se trata no exemplo, sejam elaboradas por meio de negociações para garantir a exploração que passa por cima de incidências factuais de agressão ao meio ambiente. Ressalta- se ainda que “as vantagens de direito negociado são claramente reivindicadas pelos intervenientes interessados: poderes públicos e empresas que esperam tirar, cada um, o maior benefício.” (OST, 1995, 137)

Não quer se dizer aqui que a negociação não seja uma forma de tratamento dos conflitos socioambientais, porém a sua utilização em conflitos complexos podem ter uma eficácia não satisfatória para remediar os problemas de maior gradação, de maneira que as críticas de François Ost são válidas nesse sentido.

4 CONCLUSÕES

Acredita-se que se colocar à disposição de compreender a dinâmica dos conflitos e sua evolução,

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possibilitará com que se crie maior habilidade de tratamento desses impasses. Reitera-se a importância de sempre se dizer “tratamento de direitos humanos”, já que se fala de um procedimento complexo e depende de indicadores que são não estáticos e determinados.

Portanto, um elemento importante é a contextualização dos conflitos, em que os sujeitos, o local, os grupos e as forças sociais possam ser discriminadas e postas em evidencia a partir de suas histórias, origens e interesses diferenciado, ou seja, de acordo com cada caso.

De forma que a proposta de outras ciências, que não somente a jurídica, de elaborar uma análise etnográfica de um conflito socioambiental são preliminares interessantes antes de qualquer tomada de decisão; posto que, é preciso começar pela identificação do foco do conflito, ou seja, o que de fato está em questão.

Em geral, um conflito tem várias dimensões, movimentos ou fenômenos complexos, graus, conforme já se comentou quando se falava das tipologias adotadas para compreensão dos mesmos e as abordagens diferenciadas de autores, o que permite qualificar-se independente da tipologia a complexidade é presente.

Assim, a etnografia dos conflitos socioambientais, proposta por Paul Little (2006) em obra específica, e relacionada aos estudos de uma ecologia política, sinaliza a necessidade do diálogo com a ciência antropológica, sendo que esta visão nos permite ver conflitos sob a ótica daqueles que estão à margem da compreensão formal de litígio, pois são grupos vulneráveis e politicamente invisíveis ao olhar do Estado.

Seria importante qualificar∕descrever por meio da etnografia uma forma de relacionamento jurídico não alcançada pelo direito formal ou direito estatal, que é incapaz de alcançar valores e institutos que estão para além ou ao lado deste, uma vez que é inegável o pluralismo jurídico na realidade factual.

Daí a importância de se exercitar uma base de tratamento dos conflitos que não seja simplesmente a

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judicialização por ela mesmo, sem qualquer alcunha de afirmação dos direitos humanos de quem é violado (do∕s sujeito∕s violado/s), sendo preciso investir em uma metodologia que permite vir à tona a complexidade que estão imersos os conflitos socioambientais, que são conflitos em torno do desprovimento de direitos humanos para segmentos sociais diversos.

No caso descrito acima do povo indígena, Awa Guajá, trata-se de um conflito em que a negação dos direitos precisa ser observa na sua raiz, compreendendo-se desde a forma com que esse povo estabelece suas relações, bem como, por exemplo, o acesso à/ao terra ∕ território que os mesmos possuem ou não, em suma a negações dos direitos humanos deste povo.

Portanto, a relação entre saberes e ciências deve-se fazer existente na intervenção em conflitos socioambientais, seja no âmbito da prevenção ou mesmo da repressão aos violadores de direitos fundamentais, o que é uma tarefa por ser desbravada na medida em que os desafios dos casos vão emergindo a realidade.

Por isso, o pressuposto da pesquisa em gestão de recursos naturais carece de investimento dessa relação epistemológica multidisciplinar, em que a etnografia e a base antropológica são alicerces de partida para a obtenção do sucesso nas intervenções equilibradas que se propõe em atos jurídicos, sejam eles cíveis, administrativos ou mesmo penais, judiciais ou extrajudiciais.

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A NEGOCIAÇÃO COLETIVA COMO DIREITO FUNDAMENTAL DO TRABALHADOR Angélica Maria Lins dos Santos

RESUMO

Com a evolução da sociedade e visando a proteção dos meios de trabalho no mundo globalizado do século XXI, o presente artigo tem como objeto o estudo dos instrumentos normativos designados Convenção Coletiva de Trabalho e Acordo Coletivo de Trabalho, demonstrando a legitimidade dos sindicatos no que tange à especialidade e a finalidade desses instrumentos na proteção da garantia dos direitos fundamentais do trabalhador. Será realizado no referido estudo, a análise da doutrina, da lei celetista e da Constituição Federal de 1988.

PALAVRAS-CHAVE: Negociação coletiva. Sindicatos. Direitos

fundamentais.

ABSTRACT

With the evolution of society and aiming at the protection of the working environment in the globalized world of the 21st century, this article has as its object the study of the normative instruments called Collective Labor Agreement and Collective Bargaining Agreement, demonstrating the legitimacy of the unions in what concerns the specialty and the purpose of these instruments in protecting the guarantee of the fundamental rights of the worker. It will be carried out in the aforementioned study, the analysis of the doctrine, the bargaining law and the Federal Constitution of 1988.

KEYWORDS: Collective bargaining. Unions. Fundamental

rights.

1 INTRODUÇÃO

Com a chegada da Revolução Industrial, a economia passou por profundas mudanças ao longo do tempo,

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principalmente ao que se refere ao âmbito trabalhista, pois muita mão de obra foi absorvida, porém, sem nenhuma estruturação ou preocupação com esses trabalhadores.

É com a globalização e implementação de novas tecnologias que a mão de obra passou a ser cada vez mais qualificada em que, muitas vezes, as máquinas passaram a substituir o homem, o que acaba por gerar números preocupantes de desempregados.

Diante dessa situação, os trabalhadores passam por situações precárias as quais se submetem a um sistema de trabalho desfavorável, em que as empresas, além de procurarem mão de obra barata e a flexibilização das normas trabalhistas, enfraquecem a atuação dos sindicatos na defesa