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3. A CONSTITUIÇÃO DO PLANO SOB O OLHAR ETNOGRÁFICO

3.3 A descrição etnográfica do Plano de Desenvolvimento Econômico Regional e Local

O projeto de criação do PDEVP iniciou-se por volta de setembro de 2013 (com atuação da autora até julho de 2014) sendo que a principal equipe envolvida no processo era caracterizada como multidisciplinar e constituída por: (1) o proprietário da consultoria e diretor geral (formado em geografia e economia e possuía algumas experiências de trabalho no setor público, exemplo: ASecretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação9); (2) 1 gerente do projeto (Cunhada do proprietário. Possuía experiência de outros projetos da empresa); (3) 3 analistas (1 da área da economia (especificamente não área

9 Mesma secretaria do convênio com o CIVAP para disponibilização dos recursos financeiros para elaboração do Plano.

financeira, mas com experiência de um projeto anterior na empresa relacionado à competitividade do Estado de São Paulo), 1 da área da geografia (coordenadora do projeto na empresa e possuía experiência de outros projetos em outras consultorias) e eu da área de Gestão de Políticas Públicas (recém-formada e com experiência relacionado ao setor público também com o projeto de competitividade do Estado de São Paulo).

Segundo o documento Relatório de Atividades 1 – Plano de Trabalho a empresa descreveu a equipe para elaboração do projeto sob a seguinte forma:

A equipe de trabalho é composta por profissionais que agregam em seu conjunto uma somatória de conhecimentos gerenciais, técnicos e especialistas, sobre os temas a serem abordados no projeto, de modo a contemplar de maneira produtiva todas as necessidades para sua condução. A equipe terá atuação intensiva, ou seja, os profissionais que atuarão na elaboração técnica cotidiana do trabalho terão continuidade e assiduidade de dedicação, devendo atuar ao longo do projeto, consolidando os produtos objetivados. Dada a grande variedade de temas e natureza técnica do projeto, a equipe do projeto poderá contar ainda com o apoio de profissionais que atendam as especialidades fundamentais ligadas ao desenvolvimento do serviço. (GEO BRASILIS, 2013a, p.14).

Em termos de atuação, o proprietário e a gerente ocupavam os níveis mais estratégicos da empresa e do projeto (Coordenação Geral) e participavam das grandes decisões e das reuniões mais estratégicas juntamente com os representantes de maior nível hierárquico do CIVAP. As três analistas ocuparam cargos operacionais (Apoios Técnicos), de atuação direta no projeto no que se refere à ida a campo, elaboração das propostas e envolvimento com objeto de estudo: os processos, os atores, dentre outros. Uma destas três analistas era considerada coordenadora (Coordenação Técnica Executiva), o qual revisa a produção de textos e materiais criados além participar de algumas decisões a nível estratégico (juntamente com o proprietário e a gerente) e tomar decisões a nível prático. A equipe contou com eventual apoio de Especialistas para elaborar alguma tarefa específica (exemplo: Cenários Econômicos) ou de outros membros da empresa (estagiários) para o trabalho técnico como levantamento e compilação de dados. A equipe esteve organizada da seguinte forma:

Figura 4 – Profissionais alocados no projeto.

Fonte: GEO BRASILIS, Relatório de Atividades 1, Plano de Trabalho, 2013a.

A empresa estava estruturada de maneira hierárquica, com os principais cargos ocupados por familiares do proprietário (o que dificultava a comunicação e as decisões entre toda a equipe, uma vez que a opinião das analistas, não membros da família, importava pouco perante a opinião de um familiar ou das decisões em conjunto apenas entre eles) e as principais decisões e conduções do projeto vinham da Coordenação Geral para as equipes de Apoio Técnico e Coordenação. Entretanto, ressalvo que em alguns momentos houve diálogo e decisão em conjunta em relação ao Plano, por exemplo, as sugestões das oportunidades de negócio e projetos estruturantes. Devido ao fato da equipe técnica e de coordenação terem sido as responsáveis do trabalho a campo, coube a nós, na maioria das vezes, realizarmos as decisões práticas do projeto e orientações do trabalho e resultados.

