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A educação médica no Maranhão nos circuitos da redefinição curricular

Capítulo 1 Educação Médica no Brasil e seus caminhos, tendências e

1.4 A educação médica no Maranhão nos circuitos da redefinição curricular

1.4.1 O novo projeto político-pedagógico do curso de Medicina da UFMA

A Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão, precursora do curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), foi fundada em 28 de fevereiro de 1957, tendo como entidade mantenedora a Sociedade Maranhense de Cultura Superior, presidida pelo então arcebispo metropolitano D. José de Medeiros Delgado. Iniciou suas aulas no 2º semestre de 1958, tendo como seu primeiro diretor o Dr. João Bacelar Portela. Em 20 de janeiro de 1961, a Universidade do Maranhão incorporou a Faculdade de Ciências Médicas.

Em seus mais de cinquenta anos, o Curso de Medicina da UFMA já atravessou diversas reformas curriculares, a primeira delas em 1962. A transformação mais radical por que passou foi a que, em 1980, alterou o seu ciclo básico (dois primeiros anos), transformando-o num projeto curricular integrado, de características interdisciplinares, experiência que encontrou forte resistência dos integrantes dos departamentos acadêmicos e das disciplinas envolvidas, encerrando-se em 1985. A reforma curricular mais recente ocorreu em 1995 com a adoção do denominado Currículo 30, que mantinha as tradicionais características flexnerianas e disciplinares, constando de ciclo básico (dois anos), ciclo profissionalizante (três anos) e internato/estágio curricular (um ano). Em 2006, este currículo sofreu um rearranjo de cargas horárias das disciplinas do ciclo profissionalizante para permitir um estágio curricular de um ano e meio, passando a denominar-se Currículo 40.

Então, acompanhando o movimento desencadeado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, o Curso de Medicina da UFMA foi aceito, através da Portaria 2.530, de 22/12/05, do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005), na companhia de mais 37 cursos de Medicina, 27 cursos de Enfermagem e 25 cursos de Odontologia, como um

dos integrantes do PROSAÚDE - Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (BRASIL, 2005), tendo, a partir daí, iniciado as etapas necessárias para a implantação de um Projeto Político-Pedagógico para reformulação completa do seu currículo.

1.4.2 Primeiro Momento: a experiência de implantação das diretrizes político- pedagógicas

Como decorrência deste processo de preparação, no primeiro semestre de 2007, o curso de Medicina da UFMA iniciou a implantação de um novo Projeto Pedagógico (UFMA, 2007), que, alinhado com as novas concepções políticas e pedagógicas desencadeadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (BRASIL, 2001), tencionava reformar de forma completa o seu currículo.

Este novo projeto pedagógico define-se como “um Programa Permanente de Reestruturação Curricular e Adequação Gerencial”, tendo como premissa básica “a transição entre o paradigma flexneriano e o paradigma da integralidade”, na compreensão de que “as Instituições de Ensino Superior devem assumir o compromisso permanente de adequar o projeto de formação profissional às exigências das demandas sociais”. (UFMA, 2007, p. 6).

Afirma o novo projeto pedagógico que a sua concepção curricular encontra-se “pautada na metodologia da problematização [...], centrada no estudante como sujeito de aprendizado e apoiada no professor como facilitador e mediador do processo ensino- aprendizagem” (UFMA, 2007, p.7). Define-se como “uma proposta metodológica que visa desvendar a realidade para transformá-la [...], inserindo-se numa concepção crítica da educação”. (idem, p.7)

É interessante que, inicialmente, destaquemos o que o novo Projeto Político- Pedagógico (UFMA, 2007, p. 44) considera como seus objetivos para o curso de Medicina:

Objetivo Geral: promover a formação do profissional com conhecimentos técnico-científicos integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS), capaz de atuar no processo saúde-doença nos diferentes níveis de atenção e nas ações de promoção e de prevenção, assegurando o desenvolvimento de suas habilidades e atitudes; Objetivos Específicos: reorientar o processo de formação em Medicina, de modo a oferecer à comunidade profissionais habilitados para responder às demandas local, regional e nacional integradas ao Sistema Único de Saúde (SUS); estabelecer mecanismos de cooperação

entre os gestores do SUS e o Curso de Medicina, com objetivo tanto à melhoria da qualidade e resolubilidade da atenção prestada ao cidadão quanto à integração da rede pública de serviços de saúde à formação dos profissionais de saúde na graduação e na educação permanente; incorporar, no processo de formação de Medicina a abordagem integral do processo saúde-doença e da promoção de saúde; ampliar a duração da prática na rede pública de serviços básicos de saúde.

