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3.3 A Diversidade Biológica no Brasil

3.3.2 O Ordenamento Infraconstitucional e a Proteção da Biodiversidade

3.3.2.3 A Criação de Áreas Protegidas (Estações Ecológicas e Áreas de

A Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981 teve por objetivo regular a criação de áreas protegidas nas modalidades estação ecológica e área de proteção ambiental.

As estações ecológicas foram definidas como “áreas representativas de ecossistemas brasileiros, destinadas à realização de pesquisas básicas e aplicadas de Ecologia, à proteção do ambiente natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista”. Previu a destinação permanente de noventa por cento de sua área para preservação integral da biota, admitindo que a área restante pudesse ser utilizada para realização de pesquisas ecológicas que venham a acarretar modificações no ambiente natural, a partir de um plano de zoneamento aprovado e desde não coloquem em perigo a sobrevivência das populações das espécies ali existentes.

As áreas de proteção ambiental, por sua vez, segundo a referida lei, deviam ser instituídas por ato do Poder Executivo, como de interesse público para a proteção ambiental, a fim de assegurar o bem-estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais, incidindo sua criação sobre áreas privadas, limitando ou proibindo o direito de propriedade sobre as mesmas para assegurar a proteção de mananciais, as condições ecológicas locais, evitando a erosão de terras a extinção de espécies raras da biota regional.

3.3.2.4 – A Lei da Política Nacional de Meio Ambiente – Lei nº 6.938/81

Marco mais significativo da legislação ambiental no Brasil, a Lei da Política Nacional de Meio Ambiente, de 31 de agosto de 1981 foi a primeira lei nacional a considerar o meio ambiente de forma sistêmica, com o objetivo de “preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida”, contendo várias previsões relacionadas à biodiversidade.

Como princípios da política nacional prevê a proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

a recuperação de áreas degradadas e a proteção de áreas ameaçadas de degradação (art. 2º, III, IV, VI, VIII e IX).

Definiu como recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora (art. 3º, V).

Como objetivos específicos, a referida lei estabeleceu a necessidade de compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; o estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; a difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente; a formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida (art. 4º, I, III, IV e VI).

Como instrumentos da política ambiental nacional, relacionados à biodiversidade foram estabelecidos o zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais, e a criação de espaços territoriais especialmente protegidos tais como reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e áreas de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal (art. 9º, II, III e VI).

Destaca-se a exigência do prévio licenciamento ambiental para a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental (art. 10).

3.3.2.5 – A Lei da Biossegurança – Lei nº 8.974/95

A lei da biossegurança, editada em 5 de janeiro de 1995, regulamenta os incisos II e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, anteriormente referido, estabelecendo normas de segurança e mecanismos de fiscalização no uso das técnicas de engenharia genética na construção, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, liberação e descarte de organismo geneticamente modificado (OGM), visando a proteger a vida e a saúde do homem, dos animais e das plantas, bem como o meio ambiente.

A lei em referência criou ainda a CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, com competência para promoção das ações de vigilância correlacionadas, dentre os quais, segundo Milaré (2001), se incluem a “importação de vegetais e animais geneticamente alterados” e “os experimentos de mutações genéticas, entre outros processos”. Competem ainda à CNTBio, o estabelecimento de normas técnicas de segurança e a elaboração de pareceres técnicos conclusivos, referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção, experimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação e descarte de OGM e derivados (art. 1º-A, MP nº 2.191-9/2001).

O colegiado da CTNBio, de composição multidisciplinar é constituído por oito especialistas de notório saber científico e técnico, em exercício nos segmentos de biotecnologia e de biossegurança, sendo dois da área de saúde humana, dois da área animal, dois da área vegetal e dois da área ambiental; representantes governamentais dos Ministérios da Ciência e Tecnologia, Saúde, Meio Ambiente, Educação e Relações Exteriores (um para cada); dois representantes do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, sendo um da área vegetal e outro da área animal, indicados pelo respectivo titular; um representante de órgão legalmente constituído de defesa do consumidor; um representante de associação

legalmente constituída, representativa do setor empresarial de biotecnologia; um representante de órgão legalmente constituído de proteção à saúde do trabalhador. (art. 1º-B, MP nº 2.191-9/2001).

3.3.2.6 – A Regulamentação da Convenção da Diversidade Biológica – Medida Provisória nº 2.186-16/2001

Na sua décima sétima edição, a Medida Provisória nº 2.186-16/2001 aguarda a apreciação do Congresso Nacional para eventual conversão em lei.

Originariamente editada sob o nº 2.052, em 29 de junho de 2000, regulamenta o inciso II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição, os artigos 1o, 8o, alínea "j", 10, alínea "c", 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispondo sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização.