Em termos das relações estabelecidas internamente, o clima organizacional se caracterizou por constantes conflitos entre a direção (principalmente com a gerente) e a equipe técnica. Durante todo o projeto, foram poucos os momentos de motivação do trabalho na empresa, existiram discussões verbais entre alguns membros, prevaleceram as pressões da diretoria sob as analistas, algumas condições materiais e de estratégia de trabalho a campo não permitiram o melhor desempenho das analistas, o que resultou que antes mesmo da finalização do projeto, duas das três analistas atuantes (a coordenadora e a economista) saíram da consultoria.

Já sobre o discurso da consultoria com relação a sua missão na elaboração do PDEVP, as orientações da gestão foram de elaboração de um bom plano, entrega de um

trabalho com qualidade e que deveríamos ao máximo propor as políticas públicas que representassem a realidade e as vocações dos municípios. Por outro lado, também existiram discursos de proposições de ações que possivelmente no futuro o CIVAP poderia vir novamente contratar a consultoria para elaboração de novos trabalhos.

Com relação ao CIVAP, a diretora e o presidente do ano de 2013 foram os principais contatos ao longo do projeto, sendo que em alguns momentos, nos relacionamos também com os demais (e poucos) funcionários do consórcio (normalmente para obter alguma informação). As relações com os prefeitos se deram praticamente nas visitas a campo e/ou nos eventos do projeto do que no consórcio. O contato com os atores envolvidos foi contínuo ao longo desse período, porém nem sempre de maneira direta, ou seja, tivemos momentos de ida a campo através das entrevistas com: prefeitos, diretores do CIVAP, empresários e entidades de classe da região, mas, por outro lado, existiram momentos que trabalhamos internamente na consultoria, revisando dados levantados, elaborando documentos, debatendo as observações a campo, dentre outras atividades. Durante este período, o contato se deu por meio telefônico ou via e-mail.

Em termos de caracterização dos principais interlocutores do CIVAP, o presidente de 2013 era o prefeito de Tarumã, influente e conhecido na região e do partido do PSDB, e a diretora possuía cargo de confiança, aliada ao PSDB, e apesar de ser política e ter sido prefeita de Pedrinhas Paulistas no passado, no momento apenas se dedicava ao CIVAP. A diretora também era influente e conhecida na região, entretanto, alguns entrevistados apresentaram os conflitos políticos desta com o prefeito de Pedrinhas em 2013, sendo que, alguns chegaram atribuir a não participação deste município no consórcio por este motivo.

Nas visitas aos municípios consorciados, entrevistamos prefeitos e alguns de seus assessores de confiança10. Dos prefeitos entrevistados, encontramos diferentes perfis de profissionais, como: agricultores, proprietários de terra (pequeno/médio porte), liberais autônomos (médico, advogado, contador, etc.), dentre outros.

Entretanto, não foram apenas os diretores e prefeitos os informantes do projeto. O trabalho buscou também entrevistar entidades de classe da região, empresariado local e instituições como SEBRAE, CIESP, CATI11, dentre outros. De acordo com o Relatório final do PDEVP (CIVAP, 2014) foram realizadas 57 reuniões de trabalho, com gestores públicos (municipal e estadual) e entidades privadas, com 122 participantes, sendo: 22 com prefeitos,

10 Em alguns poucos casos, os prefeitos não estiveram presentes, entretanto, a entrevista ocorreu com representantes do governo como o vice ou assessores de confiança.

11 SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado de São Paulo).

representantes das prefeituras e conselheiros municipais; 32 com de atuação regional e local, dentre empresariado e entidades de classe; 03 com gestores estaduais de secretarias e órgãos da administração direta do governo estadual. Detalhados da seguinte forma:

(1) Reuniões com empresariado local foram realizadas com representantes das seguintes entidades e instituições: Associação Comercial e Industrial de Assis, Usina Ibéria, Associação Comercial Cândido Mota, AgroMaia, Associação dos Produtores Rurais de Cruzália, Confecção Charlo (Cruzália), Sindicato Rural de Ibirarema, Associação dos Produtores Rurais de João Ramalho, Associação Comercial João Ramalho, Laticínios Lutécia, Associação Comercial e Industrial de Maracaí, CooperMar, Harba Tapetes e Carpetes, Sindicato do Comércio Varejista de Palmital, Associação Comercial e Empresarial de Paraguaçu Paulista, Sindicato Rural Patronal da Estância Turística de Paraguaçu Paulista, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quatá, Bioresult Laboratório Entomológico (Quatá), Associação Comercial e Empresarial de Quatá, Loja West Bulls (Taciba), Cooperativa de Costureiras (Taciba), Casa da Agricultura (Taciba) e Associação Comercial Tarumã. (2) Reuniões com empresariado regional foram realizadas com representantes das seguintes entidades e instituições: CART (Concessionária Auto Raposo Tavares), CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), SicoobCredimota, Sindicato Rural de Assis e Cândido Mota e Vice Prefeito de Cândido Mota.(3) Reuniões com Órgãos da Administração Direta do Governo Estadual foram realizadas com representantes da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado de São Paulo) e da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios). (CIVAP, 2014, p. 16).