Sobre o perfil de médico que pretende formar, o projeto curricular da UFMA (2007, p.44) é bastante claro:

Profissional com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado para atuar no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano.

Ao definir-se sobre as competências, habilidades e atitudes deste médico a ser formado, o Projeto Pedagógico do Curso de Medicina (p.45-46) transcreve, na íntegra, o Artigo 5º das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (BRASIL, 2001), promulgadas pelo Ministério da Educação e Cultura.

Antes de apresentar a sua organização curricular, o projeto discute os fundamentos que embasaram as opções políticas e pedagógicas da nova formatação que pretende dar ao curso de Medicina, reunindo-os sob a seguinte distribuição:

1. O campo de conhecimento e o profissional na sociedade atual 2. O curso e seus fundamentos

3.1. Fundamentos teóricos da formação profissional e inserção social 3.2. Fundamentos político-pedagógicos de formação cidadã e profissional 3.3. Princípios da formação cidadã e profissional

3.3.1. Articulação da formação profissional e humanística 3.3.2. O projeto de formação anterior e a sólida formação teórico-

metodológica do projeto curricular proposto 3.3.3. Inserção no mundo do trabalho e na sociedade

3.3.4. Indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão/assistência 3.3.5. Interação Disciplinaridade, Interdisciplinaridade e/ou

Transdisciplinaridade e dos campos de conhecimentos

Analisaremos essa fundamentação em seus itens constituintes, visando facilitar a futura comparação que faremos com a reformulação do projeto, realizada em 2009.

No item “Campo do conhecimento e o profissional na sociedade atual”, o novo projeto justifica a necessidade de mudanças, listando as principais características do modelo de formação médica que pretende superar, como:

[...] a pouca valorização conceitual do processo saúde/doença e seus determinantes; o enfoque pragmático e funcionalista da medicina como se ela fosse ciência universal, atemporal e isenta de valores; a valorização das ciências sociais como acessório ou complemento na prática e nas teorias médicas, considerando-as como ciências normativas e com finalidade adaptativa e funcional. (UFMA, 2007, p.18)

Identifica ainda o seu objetivo, citando as Diretrizes Curriculares Nacionais, como:

A formação do médico dotada de conhecimentos relacionados ao processo saúde-doença do cidadão, da família e da comunidade, integrada à realidade epidemiológica e profissional, proporcionando a integralidade das ações do cuidar em Medicina. (UFMA, 2007, p.18)

A seguir, na apresentação intitulada “O curso de graduação e seus fundamentos”, o projeto transcreve, novamente, o Artigo 5º das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (BRASIL, 2001), onde são listados os conhecimentos requeridos para o exercício das competências e habilidades necessárias à formação médica.

No trecho denominado “Fundamentos Teóricos da formação profissional e inserção social”, o projeto relembra os marcos históricos nacionais e internacionais do movimento pelas mudanças na educação médica, citando, entre outros, a fundação da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), a Declaração de Alma-Ata, as Conferências de Edimburgo, vários encontros internacionais sobre educação médica, a elaboração do Perfil do Médico Brasileiro pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), a CINAEM, as Diretrizes Curriculares dos cursos de Medicina e os Programas PROMED e PROSAÚDE.

O projeto enfatiza, então, os principais pontos da legislação nacional que fundamentam a revisão dos currículos médicos, como a Resolução 8/69, o Parecer 506/69 e o Edital 4/97, todos do então Ministério de Educação e Cultura, e as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de graduação em Medicina.

Sugere, também, a sua opção pelo perfil de médico que pretende formar, citando como marcos conceituais do novo modelo o enfoque familiar defendido pelas entidades nacionais e internacionais de educação médica, a importância da formação em Medicina Geral Comunitária, o modelo cubano alicerçado na medicina da família e a opção política do Ministério da Saúde pelo Programa Saúde da Família (PSF).

Um dado interessante é que o projeto aponta, já nesta fundamentação, como um dos entraves à implantação dos novos currículos médicos o sistema de Departamentos Acadêmicos das universidades federais, que “favorece a perda da unidade da escola, sob uma coordenação e direção com pouca ingerência junto aos colegiados, onde se discute e define o programa curricular com temas interdisciplinares” (UFMA, 2007, p.24), questionando o reduzido poder que a Coordenação do Curso pode exercer sobre as Assembléias Departamentais. Esta afirmação embasa uma antiga reivindicação da Medicina da UFMA, uma vez que o próprio Projeto Pedagógico levanta a questão de que o Colegiado do Curso, em 2006, já aprovou uma resolução visando “reativar a Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão, cujo anteprojeto está sendo elaborado para ser submetido às instâncias superiores” (UFMA, 2007, p.15).