Trata-se do mais completo instrumento legal relacionado à proteção da diversidade biológica no País, detalhando a previsão constitucional e as disposições da Convenção da Diversidade Biológica.

Estabelece, dentre outras coisas, os direitos e obrigações relacionados ao acesso a componente do patrimônio genético existente no território nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva para fins de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção; ao acesso ao conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético, relevante à conservação da diversidade biológica; à integridade do patrimônio genético do País e à utilização de seus componentes; à repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados da exploração de componente do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado; e por fim, ao acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para a conservação e a utilização da diversidade biológica (art. 1º, I a IV).

Dispõe que o acesso a componente do patrimônio genético para fins de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção será promovido mediante autorização da União, sem prejuízo dos direitos de propriedade material ou imaterial que incidam sobre o componente do patrimônio genético acessado ou sobre o local de sua ocorrência, ficando ainda o seu uso, comercialização e aproveitamento para quaisquer fins submetidos à fiscalização, restrições e à repartição dos benefícios (art. 1º, §§ 1º e 2º e art. 2º).

Preserva o intercâmbio e a difusão de componente do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado praticado entre si pelas comunidades tradicionais (indígenas e locais) para seu próprio benefício e baseados em prática costumeira (art. 4º).

Veda o acesso ao patrimônio genético para práticas nocivas ao meio ambiente e à saúde humana e para o desenvolvimento de armas biológicas e químicas (art. 5º).

Possibilita, a qualquer tempo, existindo evidência científica consistente de perigo de dano grave e irreversível à diversidade biológica, que sejam tomadas medidas destinadas a impedir o dano, inclusive a paralisação da atividade, respeitada a competência do órgão responsável pela biossegurança de organismos geneticamente modificados (art. 6º).

Estabelece as definições legais de patrimônio genético, conhecimento tradicional associado, comunidade local, acesso ao patrimônio genético; acesso ao conhecimento tradicional associado, acesso à tecnologia e transferência de tecnologia, bioprospecção; espécie ameaçada de extinção, espécie domesticada, Autorização de Acesso e de Remessa, Autorização Especial de Acesso e de Remessa, Termo de Transferência de Material, Contrato de Utilização do

Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios, Condição ex situ” (BRASIL, 2001).

Protege o conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético das comunidades indígenas e das comunidades locais, contra a utilização e exploração ilícita e outras ações lesivas ou não autorizadas, reconhecendo o seu direito à decisão sobre o seu uso, considerando esse conhecimento como integrante do patrimônio cultural brasileiro, garantida a sua preservação, utilização e desenvolvimento, sem prejuízo ou limitação dos direitos relativos à propriedade intelectual (art. 8º e §§).

Nesse sentido, garante às comunidades indígenas e locais que criam, desenvolvem, detenham ou conservem conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético, o direito de ter indicada a origem do acesso ao conhecimento tradicional em todas as publicações, utilizações, explorações e divulgações.

Garante ainda o direito das mesmas de impedir terceiros não autorizados da sua utilização, realização de testes, pesquisas ou exploração; da sua divulgação, transmissão ou retransmissão dos dados ou informações que o integram ou o constituem. Reconhece os seus direitos sobre a titularidade do conhecimento tradicional associado, ainda que apenas um indivíduo, membro dessas comunidades, detenha esse conhecimento, garantindo-lhes o direito de perceber benefícios pela exploração econômica direta ou indireta por terceiros (art. 9º).

Criou, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, com caráter deliberativo e normativo, composto de representantes de órgãos e de entidades da Administração Pública Federal com competência para coordenar a implementação de políticas para a gestão do patrimônio genético; estabelecer normas técnicas, critérios e deliberar sobre as autorizações de acesso e de remessa, diretrizes para elaboração do Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios, e ainda, critérios

para a criação de base de dados para o registro de informação sobre conhecimento tradicional associado.

Ao referido conselho compete ainda, o acompanhamento e a autorização das atividades de acesso e de remessa de amostra de componente do patrimônio genético e de acesso a conhecimento tradicional associado, mediante a anuência prévia de seu titular; destinada à instituição nacional, pública ou privada, que exerça atividade de pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, e à universidade nacional, pública ou privada, assim como o credenciamento de instituição pública nacional de pesquisa e desenvolvimento ou de instituição pública federal de gestão para delegação da autorização acima referida, inclusive para remessa das amostras citadas para instituição sediada no exterior.

No que se refere às atividades de coleta de componente do patrimônio genético e de acesso a conhecimento tradicional associado, que contribua para o avanço do conhecimento e que não esteja associada à bioprospecção, que envolvam a participação de pessoa jurídica estrangeira, a autorização será do órgão responsável pela política nacional de pesquisa científica e tecnológica (art.