Salvo algumas exceções, no geral o clima e o discurso dos entrevistados eram de contribuir para a elaboração do plano, de esperança de que as propostas de políticas públicas iriam refletir na possibilidade de crescimento local e de que o CIVAP desempenhava um bom trabalho. Os mais resistentes, se colocaram contrários ao plano ou à atuação do CIVAP na região (as problemáticas serão discutidas mais abaixo).

A criação do PDEVP envolveu a análise de:

30 documentos relacionados aos temas estudados, entre teses e artigos acadêmicos, artigos e livros produzidos por instituições de pesquisa, como APTA e Câmaras Setoriais, planos de governo, legislações, entre outros documentos; 50 sites oficiais foram consultados e pesquisados. (CIVAP, 2014, p. 16).

Sendo que da maneira como foi realizado o projeto e os resultados obtidos, segundo o Relatório Final do Plano asseguram cumprir as seguintes metas propostas:

 Portfólio com 44 oportunidades de negócios para os 22 municípios e 10 projetos estruturantes em âmbito regional;

 Elaboração de três Planos de Trabalho para captação de recursos públicos que alavancarão projetos de fomento regional;

 Indicação de uma agenda estratégica de desenvolvimento, estabelecendo cinco ações para dinamização da cadeia produtiva que, integradas, possam ser transformadas em negócios capazes de contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável e a melhoria das condições sociais da região. (CIVAP, 2014, p. 16).

Nosso primeiro contato com os atores do Consórcio (especificamente as três analistas operacionais) ocorreu no primeiro grande evento do projeto, de Lançamento do Plano, em 30 de agosto de 2013. O evento ocorreu no Anfiteatro da Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA) e teve como objetivo apresentar o projeto de elaboração do Plano pela Geo Brasilis para conhecimento dos interessados e autoridades, além da posse do Conselho Intermunicipal de Acompanhamento da Elaboração do Plano de Desenvolvimento Regional (GEO BRASILIS, 2013d). A mesa de autoridades foi composta por: (1) prefeito de Tarumã e presidente do CIVAP; (2) coordenador da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (representando o secretário); (3) prefeito de Cândido Mota; (4) vice-presidente do CIVAP; (5) presidente do Conselho Curador da FEMA; (6) um dos vereadores de Assis; e (7) gerente do Sebrae/regional Marília (GEO BRASILIS, 2013d).

De público presente “o evento reuniu cerca de 90 participantes de diversos municípios da região, entre eles prefeitos, vereadores, secretários municipais, representantes de associações, de instituições de ensino e comunidade em geral” (GEO BRASILIS, 2013d, p. 21), sendo que o convite foi enviado para: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo; Prefeitos Locais e Regionais; Câmara de Vereadores; Secretarias Municipais Locais e Regionais; Associações Comerciais Locais e Regionais; Sindicatos Rurais Locais e Regionais; Grandes Empresas Locais e Regionais; Formadores de Opinião Locais e Regionais; Universidades Locais e Regionais (GEO BRASILIS, 2013d).

Este contato inicial nos permitiu conhecer os atores chaves e mais influentes da região. Interessante notar a partir das interações com tais atores a existência de diferentes tipos de intenções políticas e econômicas, apesar de que, em um primeiro momento e contato, fomos bem recebidas por todos e aparentemente as intenções eram todas “positivas”. Alguns sujeitos nos viam como uma “esperança” de criação de um Plano que ajudasse a modificar o cenário da região além de trazer emprego, renda e desenvolvimento socioeconômico, outros, como uma “oportunidade” sendo que estas intenções foram colocadas pelos mesmos de maneira implícita em suas falas e comportamentos, ou pôde ser notado pela forma de relacionamento entre os principais responsáveis das partes do acordo de elaboração do plano.