No segmento denominado “Fundamentos político-pedagógicos de formação cidadã e profissional”, o projeto curricular enfatiza as recomendações a respeito da Educação Médica elaboradas pela OPAS, pela OMS, pela Conferência de Alma-Ata e pelas Conferências de Edimburgo, a demandar a elaboração de novas estratégias curriculares, visando à consolidação do novo perfil do médico a ser formado.

Identifica as diversas estratégias que podem ser utilizadas para a obtenção desse objetivo, como: a integração interdisciplinar (horizontal e vertical); a Aprendizagem Baseada em Problemas; a aprendizagem ativa, centrada nos estudantes e na problematização; a diversificação dos cenários de prática; a Aprendizagem Nuclear; e a ênfase na formação em Ciências Sociais. (UFMA, 2007, p.27-29)

Merece especial atenção a análise sobre a metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas, que é vista como:

[...] uma propositora de soluções significantes, contextualizadas e do mundo real, fornecedora de fontes, guias e instruções para aprendizes, enquanto da busca de conhecimentos e habilidades para resolver problemas. (UFMA, 2007, p.28)

O projeto pedagógico assume, embora sem citar estudos comprobatórios, a afirmação de que os alunos envolvidos na metodologia PBL

[...] apresentam significativa mudança e melhoria quanto ao pensamento crítico, resolução de problemas, formulação e definição de problemas, estudos extra livro-texto, tomada de decisão, estudo de literatura para a resolução de problemas, habilidade para argumentar sistematicamente pró/contra. (UFMA, 2007, p. 28)

É recorrente, também neste item, a vinculação curricular aos problemas da sociedade em que o aluno se forma, ao afirmar-se que “o perfil profissional do egresso deve coincidir com as demandas da sociedade, dos novos perfis epidemiológicos e demográficos e das condições da pratica profissional” (UFMA, 2007, p.28).

Nos argumentos citados no novo projeto, observa-se uma única referência a um teórico da Educação – Paulo Freire, com a afirmativa de que a problematização, modelo assumido pela proposta, tem em seus estudos (citando-se explicitamente “Pedagogia do Oprimido”):

[...] uma formulação que enfatiza a percepção de que os problemas, os temas, a serem estudados partem de um cenário real, em que a educação e investigação temática são momentos de um mesmo processo. (UFMA, 2007, p.29)

Na discussão sobre “O projeto de formação anterior e a sólida formação teórico-metodológica do projeto curricular proposto”, o documento critica o modelo de formação médica vigente na instituição, que é caracterizado como de:

[...] formação humanística deficiente, formação predominantemente tecnocêntrica e teórica, não contextualizada e sem integração disciplinar, [ocorrendo] basicamente em ambiente hospitalar e sempre voltado para ação corretiva, em detrimento da ação preventiva ou de promoção da saúde da população, com ênfase em ações terciárias, e voltado para a especialização. (UFMA, 2007, p.33)

A seguir, o projeto pedagógico detalha os principais problemas observados no ensino do Curso de Medicina da UFMA, destacando: concentração da oferta de disciplinas nos turnos matutino e vespertino; carga horária insuficiente nos tópicos que se destinam a formar o médico com conhecimentos humanísticos; excesso de aulas teóricas em detrimento das práticas; dissociação entre o ensino da formação básica e o profissionalizante; ensino metodológico centrado no professor; ausência de flexibilidade; ausência de conteúdo significativo para o aluno; conteúdos desnecessários e repetidos; deficiência dos conteúdos relacionados à Saúde Pública; ausência de critérios para a elaboração e correção de provas;

concepção de avaliação pela aquisição e memorização do conhecimento; avaliação puramente somativa, com ênfase na quantificação (provas teóricas e práticas); pouca participação do estudante em atividades de pesquisa e extensão, em detrimento da atividade de ensino; e pulverização de trabalhos acadêmicos.