12).

A Medida Provisória prevê ainda que o acesso a componente do patrimônio genético existente em condições in situ no território nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva, e ao conhecimento tradicional associado será feito por instituição nacional, pública ou privada, previamente autorizada, que exerça atividades de pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, mediante a coleta de amostra e de informação, respectivamente, permitindo-se a participação de instituição estrangeira similar somente em conjunto com a instituição nacional e com os trabalhos sob a coordenação desta (art. 16 e § 6º).

Havendo perspectiva de uso comercial, o acesso a amostra de componente do patrimônio genético, em condições in situ, e ao conhecimento tradicional associado somente poderá ocorrer após assinatura de Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios, também devendo ser formalizado este instrumento, mesmo quando não previsto na autorização do acesso, caso seja posteriormente identificado o seu potencial de uso econômico, passível ou não de proteção intelectual (art. 16, §4º).

Prevê também o controle das coleções ex situ de amostra de componente do patrimônio genético, através de cadastro próprio, além dos intercâmbios interinstitucionais nacionais e internacionais, facilitados nos acordos multilaterais, inclusive sobre segurança alimentar, mediante prévia autorização e informação do uso pretendido (art. 19).

Estabelece mecanismos que facilitam o acesso à tecnologia e à transferência de tecnologia para a conservação e utilização do patrimônio genético ou do conhecimento tradicional associado pela instituição nacional responsável pelo acesso e remessa da amostra e da informação sobre o conhecimento, através da pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico; da formação e capacitação de recursos humanos; do intercâmbio de informações, inclusive entres instituições nacionais e sediadas no exterior; da consolidação de infra-estrutura de pesquisa científica e de desenvolvimento tecnológico; da exploração econômica, em parceria, de processo e produto derivado do uso de componente do patrimônio genético; e, do estabelecimento de empreendimento conjunto de base tecnológica.

No que se refere aos benefícios resultantes da exploração econômica de produto ou processo desenvolvido a partir de amostra de componente do patrimônio genético e de conhecimento tradicional associado, a Medida Provisória prevê a sua repartição entre as partes, de forma justa e eqüitativa, por meio de contrato específico, através da divisão de lucros; do pagamento de royalties; do

acesso e transferência de tecnologias; do licenciamento, livre de ônus, de produtos e processos; e da capacitação de recursos humanos (art. 29).

Estabelece como infração administrativa contra o patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado toda ação ou omissão que viole as normas relacionadas ao acesso, intercâmbio, utilização e proteção do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado, prevendo, além da apreensão das amostras e instrumentos nela utilizados, multas que variam de duzentos reais a cem mil reais, para pessoas físicas e de dez mil reais a cinqüenta milhões de reais, para pessoas jurídicas (art. 30).

Determina, por fim, que a parcela dos lucros e dos royalties devidos à União, resultantes da exploração econômica de processo ou produto desenvolvido a partir de amostra de componente do patrimônio genético, bem como os valores arrecadados com as multas e indenizações previstas serão destinados ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, ao Fundo Naval e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, devendo ser utilizados exclusivamente na conservação da diversidade biológica, incluindo a recuperação, criação e manutenção de bancos depositários, no fomento à pesquisa científica, no desenvolvimento tecnológico associado ao patrimônio genético e na capacitação de recursos humanos associados ao desenvolvimento das atividades relacionadas ao uso e à conservação do patrimônio genético (art. 33).

3.3.2.7 – Regulamentação da Política Nacional da Biodiversidade – O Decreto 4.339/02.

O Decreto nº 4.339, editado pelo Poder Executivo Federal em 22 de agosto de 2002, institui os princípios e as diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade, com a finalidade de possibilitar, no direito interno, o desenvolvimento de estratégias, políticas, planos e programas nacionais de biodiversidade, conforme os compromissos assumidos pelo Brasil ao assinar a

Convenção sobre Diversidade Biológica e Agenda 21, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, em 1992, além de guardar conformidade com a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional existente.

Os princípios e diretrizes previstas para a implementação Política Nacional da Biodiversidade prevêem a participação dos governos federal, distrital, estaduais e municipais, assim como da sociedade civil.

Ressaltam o valor intrínseco da diversidade biológica, independentemente de seu valor ou potencial para o uso humano, o direito soberano das nações à exploração dos seus próprios recursos biológicos, segundo suas políticas de meio ambiente e desenvolvimento e a responsabilidade das mesmas pela sua conservação e pelo controle de atividades realizadas sob sua jurisdição de modo que não causem dano ao meio ambiente e à biodiversidade de outras nações ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.

