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Quando se lança uma opção e o ativo tem um acentuado movimento direcional para cima ou para baixo, pode-se, para direcionar a operação no sentido adequado, efetuar operações de rolagem que deixem a opção vendida com delta mais equilibrado. E por

equilibrado pode-se entender: não tão alto que neutralize o ganho numa próxima alta do papel, nem tão baixo que pouco proteja o ativo em caso de novas baixas.

Para compreender esses pequenos ajustes que corrigem aos poucos a operação e melhoram seu rendimento, diminuindo parte do risco e dos desgastes emocionais, acompanhe o raciocínio que se segue.

Quando o ativo sofre uma queda, a opção em que estamos lançados também sofre uma desvalorização. Como as opções, quando caem, também apresentam uma diminuição em seu delta, causada pelo gama, como vimos anteriormente, esse efeito faz com que a tal opção

vendida proteja cada vez menos nossa posição em ações, bem como diminua o retorno que teremos na continuidade da queda, pois agora o delta é menor. Tal queda também diminui a

possibilidade de remunerar o capital investido com o passar do tempo, pelo efeito do theta,

que, com a queda do ativo e conseqüente queda da opção, foi muito diminuído.

Para diminuir um pouco o risco direcional de uma continuidade na queda, bem como para melhorar o potencial de retorno causado pela desvalorização da opção no tempo, é importante que a opção vendida seja recomprada quando estiver valendo muito pouco, e que outra de maior valor nominal, e conseqüente maiores delta e theta, seja lançada em

seu lugar.

Será temeroso que tal decisão de rolagem seja tomada de maneira aleatória e no calor da emoção, situação que, via de regra, faz com que o investidor, não estando no melhor de seu equilíbrio emocional, decida por tal ajuste em momentos longe de adequados. Assim, como forma de evitar tais improvisações tão maléficas, é aconselhável que a rolagem conste do plano operacional do investidor e que, sendo previamente definida, tenha maior efetividade.

Como exemplo de um ajuste simples, que achamos adequado e vem funcionando nos últimos anos, podemos recomprar a opção que foi lançada quando seu preço atingir 0,5% do valor do papel. No caso de um ativo que custe R$ 100,00, a opção lançada deverá ser recomprada quando sua cotação, em queda, atingir o preço de R$ 0,50. Como, na maioria

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das vezes, não se deve ficar comprado de maneira direcional no ativo sem estar vendido em nenhuma opção – pois, nesse caso, o papel não estará nada protegido, bem como não estará sendo remunerado pelo tempo –, uma opção deverá ser vendida no lugar dessa recomprada, procedimento que é denominado, como já dito, de rolagem.

Como substituta da opção que foi recomprada, pode-se optar por opções com o mesmo vencimento, porém com outro preço de exercício ou por uma opção já para o vencimento posterior. Para que a rolagem seja efetuada numa opção de strike diferente, porém do

mesmo vencimento, devemos nos ater se existem dias suficientes para que tal venda se justifique, pois, se a data de vencimento (ou exercício) dessa opção já estiver próxima, não valerá, em termos de trabalho e custos, efetuar tal venda, pois, em poucos dias, tal opção deverá ser recomprada para evitar o exercício.

Dessa maneira, pode-se considerar como medida de bom senso que não devemos vender uma opção com menos de 15 dias úteis para o vencimento, sendo que, nesse caso, a melhor decisão será optar por já lançar a opção mais longa para o próximo vencimento em detrimento dessa curta com poucos dias.

Se recomprarmos uma opção lançada, pois ela foi cotada a um preço menor que 0,5% do valor do ativo objeto, e, todavia, o vencimento dessa opção recomprada for maior que 15 dias úteis, podemos escolher outra opção para esse mesmo vencimento para lançar em substituição da recomprada.