A proposta em questão destaca, ainda, neste item, as principais características que diferenciam o novo currículo médico e o transformam no mais adequado às tendências políticas e pedagógicas da formação médica contemporânea: a) flexibilidade, pois possibilita ao aluno integrar conteúdos teórico-práticos obrigatórios e optativos, que atendam às suas necessidades e aspirações individuais; b) abordagem humanista, com uma fundamentação comum do conhecimento, do desenvolvimento de habilidades atitudes e valores, associados à sensibilidade e preservação dos princípios morais e éticos; c) opção pela formação geral do médico, garantindo uma ampla visão da medicina no seu todo, sem comprometimento com a especialização precoce, permitindo ao aluno, após o término do curso, optar por qualquer área do conhecimento médico e, dessa forma, continuar os estudos em áreas específicas ou aprofundar-se em sua formação geral; d) redimensionamento do processo formativo, voltando-se para novas propostas pedagógicas, possibilitando o conhecimento contextualizado e o saber aprender; e) abandono da tendência hospitalocêntrica da aprendizagem médica, pois, embora considerando que o ensino, em certos processos e momentos, deve transcorrer nos hospitais universitários, privilegia a aprendizagem do aluno nos ambulatórios e nos postos de saúde, através da sua participação em programas de prevenção; f) locais de treinamento e de formação profissional integrantes e integrados ao Sistema Único de Saúde.

Observa ainda que o novo currículo enfatiza a importância de uma formação que capacite o profissional para a auto-aprendizagem e para a busca da educação permanente.

Ao analisar o complexo e dinâmico mercado de trabalho para o médico no segmento “Inserção no mundo do trabalho e na sociedade”, o projeto constata a alteração progressiva do caráter tradicionalmente liberal da Medicina e que o Sistema Único de Saúde, em todos os níveis de complexidade – básica, média e alta – “é importante empregador, o que, ampliaria a responsabilidade das escolas médicas na formação de especialistas adequados a essa demanda e necessidade” (UFMA, 2007, p.42).

O Projeto Pedagógico, também, sob a epígrafe “Indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão/assistência” reafirma a importância da integração dessas importantes

variáveis da atuação universitária, que “pode permitir a avaliação da congruência da formação ofertada com o perfil de atendimento às necessidades reais de saúde da população” (UFMA, 2007, p.43).

O item “Interação da Disciplinaridade, da Interdisciplinaridade e da Transdisciplinaridade dos campos do conhecimento” é importante porque permite aquilatar a definição e amplitude que o currículo atribui a estes conceitos. A interdisciplinaridade, segundo afirma o projeto, se processaria:

[...] na produção do conhecimento - participação de docentes e alunos em projetos interdisciplinares de pesquisa; no planejamento de ensino; no processo ensino-aprendizagem - interação do aluno e do professor com diferentes atores na equipe multiprofissional -; na participação de alunos de cursos diferentes em atividades comuns sistemáticas; na gestão do Curso - participação de professores, alunos, profissionais de saúde e representantes da comunidade em fóruns colegiados e/ou coletivos de tomada de decisão acadêmica. (UFMA, 2007, p.43).

Após estas discussões sobre a sua fundamentação política, legal e pedagógica, o Projeto Pedagógico da Medicina da UFMA apresenta a organização curricular que pretende imprimir ao curso. Segundo o documento, essa organização curricular está articulada em torno de conteúdos essenciais, contemplando as áreas do conhecimento inter-relacionadas a eixos integradores.

Considerando os eixos como unidades longitudinais que atravessam todos os períodos do curso, são definidos três eixos estruturadores, organizados em módulos: 1. Eixo Prático-cognitivo - módulos teórico-práticos do conhecimento técnico-científico, voltados às dimensões biológicas, psicológicas, sociais e ambientais, enriquecidas a partir das vivências e das demandas sociais; 2. Eixo Ético-humanístico – módulos voltados às dimensões éticas e humanísticas, desenvolvendo no estudante atitudes e valores necessários à formação do profissional-cidadão; 3. Eixo de Formação Científica – módulos voltados para os princípios da metodologia científica, possibilitando ao estudante a leitura crítica, a interpretação de artigos técnico-científicos e a participação na construção e produção de conhecimentos.

O desenho curricular compreende dezesseis módulos, que são unidades curriculares que articulam os componentes dos eixos aos conteúdos téorico-práticos, organizados por semestre letivos. Estes módulos seriam desenvolvidos em quatro anos, aos quais se somaria o Internato – correspondente ao Estágio Curricular - de dois anos de duração.

A matriz curricular busca, também, viabilizar a integração horizontal e vertical, através do desenvolvimento concomitante de módulos dos três eixos, a cada período e de articulações entre os módulos pela via da metodologia da problematização.