Ressalvo que, nosso primeiro contato com o presidente e diretora do CIVAP não seu deu no início do Plano, mas alguns meses anteriormente a este processo, em uma visita ao

Parque tecnológico de São José dos Campos em 31 de julho de 2013, organizado pela empresa GEO BRASILIS. A ideia era apresentar uma possibilidade de política pública a ser sugerida para a região do CIVAP. Observo que o contrato firmado entre a GEO BRASILIS e o CIVAP se deu em 08 de julho de 2013 segundo o Relatório Final do PDEVP (CIVAP, 2014).

Estabelecido o primeiro contato, firmado as parcerias e determinado o network entre os envolvidos do processo e propício de ser feito em eventos deste porte, iniciou-se a primeira etapa do projeto. Esta etapa teve como foco a elaboração de Diagnóstico Econômico da região e municípios, mapeamento das atividades e cadeias produtivas existentes, identificação dos elos existentes entre as cadeias e os potenciais de desenvolvimento local e regional, reconhecimento dos entraves ao crescimento, além da definição de Cenários (referencial e o prospectivo), sendo que através destes evidenciar as ações que propiciem o desenvolvimento econômico.

Antes de iniciar as atividades a campo por parte das consultoras, houve um levantamento de informações em termos de dados secundários além de preparação das três analistas sobre os tipos de dados primários que deveríamos coletar a campo. De dados secundários, levantamos informações suficientes para conhecer a realidade socioeconômica da região, sendo assim dados12: agropecuários, PIB, Valor Agregados, empregos (números e tipos), porte dos estabelecimentos, tamanho das propriedades de terras, disputas territoriais existentes, entidades de classes e empresariado local, IDHM, estudos pré-existentes dos municípios e região, ocupantes de cargos importantes, pessoas de influência, dentre outros. A partir disto, criamos um KIT (resumo destes dados em documento de Word) com a intenção de utilizá-lo como guia e elaboramos um questionário, roteiro de perguntas pré-estabelecidas, de maneira a nos orientar na busca dos dados primários.

O roteiro de perguntas e os questionários elaborados foram no sentido de obter maiores informações a respeito da realidade socioeconômica da região e dos municípios em decorrência da análise insuficiente que os dados secundários nos ofereciam. Desta maneira, desagregamos os dados secundários (exemplo: PIB, Valor Adicionado e IDHM) e procuramos entender juntamente com os informantes quais eram os fatores e as raízes que induziam os resultados numéricos que obtivemos da pesquisa destes dados. Além disto, procuramos obter informação de dados não mensurados e subjetivos (percepção e observação dos informantes) a respeito das forças sociais e econômicas existentes, das vocações e potencialidades

12 A maioria destes dados já foram explicitados em páginas anteriores ou serão melhores detalhadas na sequência.

econômicas de desenvolvimento. Para melhorar ainda mais a nossa noção da realidade socioeconômica, os informantes nos apresentavam fotos, dados e arquivos, ou até mesmo, nos levavam nos locais específicos para compreendermos as demandas solicitadas.

No final de setembro de 2013, fomos a campo. Ficamos hospedadas em um hotel na cidade de Assis (considerado um dos únicos hotéis de médio/grande porte na região) e de lá íamos dirigindo para os municípios para nossas entrevistas. Nesta semana, nos dividimos em três pessoas para ir visitar as prefeituras, realizar entrevistas com os prefeitos e assessores, para conhecer as cidades: o campo agrícola, pontos de referência, o comércio, dentre outros, e para conhecer a sede do CIVAP e interagir com os atores que trabalham no consórcio. Tivemos algumas reuniões em termos mais estratégicos sobre o projeto na sede, os quais envolveram, além de nós três, o diretor da consultoria e alta direção do CIVAP.

Nesta primeira parte das entrevistas, realizamos vinte e duas reuniões (uma em cada município) e envolveram aproximadamente 68 pessoas entre prefeito e seus conselheiros que participaram da reunião. A partir da minha percepção de trabalho a campo e da explicação das outras duas analistas a respeito de suas experiências, pude observar que encontramos diferentes comportamentos dos entrevistados, tanto os mais receptivos e nos viam com bons olhos quanto os mais resistentes.