Orientam que a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade são preocupações comuns à humanidade, mas com responsabilidades diferenciadas, cabendo aos países desenvolvidos o aporte de recursos financeiros novos e adicionais e a facilitação do acesso adequado às tecnologias pertinentes para atender às necessidades dos países em desenvolvimento.

Considera a manutenção da biodiversidade essencial para os processos da evolução e para a manutenção dos sistemas necessários à vida da biosfera, sendo necessário garantir e promover a capacidade de reprodução sexuada e cruzada dos organismos.

Reafirma os princípio da prevenção, consistente na determinação de que diante de evidência científica consistente de risco sério e irreversível à diversidade biológica, o Poder Público deverá determinar medidas eficazes em termos de

custo para evitar a degradação ambiental; do poluidor-pagador, pelo qual a internalização dos custos ambientais e a utilização de instrumentos econômicos deve ser promovida tendo em conta que o poluidor deverá, em princípio, suportar o custo da poluição, com o devido respeito pelo interesse público e sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.

Considera o homem como parte da natureza, estando presente nos diferentes ecossistemas brasileiros há mais de dez mil anos, e que todos estes ecossistemas foram e estão sendo alterados por ele em maior ou menor escala.

Dispõe que a manutenção da diversidade cultural nacional é importante para pluralidade de valores na sociedade em relação à biodiversidade, sendo que os povos indígenas, os quilombolas e as outras comunidades locais desempenham um papel importante na conservação e na utilização sustentável da biodiversidade brasileira, devendo as ações relacionadas ao acesso ao conhecimento tradicional associado à biodiversidade transcorrerem mediante consentimento prévio dos mesmos.

Estabelece que o valor de uso da biodiversidade é determinado pelos valores culturais e inclui valor de uso direto e indireto, de opção de uso futuro e, ainda, valor intrínseco, incluindo ainda, os valores ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e estéticos.

Orienta que a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade devem contribuir para o desenvolvimento econômico e social e para a erradicação da pobreza e que a gestão dos ecossistemas deve buscar o equilíbrio apropriado entre a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade, devendo os ecossistemas ser administrados dentro dos limites de seu funcionamento.

Quanto aos ecossistemas determina que devem ser entendidos e manejados em um contexto econômico, objetivando a redução das distorções de mercado que afetam negativamente a biodiversidade, a promoção de incentivos para a

conservação da biodiversidade e sua utilização sustentável e a internalização de custos e benefícios em um dado ecossistema o tanto quanto possível.

No que se refere à pesquisa, a conservação ex situ e a agregação de valor sobre componentes da biodiversidade brasileira, orienta que devem ser realizadas preferencialmente no país, sendo bem vindas as iniciativas de cooperação internacional, respeitados os interesses e a coordenação nacional.

Dispõe que as ações nacionais de gestão da biodiversidade devem estabelecer sinergias e ações integradas com convenções, tratados e acordos internacionais relacionados ao tema da gestão da biodiversidade, devendo ter caráter integrado, descentralizado e participativo, permitindo acesso aos benefícios gerados por sua utilização a todos os setores da sociedade brasileira.

Quanto à sua abrangência, a Política Nacional da Biodiversidade aplica-se aos componentes da diversidade biológica localizados nas áreas sob jurisdição nacional, incluindo o território nacional, a plataforma continental e a zona econômica exclusiva; e aos processos e atividades realizados sob sua jurisdição ou controle, independentemente de onde ocorram seus efeitos, dentro da área sob jurisdição nacional ou além dos limites desta.

Como diretrizes da política nacional prevê o estabelecimento de cooperação com outras nações, diretamente ou, quando necessário, mediante acordos e organizações internacionais competentes, no que respeita a áreas além da jurisdição nacional, em particular nas áreas de fronteira, na Antártida, no alto-mar e nos grandes fundos marinhos e em relação a espécies migratórias, e em outros assuntos de mútuo interesse, para a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica;

Estabelece, que o esforço nacional de conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica deve ser integrado em planos, programas e políticas

setoriais ou intersetoriais complementares e harmônicos, prevenindo e combatendo as causas relacionadas à redução ou perda da diversidade biológica;

Dispõe que a gestão dos ecossistemas deve ser descentralizada ao nível apropriado e os gestores de ecossistemas devem considerar os efeitos atuais e potenciais de suas atividades sobre os ecossistemas vizinhos e outros;

Como objetivo geral, a Política Nacional da Biodiversidade prevê a promoção, de forma integrada, da conservação da biodiversidade e da utilização sustentável de seus componentes, com a repartição justa e eqüitativa dos

Como objetivo geral, a Política Nacional da Biodiversidade prevê a promoção, de forma integrada, da conservação da biodiversidade e da utilização sustentável de seus componentes, com a repartição justa e eqüitativa dos