Para viabilizar a integração dos eixos e seus respectivos módulos, o Projeto circunscreve uma proposta pedagógica fundamentada na metodologia da problematização, desenvolvida por meio de estratégias metodológicas teórico-práticas, centradas no estudante como sujeito de aprendizagem e apoiadas no professor como facilitador e mediador do processo ensino-aprendizagem.

Dentre estas estratégias, o Projeto Pedagógico destaca:

xx Reuniões em Pequenos Grupos (RPG): para estudo de problemas relacionados ao conteúdo dos módulos; formados por até dez alunos e um professor, ocorrem duas vezes na semana, com sessões de quatro horas/aula;

x Vivências Acadêmicas: módulos formados por atividades complementares e núcleos eletivos, que contemplam os estudos e práticas independentes, assegurando a flexibilização curricular e proporcionando liberdade ao aluno na construção de sua formação médica; devem ser desenvolvidas nos primeiros oito períodos do curso, ocorrendo três ou quatro vezes por semana, em sessões de quatro horas/aula, perfazendo uma carga total de 600 horas durante o curso.

x Aulas Expositivas: versando sobre temas emergentes da problematização em grupo, compreendendo duas horas/aula, de duas a quatro vezes por semana.

x Atividades de Integração Ensino-Serviço-Comunidade: que devem ocorrer desde o início do curso, sendo realizadas uma vez por semana, através de grupos de estudo multiprofissionais.

x Laboratório de Habilidades Clínicas: embora não se especifique no texto a localização e as funções desse cenário, encontramos na página 58 do projeto pedagógico aprovado em 2007 a planta arquitetônica - reproduzida abaixo - do que deveria ser esse laboratório, constando de espaço para sete estações de trabalho, três consultórios e uma sala de reuniões, estrutura que deveria ser construída, provavelmente, para o desenvolvimento das atividades denominadas “Laboratórios Morfofuncionais” e “Fundamentos da Prática Médica”.

xx Diversificação de Cenários de Aprendizagem: de acordo com a filosofia de incorporação de cenários integrantes e integrados ao SUS, aos tradicionais locais de prática do Hospital Universitário – Unidades Presidente Dutra e Materno-Infantil – acrescentaram-se mais dez unidades da Secretaria de Saúde do Município de São Luís, sendo 5 (cinco) Centros de Saúde, 3 (três) Unidades Mistas e 2 (dois) hospitais de urgência e emergência.

Segue-se, então, a Matriz Curricular dos módulos do Curso, que compreende: - Estudo da Saúde;

- Evolução histórica, científica e ética da Medicina; - Aspectos Morfofuncionais do Ser Humano I e II;

- Fundamentos da Prática e da Assistência Médica I, II, III e IV; - Relação Agente-hospedeiro e Meio ambiente;

- Bioestatística e Estudos Epidemiológicos em Saúde; - Metodologia Científica,

- Metodologia do Trabalho Científico; - Saúde do Trabalhador e Gestão em Saúde; - Psicologia aplicada à Saúde;

- Relação Médico-Paciente e Comunidade I, II e III; - Interação Ensino-Serviço-Comunidade I, II, III e IV;

- Bioética;

- Saúde da Mulher; - Medicina Legal; - Saúde da Criança;

- Vivências Acadêmicas: compreendendo Atividades Complementares e Núcleos Eletivos

- Internato (Estágios Curriculares).

A avaliação dos alunos deve ter “caráter formativo”, visando “melhorar o desempenho docente no processo ensino-aprendizagem e a formação profissional de médicos generalistas” (UFMA, 2007, p.80).

1.4.3 Segundo Momento: redefinições e reorientação do Projeto Pedagógico

No final do 2ª semestre de 2009, correspondente ao quarto período da implantação do novo PPP da Medicina da UFMA, os alunos, notadamente os da turma 85 (primeira turma com as novas normas curriculares) iniciaram vários movimentos objetivando alterar a forma de implantação da proposta curricular e modificar as estratégias de aprendizagem, tendo utilizado, para este fim, até um período de paralisação de atividades.

A Reitoria da UFMA e o colegiado da Medicina, então, constituíram uma comissão de professores, visando elaborar um novo projeto pedagógico, que respondesse aos anseios da comunidade acadêmica, após consultas a membros do corpo docente, discente e administrativo.

Este novo documento, aprovado pelo Colegiado do Curso – denominado