Por considerar importante que qualquer ajuste no intuito de melhor direcionar o resultado das operações não seja extremo ou exagerado, a opção a ser vendida, com maior delta e theta que a recomprada, poderá ser a imediatamente mais cara, isto é, um strike menor e,

assim, mais dentro do dinheiro. Podemos apresentar o seguinte exemplo: temos ações da Vale cotadas a R$ 52,00. Vendemos opções sobre tais ações de preço de exercício R$ 54,00. Uma queda na cotação do ativo leva seu preço para R$ 50,00, e tal baixa, juntamente com a passagem do tempo, faz com que as opções lançadas se desvalorizem até o preço de R$ 0,25, cotação que representa 0,5% dos R$ 50,00 que a VALE5 está custando. Nesse momento, como ainda faltam 17 dias úteis para o vencimento de tais opções, de maneira automática e sem afobamento, recompramos essa opção a R$ 0,25 e vendemos, ao mesmo tempo, uma outra opção com mesma data de vencimento, porém de strike R$ 52,00, independentemente do preço que estiver cotada.

Tal pequeno ajuste dinâmico não causará grandes mudanças nas características da operação, bem como não será responsável por ganhos ou perdas significativos; porém, será de grande importância no intuito de levar a operação sempre para o lado que se deseja, não sendo outro que não ter ações que se valorizem com o tempo e diminuir o custo de aquisição desses ativos com venda de opções todos os meses.

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no caso de desvalorização de seu prêmio a níveis muito baixos, pode ser repetido quantas vezes forem necessárias enquanto faltar mais de 15 dias úteis para tal vencimento.

No caso da opção ser recomprada quando seu preço for inferior a 0,5% do valor do ativo e seu vencimento for menor que 15 dias úteis, a nova venda já poderá ser numa opção para o próximo vencimento. Porém, nesse caso, a regra que será respeitada sobre qual opção vender é a mesma que para qualquer rolagem para o próximo vencimento: lançar a opção mais cara possível que imaginamos que não será exercida no vencimento. Nesse momento, voltaremos para a mesma situação do início de todos os vencimentos.

Do mesmo modo que uma desvalorização no papel irá deixar o delta e o theta da opção

muito baixos, sendo importante um pequeno ajuste para reposicionar minimamente a operação em sua direção, o mesmo tipo de correção será aconselhável para o caso de uma alta no preço do papel, pois essa alta fará com que obtenhamos poucos ganhos adicionais numa eventual continuidade da alta, bem como fará com que corramos o risco de sermos exercidos, frustrando um dos principais objetivos da operação, que é diminuir ao máximo o custo de aquisição do ativo com a venda de opções.

Portanto, a regra que aconselhamos para rolagem da opção vendida em caso de uma alta muito grande é: se o delta da opção que estamos vendidos atingir 80%, devemos recomprar

essa opção, pois tanto seu delta como o theta já não são mais adequados nem atraentes.

Como alternativa de venda no lugar da opção recomprada, podemos seguir regra semelhante à rolagem quando o papel cai bastante, que foi mostrada anteriormente: se recompramos a opção e faltarem mais de 15 dias úteis para seu vencimento, podemos escolher uma opção em seu lugar, de mesmo vencimento, porém de preço imediatamente mais baixo, ou seja, a de strike mais alto. Assim, gastamos um pouco, porém o delta e o theta da nova opção vendida são bem mais equilibrados.

Quando a recompra se der faltando menos de 15 dias úteis para seu vencimento, já é aconselhável efetuar a nova venda para o vencimento seguinte, e aí já devemos respeitar a regra de vender a opção com maior prêmio possível que achamos que não será exercida. E, para tanto, utilizaremos como parâmetro a resistência técnica mais importante do papel e venderemos a opção de strike mais próximo a esse número – regra já vista anteriormente.

Esse sistema de ajustes e rolagem é, há tempos, o responsável pela gestão de grande parte dos recursos dos autores e um dos objetos de grande apreço dos alunos que freqüentam seus cursos.

Imaginamos que tal modelo deverá continuar funcionando a contento e gerando retornos consideráveis de longo prazo desde que os ativos objetos continuem sendo atraentes e que pessoas esperançosas de tornarem-se ricas do dia para a noite continuem comprando opções e, assim, nos financiando.

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