De maneira geral, a maioria dos informantes foram receptivos e colaboraram com o que fosse necessário para nos dar elementos para o diagnóstico local e regional e futuras proposições das ações. Durante o processo das entrevistas com os informantes da região, um dos principais valores que pudemos observar foi a hospitalidade e receptividade da maioria dos municípios. Em algumas cidades, fomos recebidas com presentes: lingüiças artesanais, tapete, doce de leite, cervejas de produção própria, dentre outros. Ou seja, foi uma realidade bem diferente das reuniões que estávamos acostumadas fazer nas empresas e instituições em São Paulo. Os interlocutores nos presenteavam com produtos os quais acreditavam serem potencialidades de seus municípios, evidenciando os processos e a qualidade dos mesmos, ou ainda, procuravam nos agradar no sentido de “agradecer” pela elaboração do Plano e por terem expectativas de que nós iríamos promover o desenvolvimento de seu município e região.

Por outro lado, existiram alguns informantes municipais, que por diferenças políticas com os diretores do CIVAP ou por não concordarem com o gasto para elaboração do PDEVP, adotaram alguns comportamentos mais resistentes, entretanto, colaboraram com o fornecimento dos dados necessários para nossa pesquisa. Tais comportamentos foram: O município de Borá (menor município da região e um dos menores do Estado) não era a favor

das propostas de desenvolvimento e do Plano, pois não gostariam de aumentar seus níveis de crescimento, visto que, da maneira que estava (oferta de políticas públicas versus demanda populacional) acreditavam que atendiam as demandas e praticamente não apresentavam problemas econômicos e sociais. Já no município da Estância Turística de Paraguaçu Paulista, apesar de bem recebidas, os informantes no apresentaram a existência de um outro plano de desenvolvimento econômico (e recente e de qualidade) e nos expôs a real necessidade de estar sendo feito o então atual plano (PDEVP).

Das entrevistas pudemos notar que devido à baixa capacitação dos funcionários, em alguns municípios somente as informações levantadas e compiladas de dados secundários (retirados de fontes públicas e da internet, como: IBGE, ministérios, SIDRA, dentre outros) citados anteriormente e compiladas no KIT de orientação das entrevistas, já eram informações os quais muitos não tinham e nos solicitaram que enviássemos a versão online do documento.

Ainda, apesar da busca dos municípios por suas oportunidades de negócio, evidenciando suas expectativas para nós, o discurso da “nossa região”, “desenvolvimento de todos” esteve presente em todas as entrevistas. Os municípios apresentaram suas potencialidades, as vocações da região do CIVAP e ainda, em alguns casos, de seus municípios vizinhos. Nos resultados finais, pudemos propor oportunidades semelhantes entre algumas cidades e até articuladas entre si.

Dos dados secundários desagregados nas entrevistas, de modo geral, os altos índices econômicos derivavam das atividades relacionadas ao agronegócio (no que se refere às grandes produções agrícolas, transformação da matéria prima e produto agregado, exemplo, cana-de-açúcar em álcool e de demais atividades indiretamente envolvidas nestes processos), com exceção de Assis que as atividades estão concentradas nos setores do comércio e serviços para toda a região, mas que, entretanto, não refletia em igualdade socioeconômica e acesso a oportunidades a todos da população, ou seja, como característica do Brasil, prevalecia o enriquecimento de poucos em detrimento da pobreza e de baixas condições e qualidade de vida de muitos.

Já dos dados primários levantados, identificamos: (1) vocações e potencialidades (os quais iriam se transformar nas oportunidades de negócios e projetos estruturantes) diversas dos municípios, mas principalmente agropecuários. Assim, observamos as possibilidades nos setores: turismo (balneários, gastronômico, cultural, dentre outros); corte e costura; produção agrícola como mandioca e hortifruticultura; piscicultura; pecuária; instalação de incubadora de empresas e de centro de comercialização de produtos agrícolas; instalação de indústrias de transformação dos produtos agropecuários, dentre outros; (2)

praticamente todos os municípios possuem convênios e/ou parcerias estabelecidas pelos municípios com o governo estadual e nacional; (3) O programa mais comum oferecido pelas prefeituras aos seus munícipes é o empréstimo de maquinário para os produtores rurais. Apenas alguns municípios possuíam programas de fomento à economia local, como, leis de incentivos a abertura e/ou instalação de negócios, incentivo ao turismo ou as feiras locais, dentre outros; (4) todas as cidades possuíam pelo menos uma destas instituições estabelecidas em seu território: Casa da Agricultura, Posto de Atendimento do Trabalhador (PAT) ou Banco do Povo; (5) observamos que alguns municípios participavam de outros consórcios além do CIVAP, exemplo: Unipontal13 (União dos Municípios do Pontal do Paranapanema), sendo